Children escrita por Evil Queen 42


Capítulo 11
Síndrome de filho caçula




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Sasuke não parou de reclamar nem por um segundo. Por que meu pai era tão chato e mimado? Deve ser síndrome de filho caçula. 

Chegamos em casa e Sakura já foi correndo procurar meu gato... Pobre felino, será que sobrevive? Espero que sim. 

– Tia, cadê o gatinho? - Ela questionou com a voz manhosa, olhando em todos os cantos pra ver se o encontrava. 

– Ah, deve ter ido comer as gatas na rua. - Boruto falou tranquilamente, mas, por causa de sua boca grande e sua cabeça de vento, lhe dei um belo de um beliscão no braço - Ai! Doida!

– Tia, não pode deixar! - Sakura falou em desespero - Ele vai matar as gatinhas... Vai comer elas... Pobrezinhas! 

O que aconteceu? Sakura começou a chorar, acreditando que Boruto disse "comer" no sentido literal da palavra. 

– Tá vendo o que você fez? - Briguei com o loiro que apenas deu de ombros. 

– Eu não tenho culpa se ela é dramática. - Revirou os olhos. 

 - Ela é uma criança! - Falei entre dentes - Você vai dar um  jeito nisso! - Mandei. 

Acho que agora é hora de me concentrar no pequeno ferido. Ainda está arranhado, óbvio, e é outro que ama fazer um drama. Tá fazendo um bico maior do mundo desde que saímos da pracinha. 

Segurei na mãozinha dele e fomos juntos até o banheiro dos meus pais. 

Sasuke ainda tá emburrado, e embora fique muito bonitinho assim, percebo que só quer uma deixa pra abrir o berreiro. 

Crianças sabem ser traiçoeiras e falsas, nunca devemos confiar cegamente nessas carinhas de anjo. 

– Tira a roupinha pra tomar um banho. - Pedi com a voz doce, tudo para o garoto não achar que eu tô brigando com ele. 

– Vai arder... - Respondeu com a voz manhosa - Tá dodói. Arde quando cai água. 

Dai-me paciência... 

– Só arde quando joga água na hora. - Tentei convencê-lo - Mas já tem alguns minutos que você machucou, então não vai doer. 

Ele me encarou desconfiado, pareceu até que estava me julgando. 

– Eu não confio em você. 

Meus pecados nem são tão grandes assim, por que tô sofrendo tamanha punição? Isso não é justo!

– Se você não tomar banho, então vai ficar sem jantar. 

Sasuke fechou a cara e começou a sapatear no chão. Criança quando começa a sapatear é porque falta pouco pra se jogar no chão gritando. 

– Ah, não! - Resmungou - Só se eu não molhar o dodói. 

Ele impõe umas condições nada a ver. 

– Como você vai tomar banho sem molhar onde tá machucado, Sasuke?

– Não sei, mas eu tomo. - Fez beicinho - Por favor, tia... - Ele uniu as mãozinhas em frente ao rosto - Por favorzinho... 

– Não, Sasuke. - Falei com a voz firme. 

Por mais que ele seja a coisinha mais fofa desse mundo, não posso me deixar levar pela fofura dele. Isso certamente é estratégia pra me convencer a fazer o que ele quer. 

Essa criaturinha acha que eu sou idiota, só pode. 

– Você é muito má! - Meu pequeno pai resmungou - Quem vai sentir dor sou eu, sabia? Não é você. Por isso que você quer que eu entre. 

Nossa, Sasuke já tá achando que eu quero torturá-lo ou algo do tipo?

Essa criança é bem dramática. Minha avó perdeu de enviar currículo dele pra alguma emissora de televisão. 

– Se você não tomar banho e ficar fedendo, os bichinhos vão subir em você. 

– Que... que bichinhos? - Ele questionou amedrontado.

– Ih, um monte de bichinhos! Todos os tipos de bichinhos!

– E eles fazem dodói? 

– Sim. - Assenti - Eles fazem muito dodói. 

Bingo! 

Com medo de ter bichinhos andando pelo seu corpo, Sasuke tirou a roupa na velocidade da luz e correu para o chuveiro. 

Ah, adivinha quem está ficando mestre em lidar com esses pestinhas? Isso mesmo, eu, Sarada Uchiha! 

Deixei o pequenino no banho para ir ver se Sakura e Boruto ainda estão vivos. Bem, Sakura com certeza está, já o Boruto, bem, aí não dá pra ter tanta certeza assim. 

Cheguei na sala e meu amigo loiro estava sentado no sofá, enquanto que Sakura estava sentada no chão. A menina estava bem distraída, concentrada na televisão, assistindo Ted. 

É hoje que o Boruto morre! 

Corri o mais rápido que pude, peguei o controle ao lado do loiro e imediatamente desliguei a televisão. 

– Ei! - A rosada reclamou, então me encarou furiosa. 

– Tá doida? - Boruto questionou. 

– Não acredito que você tá deixando uma criança ver esse filme! - Vociferei - Você não dá uma dentro, Boruto!

– Ih, qual é o problema?  - Ele se fez de inocente.

Que ódio, Boruto é muito sonso!

– É, qual é o problema? - A menina se intrometeu - Ele é um ursinho fofinho. Fuma e fala besteira, mas é fofinho.

– Tá vendo, Boruto? - Encarei o rapaz com uma sobrancelha arqueada - Isso não é filme pra idade dela. Só tem imoralidade! 

– Mas ela é inocente. -Ele se justificou - Com certeza não entende o que tá acontecendo. 

– É, eu não entendi mesmo o que ele disse que fez com a abobrinha... - Sakura comentou pensativa. 

Caramba, eu quero matar o Boruto. Matar lenta e dolorosamente, com requintes de tortura! 

– Ela é inocente, mas daqui a pouco tá repetindo o que ouviu no filme sem nem saber o que significa! - Bradei. 

Eu tenho pena da Himawari, pena!

– Exato, ela não sabe o que significa. - Respondeu.

Cada resposta que Boruto dá eu só sinto mais vontade de vê-lo morto! 

Eu até queria que Boruto me ajudasse com as crianças, mas agora tô repensando isso. 

– Boruto, cala a boca! - Briguei. 

– Eu quero assistir. - A pequenina falou.

– Sakura, você vai já pro banho! - Respondi, então ela fechou a cara e cruzou os braços. 

Liguei novamente a televisão, mas dessa vez é claro que botei num canal de desenhos. É claro que Boruto resmungou por estar sendo obrigado a assistir Barbie, mas é o que temos pra hoje. 

Voltei para o banheiro dos meus pais para ver como o pequeno Sasuke está. Até então o garoto tá muito quieto, então é quase certo que esteja aprontando alguma. 

Quando pus os pés pra dentro do banheiro, eis que vi o pirralho sentado no chão e cavando o sabonete da minha mãe com o dedo.

Eu... Vou... Morrer! 

Minha mãe paga uma fortuna nesses sabonetes, sequer deixa meu pai usá-los, agora simplesmente a criaturinha pega e faz um buraco num deles com o dedo! 

Criança é foda, viu?!

– Sasuke! - Chamei sua atenção, então o garoto se assustou e deixou o sabonete cair - O que você tá fazendo, criatura?

– Brincando. - Respondeu com a cara mais sonsa do mundo. 

Minha mãe vai morrer quando vir esse sabonete todo cheio de buraco. 

– Brincando de estragar o sabonete? 

– Mas não estragou, tia. - Ele me mostrou o sabonete todo deformado - Ainda dá pra usar. 

Sonso!  

– Tá todo feio, olha. - Chamei a atenção dele.

Me encarando com uma expressão de "Sério mesmo?", o pequeno Sasuke catou do chão tudo o que havia tirado de dentro do sabonete, amassou e foi preenchendo os buracos.

Claro, só na cabeça de uma criança mesmo que ninguém iria perceber que o pobre sabonete foi desfigurado.

– Tá lindo de novo! - Ele sorriu. Um sorriso tão fofo que eu quase esqueci que quando minha mãe voltar ao normal vai virar uma arara assim que pôr seus olhos neste sabonete. 

Já basta a maquiagem, agora o sabonete também... Essas crianças vão destruir a casa! 

– Vamos, Sasuke, tá bom de banho.

Ele obedeceu imediatamente. 

Quando eu mando ir pro banho é uma resistência danada, é como se eu mandasse ir pra forca, mas mando sair do banho e ele obedece no mesmo instante.

Por que crianças têm aversão a banho? Isso merecia ser estudado! 

Pelo menos ele se secou e se vestiu sem maiores complicações. Largou a toalha molhada em cima da cama? Sim, largou a toalha molhada em cima da cama, mas eu não posso exigir muito dessa criaturinha. 

Fui para a sala no intuito de chamar a Sakura e colocar algum desenho pra distrair o Sasuke, mas antes que eu pudesse fazer isso meu pequeno pai pegou o controle da televisão rapidamente e começou a trocar aleatoriamente de canal.

Claro que a pequena rosada o olhou com fúria. Ela se levantou pra tentar tomar o controle de suas mãos, mas Sasuke não deixou de jeito nenhum. 

O que aconteceu? Claro, não poderia ter sido diferente, eles começaram a brigar. 

– Eu tava vendo primeiro! - Sakura bateu o pezinho no chão, realmente furiosa! 

– Mas é minha vez. - Sasuke retrucou. 

– Não, não é! - Novamente a menina ficou nervosa, porque tentou pegar o controle e Sasuke não permitiu - Me dá isso! 

– Eu vou mudar de canal! - O menino falou decidido. 

Sasuke voltou a mudar os canais. Furiosa, Sakura correu para a frente da televisão, na intenção de impedir que Sasuke continuasse o que estava fazendo. 

Sério que ela acha que isso vai funcionar? 

– Para! - Sakura pediu nervosa, vendo que ficar na frente da televisão não adianta nadinha. 

Doce incidência... 

– Eu tenho o poder supremo! - Sasuke se gabou por estar com o controle na mão - Eu mando. Eu escolho o desenho. 

– Eu vou bater em você!  - Sakura falou entre dentes, fazendo menção de pular em cima do garoto. 

– Já chega, os dois! - Briguei. 

E Boruto? Dormindo no sofá. Sakura poderia ter colocado fogo na casa, ele nem iria dar notícia. 

– Mas, tia, eu tava aqui antes do Sasuke. - A menina disse com a voz manhosa. 

Dissimulada. Estava toda raivosa aí, agora fica um doce de pessoa. 

– Você vai tomar banho, Sakura, é a vez do Sasuke assistir. - Respondi.

A rosada olhou indignada para o garoto que lhe sorriu com ar de superioridade.

– Você tem que castrar ele, tia! - Falou convicta, como se soubesse exatamente do que estava falando.

Castrar meu pai? Minha mãe está me mandando castrar meu pai? Ela está pedindo para que eu acabe com a alegria dela futuramente, né? 

– Por quê? - Questionei. Ora, quero saber de onde essa menina tirou essa idéia de castrar o Sasuke. 

– Você falou que ia castrar seu gato pra ele ficar quieto. - Explicou - Pode castrar o Sasuke junto? Aí ele fica quieto.

Suspirei. 

– Sakura, vamos pro banho. 

Dar banho em Sakura não é uma tarefa difícil. Tirando a parte que ela quer brincar com a espuma do xampu, então acaba enrolando pra tirá-la do cabelo, até que é bem de boa. 

A pequenina estava bocejando. Claro, a tarde foi cansativa, acho que ele mal vai querer jantar. 

Sakura sentou na cama para que eu pudesse pentear seus cabelos, mas ela acabou caindo para o lado. Sim, minha pequena mãe dormiu enquanto eu mexia em seu cabelo. 

Coloquei a miniatura de gente deitada na cama. Percebi que o meio da cama - onde Sasuke dormiu e, por acaso, fez xixi - já secou. Ainda está com cheiro de xixi? Sim, mas dá pra dormir se colocar alguns cobertores por cima.

O que eu vou fazer com esse colchão mijado, Senhor?

Ah, foi meu pai quem fez xixi nele. Ele se vira com o colchão quando voltar ao normal. Eu não estou podendo fazer muita coisa.

Quando voltei para a sala, eis que Boruto ainda dormia. Pelo menos Sasuke também pegou no sono. 

Ah, que lindo! Meu mini pai dormiu sem enjoar por conta de mamadeira e dinossauro de pelúcia. Eu já estava me preparando psicologicamente para as frescuras dele. 

Sério, meu pai sofria de um grave quadro de síndrome de filho caçula. Manhoso, dengoso, mimado... Minha avó criou um monstrinho! 

Peguei o pequeno Sasuke no colo, ele nem resmungou, então o levei até a cama.

Se minhas preces forem ouvidas, os dois vão dormir feito pedra até amanhã. Amém! Eu também preciso dormir. Preciso muito. 

Voltei para a sala e acordei o Boruto. Ele resmungou e limpou com as costas da mão a baba que escorria de sua boca. Não pude conter um riso.

– Acho que alguém se cansou. - Comentei. 

Boruto se levantou com cara de sono.

– Pois é. Eles dão trabalho.

– Demais. - Suspirei - Mas, obrigada. A tarde foi divertida... Não teria sido igual sem você. 

Sim, admito, até que a tarde foi divertida. Tirando as birras, constrangimentos e brigas... É, foi divertido. 

O loiro sorriu de orelha a orelha. 

– Eu sei que você me ama. - Gabou-se. 

O comentário me fez corar de uma forma que não deu pra passar despercebida.

Ah, droga!

– Por que você precisa ficar dizendo essas coisas? - Resmunguei ainda sem jeito. É raro me ver assim, mas acontece. 

– Você não precisa ficar assim. A não ser... que seja verdade. - Falou sugestivamente, dando de ombros. 

O que esse traste tá querendo insinuar? Depois morre e não sabe por quê. 

– Acho que o nível da conversa já foi longe demais. 

– Sarada. - Revirou os olhos - Anda, nós dois sabemos que no fundo somos bem mais do que amigos. 

Bufei.

– Eu não sei de nada, Boruto. E nem quero pensar nisso. 

– Mas...

– Boruto. - Interrompi o rapaz - Sua mãe deve estar preocupada. Acho melhor você ir. 

Ah, droga!

Ele mexeu comigo, juro que mexeu.

Conheço Boruto há tanto tempo, então é óbvio que sinto por ele um carinho especial... mas às vezes parece que vai além. Não sei... Não sei. 

Por que eu tenho que pensar nessas coisas? Eu sou adolescente ainda, que maturidade eu tenho pra entender sentimentos? Eu tenho idade pra gostar de alguém? 

Inferno! Essas crianças aqui em casa estão mexendo com os meus miolos, definitivamente! 

Eu, gostando do Boruto? Claro que não. Claro que não... 


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