Os Guerreiros do Infinito escrita por Lorde Kata


Capítulo 6
O início do treinamento




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Sateriasis estava parado alguns metros à frente de Bronze Thunder, ainda ofegando levemente devido à luta que tivera com Alec Hyung Morgenstern há alguns minutos. Ele ainda não podia acreditar que um simples agente de uma organização de um planeta como a Terra pudesse ter tanto poder, e pela primeira vez em sua vida, chegava a duvidar de sua vitória. Assim como ele, o homem que agora trajava sua armadura cuja função era amplificar os seus poderes permanecia imóvel, atento a qualquer som ao redor, e assim pôde notar quando a nave que antes estava estacionada no hangar da sede, saiu da atmosfera. Isso foi possível devido aos sentidos aguçados pela tecnologia de suas vestes. Não precisava mais se segurar, então avançou contra Sateriasis, movendo-se na velocidade verdadeira de um relâmpago, mais do que os olhos do kruazip’t podiam acompanhar, a princípio. Inevitavelmente, ele acabou por levar um forte soco em seu estômago, sendo lançado contra a barreira que ainda cercava a lanchonete destruída, consequentemente levando uma pequena descarga elétrica, mas que em seu estado atual, causou mais dano do que deveria. Consumido pela raiva, Venomania se ergueu e liberou um grito de guerra, cobrindo seu corpo com uma armadura de energia empática vermelha, convocando suas armas novamente. Sem hesitar, saltou para cima de seu oponente com uma maior velocidade devido à energia que acumulara, visando perfurar o seu peito com a lâmina afiada de sua espada. Bronze ergueu a mão canhota e com ela segurou a lateral de sua arma antes que ela o atingisse, conseguindo parar o fluxo de energia sem que se ferisse, o que deixou o kruazip’t impressionado, e talvez um pouco assustado. Com uma descarga elétrica potente, ele jogou seu inimigo contra o chão, abrindo uma nova cratera. Estufou o peito, e do símbolo do raio que estava em seu centro, foi gerada eletricidade o suficiente para construir uma lança em formato de raio, que seria sua arma em uma luta justa. O contorno feito por Bronze só deixou Sateriasis ainda mais irado, o que fez com que ele se erguesse instantaneamente para confrontar seu inimigo mais uma vez, desferindo outro corte contra a lateral direita de seu pescoço, golpe este que foi bloqueado pela lança elétrica, afastando a arma empática devido à colisão de energias. Esse era um truque ao qual Venomania teria de se acostumar rapidamente se não quisesse ser derrotado, mas é mais fácil dizer do que fazer. Usando toda a raiva que tinha no momento, aumentou ao maior nível que podia a sua velocidade e começou a desferir múltiplos golpes em várias regiões do corpo de Bronze, que usando a velocidade supersônica do relâmpago, foi capaz de desviar de todos eles com facilidade, por fim se locomovendo até a retaguarda de Sateriasis e perfurando levemente a sua pele com a ponta da lança, liberando uma descarga elétrica que atingiu o seu coração, desmaiando-o.

— O coração. Ponto fraco de todos os kruazip’ts. É por onde sua energia empática flui. Acerte-o e está acabado.

Ele girou sua lança no ar, e a desfez em eletricidade, que foi sugada pelo raio em seu peito mais uma vez. Se virou para seus homens e com um gesto da destra, ordenou que abaixassem o campo de força, o que foi feito imediatamente. — Encham ele de algemas energéticas, principalmente no coração. Quero que ele esteja na cela de segurança máxima, e não me desapontem. — Sem receber segundas ordens, os soldados que ainda estavam presentes ali rapidamente retiraram de suas motocicletas dispositivos de contensão energética, semelhantes às algemas que foram usadas para manter Aelin, a hospedeira do Cristal Negro, sob controle, e seguiram para o corpo desmaiado de Venomania, cumprindo suas ordens. O fluxo de energia dos dispositivos iria interromper a energia empática que era bombeada pelo coração do kruazip’t, assim mantendo seus poderes inativos, mas não o matando. Bronze precisava de seu prisioneiro vivo. Por mais que quisesse a sua vingança, sabia que poderia melhorar muito a tecnologia da InfiTec se explorasse a empatia dos kruazip’t, e além disso... nunca havia matado ninguém. Com certeza não iria começar agora.

Ele caminhou até sua moto e se sentou, tocando uma única vez o painel de comunicação com o seu indicador direito, estabelecendo conexão com a nave de Alec, o que foi possível devido às alterações feitas pelos seus técnicos horas antes da decolagem. Precisava ter certeza de tudo o que estava havendo no espaço.

O meio de transporte utilizado pelo cruygark não era muito grande, contendo apenas os quartos, a sala de treinamento e a sala de controle, que com mais alguns equipamentos necessários, torna a nave completa. Por isso a apresentação dos cômodos não demorou muito, já que todos os quartos são iguais: uma cama de solteiro ao fundo e uma pequena estante com alguns livros sobre o universo à lateral. Eram de fato cômodos simples, mas aquela nave não havia sido feita para proporcionar conforto e estilo em viagens, mas sim para batalhas cósmicas, o que Alec esperava que não acontecesse. Ter de travar um confronto com aquela tripulação seria deveras complicado. Além de que, não tinham tempo a perder. A sala de treinamento se assemelhava a um dojo, com design e recursos mais avançados. Todos estavam presentes no pequeno tour pela nave, exceto Aelin, que havia acordado, mas preferiu ficar em seu quarto, refletindo sobre o medo que Sateriasis havia despertado em seu ser. Aquilo não seria superado facilmente. Alec disse para que todos ficassem esperando na sala de treinamento enquanto ele iria atender à chamada na sala de controle, e logo iriam iniciar a sua primeira missão. Andou pelos corredores até o cômodo em questão e se sentou na cadeira do comandante, atendendo a ligação do mesmo modo que Bronze.

— Bronze, como você está? — Perguntou, ainda um tanto incrédulo com o nível de poder que Thunder havia demonstrado antes que eles saíssem da Terra. Agora a nave já se locomovia pelo piloto automático em uma rota programada para a parada mais próxima.

— Está tudo bem por aqui. Sateriasis foi rendido e está a caminho de sua cela. Manterei vocês informados. Mas preciso saber: estão todos bem?

Quando soube que o kruazip’t havia sido derrotado por um ‘’mero’’ humano, Hyung não pôde acreditar, mas não podia demonstrar sua fraqueza. Então não permitiu que alterasse o seu tom de voz. — Sim, está tudo conforme planejamos. Eles estão esperando pelo primeiro treino, eu e Eagle os guiaremos enquanto pudermos... mas... — Ele virou a sua cadeira neste momento, ficando surpreso ao notar Aelin no fundo do corredor, observando o espaço pela grande janela. — Aelin ainda está um pouco abalada devido à inserção de medo que Sateriasis colocou nela. Não sei o que ela viu, mas não deve ter sido bom, com certeza. — Cochichou, não queria que ela ouvisse.

— Tenho certeza que ela irá se recuperar logo. Parece ser uma garota forte. Para onde estão indo?

— Nossa primeira parada é no planeta de Ashryn, a portadora do Cristal Vermelho, Elenyn, eu acho. Está em nossa rota, e de qualquer forma é bom sair de vez em quando.

— Certo. Me mantenha informado também. Até breve. — Então ele desligou, bem como Alec. Logo o cruygark se levantou de sua cadeira e caminhou com calma até Aelin, curioso para ver o que chamava tanto a atenção de alguém que até então estava traumatizada no quarto. Mas ele já deveria saber: eram os destroços de Marte. Estavam já passando por eles devido à alta velocidade da nave, e além das rochas vermelhas flutuando pelo espaço, equipamentos e restos da arquitetura marciana podiam ser observados sobre o solo destruído. Aelin se lembrava de casa, se lembrava de como havia visto seu planeta inteiro explodir instantaneamente, e sua nave caindo... como poderia se esquecer? Foi quando encontrou seu cristal, e quando perdeu tudo o que conhecia. Era a única coisa que poderia tirá-la do transe, e Alec não sabia se isso era bom ou ruim. Mas estava aliviado por saber que ela estava melhor, ao menos havia saído da cama. Por instinto, colocou a mão esquerda sobre seu ombro direito, olhando atentamente os destroços, e sussurrando sem perceber, disse:

— Você não está sozinha.

Aquelas palavras fizeram com que as bochechas da marciana corassem, adquirissem um tom que ela havia esquecido que era possível, e então cruzou os braços, esboçando um bico marrento e se afastando dele. — Não toque em mim, se porra! Eu vou estar esperando na sala de treinamento. — Como se fugisse de algo, ela correu o mais rápido que pôde para o dojo, se colocando ao lado dos outros enquanto tentava conter a vergonha representada pela sua pele ruborizada na região do rosto. Alec riu baixinho e olhou os destroços mais uma vez, se atentando a um ponto roxo no meio de um dos pedaços de solo. Parecia um ser... se regenerando. Ganhando forma mais uma vez. Lhe era familiar. Mas quando uma rocha passou pela janela, já não estava mais lá. Pensando que fora fruto de sua imaginação, o cruygark deu de ombros e seguiu para a sala de treinamento onde todos o aguardavam.

Chegando lá, ele se posicionou à frente dos aprendizes juntamente com Dead Eagle a seu lado, e começou a dizer com calma:

— Pois bem, guerreiros, aliens, enfim... eu não sou de grande uso para vocês. Todo o meu conhecimento é proveniente de viagens pelo espaço, e isso não é muita coisa. Nosso destino final é onde se encontra a verdadeira fonte de poder de todos nós, o treinamento definitivo. Mas muitas coisas podem acontecer até lá, muitos seres podem tentar atrapalhar nosso percurso, e precisamos estar preparados pra isso. Vocês serão divididos em dois grupos: os guerreiros do infinito estarão sob o meu treinamento, e os extraterrestres, sob o de Eagle. Isso foi decidido de acordo com os nossos conhecimentos. — Os alunos estavam tão ansiosos com a oportunidade de aumentar os seus poderes que não hesitaram em dividir-se instantaneamente, o que fez Alec sorrir de canto. Os tutores se dirigiram as suas respectivas turmas e o treinamento pôde enfim começar.

O cruygark se dirigiu à frente dos hospedeiros dos cristais do infinito, e disse para que todos colocassem ambas as mãos à frente de seus corpos, formando um triângulo com os dedos.

— O primeiro passo para a dominação da essência de seus poderes é conseguir acessar a armadura de cada um. Eu fiquei sabendo que Connor foi o primeiro aqui a fazer isso, mesmo que involuntariamente. Hunter, diga-nos como foi.

O hospedeiro do cristal verde coçou a cabeça com a destra, tentando se lembrar do ocorrido, o que não era tão fácil já que sua consciência havia sido posta de lado pela mente de seu cristal no momento, mas ele finalmente conseguiu, dizendo pausadamente:

— Eu... minha consciência foi tomada por uma outra... e ela parecia estar vindo do meu cristal. Eu não estava no controle do meu corpo, podia apenas assistir o que ela estava fazendo. E depois ela se foi. Mas enquanto ela estava lá, eu pude sentir a armadura sobre a minha pele.

— Exatamente. A armadura é a porta de entrada para que vocês possam usar os seus poderes com mais potência. É claro que não precisam dela para usá-los, mas terão pouca energia a seu dispor. Agora eu preciso que vocês se concentrem no centro do triângulo que formaram, e se apeguem à memória que mais represente o elemento regente de seu cristal. Connor, você se lembrará de esperança. Aelin, tristeza. Ashryn, guerra. Akemi, paz, e Artêmis, estabilidade.

Todos assentiram com a cabeça e fecharam os seus olhos, menos Aelin, que ainda tinha medo do que poderia ver se forçasse a si mesma a vasculhar as suas memórias, mas Alec assentiu para ela com a cabeça, dando-lhe a segurança que precisava. E logo ela fechou os seus olhos também.  Conforme se concentravam, uma pequena esfera de energia da cor de cada cristal foi formada no centro de seus triângulos, aumentando com o tempo. Connor se lembrava do primeiro contato com o Cristal da Esperança, quando ele subitamente desmaiou. Naquele momento, tudo o que lhe restou foi a esperança de poder abrir os seus olhos mais uma vez e ver o mundo que residia ao seu redor, acreditava mesmo que poderia ter morrido. Ele de nada podia fazer, além de ter esperança de que estaria vivo para se arriscar mais um dia. Mas não havia contado isso a ninguém, e nem pretendia. Ao menos por enquanto.

Aelin, como esperado, se lembrava da explosão de Marte, e de sua queda. Com certeza havia sido o momento mais triste de toda a sua vida, um momento cujos sentimentos ela tentava esconder com toda a sua ousadia e rebeldia, mas que às vezes conseguia escapar, como quando estava no corredor com Alec, observando os destroços de sua antiga casa. Mas ela sabia que estava se lembrando daquilo para seu próprio bem, para conseguir mais poder, para destronar quem quer que tenha destruído seu planeta. Ela só não imaginava que esse ser poderia estar tão perto.

Ashryn se lembrava das inúmeras guerras entre as classes de elfo que já ocorreram em seu planeta. A maioria delas acontecera quando ela era ainda apenas uma criança, causando um pequeno trauma, mas que com o passar dos anos foi superado pela felicidade com a sua família. Ela estava com saudades de casa. Mas sentimentos há muito não sentidos começavam a povoar o seu corpo toda vez que se lembrava das chamas em seus olhos nas épocas de guerra.

Akemi não precisava se esforçar muito para encontrar uma memória que lhe lembrasse paz, bastou pensar em seu povo, os pacifistas, nativos do planeta HD69830. Os pacifistas são criaturas que, como o próprio nome diz, procuram sempre a paz e o desenvolvimento em cima dela, nunca participando de guerras e visando o bem-estar mútuo. Ela sabia que isso não havia durado muito tempo. Mas sabia também que os tempos de paz que tivera com a sua família foram os mais felizes e prazerosos de sua vida, e que precisava se focar nisso se quisesse ajudar o resto do time como uma boa guerreira.

Por fim, Artêmis pensava no momento em que sua vida havia se estabilizado, depois da visão que tivera com os seus pais encorajando-a a não desistir, e contando à ela sobre o cristal que ela agora comandava. Ela tinha uma vida humana, com um apartamento e emprego humanos... mas a mudança repentina com a chegada de todos não havia sido algo ruim. Ela havia jurado para si mesma que iria ajudar outros hospedeiros com os cristais.

De maneira geral, todos estavam indo bem. As esferas de energia cresciam com calma e mantendo a forma circular, demonstrando que o poder estava sob controle e fluindo bem.

Alec olhou para o lado direito, onde Eagle estava treinando os extraterrestres.

— Muito bem, então vamos começar. Cada um de vocês é focado em uma capacidade específica, e é ela que nós precisamos exercitar. Lilyth, eu sei que você não pode fazer muita coisa sem o Cessum... mas até que o peguemos, você precisa exercitar suas capacidades naturais. Eu lhe darei um estoque de compostos biológicos e peças de dispositivos. Quero que crie bio tecnologia. Acha que é capaz?

A excitação estava presente nos olhos da menor, que assentiu rapidamente, exclamando:

— É claro mestre! Mas como você sabe do Cessum?

— Eu sei muitas coisas. Agora vá. — Apontou com o indicador direito um dos compartimentos do dojo, onde haviam os estoques que ele havia citado. Como a nave era uma nave de guerra, estava preparada com muitos mantimentos. — Yin, você vai tentar ler a mente de Ryfon. Ele é um elfo elementar da guarda de seu planeta... então não precisa de treinamento. Mas será útil pra você. Isso se ele concordar. — Dead olhou para o guarda-costas de Ashryn, que só assentiu com a cabeça em confirmação. Lylith se dirigiu aos compartimentos e Yin se manteve imóvel, apenas olhando fixamente a face de seu alvo, se concentrando.

Eagle e Alec se afastaram de seus respectivos alunos e se encontraram para seu próprio treino, afinal precisavam estar preparados também.

— Você pode criar um buraco negro com a gravidade? — Perguntou Dead, ele queria saber a que nível a gravitocinese do cruygark poderia chegar.

— Essa capacidade ainda é instável.

— Então vamos treiná-la.

Alec assentiu com a cabeça, sorrindo de canto, um tanto quanto animado pelo treino que viria. Seguiu até o painel de controle da sala de treinamento e acionou um comando que gerou um cubículo ao redor do agente da InfiTec, isolando-o do resto do cômodo. O pequeno espaço se expandiu quando Hyung voltou a entrar, cobrindo uma área onidirecional de apenas dez metros. Assim como na batalha contra Sateriasis, Alec formou um círculo com ambas as mãos à frente de seu corpo, onde foi manifestado um contorno de energia gravitacional, que cresceu e começou a girar, centralizando a gravidade em seu meio, consequentemente iniciando a formação de um buraco negro. — Não está com medo? — Ele perguntou, não conseguindo evitar de usar uma pitada de sarcasmo em sua fala.

Eagle se manteve de braços cruzados e com um sorriso de canto desenhado em seus lábios.

— Medo é um sentimento que desconheço há tempos.

Enquanto isso, em Marte, a gosma roxa que antes se recompunha agora estava bem maior, e já havia tomado forma... Rypt, o imperador dos treiqrypts, havia sobrevivido. Ao estar completamente restaurado, se ergueu e abriu a sua boca para inspirar o ar, mas Marte não tinha mais uma atmosfera, e não há ar no espaço. Ele teve que modificar o seu próprio corpo para que se adaptasse ao ambiente, e não precisasse respirar. Olhou ao redor, procurando por qualquer rastro dos marcianos que pudesse estar ali, mas sua hipótese foi confirmada: nada havia restado da explosão, nem mesmo os cristais do infinito, que haviam sido lançados aleatoriamente pelo espaço. Mas ele podia sentir uma grande concentração de energia por perto... só podia ser um cristal. Movendo-se lentamente devido ao nível ainda baixo de seus poderes, ele se esgueirou pelas rochas, até avistar no horizonte o maior pedaço de solo que havia restado. Em seu centro, estava Infinito Reverso, juntando pedaço por pedaço, restaurando aos poucos o planeta. Como havia acabado de adquirir o cristal, seus poderes ainda eram limitados, mas potentes, e ele estava sendo cercado por círculos mágicos. Rypt sabia que aquele era um dos hospedeiros, em específico, o hospedeiro do Cristal Roxo. Mas ainda estava muito fraco para lutar, então fez o que qualquer tirano sábio faria... uma aliança temporária. Caminhou com calma na direção de seu alvo, indo contra a sua própria vontade ao curvar-se diante dele. O homem de cabelos roxeados o olhou com desdenho.

— Pensei que nunca fosse acordar, imperador. — A última palavra soara mais como uma ofensa do que um título real.

Arregalando os olhos e engolindo em seco, Rypt disse: — Você sabia de minha presença?

— Desde o momento em que adquiri o cristal. Eu sei o que você procura. Temos inimigos em comum.

— Quer dizer que os outros cristais já encontraram seus respectivos hospedeiros?

— Exatamente. Eles estão a caminho do planeta Elenyn.

— Como você sabe de tudo isso? — A esse ponto, Rypt já havia se erguido.

— Eu fazia parte da essência do Cristal da Esperança, mas fui corrompido, por assim dizer. Ainda mantenho uma conexão com ele. Consigo saber coisas que o seu hospedeiro sabe, mas a conexão está ficando mais fraca a cada instante. Se quiser fazer uma aliança, precisamos agir rápido.

Rypt estava impressionado com a capacidade do ser a sua frente de assimilar informações a uma grande velocidade, e saber exatamente o que ele estava tramando. — Não sei se só nós dois daremos conta.

 — Há um possível aliado... na Terra. — Ele estendeu ambas as suas mãos para frente e conjurou mais um círculo mágico, energizado pelo seu cristal. Através deste, rogou um feitiço para ter acesso à mente de Sateriasis na sede da InfiTec.

Venomania residia na cela de segurança máxima, incapaz de usar os seus poderes devido aos dispositivos de contenção em seu corpo, principalmente um enorme sobre sem coração. A única coisa que lhe restava era perambular pelo cômodo após tentar quebrar as paredes algumas vezes. Suas tentativas eram inúteis sem seu poder verdadeiro. No entanto, não desistiria tão fácil de sua missão. Por isso estava sentado em sua cama que mais se parecia com uma tábua de pedra, pensando. Mas sua mente foi invadida pela voz de Reverso, que disse em um tom sério:

— Sateriasis Venomania, comandante do exército kruazip’tiano... meu nome é Infinito Reverso, e eu sou o hospedeiro do Cristal da Instabilidade. Eu proponho a você, uma aliança... eu estou reconstruindo Marte, será a nossa base. Encontrei o imperador dos treiqrypts, Rypt, que se unirá a nós também. Todos temos inimigos em comum, e são os outros guerreiros do infinito. Podemos pensar em como dividir o prêmio depois que adquiri-lo. Mas o que importa agora é a sua resposta: você aceita?

Havia sido muita informação de uma só vez, mas o comandante conseguiu entende-las. Assentindo a cabeça, mesmo que seu novo aliado não pudesse vê-lo, ele respondeu: — Eu aceito. Mas estou preso na Terra. Como saio daqui?

— Nós três ainda estamos muito fracos para uma abordagem direta. Mas eu te darei poder o suficiente para que saia na encolha.

Voltando à nave, o treinamento estava para terminar. Dentro do cubículo que isolava Alec e Dead Eegle do resto da sala de treinamento, o buraco negro já estava perfeitamente formado e estabilizado, sugando matéria com uma potência que era comandada pelo seu criador. Eagle aplaudia de leve.

— Agora vamos ver como estão os outros.

Alec apenas assentiu e desfez o círculo de suas mãos, consequentemente desfazendo o buraco negro. Pressionou um botão dentro do cubículo e este se desfez, abaixando-se. Quando isso aconteceu, um forte brilho incolor inundou a sala, chamando a atenção de todos. Quando a luz se dissipou pelo ambiente, lá estavam os guerreiros do infinito trajando suas armaduras brancas.

A princípio, todas seguem o mesmo padrão: cobrem o corpo do hospedeiro com uma camada de um material desconhecido da cor do cristal até o pescoço, deixando a parte frontal de seus respectivos cristais à mostra. O que é diferenciado de armadura para armadura são os equipamentos representativos de cada conceito.

A armadura de Connor era verde e com detalhes de uma estrela de oito pontos, o símbolo da esperança, e continha dois grandes espinhos em suas costas, emitindo a energia verde.

A armadura de Aelin era negra e com detalhes em símbolos japoneses que significam tristeza. Na parte inferior de seus antebraços, estendem-se lâminas afiadas até pouco depois de seus punhos, emitindo a energia negra.

A armadura de Ashryn era vermelha e com detalhes de engrenagens uma ao lado da outra, com duas grandes lâminas paralelas e curvadas em suas costas como se fossem asas, emitindo a energia vermelha.

A armadura de Akemi era branca e seguia com o símbolo da paz sobre seu material, com uma espécie de auréola sobre a sua cabeça, emitindo a energia branca.

E por fim, mas talvez a mais importante para Connor... a armadura de Artêmis era repleta pelo símbolo atômico e azul, com círculos flutuantes ao redor de ambos os seus antebraços, emitindo a energia azul. Para o Hospedeiro da Esperança, ela estava mais linda do que já estivera em toda a sua vida, e a energia azul realçava tudo isso. Mas mais do que isso, ele e todos os outros olhavam a si mesmos, incrédulos sobre sua nova conquista.

Cada cristal havia se adaptado à cultura da Terra, e por isso atribuiu a sua respectiva armadura o símbolo que melhor representasse o aspecto regente.

— Bem... o que os seus alunos fizeram? — Indagou Alec para Eagle, com um sorriso desafiador em seus lábios. Com um leve receio, Dead apenas olhou para a sua parte do dojo, primeiramente para os compartimentos para onde havia enviado Lylith horas atrás. Essa área estava com um pouco de sangue, mas ninguém havia notado. Os guerreiros estavam muito ocupados em sua meditação, e Yin e seu alvo, na leitura de mente. Mas ao perceber os olhares curiosos sobre seu corpo, a garota levantou-se com um sorriso animado nos lábios, estendendo ambas as mãos. Seu corpo parecia intacto. Foi quando, das unhas de ambas as suas mãos, foram estendidas lâminas afiadas e alongadas, o que fez com que Dead sorrisse, e Alec arregalasse de leve os olhos. Em um tom animado, ela disse:

— É claro que eu incorporei muitos equipamentos dentro de mim, mas não vou revelar tudo agora. O que importa é que eu... passei, né? — Perguntava quase como se já soubesse a resposta, e Eagle apenas assentiu com a cabeça. Ela comemorou com pulinhos de alegria.

— E você, Yin? O que fez? — Disse o agente, olhando para o kloeru, que apenas piscou rapidamente e virou o rosto para seu mestre, assentindo com a cabeça, simbolizando seu sucesso. Ele havia conseguido ler a mente de Ryfon, mas descobriu coisas que não queria. Mas não podia contar, ainda não era o momento certo... porém não iria deixar aquilo isolado em sua mente. E como prova de que havia desenvolvido mais do que apenas a leitura de mentes, lançou uma descarga psíquica na mente do elfo, o que o fez cair para trás instantaneamente, colocando a destra sobre sua testa. Dead teria sorrido ainda mais se as luzes da sala não tivessem começado a piscar em um tom avermelhado, Alec sabia o que aquilo significava, mas não teve tempo de avisar, apenas saiu correndo para a sala de comando, onde se sentou na cadeira do comandante. Retirou a nave do piloto automático e começou a conduzi-la pelo espaço. A curiosidade de todos não os segurou no dojo e logo estavam presentes no cômodo, observando a nave se locomover ainda mais rápido pelas janelas frontais.

— O que está acontecendo?! — Perguntou Eagle levemente exaltado.

— Estamos entrando na atmosfera de Elenyn!

Ashryn não pôde evitar de sorrir ao lembrar-se de sua casa e imaginar a possibilidade de ver seus parentes novamente.  — Oba!

Em instantes, a nave foi coberta por chamas devido à colisão, e quando finalmente ultrapassou a primeira camada da atmosfera, se estabilizou, pousando com calma em solo elenyano. Aliviado, Alec encostou-se na cadeira e suspirou de leve, abrindo a rampa da máquina com um comando no painel.

Todos saíram, mas é claro que Ashryn foi a primeira a pisar em sua terra novamente, e com um gesto do braço após um giro, disse entusiasmada:

— Bem-vindos a Elenyn!

Haviam pousado em um vasto campo verde e florido, com uma enorme floresta ao extremo oeste, e um grande castelo ao norte. Aquela era a parte rural do país de Fiore, e a cidade estava mais ao longe. Apesar de se parecer bastante com a Terra, o planeta tinha um ar místico e tranquilizador. Pela primeira vez desde que todos haviam o conhecido, Ryfon sorriu... perversamente.


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