Os Guerreiros do Infinito escrita por Lorde Kata


Capítulo 20
O Martelo de Asmodeus.


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu estou vivo!
Não, a fanfic não vai acabar!
Sim, vou dar satisfações!

Olá a todos os meus leitores queridos, gostaria de me desculpar com vocês pelo enorme período de ausência que se passou. A verdade é que algumas coisas ruins aconteceram na minha vida depois do último capítulo, e isso me afetou bastante. O bastante para que eu simplesmente não encontrasse a vontade e determinação que precisava para escrever, além de estar com um bloqueio criativo também. Não que eu não tivesse ideias, muito pelo contrário, eu tive muitas ideias desde então, mas nenhuma delas se adequava à saga dos Guerreiros. Mesmo com o problema superado, eu ainda não conseguia encontrar a disposição para escrever. Então voltei ao RPG Narrativo, para exercitar a minha escrita. Depois de alguns dias, consegui finalmente escrever este capítulo para finalizar a saga dos vilões.

Eu decidi que vou tentar publicar as primeiras 70 mil palavras de minha história, dividindo assim a saga em provavelmente três livros. Por isso os capítulos anteriores estarão passando por revisão, e alguns elementos serão alterados, como vestimentas e introduções de alguns personagens, mas espero que não seja nada em grande escala. Para mantê-los informados, postarei uma nota a cada capítulo futuro para dizer o que mudou. Me desejem sorte!

Também gostaria de anunciar que em compensação a esse enorme período de ausência, tentarei atualizar a história semanalmente, sempre aos domingos, por volta das 18h. Quem sabe dá certo?

Era isso, espero que gostem!



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O dourado do salão real de Cancri havia sido substituído por um vermelho escarlate e intenso naquele dia, como nunca havia acontecido antes. Claro, a história de Cancri não era diferente dos outros planetas, e teve sua guerra sangrenta, mas o palácio real é um cômodo sagrado, reconhecido por todo o seu povo, e nem o mais maligno dos kruazip’ts ousara sujar o piso com seu sangue antes. Mas Dapav parecia não se importar com nada além de seu controle sobre os cidadãos inocentes. Algo que Venomania certamente não deixaria acontecer, apesar de sua índole maligna.

O sangue de seus inimigos de batalha ainda sujava as suas mãos, e seus gritos de terror atormentavam sua cabeça todos os dias, mas ele não levava isso como um castigo, e sim como um troféu de glória. Ninguém seria capaz de dizer que o temível Sateriasis Venomania um dia defenderia os inocentes de Cancri, mas lá estava ele, ao lado do hospedeiro de um dos cristais do infinito e o imperador de Treiq. Uma situação peculiar, de fato.  Talvez presenciar os guerreiros do infinito tão de perto tivesse lhe proporcionado novas perspectivas sobre a vida.

Apesar de terem sido pegos de surpresa por inúmeros soldados de elite kruazip’tianos, ao menos dois dos invasores do palácio eram experientes em táticas guerrilheiras, e logo construíram sua formação.

Rypt focava-se nos inimigos mais ao longe, usando suas enormes garras para estraçalhar a carne de seus inimigos. Mesmo assumindo forma humana, ainda podia usar seus poderes livremente.  Sateriasis e Infinito Reverso estavam cuidando dos soldados que conseguiam passar pelo imperador, estando um de costas para o outro. O Martelo de Asmodeus e a magia demoníaca que Reverso absorvera no Estado dos Sateriasis eram bem eficientes nessa situação.

— Devíamos mesmo estar matando eles assim? Sei lá, eles podiam ser pessoas inocentes antes de serem manipuladas assim. — Indagou Reverso, retirando seu pulso ensanguentado do peito de um dos soldados. Sua fala era completamente incoerente com suas atitudes.

— Não sei como salvá-los, é melhor deixar que Motus os acolha em seu paraíso. — Venomania admitiu, e isso já era o bastante para esmagar qualquer culpa que pudesse sentir a simples partículas de pó.

Felizmente, a quantidade de soldados imperiais não era tão grande, e Dapav já estava ficando sem seu exército. Reconhecendo isso, ele mesmo arregalou seus olhos em desespero e olhou para trás, observando que as portas do palácio ainda estavam abertas. Contando com a distração de seus soldados, ele se apressou em correr para sua salvação.

Infinito Reverso foi o primeiro a perceber isso, pois estava menos ocupado com os inimigos que os cercavam. Franziu a testa e estalou os seus dedos, reaparecendo na frente de Dapav por um círculo mágico arroxeado. Todas as saídas possíveis foram imediatamente bloqueadas por uma parede de magia. Os olhos penetrantes do mago perfuravam a alma do imperador com uma fúria imensurável.

— Sua vida só será salva pois ela merece ser tirada por Venomania. — Disse seriamente, erguendo sua mão direita e gerando uma esfera de magia sobre sua armadura.

A mente de Dapav chegava quase a enlouquecer com o seu desespero, seu plano não podia dar errado daquela forma, mas ele não contava com o retorno de Venomania, muito menos com seus novos aliados. Só restava uma coisa a fazer, mesmo que ela pudesse custar a sua vida. Apertando mais uma vez o seu bracelete dourado, os soldados que ainda restavam simplesmente pararam de se mover. Nesse momento, o vazio em seus olhos era ainda mais visível.

— Finalmente se rendeu? — Rypt perguntou com ironia, retraindo suas garras depois de espirrar o sangue que escorria em direção ao chão.

— Vocês não me deixam escolha. Mas não vão me impedir de tomar Cancri!

— O poder subiu a sua cabeça, Dapav! Seu pai não iria se orgulhar disso. — Venomania disse, tentando argumentar com uma alma já quase perdida.

— Meu pai está morto porque não soube aproveitar o poder que tinha em suas mãos! Eu não vou cometer o mesmo erro. — Apertando mais uma vez o bracelete, uma aura acinzentada cobriu o seu corpo e os de seus soldados, começando a pulsar.

— Protejam-se! — Alertou Rypt, prevendo a explosão que estava para acontecer. Erguendo os dois braços, ele manipulou a textura de sua pele para que se tornasse tão dura quanto o próprio ferro, criando uma barreira a sua frente. Venomania ergueu seu martelo e o colocou no chão diante de si, e Reverso gerou uma barreira mágica ao redor de seu corpo. Apenas instantes depois, explosões surgiram de cada um dos corpos, destruindo as estruturas do palácio, exceto o trono real, que parecia ser extremamente resistente.

Tudo foi devastado, levantando uma enorme quantidade de poeira e assustando as pessoas que moravam ao redor, que imediatamente saíram de suas casas e correram para uma área segura. Elas não tinham o apoio dos guardas, pois os que restaram estavam hipnotizados.

Quando a poeira finalmente abaixou, todos os soldados que ainda estavam no antigo salão haviam sumido. No lugar de Dapav, uma enorme aura cinzenta como a de antes se fazia presente, brilhando de uma forma intensa. O corpo do imperador podia ser visto em meio aos céus, flutuando e suspenso pela energia que o rodeava.

— Seu pai teria nojo do modo como você usou a invenção dele... — Confessou Venomania, com os olhos arregalados e suas pupilas tremendo de leve.

— Venomania... o que é isso? — Perguntou Reverso, já pensando em como poderiam deter aquela coisa.

— Dapav destruiu o corpo dos soldados restantes e absorveu toda a sua energia empática para si mesmo. Ele tem tanta, que ela saiu de controle, ficando instável. A aura de energia tomou conta de sua consciência, e agora Dapav se transformou... nisso. Uma anomalia emocional. — Antes que qualquer um deles pudesse dizer mais alguma coisa, um enorme braço se estendeu do resto da aura, solidificando-se como se fosse feito de músculos de verdade. Descendo brutalmente, visava atingiu Venomania, que desviou de última hora graças ao impulso de sua energia calma.

— Ótimo, agora ele tem braços! — Retrucou Rypt, aumentando o tamanho de seus punhos, ainda com a resistência de ferro.

— Braços?! — Sateriasis estava confuso, até que olhou para cima uma grande quantidade de enormes braços sendo estendidos da aura. Eles não teriam a menor chance naquele ritmo. E logo teve de desviar de mais um ataque.

Ingênuo, Reverso cobriu o seu punho direito com magia fortalecedora e tentou investir com um soco contra a grande massa de emoções, mas foi repelido para longe, como se aquilo fosse um campo de força. — Não podemos ferir essa coisa?!

— Essa anomalia é feita puramente de energia empática, só pode ser ferida por isso, mas nem mesmo eu vou conseguir se ela tiver tanta energia! — Explicou Venomania, inutilmente desferindo golpes de seu martelo contra a aura cinza, que se mostrava irrelevante a todos eles. Então ele foi surpreendido por um raio de energia que o atingiu, lançando-o em direção ao pilar de sustentação mais próximo.

— Era só o que faltava... — Rypt agora tentava desviar dos múltiplos raios e projéteis que eram liberados pela enorme anomalia, que aumentavam mais e mais a cada instante, como se fosse uma verdadeira máquina de guerra. Apesar ser um treiqrypt e poder manipular o seu próprio corpo, ele ainda estava se recuperando da destruição celular que sofreu em Marte, e por isso não estava no auge de seus poderes. Não demorou muito para que fosse finalmente atingido por um projétil em seus pés, derrubando seu corpo. Antes mesmo de chegar ao chão, foi levado ao longe por outra rajada de energia.

Reverso não tinha mais opções, então decidiu usar a magia demoníaca que adquiriu. Deixando que as vozes em sua cabeça influenciassem sua magia, ele criou um círculo mágico avermelhado sobre a anomalia, destruindo, mesmo que pouco a pouco, a sua energia emocional com uma maldição demoníaca. Um sorriso triunfante tomou conta de seu rosto, sendo o suficiente para gerar uma abertura para que fosse atingido por um enorme punho.

Todos os três estavam quase acabados, e a criatura gigante estava apenas começando. Porém aquele rápido momento em que a energia se desintegrou diante da magia demoníaca foi o suficiente para Venomania pensar em um plano.

— Eu tenho uma ideia... mas vou precisar do apoio de vocês. — Venomania disse com certa dificuldade, erguendo-se e segurando o braço do martelo. — E vão ter que confiar em mim.

— Essa é uma tarefa difícil... — Rypt se levantou da cratera que seu corpo pesado criou ao colidir com o chão, tentando curar seus próprios ferimentos.

— Não temos nada melhor. — Reverso desfez o escudo mágico que o protegeu de última hora, mas ele ainda havia sido arremessado para longe. — Mas sei que minha magia demoníaca parece fazer efeito na anomalia.

— Apenas criem uma distração e me deem cobertura. — O kruazip’tiano pediu, empunhando o Martelo de Asmodeus com as duas mãos e fechando seus olhos. A energia avermelhada como o sangue percorreu pelos seus braços até a cabeça do martelo, ativando a arma e começando a se acumular.

A criatura pôde sentir o aumento da única energia que até então havia se mostrado capaz de lhe ferir, e já enviou seus braços em direção ao seu criador para neutralizá-lo.

— Isso vai doer... — Previu Rypt, endurecendo mais uma vez os seus braços e pulando em direção ao enorme golpe que ia em direção ao seu aliado. Empurrando a energia acinzentada com o seu próprio corpo, teve de conter a o impacto da repulsão com os seus próprios músculos, quase explodindo-os. Mas aumentou sua estatura e desferiu um potente soco contra o braço, redirecionando a força da repulsa para a própria anomalia. Não havia a ferido, mas sim redirecionado o ataque.

Infinito Reverso corria em direção ao ponto onde o braço iria parar, quando viu mais braços e projéteis serem formados no topo da anomalia. Erguendo ambos os braços, conjurou um único portal demoníaco oval ao redor do inimigo gigante, e quando seus ataques foram liberados, acabaram sendo teleportados para alguma dimensão desconhecida. Quando o hospedeiro fechou o portal, os braços que haviam sido sugados foram cortados brutalmente, fazendo a aura pulsar como se fosse um grito.

— Reverso, preciso que direcione sua magia demoníaca para o martelo! — Gritou Venomania, ainda com os olhos fechados. Infinito Reverso não tinha muito o que contrariar, então assentiu com a cabeça e estendeu suas mãos em direção ao martelo, liberando rajadas de sua magia demoníaca. O centro da cabeça do martelo automaticamente absorvia essa magia, convertendo-a na mesma energia empática que o fazia funcionar.

Logo, um círculo demoníaco foi gerado à frente da arma, passando por ela e transformando todo o seu design. Seu meio agora era composto por um conjunto de dentes afiados, mais duros que o próprio aço. Na lateral, rochas escuras com a aparência de carne humana cobriram o metal anterior, inscrevendo símbolos de maldição nos dois lados da cabeça. Por fim, o círculo se dissolveu sobre o martelo, fortificando-o ainda mais.

Imediatamente, Venomania bateu o martelo contra o chão, acionando uma das marcas de maldição. Porém a força da batida não foi direcionada ao chão, e sim à criação de outro círculo demoníaco, que perfurou o solo com suas marcas. Essas marcas foram preenchidas por um fogo mais brilhante do que o fogo convencional, gerado pela ponta da face do martelo que foi chocada contra o chão. Era o fogo infernal. Trocando a face que estava em contato com o círculo, Venomania então arrancou o martelo do chão, levando consigo várias rochas. O fogo infernal subiu, gerando uma espécie de furacão flamejante. As chamas chegaram tão alto que começaram a tocar o topo da anomalia, destruindo a energia que a compunha.

Por mais incrível que pareça, a criatura se moveu para trás, como se estivesse com medo. Sua mente primitiva e confusa só conhecia a destruição, e agora conhecia o medo causado por um demônio.

Daquele turbilhão de chamas, muitos demônios foram libertados das profundezas do inferno. Como eram demônios de baixo nível, todos tinham praticamente a mesma aparência: criaturas com uma forma bestial, pele acinzentada e dentes espalhados por todo o corpo, além da boca. Garras alongadas no lugar dos pés e das mãos. Orelhas pontudas abaixo de seus pares de chifres robustos, que ficavam à frente da ponta de suas asas magras e esqueléticas. Os olhos eram vermelhos e amarelos, penetrantes como o próprio submundo.

— Rypt, lidere-os para segurar a anomalia! — Sateriasis ordenou novamente. Mesmo sem entender, Rypt correu em direção à frente dos demônios e deu seu melhor grito de guerra, tentando ganhar a confiança de seus novos serviçais. Os demônios haviam sido ordenados a ficar sob o comando do biocinético.  

Correndo pelo campo de batalha com sua horda de demônios, Rypt saltou diretamente contra o monstro, investindo um grande soco e, como antes, redirecionando a repulsa para o próprio inimigo. Os demônios, porém, ao se agarrarem, começaram a destruir a energia acinzentada que compunha a criatura. Lá dentro, Dapav revelou seus olhos totalmente brancos e começou a gritar de dor e agonia, enquanto era visível que sua própria pele estava sendo queimada.

— Ataquem! — Ordenou Rypt, desferindo inúmeros socos, que agora faziam efeito devido à fraqueza emocional da anomalia. Aquele era o sinal que Venomania precisava, pois seu ataque iria funcionar, e só tinha apenas uma chance. Deixando o martelo de lado, ele desembainhou sua espada dourada e a colocou à frente de seu corpo, com a lâmina virada horizontalmente.

— Tranquillitas... — A mesma aura azul que usara na batalha contra Slookhor surgiu mais uma vez, porém focando-se em sua lâmina dourada. — Secare! — Quando abriu os seus olhos, estes estavam transbordando a energia da calmaria e com apenas um corte no ar, Venomania liberou uma intensa rajada de poder em direção à anomalia vulnerável. Como último recurso de defesa, Dapav estava gerando uma densa esfera de energia emocional. Mesmo que fosse atingido, ela iria explodir, possivelmente destruindo toda a cidade.

Reverso previu as consequências da colisão, e decidiu usar o resto de magia que havia em sua armadura. Ajoelhou-se no chão e ergueu ambas as mãos, liberando toda a sua magia.

Uma enorme barreira arroxeada cresceu do solo, cobrindo todo o perímetro da área até os céus. Ainda assim, eles mesmos seriam atingidos. Então Rypt esperou que o corte de Venomania se aproximasse o bastante e saltou, estendendo sua mão para estica-la como um escudo de ferro ao redor da anomalia. Caso a explosão passasse pelos músculos endurecidos de Rypt, ainda teria que passar pela barreira mágica de Infinito Reverso.

Finalmente, o corte de calmaria entrou em contato com a esfera de emoção instável, e os demônios já estavam se desfazendo em fogo infernal. A explosão foi causada, causando um tremor em toda a região, apesar dos escudos que a cercavam. Rypt gritou de dor pela imensidão da energia que era empurrada contra a sua mão, chegando a abrir certos buracos que deixavam a luz escapar. Mesmo buracos pequenos liberavam uma luz tão reluzente que podia ser observada a quilômetros de distância.

A fim de ajudar seu aliado, Venomania se ergueu de seu cansaço e pegou seu martelo mais uma vez, encostando um dos símbolos de maldição de Rypt, fortalecendo seu corpo. Reverso caminhou até a mão de metal, transferindo o pouco de magia que lhe restava para aumentar as defesas.

Estavam ocupados demais pensando em todo aquele caos para perceberem como estavam se ajudando e também à população inocente de Cancri, coisa que certamente nunca fariam se tivessem tempo para raciocinar. Mas dizem que as ações mais sinceras são tomadas espontaneamente. Talvez eles só não quisessem admitir isso.

Finalmente, a explosão cessou, e o tremor que assolava o solo também. Desfazendo instantaneamente o escudo de sua mão, Rypt caiu em direção ao solo, ofegando de exaustão. Sua destra estava com ferimentos profundos, de fora a fora. É claro que se curariam aos poucos, mas isso não diminuía a dor que sentia.

Mais tranquilo, Reverso pôde abaixar a sua magia e se encostar em um destroço para repor suas energias. Seus olhos se levantaram para os céus de Cancri, encarando a imensidão azul que haviam salvo.

Venomania, por sua vez, suspirou em alívio enquanto a nova forma de seu martelo se esvaía em um brilho avermelhado, como os restos demoníacos no campo de batalha.

O palácio real havia sido totalmente destruído pelo confronto, e o corpo morto de Dapav se encontrava no meio de onde seria o salão. Sua pele também havia se tornado branca, deixando suas veias azuladas a mostra.

— Pobre bastardo... — Sateriasis comentou entre os ofegos, se aproximando do corpo. — Que Motus te sinta nos céus. — Olhando para trás, notou o único vestígio do palácio: o trono, e sua enorme antena, que serviria como transmissora do sinal inibidor de emoções de Dapav. Venomania caminhou até o trono e subiu em seu assento, agarrando a antena com a destra e rompendo seus circuitos internos com uma pequena emissão de energia calma. 

Caminhando mais à frente do trono, uma enorme multidão estava diante de seus olhos, com os olhos cheios de esperança e agradecimento, alguns até mesmo deixavam que a emoção transbordasse pelos seus olhos. Rypt e Reverso caminharam ao seu lado, contemplando a multidão que agora aplaudia os seus salvadores.

— Nós... acabamos de salvar um planeta? — Perguntou Rypt, levemente curvado pelos seus ferimentos.

— Acho que não é uma coisa que devíamos fazer. — Adicionou Reverso, ajeitando as roupas casuais, pois sua armadura havia se esgotado.

— O destino tem suas peculiaridades, e isso não nos faz deixar de ser quem somos. De qualquer forma, conquistamos a confiança de Cancri, e era isso que queríamos fazer. — Completou Venomania.

— Destruir o palácio imperial era opcional... — Resmungou Rypt.

— Ainda podemos usar outros recursos enquanto estivermos aqui, o Estado de minha família pode nos manter, além de bens por direito pelo nosso ato.

— Apenas não se torne um herói. Porque nós vamos destruir esses. — Finalizou Reverso. — Precisamos de mantimentos o mais rápido possível, e planos do que faremos a seguir. Aliás, como conseguiu invocar aqueles demônios?

— Li aquela técnica uma vez em um dos pergaminhos proibidos do meu pai, quando ainda era um adolescente. Não pensei que o Martelo existisse de verdade. As coisas que posso fazer com ele... — Venomania encarou o martelo em sua mão direita, enquanto a esquerda segurava a espada. — São inimagináveis.

E o Sol brilhava atrás deles, enquanto os inocentes faziam juras de lealdade e devoção aos seus novos ídolos.

A milhões de anos luz dali, na verdade, em um plano de existência além do nosso, um sorriso perverso se abria.

O fogo infernal, o mormaço quente e as rochas derretidas circundavam o seu trono de caveiras, retiradas de seus donos pelo simples desejo pelo prazer carnal. Sobre o trono de cálcio, três pares de asas negras se estendiam, denunciando a fortíssima presença de um anjo caído. Um dos que caíram com Lúcifer, um dos sete príncipes infernais, um dos sete pecados mortais. Asmodeus, demônio da luxúria, estava comemorando a chegada do fim de mais um de seus pactos, que estava aberto há anos.

Seus cabelos acinzentados e lisos caíam sobre os ombros levemente bronzeados e nus, além de definidos pelos seus músculos. Um par de chifres brancos e alongados se fazia presente sobre a sua cabeça, contrastando o vermelho escarlate de seus olhos. Uma faixa de tecido branco cobria a diagonal de seu peitoral e também toda a sua cintura, sendo sustentada por broches e cintos feitos de ossos. Suas calças não passavam de tecidos finos e marrons, e seus braços eram levemente cobertos por um vermelho. Em sua mão esquerda, segurava um crânio. Na direita, uma longa espada com a lâmina da cor de seus cabelos, coberta por uma camada de ouro escuro.

— Mestre Asmodeus, parece excepcionalmente feliz hoje... — Uma belíssima mulher de corpo curvilíneo se aproximou, trajando apenas roupas íntimas finas e rendadas, da cor vermelha, com detalhes acinzentados. Ela depositou ao seu lado no trono uma bandeja com uma garrafa e uma taça de vinho.

— Oh, minha querida, você não sabe como... — O anjo caído levou a destra ao queixo da mulher, erguendo a cabeça em sua direção e olhando-a diretamente em seus olhos, mantendo o sorriso no rosto. — Um antigo pacto que eu fiz há muito tempo... finalmente vai se concretizar, e seu mestre poderá andar pela terra dos mortais mais uma vez. Isso a deixa feliz?

— Imensamente, mestre... — Os olhos da mulher eram cativados pelos dele, enquanto ela mordia o próprio lábio com certa força pelo tesão que sentia apenas por ser tocada pelo demônio da luxúria. Asmodeus claramente sabia disso, e gostava de torturar suas vítimas.

— Quando eu chegar a esse mundo, plantarei as sementes do prazer infernal nos seres humanos, e depois colherei os frutos de suas almas... todos serão meus escravos aqui, no submundo. Uma ofensa direta e intensa ao Todo-Poderoso, não acha?

— Com certeza... mas o que fará com tantas almas?

— Ora, eu não sou o demônio da ganância, querida. Nem todas serão para mim, afinal, o que eu seria sem meu querido Lúcifer? Você sabe bem que precisamos do maior número possível de almas para nosso retorno triunfal...

— Sussurros abafados pela realidade anunciam uma segunda guerra nos céus, meu mestre....

— Estaria a guerra contra os vigilantes finalmente chegando ao fim? Ora, mas eles não poderiam vencer sozinhos... algo deve ter acontecido. Com os anjos, ou com os vigilantes.

— Dizem que um escolhido está para nascer, mas antes disso, estão colhendo aliados únicos entre os mortais... meus informantes me dizem que o primeiro se chama Shirosaki Yin.

— O garoto da mente? De outro planeta? Ora, escolha interessante... os poderes dele podem fazer um bom estrago se manuseados com cuidado. Mas ele não pode superar o meu escolhido.

— E quem seria o escolhido da luxúria, Mestre Asmodeus?

Asmodeus sorriu mais uma vez e passou os braços ao redor da cintura da mulher, puxando-a com vontade para o seu colo, apertando com desejo as suas coxas.

— Sateriasis Venomania é o seu nome, e ele irá causar o inferno na Terra.


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Notas finais do capítulo

Martelo de Asmodeus em sua segunda forma: http://orig01.deviantart.net/8877/f/2013/135/0/0/speed_sculpting_30_by_crashmgn-d65d7sn.jpg

Demônios conjurados por Venomania:
http://feelgrafix.com/data/demon/demon-7.jpg

Asmodeus:
https://i.pinimg.com/736x/bd/e7/92/bde792f45b3365630715d46865e008dd--card-games-knights.jpg

No próximo capítulo: A chegada dos Guerreiros do Infinito em Astatine!



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