Palavras de amor escrita por BruPotter


Capítulo 14
Capítulo 14




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Pov Mônica

Chego em casa, entro na sala, deixo minha bolsa no sofá e vou pra cozinha.

— Voltei- Eu disse.- oi lalá.

— Olá minha garotinha- Lauren me cumprimentou.- o que veio fazer aqui?

— Tô com fome- Eu disse, enquanto abraçava minha barriga.- e se não come algo vou morrer!

— Não seja dramática- Ela falou.- estou preparando o almoço.

— E quando ficará pronto?- Eu perguntei.

— Logo querida- Ela respondeu.

— Posso te ajudar se quiser.

— Não precisa- Ela disse.- o que eu quero é que você vá lá pra cima, lave suas mãos e esteja pronta pra quando eu chamar.

— Sim senhora!- Eu brinquei e bati continência.

Saio da cozinha, subi as escadas pra ir pro meu quarto mas ouvi um grito.

— Que droga!!

Parece que o Matt está com problemas...

Entro em seu quarto e pergunto.- que houve?

— Nada.

— Mentira- Eu disse.- te ouvi gritar.

— Só tô frustrado- Ele respondeu.

— Com o que?

— Você não entenderia...

Vou até sua escrivaninha e me sento numa cadeira.

— Eu posso tentar.

— É o meu projeto.

— O que tem ele?

— Eu não consigo fazer com que o avião voe sem precisar consumir a bateria!- Ele disse, irritado- já tentei fazer todos os cálculos mas nada da certo.

— Posso dar uma olhada?- Eu pedi.

— Claro...

Matheus me passa seu bloquinho de anotações e eu o olho.

— Acho que eu sei qual o problema- Eu disse.

— Sabe!- Ele falou surpreso.

— Sim- Eu disse, enquanto colocava o bloco na escrivaninha e pegava um lápis.- por que você não adiciona um motor hidráulico ao invés de um normal.

—...

— Apagar o vetor unilateral pra um bilateral, pra dar mais resistência e rapidez.

—...

— E ao invés de bobinas oito por oito colocar duas por duas que o avião ficará mais tempo e assim não precisará consumir a bateria.- Eu conclui.

Matheus fica olhando por um tempo as modificações que eu tinha feito e depois fala.

— Como eu não tinha pensado nisso- Ele disse incrédulo.- obrigado moniquita.

— De nada pestinha.

— Mas como você sabe disso?- Ele perguntou.

— Tem algumas coisas que você não sabe sobre sua irmã.- Eu disse.

— E o que seria?- Ele perguntou.

— Quer mesmo saber?- Eu rebati com outra pergunta.

— Quero!!- Ele disse animado.

— Vem comigo- Eu disse, enquanto me levantava da cadeira.

Matheus e eu saímos de seu quarto e fomos para o final do corredor.

— O que estamos fazendo no fim do corredor?- Ele perguntou.

Não respondo sua pergunta, fico na ponta dos pés e puxo uma cordinha e acabo abrindo uma porta com escada.

— O que é isso?

— Vai descobrir.

Subimos a escadas e entramos na pequena portinha. Vou pra perto e falo.

— Matt, eu te apresento o sótão— Eu disse, enquanto ligava o interruptor. Mostrando um lugar espaçoso e cheio de caixas.

— Uau!- Ele disse.- como eu nunca soube deste lugar.

— Você era um bebê quando nos mudamos pra cá- Eu disse.

— E por que estamos aqui?- Ele perguntou.

— Pra te mostrar umas coisas de quando eu era criança- Eu respondi, enquanto pegava uma das várias caixas.

— Eu sempre te perguntei como era sua infância- Ele disse, enquanto se sentava ao meu lado.- e você sempre mudava de assunto.

— Eu sei que fazia isso mas agora prometo que contarei tudo.

— Ok

Abro a caixa e mostro para Matheus vários trabalhos antigos, medalhas e faixas azuis.

— O que é isso?- Ele disse, pegando alguns trabalhos e medalhas.

— São trabalhos da minha escolinha e de feira de ciências de que participei e ganhei.- Eu expliquei.- eu era a mais inteligente na escola.

— Verdade!

— Sim, tirava as maiores notas e criava os melhores projetos nas feiras- Eu disse, enquanto pegava uma medalha.- não havia ninguém que me ultrapassava nos estudos.

— Por isso soube como concertar os cálculos.- Matheus falou.

— Sim- Eu concordei.

Fiquei pegando mais algumas caixas e falando da minha infância para meu irmão.

— O que será isso?- Ele perguntou, enquanto tirava a poeira do objeto da caixa.

— É um mini laboratório de química infantil- Eu expliquei.- ganhei de aniversário dos nossos pais.

— Que maneiro!!- Matheus disse, animado.- podemos brincar?

— Claro- Eu disse, e abro o quite.

Ficamos brincando com produtos coloridos do quite e fizemos vários experimentos.

— Eu tinha me esquecido de como isso era legal- Eu comentei.

— Mônica...

— Fala Matt

— Posso te perguntar uma coisa?

— Pode

— Se você era tão inteligente...por que guardou isso tudo?

— É...é complicado...

— Por que é complicado?

— Você não entenderia...

— Eu posso tentar- Ele repetiu a minha frase.

— Ok- Me dei por vencida.- eu me deixei levar pelas opiniões críticas das pessoas e isso me fez querer esconder quem sou realmente.

— E você ainda liga?

— Antes sim, mas agora com a ajuda de um amigo eu não ligo e estou mostrando o meu verdadeiro eu.

— Que bom

— Hora do almoço!!!- Ouvi Lauren gritar.

— Acho que a brincadeira acabou- Eu disse, me levantando.

— Poxa...

— A gente volta aqui outro dia.

— Promete?

— Sim

— Hum...

— Não acredita, né.

— Só com o juramento de dedinho- Ele disse, estendendo o dedo mindinho.

— Tá bem- Eu concordei e entrelacei meu mindinho com o dele.- outro dia voltaremos pra brincar e olhar o que tem em todas as caixas.

— Jura juradinho?

— Eu juro juradinho- Eu disse.- quem chegar na cozinha por último é a mulher do padre!!

Saio do sótão correndo com Matheus atrás de mim. Desço as escadas mas sem querer esbarro em alguém e caímos.

— Ai!

Me levanto e vejo que eu tinha esbarrado na cobra da Suzana.

— Foi mal aí co...quer dizer...Suzana- Eu disse, enquanto a ajudava a levantar.

— O que pensa que está fazendo pra ficar correndo desse jeito.- Ela disse, irritada.

Vê se pode, eu me desculpo por a derrubar e ela nem me agradece...acho que vou repensar essa história de ser um pouco mais legal com ela...

— Eu já pedi desculpas, ok!- Eu falei, tentando não me irritar. Não Mônica...nada de estresse...

— Só não faça isso de novo- Ela mandou.

— Você não é a minha mãe- Eu sussurrei pra mim mesma.

Suzana entra na cozinha e depois vejo Matheus descer as escadas.

— Você trapaceou!

— Ou você que é lento demais- Eu rebati.

— Não sou!- Ele disse.- você que é maior que eu, consegue correr mais fácil.

— A massa e o peso podem alterar a aceleração de um objeto em movimento, pequeno Matt- Eu falei.- por eu ser maior dificulta um pouco a minha velocidade.

— Ei, o esperto da casa sou eu!- Ele brincou.

— Eu sei- Eu disse, enquanto o pegava no colo.- e sempre irá ser.

Dou um beijo de esquimó em meu irmão que depois pergunta.

— Vamos almoçar?

— Vai você- Eu disse.- fiquei sem fome de repente.

E esse de repente tem nome...e é Suzana...

— Tá bem- Ele aceitou.- mas você tem que me colocar de volta no chão.

— Certo.

O coloco no chão e o mesmo entra na cozinha.

Pego meu celular e digito uma mensagem para Cascão.

— Posso almoçar na sua casa?- Mônica

Segundos depois a resposta chega.

— A senhorita sempre é bem vinda- Cascão

— Valeu- Mônica

— Por que a pergunta?- Cascão

— Suzana...- Mônica

— Brigaram?- Cascão

Não, mas se eu entrar na cozinha e ela abrir a boca com certeza vai ter briga- Mônica

— Ok, vou avisar minha mãe pra ela por mais um prato- Cascão

— Valeu mais uma vez- Mônica

— As ordens- Cascão

Bloqueio meu celular, o guardo o bolso e grito.

— Vou pra casa do Cascão!!

— Sem comer!- Meu pai gritou da cozinha.

— Tô sem fome!!

— Come algo lá pelo menos, ou pode desmaiar!

— Tá bem!

Saio de casa e vou caminhando até chegar na de Cascão. Toco a campainha e espero.

— Sua senha por favor- Eu ouvi sua voz do outro lado da porta.

— Qual é Cas.

— Sua senha por favor- Ele repetiu.

— Certo- Eu concordei.- cabeça de dragão.

A porta se abre e sem hesitar entro e encontro Cascão.

— Você é um palhaço sabia- Eu comentei.

— Um palhaço que você adora- Ele disse.

— Não posso discordar.

— Vem, o almoço vai ser servido.

— Valeu mais uma vez por salvar a minha pele- Eu agradeci.

— Amigos são pra isso.

Fomos juntos para a cozinha e vi os pais do meu melhor amigo.

— Boa tarde senhor Antenor- Eu o cumprimentei.- boa tarde Dona Lurdinha.

— Boa tarde Mônica

— E sem senhor- Seu Antenor falou.- me sinto um velho.

— Certo, me desculpe, eu esqueci.

— Tudo bem- Ele disse.- sentem-se.

— Obrigada por me deixarem almoçar aqui- Eu falei.- mesmo que seja um incômodo.

— Você é quase uma filha para nós Mônica- Dona Lurdinha falou.- nunca é um incômodo.

Me sinto um pouco sem jeito com as palavras e depois dou um sorriso sem dentes para eles.

— Vamos almoçar.

Nos sentamos à mesa e começamos a almoçar.

— Como está indo na escola filho?- Seu Antenor perguntou.

— Estou bem- Cascão falou.- a mesma coisa de sempre, mas estou arrasando na educação física. Logo o campeonato de futebol vai chegar e esse ano vamos ganhar mais uma vez do nosso maior rival!!

— Estaremos torcendo.

— E você, Mônica?

— Eu?- Eu perguntei, surpresa.

— Sim- Os dois responderam.

— Bom, eu também estou indo super bem. E logo vai ter um campeonato de líderes de torcida e estamos torcendo pra que esse ano nos aceitem.

— Espero que sejam.

Depois disso a conversa foi fluindo normalmente. Queria que fosse assim lá em casa...por causa da serpente com pernas não tenho a chance de conversar normalmente na hora de comer.

— O almoço estava ótimo- Eu elogiei.

— Obrigada querida.

— A gente vai estar no meu quarto- Cascão falou, enquanto se levantava.

Me levanto da cadeira e vou junto de Cascão para seu quarto.

— Ainda não tomou jeito pra arrumar esse quarto, né- Eud disse, observando a grande bagunça.

— Algum dia eu arrumo- Ele disse.

— E vai ser agora- Eu mandeu.- bora começar.

— Mas é chato!!- Ele reclamou.

— Eu te ajudo.

— Mas ainda é chato.

— Só precisa de um pouco de agitação pra arrumar.

— O que você quis dizer?

Às vezes o Cascão pode ser bem lerdo pra entender algumas coisas.

— Vou mostrar.

Vou até o armário de Cascão, pego uma caixa de cds, saio, vou até o som e coloco a música da nossa banda favorita pra tocar.

— Isso responde sua pergunta?

— Óbvio!- Ele respondeu.- vai bem mais fácil com a banda paranormal agitando o meu quarto.

Começamos a arrumar ao som da nossa banda preferida. Mas enquanto pegava umas coisas no chão sinto algo fofo acertar minhas costas.

— Por que fez isso?- Eu perguntei.

— Fiz o que?- Ele se fez de desentendido.

— Jogar um travesseiro em mim.

— Mas eu não fiz nada.

— Ok...

Continuo a catar as coisas e  sinto outra vez algo em minhas costas.

— Se você fizer isso de novo...

Não termino a frase Cascão joga outro travesseiro em minha perna.

— Você pediu- Eu disse e jogo um travesseiro que acerta em sua cara.- bem no alvo!

— É guerra!- Ele gritou.

Pego o travesseiro no chão e começamos uma guerra. Uma hora Cascão que me acertava e outra eu o acertava. E a parte de arrumar o quarto foi rapidamente esquecida.

Caímos no chão exausto e depois começamos a dar gargalhadas.

— A quanto tempo a gente não fazia isso- Cascão disse.

— É, eu tinha esquecido de como era divertido fazer bobagem- Eu disse, abraçando o travesseiro.

— Mas agora temos outro assunto que estou a muito tempo querendo discutir- Ele fechou a cara.

— E seria...

— As escritas da mesa.

— Não Cas, eu já falei tudo que tinha pra falar- Eu o parei.

— Ainda não me falou uma coisa.

— O que?- Eu perguntei.

— Quem é a pessoa pra quem a senhorita escreve- Ele respondeu.

— Não posso dizer se nem eu sei.

— Mas os dois já estão nisso a um tempão!- Ele exclamou.- a essa altura já deviam saber as identidades um do outro.

— Eu sei mas gosto do jeito que está- Eu falei.- vamos mudar de assunto...

— Está com medo...

— Eu?- Eu falei, enquanto enrolava os cabelos.- claro que não! De onde tirou isso?

— Está mentindo.

— Não tô.

— Está sim, quando você mente sempre enrola o cabelo nos dedos.

— Ok, eu tô com medo- Eu admiti.

— Vem cá com o titio Cascão- Ele disse, batendo em sua coxa.

Vou até o mesmo e deito minha cabeça em sua coxa.

— Por que tanto medo?- Ele perguntou.

— Não quero que a pessoa saiba que sou eu...

— Por que?- Ele disse.- você é tão legal, Mô.

— Só você sabe disso- Eu falei.- as pessoas ainda me veem como a garota popular do colégio. Se eu me revelar a pessoa pode ficar decepcionada...pois...

— Pois quando você escreve não precisa ser a “Mônica Sousa, filha de um dos melhores médicos do Limoeiro e a mais popular da escola”. Você pode ser apenas a Mônica.

— Sim, como sabe.

— Eu te conheço- Ele disse.- e a pessoa iria gostar de saber que é você.

— Acha?

— Não acho, tenho certeza.

Me levanto e dou um abraço em Cascão.

— Você é o melhor.

— É pra isso que os amigos servem- Cascão disse, retribuindo o abraço.

Esse tipo de amizade não se encontra em lugar nenhum. Por isso agradeço que depois de tantos anos de bulling tenha achado um amigo, ou melhor...um irmão.

Desfaço o abraço e falo.

— Você está certo, tá na hora de saber quem é a pessoa pra quem escrevo.

— Finalmente!- Cascão comemorou.- hora de bancar o detetive.

— Isso aí, Mônica Holmes e Cascão Watson no caso- Eu fiz uma piada.

— Isso!

— Acho que eu tenho que ir pra casa- Eu falei.

— Não! Agora que eu tava saindo do tédio!

— Ok, eu fico.

— Que tal ficar aqui no fim de semana?

— Topo, aproveito e fico dois dias longe da serpente humana.

— Só você, Mô.

Mando uma mensagem para meu pai que concorda com minha ideia.

— Ele deixou- Eu comuniquei.

— Legal, vou preparar o colchão pra eu dormir.- Cascão disse, enquanto se levantava.

— Eu não vou dormir na sua cama- Eu o impedi.

— E eu não vou deixar minha irmã de coração dormir no colchão.- Ele falou.

— Eu sou a visita aqui, não quero abusar de você

— Não é um abuso quando sou  eu que estou oferecendo.

— Cas, eu vou dormir no colchão.

— Mô nós não podemos...

— Eu dormir no colchão.

— Eu...

— Eu vou dormir no colchão.

— Mas...

— Eu. Vou. Dormir. No. Colchão!

— Tá- Ele se rendeu.- você ganhou.

— Sempre ganho.

— Só por que você é teimosa.

— Ei!

— Só tô falando a verdade.

Voltamos rapidamente pra minha casa, pego uns pijamas e umas roupas de meu guarda roupa e regressamos para sua casa.

Então Cascão e eu passamos o final de semana todo fazendo coisas que gostamos e muitas bobagens. Mas como tudo é bom dura pouco...segunda feira chegou.

E também parece que a sorte não estava ao nosso favor e acordamos um pouco mais tarde.

— Cas, acorda!- Eu disse, enquanto o sacudia.

— Mais cinco minutinhos mãe...- Ele balbuciou.

— Nem cinco segundos! Se a gente não ir agora vamos ficar atrasados!- Eu o empurrei da cama.

— Ai, já entendi!- Ele falou, enquanto levantava- vou vestir uma roupa.

— Anda logo, não podemos chegar atrasados.

— Certo- Ele concordou.

Vou até minha mochila e fico procurando uma roupa para vestir mas no meio do processo vejo minha coroa de rosas.

— Tá na hora de voltar a te usar em público- Eu pensei.

— Sua vez, Mô- Cascão disse, enquanto saia do banheiro vestido— tô vendo que encontrou a coroa que eu coloquei na mochila.

— Por que colocou?- Eu perguntei.

— Você tinha me dito que gostava de usa-la então a coloquei- Ele respondeu.

— Valeu- Eu disse, e dei um sorriso pequeno. Continuo a procurar uma roupa e acho um vestido.- ei, lembra desse vestido.

— Sim, você e a Keika fizeram com ajuda da mãe dela ano passado- Cascão disse.- e ela te deu de presente.

— Eu tinha me esquecido.-  como achou?

— Nem eu sei- Ele deu de ombros.- só fui pegando o que você acharia legal.

— Vou usar junto da coroa de rosas- Eu falei, enquanto entrava no banheiro.

Visto a roupa junto da coroa, escovo meus dentes e saio do banheiro.

— Vamos nessa, ainda temos que passar na minha casa-  Eu disse, indo para a porta.

— Ok

Descemos as escadas, e vamos para a porta mas ouço o noticiário.

— Notícia de hoje, a vereadora Mirela Gonçalves morre em acidente de carro. Os policiais estão investigando a causa do ocorrido. Testemunhas dizem que o carro onde a vereadora estava bateu com outro na estrada...

Interessante...

— Anda logo Mô, nada de ficar parada- Cascão disse, enquanto me puxava para fora de sua casa.- aqui, toma esse sanduíche que minha mãe fez pra gente.

— Ah, certo- Eu disse, após sair de meu transe.

Fomos para minha casa, pegamos os meus materiais e corremos para a escola.

— Chegamos.

— É, e ainda temos uns minutinhos para entrar- Cascão disse.

— Sim, mas quando você vai devolver a minha coroa de rosas que o senhor tirou da minha cabeça a caminho daqui?- Eu perguntei.

— Deixa eu aproveitar um pouco- Ele falou.- quero ver o por que de você gostar dela.

— Eu acho...- Quando ia falar vejo Toni a uma distância nos encarando.- Cas...

— O que?

— O Toni está nos encarando- Eu apontei discretamente.

— É só ignorar- Ele falou.

— Eu sei mas ele parece diferente- Eu falei.- está com as roupas amassadas e acho que até olheiras.

— Esquece isso, ele deve estar querendo chamar a atenção.

— É...deve ser....- Eu concordei. Mas sinto que tem alguma coisa errada...mas por hora vou deixar pra lá.

— Vamos entrar.

— Certo

Entramos na escola e seguimos para nossa sala, que por sorte ainda não tinha professor. Avistamos Cebola e Magali e vamos até os mesmos.

— Bom dia- Eu e Cascão os cumprimentamos.

— Gostei da roupa Mô- Magali me elogiou.

— Obrigada- Eu agradeci.- peguei umas coisas e com ajuda de uma conhecida fiz um novo visual.

— Está bonita- Cebola me elogiou também- e mostrando quem realmente é.

— Para...- Eu disse, e senti minhas bochechas queimarem. Pera...eu tô corando! Isso nunca aconteceu comigo em toda minha vida...acho melhor ignorar.

Conversamos e damos muita risada e depois de pegar de volta a minha coroa de flores com Cascão me sento na carteira.

A professora de química chega e começa a dar a matéria na lousa, mas não consigo me concentrar pois ainda estou com aquela notícia sobre a morte da vereadora.

— Será que foi só um acidente mesmo?- Eu pensei.

Acho que isso dá uma boa ideia pro meu rascunho de intervenções.

Começo a anotar minhas próprias conclusões sobre a notícia que ouvi que nem percebi quando a aula acabou.

— Mônica Martins Sousa!

Me assusto com o grito e paro com o que estava fazendo e vejo Cascão.

— Que foi?

— Você estava tão avoada que nem percebeu que a aula já acabou.- Ele falou.

— Nossa, eu viajei.

— E viajou bem bonito- Ele disse, segurando o riso.

— Ok, mas vamos indo pro refeitório.

— Não, a gente vai pra biblioteca- Ele disse.

— Você nunca foi chegado em ler.

— Ei, eu leio- Ele disse, ofendido.- mas a gente vai lá pra começarmos a investigação.

— Ok, mas temos que avisar pro cê e pra maga que não iremos ficar no refeitório hoje- Eu disse, me levantando da carteira.

Saímos da sala e no caminho do refeitório encontramos Cebola e Magali.

— Gente!

Os dois se viram e vamos na direção dos mesmos.

— He, a gente estava indo pro refeitório agora mesmo- Cebola disse.

— Era sobre isso que queríamos falar- Cascão disse.

— E seria?- Magali perguntou.

— Vocês dariam conta de ficar só os dois no refeitório hoje?

— Por que?- Cebola rebatei com outra pergunta.

— Por que...por que...

Legal, não tenho motivo...acho vou contar o por que...

— Vamos sair pra comer num lugar que a muito tempo quero ir.- Cascão respondeu por mim.- sabe, pegar um ar puro, dar uma variada e relembrar os velhos tempos que passamos juntos. Entendem?

— Ok- Ele compreendeu.- podem ir.

— Mesmo?

— Mesmo

— É, vamos ficar bem- Magali falou.

— Nos vemos daqui a pouco!- Eu e Cascão falamos, e vamos embora.

—...

— Que foi?- Cascão perguntou.

— Não curti ter mentido pra eles...- Eu suspirei.- sabe que não gosto disso...

— Eu sei, mas isso é uma coisa nossa- Ele disse.- foi necessário.

— Certo

Corremos o corredor até chegar a biblioteca.

— Qual o primeiro passo?- Cascão perguntou, enquanto entrávamos.

— Acho que podemos começar falando com a dona Margaret.- Eu disse.- ela conhece todos que vem pra cá.

— E depois vamos para a mesa.

— Isso.

Vamos até a biblioteca e a cumprimentamos.

— Oi Maggie.

— Oi crianças- Ela nos cumprimentou de volta.

Um fato engraçado é que desde que venho aqui ela chama o Cascão e eu de crianças, mas não falamos nada por que gostamos muito dela.

— Você sabe que quando eu posso venho aqui, né.

— Sim querida

— E que ultimamente ela vem escrevendo na mesa.

— Acho que sei onde você quer chegar.

— Ah, então será que você sabe quem é a pessoa pra quem escrevi?- Eu fui direta.

— Sei sim, minha criança.

— Será que você pode nos falar?- Cascão perguntou.

— Desculpe, mas acho que você tem que descobrir quem é sozinha- Ela respondeu.

— Certo, obrigada pela conversa...

Saímos de perto da bibliotecária.

— Acho que nos resta ver a mesa e tentar achar pistas- Cascão sugeriu.

— É, vamos tentar.

Nos sentamos na mesa e ficamos analisando as escritas por uns minutos.

— Eureca!!- Cascão gritou.

— Shii!!

— Opa...

Dou uma risada fraca e pergunto.

— Por que gritou?

— Por que acho que sei como encontrar a pessoa pra quem você escreve.

— Conta- Eu me animei.

— Podemos descobrir pela letra- Ele disse.

— Mas tem muitos garotos nessa escola.

— Não, só os da nossa escola pra ficar mais fácil- Ele disse.

— Boa, já podemos descartar o Titi, Jeremias e o Toni pois conhecemos a letra deles.

— Certo, isso resolve metade do problema, e a outra?

— Não sei, mas depois vemos isso.

— E o que faremos agora?- Cascão perguntou.- não podemos ir pro refeitório.

— Eu não sei você, mas eu vou ler um livro- Eu disse, enquanto me levantava da carteira.

Vou vasculhando as estantes procurando um livro em específico que quero ler.

— Deve estar aqui- Eu pensei.

Enquanto pensava acabo esbarrando em alguém e faço cair seu livro.

— Meleca...

— Desculpa.- Eu falei.- eu pego.

Me abaixo pra pegar o livro e depois levanto.

— Peguei

— Valeu, pera...você é M...Mônica Sousa...

— Sou, por que?

— Desculpe

— Pelo que?- Eu disse, confusa.- a culpa foi minha.

— Mesmo assim...você é a garota mais popular da escola...

— Não fale como se eu fosse alguém especial, coisa que não sou- Eu o parei.- sou apenas uma meninas normal que veio pra biblioteca ler.

— Certo

— Mas acho que estamos irregulares aqui- Eu falei- já que você sabe o meu nome e eu não sei o seu.

— Sou Franja- Ele se apresentou e estendeu a sua mão.- sou do terceiro ano.

— Prazer Franja- Eu apertei sua mão.- e desculpa mais uma vez pelo esbarrão.

— Tudo bem

— Ah, aqui está o seu livro- Eu estendi o livro quando me deparo com o título do mesmo.- você curte uma dobra temporal?

— Sim, não me julgue.

— Não estou julgando, eu também adoro- Eu falei.- é um dos meus livros favoritos, tava louca o procurando aqui.

— Sério?

— Sim, eu já li ele umas cinco vezes- Eu comentei.

— Uau

— E você, quantas vezes já leu?

— Dez

— E eu achando que tinha lido demais ele- Eu disse e dei uma risadinha baixa.- toma.

— Não, pode ficar.

— Mas você é que ia levar.

— Mas você que estava doida procurando.

— Eu nem ligo, você parece curtir mais que eu.

— Mas...

— Vamos fazer assim, eu pego quando você terminar, feito?

— Feito.

O sinal toca e digo.

— Já deu minha hora.

— A minha também.

— Nos vemos Franja.

— Até

Saio de perto de Franja e vou até Cascão.

— Que demora.

— Foi mal, mas vamos indo.

— Certo.

Depois de muitas aulas finalmente vou pra casa. vou pra sala e fico assistindo televisão mas a campainha toca.

— Já vou!- Eu gritei, enquanto me levantava do sofá.

Abro a porta e...

— Mi hija!

— Mamãe!- Eu disse alegre e a abraço.- o que faz aqui?

— Eu prometi que voltaria- Ela me lembrou.- quero levar meus filhos pra passear.

— Eu adoraria- Eu concordei.- vou chamar o Matheus.

Entro em casa e grito.

— Matt!!

Dou outro grito.

— Matt desce aqui!!

Cinco minutos depois Matheus aparece no alto da escada.

— Que foi, uma pessoa não pode mais tirar um cochilo?- Ele perguntou, sonolento.

— Olha só quem veio!

— Mamãe!- Ele gritou e desceu a escada correndo. E parece que o sono se foi rapidinho.

— Meu garotinho- Minha mãe o abraçou.

— O que está havendo?- Suzana perguntou.

— Olá

— Oi, quem é você?

— Sou Luísa, mãe da Mônica e o Matheus- Ela se apresentou.

— Sou Suzana.

— Prazer.

— Prazer...

Só eu to sentindo a tensão por parte da cobra?

— Quem está na porta?- Meu pai perguntou.

— Olá de novo Ricardo

— Luísa, o que veio fazer aqui?

— Eu disse que voltaria, não lembra.

— Ah, certo...

Ok, agora parece que a tensão aumentou...

— Vou levar eles para passar um dia comigo.

— Tudo bem, mas traga eles na hora- Meu pai avisou.- eles têm aula amanhã.

— Eu sei disso- Ela falou.- não precisa me lembrar.

— Mãe, vamos indo?- Eu perguntei. Tô afim de aliviar a tensão que se formou.

— Tudo bem.

— Tchau pai- Me despedi dando um beijo em seu rosto.

Saímos de casa e ficamos caminhando pela rua.

— O que vamos fazer, mãe?- Matheus perguntou.

— Gostam do espaço sideral?- Minha mãe perguntou

— Adoramos!- Eu e Matheus falamos juntos.

— Bom, pois vou levá-los ao planetário.

— Irado!- Nós dois comemoramos.

Vamos pro planetário e ficamos vendo várias coisas sobre o espaço, planetas e outras coisas.

— Esse passeio está incrível mãe- Eu falei.

— Ainda tem uma coisa que quero mostrar.

— O que?

— O show de estrelas começará em cinco minutos!

— Isso.

Entramos numa sala e nos sentamos nas poltronas inclinadas. As luzes se apagam e o show começa.

— Que lindo!- Eu disse, maravilhada. O teto estava cheio de estrelas brilhantes e luzes especiais.

— Olha a constelação cygnus!- Matheus apontou.- a Canis major e a ursa maior.

— Também a constelação de escorpião e a apolaris, a estrela do norte.

— Quer saber de uma coisa interessante sobre as estrelas, Matheus.

— Quero mãe.

— Elas podem não estar lá quando as vemos.

— Sério?

— Sim, não é matéria mas mesmo assim ainda existe.

— É como o amor.

— É uma bela comparação.

Continuamos a assistir o show e depois fomos pra casa.

— O que acharam?

— Foi o máximo!

— Eu adorei.

— Que bom, agora é hora dos dois entrarem.

— Ah...

— Mãe, por que você não fica pra jantar conosco!- Matheus disse, com um olhar de cachorrinho perdido.

— Acho melhor não querido- Ela negou.

E eu achando que o olhar do matt funcionaria.

— Poxa...

— Que pena...

— Que tal assim, na próxima vez que eu for levar os dois pra passear não jantamos juntos na minha casa- Ela propôs.

— Topamos!

— Tchau queridos!

Damos um abraço em nossa mãe e falamos.

— Tchau mãe!

Entramos em casa.

— Foi divertido.

— Concordo, mas agora está na hora do senhor tomar um banho- Eu falei.

— Ah não!- Ele reclamou.

— Vai indo matt- Eu mandei, e dei um empurrãozinho nele.

— Certo!

Matheus sobe as escadas, tranco a porta mas quando ia ligar a tevê ouço uma voz.

— Melhor não ficar se iludindo tanto.

Me viro e vejo Suzana parada na porta da cozinha.

— O que você quis dizer?- Eu perguntei, desconfiada.

— Que essa coisa de passeios com sua mãe não vai durar- Ela disse.- só estou dando um aviso, querida.

— Não me chame de querida- Eu a alertei.- você não tem e nunca terá esse direito. E eu não estou me iludindo, nem iludindo o matt.

— Só estou falando, quanto tempo acha que vai continuar assim- Ela questionou.- estou dando um conselho de amiga.

— Não somos amigas!!- Eu gritei, sentindo meus olhos lacrimejarem.- e minha mãe voltou e é isso o que importa!

— Ela já falou o motivo de ter ido?- Ela perguntou.- e quem garante que ela não vai embora de novo.

—...

Parando pra pensar ela não me disse até agora o motivo...acho que a Suzana deve estar certa...não! nada de se deixar levar...

— Sei que machuca mas só estou falando a verdade- Ela disse.- mesmo que doa às vezes...só quero seu bem e o do Matheus.

Suzana sai da sala então me permito chorar. Saio de casa e fico correndo sem destino.

Quando paro de correr me vejo em frente à casa de Cebola. Acho que ele pode me ajudar...

Toco a campainha e segundos depois Cebola abre a porta.

— Mô, o que faz aqui?- Ele perguntou, enquanto eu entrava.

— Desculpe por te incomodar.- Eu disse em voz baixa.

— Por que está chorando?

— Eu não...

— Nem venha me dizer que não está chorando- Ele me parou.- pois sei muito bem que está.

—...

Cebola pega  minha não e me guia para seu quarto. Me leva até sua cama, deita minha cabeça em seu colo e acaricia meus cabelos.

— Me conta do por que estar chorando- Ele pediu.

— E...eu bri...briguei com a Suzana...- Eu gaguejei.

— Sua madrasta.

— Uhum...

— Quer me contar o motivo da briga?- Ele perguntou, enquanto enxugava minhas lágrimas.

— Não...

— Tudo bem- Ele compreendeu.- mas quando se sentir pronta eu estou aqui pra te ajudar.

— Ok...

É bom saber que ele vai me ajudar mesmo sem saber o motivo da briga.

Saio de seu colo e me sento na cama. O agradeço pela ajuda e depois peço suas anotações de química.

Começo a anotar a matéria...esquisito...a letra dele me é familiar..

Ah não...o Cebola é a pessoa pra quem escrevo...

Calma Mô, nada de surtar, aja naturalmente.

Depois de revelar os meus rascunhos pego meu caderno e vou rapidamente pra casa.

Subo pro meu quarto, pego meu celular na cama e ligo para Cascão no face time.

— Oi de novo!- Ele me cumprimentou.

— Cascão, eu tô pirando!

— Que houve?

— O Cebola!!

— Que foi, aconteceu algo com o careca?

— Não aconteceu nada com ele.

— Então...o que houve?

— Ele é a pessoa pra quem escrevo!!

— Sério!!

— Sério...

— Como descobriu?

— Fui copiar a matéria de química do caderno dele e a letra é idêntica à da mesa.

— Que doideira!

— É...

— Quando vai se revelar?

— Revelar...

— É sabe, dizer que é você.

— O que! Não to conseguindo ouvir, a ligação tá falhando!

— Mô, sabe que estamos no face time e eu posso...

— Tchau!!- Me despeço e desligo o celular.

Tomo um banho, coloco um pijama e vou dormir, torcendo pra tudo se concertar no dia seguinte.


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