Your Bright Star escrita por lubsfoot


Capítulo 1
The brightest one


Notas iniciais do capítulo

Haaappy biiirthday to my beautiful soulmate! *joga confete*

Minha Lenezinha, espero que seu dia seja maravilhoso e sua nova idade te traga as melhores experiências do mundo. Eu sempre estarei aqui pra te lembrar o quanto você é maravilhosa e especial pra mim.

Obrigada por ser a melhor pessoa que tive a honra de conhecer e manter em minha vida esse ano. Eu te amo muito!
Espero que goste da one, é simples mas de todo coração. Ah, e que você lembre ao ler a referência que fiz de quando jogamos a primeira vez juntas. Você é incrível! ♥

Foundly, yours; Six. xx

Aos demais: uma boa dose divertida de Blackinnon pra vocês!



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Sábado, 10 de dezembro.

Eu estava nervoso.

Era a primeira vez que essa data me deixava realmente nervoso, porque raramente isso acontecia. Mas dessa vez eu tinha motivos consideráveis pra me sentir assim.

Sempre que chegava o aniversário de um dos meus amigos nós celebrávamos com festa e curtição, até porque quando se convive com os mesmos caras por mais de cinco anos, você sabe bem como surpreender, coisa fácil.

Mas com ela nada era fácil.

Aliás, tudo é diferente quando se trata dela.

O mais estranho é que éramos amigos, quer dizer, nos tornamos amigos no último ano quando ela se juntou ao time como batedora ao meu lado, no quadribol.

Claro, não é como se ela nunca tivesse estado lá, já que estávamos na mesma casa em Hogwarts, mas quando você é alguém como eu – ligado somente nos amigos mais próximos, sem se importar muito com quem está ou não à sua volta – raramente vai se aproximar de alguém difícil como ela.

Mesmo que depois você venha a perceber o quão e maravilhosa ela é.

O caso é que desde que Marlene McKinnon passou a fazer parte da minha vida com maior freqüência, nos tornar amigos foi uma conseqüência inevitável, e não posso deixar de dizer que sua forte amizade com a Evans influenciou muito para chegarmos onde estamos agora.

Vejam bem, eu não estou acostumado a ter amizade com garotas. Eu definitivamente não faço o tipo que sabe dar conselhos ou dizer coisas bonitinhas quando elas precisam. Por isso meu rol de amigos se resumiam ao Prongs, Moony e Wormtail, que não exigiam esse lado de mim.

Posso dizer que a minha recém estabelecida amizade com Lily é uma raridade que o destino – por livre e espontânea paixão irrevogável do idiota do James – quis pôr em minha vida, então nossa convivência tem sido mais harmônica nos últimos tempos. Mas ainda assim ser próximo de uma garota que não fosse do jeito Sirius era uma novidade pra mim.

E ao que posso concluir, McKinnon era a maior exceção da minha vida.

Não porque nos tornamos uma dupla imbatível em campo, mas principalmente porque nossa forte conexão aconteceu de forma natural e assustadoramente rápida que abriu espaço para que pudéssemos nos aproximar também em nossas vidas particulares, nas aulas e rotinas banais por conta dos amigos em comum. Ela me divertia, ríamos juntos, trocávamos histórias, experiências, e ela não me tratava como se eu fosse um idiota ou um pedaço de carne desejado. Ela era... especial.

Foi impossível evitar que ela ganhasse um espaço tão grande em minha vida com o decorrer do tempo, e embora estivesse ciente de que Marlene não era nem um pouco igual às outras, ainda era difícil ignorar o fato de que ela era uma garota. Teimosa, irredutível e fatal, mas ainda assim uma linda garota.

Hoje ela completava 17 anos, alcançando sua maioridade bruxa, e eu não podia deixar passar em branco ou sem demonstrar o quanto ela importava pra mim. E muito menos decepcionar.

Não sei dizer ao certo quando foi que as coisas começaram a mudar entre a gente, ou melhor quando foi que eu comecei a me sentir diferente com relação à ela. Não que eu vá dizer isso a alguém. Talvez tenha sido quando vi o babaca do Prewett dando flores a ela depois da nossa última vitória contra a Ravenclaw no mês passado.

Porra, ela era minha amiga, e como conversávamos sobre nossas vidas amorosas, eu deveria estar acostumado e ficar feliz por ela ter recebido positivamente algo de alguém razoavelmente decente como o Gideanta— já que ela despachava mais caras idiotas do que posso contar nos dedos das mãos – mas então aquela maldita e incômoda alfinetada no estômago estava presente de novo.

Inferno.

Gostaria que alguém me dissesse que é completamente normal sentir isso quando se trata dos seus amigos, mas a minha situação se torna crítica quando isso não está presente quando vejo o Moony com a Meadowes ou o Prongs com a Evans.

Droga, eu precisava resolver isso de uma vez.

E é por isso, amigos, que estou aqui no salão comunal da Gryffindor três horas antes do nosso treino para o próximo jogo da temporada planejando a melhor forma de parabenizá-la, fazê-la se sentir especial e entregar seu presente sem ser interrompido ou ter que disputar sua atenção com qualquer idiota que esteja em sua festa-não-surpresa hoje à noite.

Deveria haver um protocolo de como lidar com esse tipo de situações quando se trata de amizades e garotas.

Merda.

Só me restava suspirar incomodado pela ansiedade mais uma vez.

***

O tempo realmente não trabalhava a meu favor, e demorou pelo menos umas duas horas até que meus amigos – os três muito bem trabalhados naquela Bela Adormecida – darem o ar da graça no salão comunal para que pudéssemos descer para o café da manhã. Tive tempo de ler uns capítulos inúteis sobre poções, testar alguns feitiços para a próxima aula de DCAT e treinar algumas táticas de quadribol para aquela manhã.

— Caiu da cama hoje, Pads? Pode até vir uma tempestade por você ter acordado antes de nós hoje – disse James no seu tom mais insolente e debochado que o normal.

— Hilário, Prongs! – respondi sarcástico – Na verdade estava pensando em como faria pra acordar as bonitas logo pra descermos, antes que outro time pense que não usaremos o campo e passem à nossa frente para treinar.

— Se estava tão ansioso para treinar poderia ter ido na frente, Sirius – Remus interveio antes que James pudesse dar uma resposta ridícula – Sabe que o Peter e eu só vamos pelo apoio moral mesmo, não precisava nos esperar.

— Ótimos amigos vocês são... Vamos logo, estou morrendo de fome – acrescentei irritado já passando pela porta do retrato, sentindo o olhar dos três em mim.

Droga. Não precisava descontar neles meu estresse. Fiz uma nota mental de me policiar sobre isso, principalmente hoje. Posso até me preparar pras perguntas que virão depois.

***

— Bom dia bom dia, meninos! E aí Sirius, animado pra hoje? – meu coração deu uma palpitada ridícula quando senti Marlene sentando ao meu lado direito enquanto eu comia – Espero que tenha praticado as táticas que comentou comigo no último treino. Passei a última quinta repassando, mesmo que sem muita ajuda— acrescentou ela, lançando à Lily um olhar daqueles enquanto a ruiva se sentava ao lado de Remus e de frente para a amiga, revirando os olhos.

— Bom dia, morena! E aí, Lils? – respondi mais animado virando-me para ela – Claro que pratiquei. Vamos arrebentar no treino hoje e acabar com a Slytherin no próximo jogo. Mas afinal, ahn, feliz aniversário! – disse sem saber muito bem o que fazer em seguida, dando-lhe o melhor sorriso que pude naquela hora.

— Você lembrou! – ela sorriu de volta – Hmm, obrigada!

Eu queria muito abraçá-la. Amigos se abraçavam nessas ocasiões, não é mesmo? Inferno. Por que eu tinha que travar e ficar só sorrindo daquele jeito idiota sem ter mais o que dizer? Talvez eu devesse chamá-la para me acompanhar depois do treino até...

— Hey, McKinnon! Você finalmente apareceu! – disse uma voz que eu infelizmente reconheci ser do Gideanta Prewett. De novo. – Estava esperando você chegar... Posso falar com você a sós um instante?

— Anh, claro! – E ela o acompanhou até a entrada do grande salão.

Me virei para frente e encontrei Moony me encarando com aqueles olhos julgadores, avaliando minha expressão irritada e então sorriu. Saco. Por que ele não presta atenção na própria vida em vez de cuida da minha? Suspirei, bebendo mais do meu suco de abóbora.

Depois de alguns minutos acompanhando uma conversa aleatória entre Remus e Lily, com o James tentando falhamente interagir, Marlene voltou. Tive que controlar o impulso de olhá-la pra ver se ela sorria.

— E então, vamos? – sugeriu ela – não quero saber de atrasos hoje! Terei um dia e tanto!

— Perdão Lenezinha, mas vou ficar estudando – Lily respondeu, já levantando – Você não quer ficar e repassar aquela redação de Transfiguração comigo, Remus?

— Oh, ruiva, me desculpe! Eu prometi que iria a esse treino com eles hoje. Perdão mesmo – ele respondeu. Tão nobre esse Remus.

— Sem problemas. Bem, eu já vou então, antes que a biblioteca encha de gente – Lily sorriu para nós – Bom treino pra vocês, nos encontramos depois, Lene?

— Claro, Lils. Assim que chegar da volta que darei com Gideon, procuro você no salão comunal. Não irei demorar.

Foi muito automático olhar pra ela. Merda, ela parecia animada.

— Hey, Evans! – Peter que estava ao meu lado a chamou. Acho que nunca o vimos chamar uma garota com tanta convicção – Se importa se eu te acompanhar nesse dever de Transfiguração? Estou com algumas dúvidas... Seria bom ter uma mãozinha, se não se importar...

— Oh, claro Peter! – respondeu ela gentilmente.

— Você não disse que ia ao treino conosco, Worm...Peter? – James perguntou incrédulo ao amigo que já se levantava para acompanhar a ruiva.

— Foi mal, caras. Eu preciso muito mesmo de ajuda nessa redação. Encontro vocês depois, ok? – ele acrescentou com os olhos baixos do olhar fumegante que James lhe lançava, e logo saiu apressado – Bom treino pra vocês!

— Como ele pode ser tão... obtuso? – James indagou para Remus assim que eles se afastaram, não pude deixar de rir da ironia – Problemas com Transfiguração? Sério?

— É melhor descermos logo – Remus riu também, e então nos levantamos para alcançar Marlene que já nos esperava no meio do corredor para a saída, e gesticulava para nos apressar.

Queria manter certa distância dela um instante para não lhe dar chance de me dizer o quanto ela estava feliz em dar uma volta com o Prewett no seu aniversário, e foi James quem a alcançou primeiro, provavelmente para falar sobre o treino.

Foi meio tarde demais que percebi que Remus ficou para trás, me observando de novo com aquele olhar julgador. Tive que quebrar o silêncio.

— O que foi Moony? – perguntei tentando disfarçar de novo minha irritação.

— Você está bem, Pads? – disparou ele sem desfazer aquela cara.

Não.

— Estou. Por quê? – devolvi ríspido, enquanto olhava pra frente.

— Hm, você não parece muito bem. Parece... com ciúmes – disse ele levando as mãos ao bolso.

Ciúmes?

— Ciúmes? – não pude evitar uma careta – e porque raios eu estaria com ciúmes?

— Por favor, Sirius, eu não nasci ontem – respondeu ele revirando os olhos – Você está super afim da Marlene, e está visivelmente com ciúmes porque ela vai sair com o Gideon hoje.

— Não estou super afim de ninguém, Lupin. Você está ficando louco – acrescentei rápido – Somos amigos.

— Se você diz, não vou discutir – ele deu de ombros – Só acho que você deveria chamá-la pra sair mais tarde, mesmo como amigos. Você pode vir a descobrir que esse interesse é mútuo.

Ele acelerou para alcançar os outros dois à frente. Levei uns instantes pra entender de que interesse ele estava falando.

Mas que infernos ele queria dizer com isso?

***

O treino correu surpreendente melhor do que esperava, e de certa forma pude descontar tudo o que estava sentindo naqueles balaços irritantes. Marlene tinha realmente treinado as técnicas que passei a ela, e devo dizer que estávamos numa sintonia incrível, prontos para o próximo jogo.

Depois do que pareceram aproximadamente duas horas intensas de repetições e táticas, encerramos todas as atividades confiantes que a vitória seria nossa e nos dirigimos para o vestiário. Embora o treino tenha ajudado a aliviar minha tensão, não conseguia parar de pensar no que Remus me disse, e não ajudou muito saber que Marlene sairia dali para encontrar outro cara. Sequer tive chance de convidá-la para fazer algo.

Porra, éramos amigos! Não deveria ser tão difícil assim convidá-la sem ficar com aquele clima ridículo.

Talvez eu devesse tentar falar com James sobre isso, mas teria que tomar cuidado para que ele não virasse um segundo Remus-sem-alça no meu pé. Ele também era próximo à McKinnon, e ele pudesse me ajudar a entender algumas coisas por um ângulo que eu não estivesse enxergando. Talvez.

Como enrolei para chegar ao vestiário, acabei trombando com Marlene, que inacreditavelmente já estava de saída. E estava linda.

— Opa, Six! Hey – disse ela me encarando – você está ok?

— Hey, estou sim – sorri pra ela, tentando parecer normal. Droga. Odiava essa influência ridícula que ela tinha sobre mim – Já está indo?

— Ah, sim – disse ela sem muita vontade. Aquilo me animou um pouco. – Vou encontrar um amigo agora e pretendo não demorar.

— Entendo – não sabia o que dizer em seguida.

— Six, vai estar ocupado hoje à tarde, mais pra noite? – ela perguntou sem hesitar. Meu coração perdeu uma batida.

— Não, nada além do que já havíamos planejado pra hoje à noite no salão comunal – acrescentei ainda sorrindo– Por quê?

— Eu tenho uma droga de tarefa de astronomia pra terminar, e sei que você é bom nisso... Seria muito abuso da minha parte pedir uma ajudinha sua? – ela parecia esperançosa. E eu estava me sentindo um idiota por sorrir com a expressão em sua face – Se não for trabalho pra você, é claro.

— Claro que não, não é trabalho nenhum – respondi rápido – Te encontro às 18h na Torre de Astronomia então, certo?

— Certo! – ela sorriu em agradecimento antes de sair – Obrigada!

Merlin, eu ainda ia ficar louco.

Acenei pra ela enquanto ela se afastava e me dirigi enfim ao vestiário. Todo mundo estava praticamente pronto pra sair e curtir o sábado, com exceção de James que aparentemente me esperava. Legal da parte dele.

— Porque a demora, Pads? Estava contando quantas garotas vieram te assistir da arquibancada? – ele sorriu.

— Você tá engraçadíssimo hoje, não é não? – olhei pra ele sorrindo de canto – Estava falando com a McKinnon, ela quer ajuda com algo de astronomia mais tarde.

— Hmmm – insinuou ele – Justo hoje, é?

— Sim, hoje, e o que tem isso? – Aparentemente eu tinha perdido alguma coisa aqui também. Pelo menos o resto do time já tinha saído e estava sozinho com o que eu chamo de melhor amigo.

— Nada não – ele sorriu mais para si – Só achei sugestivo.

Sugestivo?

— Sugestivo? – não pude evitar outra careta – Qual o problema de vocês comigo hoje?

— Você sabe bem o que tá rolando Sirius, por favor – acrescentou ele.

Esse é o momento em que eu considero profundamente mandar meus melhores amigos pro conserto.

— Se eu soubesse não estaria perguntando, estaria? – rebati sem muita paciência. Merda.

— Quer mesmo saber o que você tá deixando passar, assim, na cara? – perguntou ele me encarando.

Não!

— Sim! – despejei.

— A Lene está afim de você há tempos, e só você não vê. Ou faz de conta que não vê! – ele respondeu numa pancada só.

Quê?

Levei um minuto pra absorver.

— E o que te faz pensar isso? – acabei por perguntar, meu coração de repente parecia bater mais rápido que o normal.

— Pelas barbas de Merlin! Em todos esses anos nunca achei que fosse ter que explicar sobre comportamento feminino pra você, Sirius Black! – claro que esse idiota ia zoar com a minha cara, não é? – Só que vocês são amigos demais pra ela dizer alguma coisa. Até o Wormtail percebeu... E não posso dizer que sua irritação passou despercebida hoje. Você enciumado é hilário, cara!

Fechei a cara pra ele, apesar de estar em... choque. Ela gostava de mim? Tipo, mesmo? Uau.

— Não estou... enciumado. Só não acho que aquele idiota do Prewett seja alguém pra ela. Não sei de onde vocês...

— Olha só, Padfoot, vou te dizer uma coisa – disse ele determinado, ficando em pé na minha frente e ajeitando os óculos – você pode tentar convencer Hogwarts inteira que o que você sente por ela é só esse lance fraternal e etc., ok? Mas eu sou seu melhor amigo a mais tempo do que você entende de garotas, e eu estou te dizendo: tudo bem gostar dela! A Lene é incrível e vocês realmente têm algo legal, você não tem que estragar nada, nem se sentir culpado por isso! E a menos que você consiga convencer a si mesmo de que não se sente do mesmo jeito que ela, então não tocarei mais no assunto, mas até lá irmão, eu te digo, hoje você tem uma chance e tanto nas mãos. Sei que comprou algo pra ela em Hogsmeade na nossa última visita ao povoado, então aproveite a oportunidade e faça ser especial. Eu nunca te vi tão conectado com alguém como você está com ela, então só permita-se, beleza?!

Não havia o que dizer. Esse veado realmente me conhecia bem demais. Porra. Encarei meus pés enquanto soltava o que aparentemente falhei em esconder durante a manhã.

— Mas e o Prewett? Francamente não sei o que eles têm e...

— À merda com o Gideon, Six! A gente sabe que é de você que ela gosta. Fala sério, usa todo esse poder aí que você tem em você e fala pra garota! – ele parecia radiante em tirar o que parecia uma confissão de mim. Me senti até mais confiante depois disso. Só me restava agradecer, eu acho.

— Hm, ok. Valeu Prongs – eu me levantei e ele me deu um meio abraço – Só... podemos deixar isso entre a gente até... eu falar com ela? Não quero saber do Moony e do Wormtail me enchendo até lá, ok?

— Claro Pads, como preferir – pelo sorriso dele parecia que era ele quem estava prestes à ir num encontro com a Evans.

E não demorou para que ele tocasse no santo nome da Lily, por fim.

— Vou deixar você terminar por aqui irmão, e perguntar ao Pete como foi com a Lily. Você sabe, só por curiosidade – ele acrescentou, bagunçando ainda mais aquele cabelo ridículo. Não pude deixar de rir. Era bom poder contar com James, no final das contas.

— Vai lá, conquistador. E boa sorte pra você também! – sorri e acenei enquanto ficava sozinho no vestiário.

Ainda teria um grande dia pela frente.

***

Eu estava muito, muito nervoso.

Inferno!

Qual era meu problema? Era só Marlene, afinal.

Merda, eu podia estragar tudo.

Eu estava fodidamente nervoso.

Nota mental: se um dia vocês inventarem de experimentar essa parada louca de – não acredito que vou admitir isso – se apaixonar, lembrem de não deixar que aconteça com a sua melhor amiga.

E se ainda assim você for idiota como eu e – mesmo tendo experiências para a vida toda com garotas – não souber o que fazer quando estiver prestes a dizer a ela como se sente, ao menos não escolham a Torre de Astronomia, onde as chances de você pular de lá e enfiar o que tem de coragem garganta abaixo são ambas extremamente altas. Estejam cientes.

***

— Sirius? Oi, você já está aqui! – Marlene disse enquanto se aproximava de onde eu estava, encostado onde tínhamos a melhor vista para o céu na torre – Desculpe o atraso, acabei perdendo a hora com a Lily.

— Oi, sem problemas – respondi virando-me para olhá-la. Ela era alguns centímetros mais baixa que eu, então encarar seus olhos castanhos era fácil – E então, por onde começamos?

— Ah, claro, a tarefa... Poxa, eu até esqueci minhas anotações – disse ela fazendo uma careta – Me perdoa!

— Tudo bem, relaxa – balancei a cabeça, sorrindo – Posso te explicar o que precisa, e depois você anota.

— Sim, tudo bem! – ela concordou pondo uma mecha de seu cabelo castanho ondulado atrás da orelha – Desculpe mesmo por ter esquecido! Mas vamos lá, preciso concluir as posições da constelação de Orion, mas pra mim aquelas estrelas são taaão confusas!

Não pude segurar o riso.

Constelação de Orion, mesmo?

— Hey, por que é que está rindo? Seu idiota! Não tem graça! – ela disparou junto com aquele olhar, mesmo que sorrisse.

— Não estou rindo por não saber as posições das estrelas, mas por você pedir justo a mim pra ajudá-la com isso – continuei sorrindo enquanto a olhava e lado. Ela pareceu não entender, porque fez outra careta, voltando a olhar pra mim.

— E o que é que tem você, Sirius? – indagou ela ainda confusa.

— Nunca parou pra pensar de onde veio meu nome? – ela pareceu refletir – meu nome completo, Lene.

— Oh, claro! – ela entendeu, finalmente – Sirius Orion Black. Como não percebi isso antes?

— Hm, não devo ter mencionado antes – sorri pra ela mais uma vez, antes de puxá-la para o telescópio que a professora Vector deixava para que os alunos usassem quando precisavam.

Marlene era inteligente, tinha muita facilidade em entender e gravar os nomes das estrelas que explicava a ela. Mesmo com o tempo um pouco fechado e não sendo o melhor horário para se estudar as estrelas, tivemos um proveito incrível, e devo confessar que foi bom ter esse momento particular com ela.

— E por fim, se seguir a Canis Maior na diagonal direita, vai encontrar aquela estrela imensa, está vendo? A mais brilhante da constelação – ela assentiu – Aquela é a estrela Sirius, que originou meu nome.

— Uau, Six! É... linda. – ela sorria enquanto absorvia as últimas explicações que lhe dei. – A constelação toda é maravilhosa.

— Yeah. Minha família inteira tem nomes que vêm dessa constelação – expliquei – Não sei quem começou com essa tradição dos nomes, mas é possível identificar vários Orions e Sirius em nossa árvore genealógica. Bizarro.

— É incrível! – ela disse me olhando – Mas duvido que alguém tenha feito tão juz ao nome quanto você.

Olhei pra ela, virando-me, sem entender muito bem o que ela quis dizer.

— E por que diz isso? – tentei.

— Você é provavelmente a pessoa mais brilhante que conheço, Six – ela desviou o olhar do meu e passou a fitar o horizonte – e o mais bonito também, mas não é como se você não soubesse disso.

Ok, isso me pegou de surpresa, e por alguns instantes fiquei sem reação.

— E não é como se você tivesse me dito que achava isso antes, não é? – acabei sorrindo, conseguindo seu olhar de volta.

— Você é terrível, Black – ela disse.

— Estou dizendo a verdade – respondi.

— Eu também estou – ela disparou.

— Sobre eu ser terrível ou a outra parte? – disparei de volta, e ela riu.

— Você está fazendo um jogo comigo? – ela franziu o cenho por um momento.

— Talvez – disse me aproximando dela. Queria tocá-la. Queria saber o que ela estava pensando. Queria saber o que ela estava sentindo, e se o seu coração estava tão descompassado quanto o meu.

— Six... – ela me encarou – o que significa isso?

— Me responde uma coisa. O Prewett... você gosta dele? – não pude evitar perguntar.

— Gideon? – ela pareceu confusa - Oh, não! O que o fez pensar isso?

— Bem, ele te deu flores ouro dia, e hoje... parecia tão prestativo... – acabei fazendo uma careta e ela entendeu.

— Merlin, Sirius! Eu o estava ajudando a lidar com a Jones— ela riu – Eu disse que daria uns conselhos a ele sobre como deveria chamá-la pra sair. As flores foram para me agradecer porque ela aceitou sair com ele, e hoje, bem, além de ser meu aniversário ele queria me contar que haviam começado a namorar ontem. Somos amigos. Espera, estava com ciúmes dele?

— Hmm, também somos amigos – rebati imediatamente, e ela parecia não acreditar na minha expressão.

— Six, é diferente com você, olha... Vamos deixar isso pra lá, ok? Acho que deveríamos voltar pro salão comunal da Gryffindor e... – ela pretendia ir, mas não ia deixar o momento passar.

— Lene, espera – ela se virou novamente pra me encarar – Olha, eu concordo com você, ok? As coisas são diferentes com você. Eu não sei nem como dizer isso, nunca fui bom com palavras, mas você tem sido... você é mais que uma amiga pra mim.

Ela me olhava confusa. Certo, eu teria que melhorar.

— Eu... gosto de você, McKinnon. Tipo, de verdade. Gosto de conversar com você e de passar meu tempo livre contigo. Gosto quando jogamos juntos, vencemos juntos e comemoramos juntos. É... muito louco, eu só sei que estar com você me deixa bem, não quero estar com outras garotas, porque você está sempre ali, e isso basta de alguma forma. Eu nunca senti isso antes, porque tudo é sempre surpreendente com você! – mal percebi que não estava respirando direito enquanto falava.

— Sirius, eu... – ela pareceu paralisar por um momento. Era realmente muita coisa pra processar, afinal – Eu sempre gostei de estar na sua presença, você é divertido e encantador, e o fato de que você não me via como uma presa me deixava confortável. Então as coisas foram mudando e eu sabia que me sentia diferente com você, mas nunca diria isso, porque sua amizade é mais importante que qualquer coisa... Eu jamais faria nada pra te prender ou te perder.

— Eu sei que não, Lene – me aproximei dela mais ainda, olhando-a nos olhos – Isso tudo é muito novo pra mim, mas eu sinto que quero tentar, com você – acabei sorrindo de pensar na possibilidade dela me aceitar – Você tem sido o brilho que alimenta minha estrela, e me mantém assim. Eu posso ser a sua estrela, se você deixar...

— Você já é, Six.

E então beijá-la não parecia o bastante.

Sentir Marlene ali nos meus braços, tão perto, tão entregue, era além do que poderia ter imaginado. Talvez isso de se apaixonar não seja algo tão ruim, se a pessoa te corresponde como ela estava fazendo nesse momento.

Eu queria gravar em minha pele cada toque, e deixar em meus ouvidos cada suspiro que emanava de sua respiração, enquanto matava a vontade de tempos de estar ali, beijando-a sem culpa ou remorso. Infelizmente a falta de oxigênio falou mais alto, e nos separamos, mas não completamente.

— Você é igualmente terrível, McKinnon – eu disse enquanto ela sorria pra mim. Poderia me lembrar desse momento pra sempre.

E então me lembrei que ainda não havia entregado seu presente.

— Hey, eu tenho uma coisa aqui pra você! – acrescentei em seguida.

— Mais uma? – ela ainda sorria.

— Era pra ser algo simbólico apenas pra você lembrar de mim, ainda mais depois da aula de hoje... Bem, feliz aniversário! – ela me encarava curiosa.

Tirei do bolso uma caixinha preta, e seus olhos brilharam quando abriu ao ver uma corrente dourada com um ponto de luz no pingente.

— Sirius, é linda! Uau, eu amei de verdade – ela me encarou mais uma vez, radiante – obrigada!

— Que bom que gostou – sorri pra ela, ajudando-a a colocar – sua estrela.

— Sim – ela disse virando-se pra mim de novo – como você, a mais brilhante delas.

Puxei-a para outro beijo, e poderia ficar ali quanto tempo fosse possível, mas então a lembrança de uma certa festa veio à tona.

— Acho que devemos ir, já está tarde.

— Ah, sim! – ela me abraçou enquanto nos dirigimos para a saída da torre – Não sei como seu fã-clube vai reagir à bomba do ano, no fim das contas – ela me olhava, desafiadora.

Fiz uma careta pra ela.

— Eu não ligo pra nada do que vão dizer. E você também não deveria – acrescentei – Quer dizer, com exceção do Peter, Remus e James, que vão nos matar e não só de perguntas...

— Mal posso esperar pra ver a sua cara, Black! – ela riu.

No fim das contas, a festa podia esperar mais um pouco. Beijá-la mais uma vez antes de seja lá qual fosse a reação de Hogwarts, parecia a maior prioridade agora. Finalmente tinha encontrado minha paz.


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Notas finais do capítulo

Obrigada e muito amor pra quem leu! ^-^

Críticas comentários são sempre bem vindos!

Beijões, e mais uma vez: parabéns, Nat linda! ♥



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