All I ever wanted escrita por Tris Lupin


Capítulo 1
A decisão


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Vou ser otimista e pensar que alguém leu a apresentação da fic e só ficou com preguiça de comentar hahaha. Acabo de terminar este capítulo e desde já, peço perdão se deixei passar algum erro de digitação/português. Espero que gostem. Mas, se não gostarem, me digam, assim eu paro de postar e não amolo ninguém xD



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Era início de dezembro e findava o ano letivo. Aquele tinha sido o último dia de aula de Dulce Maria, que estava eufórica por ter sido aprovada sem precisar de exames finais. A alegria e espontaneidade da menina acabaram convencendo a Madre Superiora a lhe conceder autorização para que fosse visitar o pai na Rey Café e contar pessoalmente a novidade. Isso vai fomentar a relação entre pai e filha e incentivar a pequena, pensou a Reverenda do Colégio Doce Horizonte.

Como era de se esperar, a pequena convocou Irmã Cecília para acompanha-la juntamente com Inácio para levá-la ao trabalho de seu pai. Ao receber a notícia, o coração da noviça se alegrou. Imediatamente a morena repreendeu a si mesma. Não posso continuar tendo esse tipo de pensamento. Meu Deus, isso só piora a cada dia. Ao chegarem no escritório, Dulce Maria e Irmã Cecília foram recepcionadas pelo sorriso singelo de Silvana.

— Bom dia Irmã Cecília, olá pequena. Veio visitar seu papai?

— Oi Silvana, vim sim. Ele está?

— Vou conferir. - A secretária sênior da presidência pega o telefone e disca um ramal.

— Verônica, o Senhor Gustavo está na sala dele? A Irmã Cecília está aqui fora com a Dulce Maria, a menina disse que precisa vê-lo. Ok, muito obrigada.

Em seguida, Silvana libera a entrada das visitantes. Após, são recebidas por Verônica.

— Bom dia Cecília, bom dia Dulce. Tudo bem com vocês?

A menina, para surpresa de Cecília, abraçou a secretária afetuosamente.

— Sim e com você, Verônica?

— Eu estou muito bem, obrigada. O Gustavo já vai falar com vocês, ele está em reunião com o Cristóvão a respeito de um contrato de compra e venda de uma cafeteria em ... Ceci, você está bem? Parece pálida.

A pouca cor que havia no rosto da religiosa havia sumido no momento em que sua antiga amiga de faculdade* tratara o patrão pelo primeiro nome. Ela própria já o fizera, mas algo em seu coração dizia que a intimidade e a visível empolgação na voz da jovem não era em vão.

— Estou bem, Verônica, não se preocupe. Deve ser o calor. Vamos aguardar seu pai, pequena. Sente-se aqui.

Depois de quinze minutos de espera, Gustavo surge no umbral da porta de seu escritório.

— Minha princesa!

A carinha de anjo vai ao encontro do pai com um abraço.

— Mas que surpresa maravilhosa, filha! Só espero que você não tenha aprontado nada desta vez.

— Não papi, prometo que juro.

A noviça sorriu fracamente, momento em que Gustavo lhe dirigiu a palavra.

— Como vai, Irmã Cecília?

— Bem, Senhor Gustavo.

O olhar do empresário a repreendeu.

— Acabo de me sentir um velhinho de barba branca. Irmã, já lhe disse.

— Me perdoe, Gustavo.—Ela gaguejou. — É força de expressão.

— Ceci, você não acha que meu pai vai ser um velhinho muito lindo?

— DULCE MARIA! - Os dois a advertiram em uníssono.

— Mais respeito com a Irmã, Dulce.

— Ué papi, e desde quando fazer uma pergunta é falta de respeito?

O desconforto entre ambos com aquela indagação era evidente. Restou ao Rei do Café mudar de assunto, antes que Cecília desmaiasse de vergonha.

— Já que fazer perguntas não é falta de respeito, a senhorita até agora não me disse o que veio fazer aqui. Alguma razão muito importante fez com que a Madre Superiora permitisse que você e a Irmã Cecília viessem até aqui.

— Simpiririm!

— Então, me conte.

— Estou de férias! Não fiquei de recuperação!

Gustavo pegou a menina no colo, feliz.

— Ah, mas essa é a minha princesa! Parabéns, minha vida! Estou muito orgulhoso de você. E para comemorar, eu vou sair do escritório mais cedo pra levar você ao shopping.

— IUUUUPI! Papi, a Ceci pode ir com a gente?

Antes que Gustavo falasse, a futura freira cortou a ideia da infante.

— Não pequena, eu tenho que voltar para o colégio. Seu papai vai com você ou a Tia P... ops, a Dona Estefânia acompanha vocês.

— Se a minha prima ver você chamando-a de Dona, vai ter um ataque! - disse Gustavo com um sorriso maroto.

A morena sorriu. Antes que ela se explicasse, o pai de Dulce Maria a interrompeu.

— Já sei, força de expressão. - Prosseguiu ele, imitando a noviça.

Os dois se olharam, sorrindo abertamente, enquanto Dulce Maria os observava. Entretanto, alguém quebrou o encanto daquele precioso momento.

— Gustavo, acabaram de trazer esses documentos pra você assinar... Ai, me desculpem! Esqueci que vocês estavam aqui, não queria atrapalhar.

A secretária auxiliar de Gustavo adentra bruscamente a sala. Entretanto, a troca de olhares entre chefe e funcionária não era nada profissional.

— Sem problemas Verônica, você nunca atrapalha.

Mais uma vez, outra troca de olhares e sorrisos. Aquilo era torturante para a professora de Dulce Maria.

— Verônica, sabia que eu passei de ano e vou ao shopping com o meu papi?

— Parabéns, pequena! - Disse Verônica, abraçando alegremente a menina mais uma vez, que retribuiu na mesma medida.

A cena foi o suficiente para abalar de vez o emocional de Cecília.

— Dulce Maria, é hora de voltarmos ao colégio, senão a Madre Superiora vai brigar conosco. Se despeça do seu pai e da Verônica, está bem?

— Simpiririm! Tchau papi, tchau Verônica - acenou a menina, que correu de volta para a religiosa.

— Tchau Verônica, tchau Gustavo. Tenham um bom dia. - foram as últimas palavras de Cecília antes de deixar o recinto.

Cecília permaneceu calada desde o elevador até chegarem à caminhonete do internato. Até que Inácio indagou:

— Irmã, está tudo bem? Conseguiram falar com o pai da Dulce?

— Sim, Inácio.

— É Ceci, você está tão quietinha... Posso te dizer uma coisa?

— É claro.

— Você é a minha melhor amiga feminina de todo o universo, depois da minha mamãe.

Cecília esboçou um sorriso e acarinhou os cabelos de sua aluna favorita.

— Você também, minha carinha de anjo.

[...]

Cecília POV

Não aguento mais. Minhas forças estão se esvaindo a cada dia e não posso mais suportar tamanha situação. Estou desesperadamente apaixonada por Gustavo Lários e embora ainda seja uma noviça, sinto que estou cometendo um grave pecado. Além disso, não posso interferir no atual relacionamento do homem que amo com minha amiga, Verônica Batista.

Não que eu tenha perdido o amor por lecionar. Estar no meio das minhas meninas é o que me motiva a sair da cama todos os dias. No entanto, o celibato infelizmente não é mais uma certeza em minha vida. Sinto que se não tomar uma atitude o mais breve possível, vou enlouquecer e ficar na mais profunda amargura. Preciso me confessar. Mas antes, alguém precisa de explicações.

Me dirijo à sala da Madre Superiora a largos passos. Sinto meu coração disparar. Porém, não posso adiar mais esta conversa.

— Com licença Madre, posso entrar?

— Mas é claro, Irmã Cecília. Sente-se.

— Madre, preciso conversar com a senhora.

— Você está pálida, Cecília. Aconteceu alguma coisa com as alunas? Dulce Maria?

— Não Reverenda, as alunas, incluindo a Dulce estão bem. O problema é pessoal.

— Me conte, não se retenha.

Começo a chorar.

— Não sei por onde começar, Madre. Nunca imaginei que iria lhe dizer isso...

— Vou tentar lhe ajudar. Tem a ver com Gustavo Lários?

O silêncio toma conta do lugar. Sinto que vou desmaiar. Ela prossegue.

— Quem cala, consente. Não é de hoje que tenho notado sua atenção e amor incondicional para com a Dulce Maria. Até então eu o permiti, afinal, era a única criança que não tinha os pais por perto. Mas desde que o Senhor Gustavo retornou de viagem, eu notei que você mudou. Não em relação as suas obrigações, e sim à sua vocação.

Começo a chorar compulsivamente.

— Madre, eu não queria... Eu tenho rezado tanto! A angústia me consome. Sei que é errado nutrir sentimentos por alguém, mas não sei mais o que fazer. Me sinto completamente desnorteada. Me perdoe, por favor.

— Você não me deve perdão algum, Cecília. Você não é a primeira e nem será a última a ter dúvidas em relação ao celibato. Afinal, és muito jovem e são poucas as que tem essa convicção de serem freiras com tão pouca idade. Conheço-lhe muito bem e sei que suas palavras são sinceras. Pelo visto, você quer um conselho, certo?

— Se não for pedir demais, é claro que aceito, Reverenda.

— Você precisa se afastar do colégio. Da Dulce, do senhor Gustavo, de tudo que está lhe ferindo. Você precisa fazer um exame de consciência longe daqui e descobrir se o celibato ainda é sua vocação. Se não fizer isso, você irá se culpar para o resto de seus dias e irá adoecer física e espiritualmente.

— A senhora tem toda razão, Madre. Pensei em me confessar, mas tenho tanta vergonha do Padre Gabriel...

— Não sinta vergonha, filha. Vá. Antes de ser irmão do Gustavo, ele é sacerdote. Ele irá lhe entender.

— Muito obrigada por tudo, Madre.

— Não tem o que agradecer. Isto fica entre nós. Em relação as crianças e suas aulas, vou transferir suas atribuições às demais irmãs do internato. Não se condene. E em relação a Dulce Maria, se me permite, você deve evitar despedidas e maiores explicações. A menina já sofreu muito apesar da tenra idade.

— Está certo, Madre. Estava pensando justamente nela. Mas tenho em mente o que fazer. Amanhã mesmo, vou para o interior visitar minha irmã, Clarissa.**

— Passar bem, Cecília. Vá procurar o Padre Gabriel. Você tem o dia de folga a partir deste momento.


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Notas finais do capítulo

*Acabei esquecendo de avisar que na fic, Cecília e Verônica se conheceram na universidade, já que antes de se formar em Secretariado Executivo, a Verônica iniciou o curso de Letras, o qual a nossa noviça é graduada. Ceci tá podendo! hahaha.
** No remake de 2001, a irmã da Cecília se chamava Clarissa, enquanto no de 2016, irá se chamar Fátima. Nada contra o nome, mas acho que Clarissa combina mais com a personagem. Enfim. Um grande beijo.