Long life for the king! escrita por Warden Dresden


Capítulo 4
Vida longa ao Rei do Norte. Vida curta ao Rei do Norte.


Notas iniciais do capítulo

Bem, dessa vez venho aqui com o penúltimo capítulo de "Long life for the king!" narrado por Theon Greyjoy. Eu chorei litros escrevendo e espero que vocês tenham seus lencinhos só por precaução.

Deixem nos comentários correções, críticas, elogios e tudo mais que quiserem.



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Antes de tudo, de todo o resto, Theon Greyjoy sabia que Robb Stark estava morto. A constatação fazia uma agonia rasgar seu corpo, pior do que qualquer tortura que sofrera até então. Seu irmão estava morto e esquecido nas Terras Fluviais, levando consigo ódios que nunca seriam acalentados com o tempo, afinal, mortos não são nada além de mortos. Ele não negava a raiva profunda que seu rei – rei e uma vida de certezas colocadas em segundo plano para as batalhas – sentia ao ser lembrado dos Lannister e dos Baratheon, mas saber que os Greyjoy eram alvos de sua ira era caminhar pelos infernos. 

Um garoto lutando uma guerra e outro querendo aprovação do pai. 

Talvez, a pior das angústias fosse conhecer o fato de que o Rei do Norte morrera odiando o Vira-Casaca, seu fiel aliado que o traíra, invadira sua casa milenar e assassinara seus irmãos. Robb Stark, o menino honrado até os ossos, também morrera naquela noite detestando com tudo o que existia em seu coração Theon Greyjoy, o refém que se tornara seu irmão e destruíra o resto de sua família. Agora se perguntava se ele aceitaria suas lágrimas e gritos de desespero como pagamento por toda a dor que causara aos antigos Protetores do Norte. Nunca seria respondido. 

No que eu me tornei procurando agradar um lorde que não se importava? 

Havia dias que podia olhar para as paredes e ver o Jovem Lobo com sua coroa de bronze, olhar implacável e lobo assassino, a espada ensanguentada pingando em suas mãos. Parecia se divertir com o resto de homem que via, como se extasiado pela possibilidade de seu sofrimento. Então, enxergava Robb com seu modo honrado e gentil olhar para longe, evitando ver o fantasma de alguém amara. Os piores dias eram quando o cadáver estava ali, uma besta com corpo normal e cabeça de fera com flechas cravadas em sua carne e um buraco de lâmina no peito. 

Traidor, Vira-Casaca, assassino de parentes, sem honra. 

O garoto Stark que conhecia o adorava e confiava em si, até o momento onde ouvira as notícias que sua casa fora tomada e seus irmãos mortos. O Rei do Norte, por sua vez, era um enigma para Theon – Fedor, Fedor, Fedor –, que não conseguia compreender nenhuma de suas decisões. Estavam vencendo a guerra, não? Então por qual motivo ele estava tão estressado e sério? O homem com a coroa podia odiar e matar sem limitações enquanto o menino com o lobo era honrado, corajoso e ferozmente leal e aquilo era quase tudo o que sabia enquanto o clima esfriava cada vez mais na carcaça quebrada de Winterfell. 

Ele foi um Senhor do Inverno, eu um garoto querendo a aprovação do pai. 

Oh sim, ouviu muito sobre o que fizeram com o corpo dele. Arrancaram sua cabeça e colocaram a de Vento Cinzento, expuseram seu cadáver como um espólio de guerra valioso, indispensável. Em outra vida, se não fosse o corpo de Robb exposto, Theon Greyjoy riria e debocharia do infeliz, comentando sobre o humor negro de quem fizera a ironia maçante e sardônica. Mas não. Era o corpo de seu irmão, o mais fiel de seus irmãos, mutilado e comemorado por pessoas tão sem honrado quanto ele, portanto, permitia que lágrimas frias escorressem quando sabia que ninguém viria. Velhos dias de verão perdidos, agora restava apenas o frio cruel do inverno eterno. 

Vida longa ao Rei do Norte, vida longa. 

Robb era uma das melhores pessoas que conhecia: incrivelmente gentil, leal, honrado, determinado, enérgico e ousado, portanto, não era justo que terminasse daquela forma tão mortalmente trágica, não podia acabar tão brutalmente para uma alma justa, uma alma fiel até seus últimos e amargos instantes. Entretanto, o que Theon podia dizer sobre justiça ou sobre o Stark em geral? A culpa era dele, ou parte dela era. Se o grandioso Jovem Lobo estava sem lar, sem família e horrivelmente morto, uma mão sua ajudara a construir aquele cenário miserável e revoltante, se ele morrera o odiando profunda e fortemente, suas ações quase insanas eram a causa.  

Vida curta ao Rei do Norte, vida curta. 

Greyjoy jurara lutar ao lado dele, jurara agora e para sempre em uma noite que era prenúncio de horror e morte ainda que não soubessem disso. E então estava aqui, encolhido nas masmorras de Winterfell como traidor e desonrado, como o que era de verdade em seu interior. Ele não era nenhum Stark – os Senhores de Inverno eram sempre sábios e bons, nada em si se parecia com um esboço daquelas características -, mas Robb pensava nele como um membro da família perfeita que tinha, tão diferente dos cacos que restavam da sua; um punhado de gente perdida no meio do sal e da rocha que não mais lhe pertenciam. 

Eu me lembro de tudo, de cada detalhe. 

Theon se focava na dor que sobrara de todas as certezas de outrora porque apenas a dor era real para sua mente fraturada. O homem-menino-besta que via não era de verdade, tal qual suas vagas ilusões de casa, amor e família que o assombravam. Só a agonia dilacerando sua mente e sua carne podia ser sentida como o destino amargo e sombrio que fora escolhido para si. Havia feridas em seu corpo que nunca se fechariam, buracos em sua mente que jamais seriam preenchidos por nada e o gosto de cinzas em sua boca era metálico, quase como ferro e sangue. O espaço dos antigos sonhos escondidos com os agudos pedidos de misericórdia e clemência rasgando seus lábios. 

Sonhos de Verão, diria a Velha Ama. 

O que está morto não pode morrer, mas volta a se erguer, mais duro e mais forte. Agora, ele sabia da mentira daquelas palavras. Theon estava morto e nunca retornaria, muito menos mais forte do que antes. Falecera no instante que queimara a carta em Pyke, no instante em que invadira Winterfell, no instante que matara as duas crianças e fingiu que eram Bran e Rickon. No entanto, sua vida não foram mentiras? Ir para a casa, ser o Senhor Ceifeiro de Pyke, ver Robb ganhar aquela guerra, ganhar a aprovação do pai, manter um castelo com trinta homens e sobreviver eram apenas enganações que alimentava com o vagaroso passar dos anos. 

De que importa? Robb está morto e o Norte também. 


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Notas finais do capítulo

Embora eu sinta um certo nojo do Theon antes de A Dança dos Dragões, eu ADOREI escrever esse capítulo super sentimental e meus feels foram parar no chão.

Comentem qualquer coisa que queiram me dizer!

Abraços,

Palavra Perdida.



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