Long life for the king! escrita por Warden Dresden


Capítulo 1
As Chuvas de Castamere tocaram e tocaram.


Notas iniciais do capítulo

Eu deveria estar dormindo ao invés de escrevendo isso daqui? Deveria, mas fui fuçar no pinterest e achei tanta fanart tiro do Robb e do Casamento Vermelho que quis escrever algo sobre e cá estou com mais uma short-fic, dessa vez, com três capítulos todos falando do momento em que meu bebê perfeito morre.

Abaixa que é tiro!

Espero que tenha lido até, mais ou menos, a página 600 de a Tormenta das Espadas e tenha assistido até o espisódio 09 x 03, As Chuvas de Castamere.



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Desculpe-me, mãe.

Robb queria gritar, chorar e ter tempo de alcançar alguma das espadas ou, ao menos, oferecer luta como alguns de seus vassalos e amigos. No entanto, a dor dos tiros de besta era tão forte que apenas se concentrava em ficar de pé mais uma vez, mas se perguntava o motivo de seus esforços. Seria morto, sabia que sim. Sua mãe também. Vento Cinzento. Todo seu exército. Talvez seu tio Edmure. E, bem, isso importava mesmo agora? A guerra já estava perdida mesmo! Ele perdera a maldita guerra no instante que a começara! Nem ao menos deveria ter saído de Winterfell!

Desculpe-me, pai.

Ele era uma vergonha! Um mero garoto brincando de ser rei! Uma criança de verão em uma família de reis do inverno! Não fora duro e esperto o suficiente para lutar aquela guerra, simplesmente não fora. E tudo o que conquistara, e ainda não perdera por conta de múltiplas falhas, se desvanecia em uma coloração doentia de vermelho. Vermelho de sangue escorrendo, vermelho do cabelo de sua mãe e vermelho do estandarte Lannister que preencheria as Terras Fluviais e, é claro, todos os Sete Reinos. O gosto de derrota só não era pior do que as próprias lágrimas quentes e os gritos de desespero.

Desculpe-me, Jon.

Jamais voltaria para sua casa – sua casa perdida para os homens de ferro, perdida para alguém que considerara um irmão. Jamais cumpriria a promessa de levar Bran, seu irmãozinho assassinado, para a Muralha e visitar Jon. Não cumpriria. Sua vida inteira estava acabada ali. Talvez, um dia, canções seriam criadas para contarem como o Jovem Lobo levara sua guerra por vingança e esperança de resgatar suas irmãs, se apaixonara (era realmente amor por Jeyne?), lutara desesperadamente e morrera em um massacre. Um completo massacre onde tudo o que havia eram corpos amontoados e a melodia macabra preenchendo seus ouvidos. Mais uma vitória carmesim, pensou tristemente.

Desculpe-me, Sansa.

Sua família... o que restara de sua família além de Jeyne e Jon? Robb sabia que matariam sua mãe. Robb sabia que Arya, seus irmãos e seu pai estavam mortos. Robb sabia que Sansa era refém dos Lannister em Porto Real. Talvez até matassem sua esposa. E ele quis ser capaz de pedir perdão por tudo o que fizera, por todos os erros que cometera. Não podia, porque tudo o que lhe restava a dor aguda dominando cada centímetro de seu corpo e enlouquecendo sua mente naqueles poucos segundos que sobravam. Os Stark estavam condenados a perecerem por causa de sua tolice, de sua impulsividade.

Desculpe-me, Arya.

Como desejou voltar para as muralhas de Winterfell, para os abraços de seu pai, para as aulas de Meistre Luwin junto de Jon e Theon, para as horas de treino com espadas de madeira no pátio, para os jantares onde todos estavam reunidos e felizes, para os conselhos gentis de sua mãe e para as noites onde visitara os quartos de seus irmãos para saber se todos estavam bem. Era passado agora, e em pouco tempo ele também se tornaria apenas uma figura qualquer dos anos de caos dos Sete Reinos.

Desculpe-me, Brandon.

Não suportava mais aquela melodia. As Chuvas de Castamare estavam retumbando em seus pensamentos como se pudesse ver o próprio enterro, se é que teria um e não abandonariam seu corpo para os corvos e lobos. Seria uma digna ironia cruel se o fizessem, não? O Jovem Lobo, menino-besta, entregue a seus iguais até mesmo na morte. Se possuísse forças e vontade, riria daquele pensamento sangrento, entretanto, tudo o que conseguiu foi uma tosse sôfrega que voltou os olhares para si mais uma vez. O espetáculo ainda não estava terminado.

Desculpe-me, Rickon.

Na verdade, desde sempre, os olhares nunca o abandonavam. Era o primogênito de Ned Stark, o herdeiro do Norte, a criança feita d’ouro mais puro. Mas, não aguentava mais que todos esperassem alguma solução brilhante para os problemas que apenas apareciam! Não! Não! Não! Não! Separou os lábios para gritar de pura angústia e desespero, todavia, apenas um ruído esganiçado soou, uma evidência de sua miserabilidade atual, de seu estado debilitado e ridículo, grotesco em todos os sentidos possíveis e impossíveis. Ainda assim, era libertador poder se rebaixar à tal nível sem sentir-se inútil e fraco. No fim, estava mesmo inútil e fraco. Um rei inútil e fraco.

Desculpem-me! Desculpem-me! Eu imploro! Eu imploro!

Fitou sua mãe com a aceitação em seus olhos azuis tão parecidos com os dela. Seria preferível evitar tal ato. Ele implorou pelo perdão em silêncio e Catelyn Stark parecia descontrolada demais para notar tal desamparo em sua última criança viva, contudo, que cortejava a morte mais do que tudo. Seria preferível evitar aquela imagem da mulher que mais amara em sua curta vida – ela segurava um Frey demente pela garganta; um tiro também a atingira e parecia a beira de um colapso. Robb quis toca-la, quis pedir para que fosse embora, que o deixasse ali para morrer, que deixasse todo o exército ali para morrer e fugisse para bem longe.

Eu fiz... fiz tudo errado, não foi?

Em algum instante era a angústia e demência febril, falou com ela (o rei do Norte se ergue novamente, fora o Frey velho quem dissera isso?), entretanto, não saberia dizer o assunto. Apenas as palavras mãe e Vento Cinzento lhe foram reconhecidas. E nem ao menos terminou sua declaração, embora não soubesse se iria questionar sobre o paradeiro de seu lobo ou implorar para que sua mãe corresse dali junto dele como uma forma de proteção nas estradas perigosas das Terras Fluviais. Vão matar Vento Cinzento também, pensou querendo desabar no chão, almejando quebrar em mil pedacinhos.

Só queria voltar para casa...

Não precisou de muito mais do que um punhado de segundos – Lorde Roose Bolton do Forte do Pavor seria para sempre o detentor da honra de matar o miserável rei-garoto em um casamento. Os olhos frios do homem o fitaram sem emoção alguma e Robb devolveu o olhar com mais conformidade do que fúria, ainda que alimentasse uma raiva avassaladora dentro de si. Não importava, nunca mais importaria. O que agregam as opiniões dos mortos, afinal? Ao menos, podia ter certeza de que suas últimas palavras jamais seriam um apelo fraco. Era um rei, apesar de tudo.

Só queria ter minha família de volta.

A lâmina do Bolton deslizou facilmente por suas poucas camadas de vestes festivas ensopadas de sangue. Não estava protegido, porém, como poderia cogitar tamanho espetáculo grotesco em uma festa que celebraria a união entre Starks, Tullys e Freys e selaria sua estrada de volta para o Norte, de volta para casa? Como? Era um tolo sonho, era uma tola criança de verão, era uma tola esperança. Tolo! Tolo! Tolo! Mil vezes tolo! Não era um general! Não era um lorde! Não era um rei! Era só um menino raivoso e com uma vontade de vingar maior do que sua sensatez.

As Chuvas de Castamere tocaram para sempre nos ouvidos do mais infame rei Stark junto com o grito final de sua mãe.


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Notas finais do capítulo

Sobreviveu? Chorou até aqui tanto quanto eu chorei escrevendo? Sério, foi cada tiro vendo fanarts e fazendo umas pesquisas para fazer o negócio que achei que fosse morrer.

Não tem nenhuma menção do Robb chorando, mas achei que ficaria legal então coloquei ai. E lembrando que, nos livros, ele casou com a Jeyne porque tinha "deflorado" ela e não queria deixa-la com a honra manchada. Não tem nada daquelas coisas bonitinhas com a Talisa, mas, pela a reação dela quando o Jaime a vê, parece que os dois se amavam bastante.

Abraços e pedidos de desculpas pelas prováveis lágrimas,

Palavra Perdida.



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