Slow Dancing In a Burning Room escrita por Lisbeth Salander


Capítulo 3
III


Notas iniciais do capítulo

Oiiii!
Sim, eu sei que eu sumi, mas primeiro eu entrei de férias da escrita, fiquei dois meses sem escrever nadinha! aff Depois arranjei um emprego/curso e teve a escola, então meu tempo está curto e a criatividade só foi dar as caras agora, mas relaxem, eu amo essa fic e não vou abandonar nunquinha. Prometo que a partir de agora tem capítulo pelo menos uma vez por mês. Se não tiver eu deixo vocês fazerem vudu pra mim uahsuha ♥
Bem, amores, no mais é isso mesmo, espero que gostem e, novamente, mil desculpas pela demora!



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Havia algo de muito errado com a libertação precoce de Harley Quinn, que acontecera no dia anterior. Eles não seriam tão inocentes de deixar a maluca solta pelas ruas de National City. Mesmo que os testes devidos tivessem sido feitos e ela estivesse, no momento, sob liberdade condicional, a ex doutora era ainda uma forte ligação com Joker, que estava foragido cometendo latrocínios deliberadamente pelos Estados Unidos.

 

Kara pensava sobre isso deitada em sua cama de manhã, enquanto os ponteiros do relógio iam correndo, a deixando mais atrasada a cada volta do maior. Precisava falar com Alex antes de ir para a CatCo, caso contrário, sabia que ficaria com aquilo martelando em sua cabeça por, pelo menos, o resto do dia, mas já estava atrasada demais, mesmo para alguém que poderia simplesmente voar pela janela, então, infelizmente, por hora teria que conviver com a questão até ter uma oportunidade de ver a irmã e falar com ela.

 

 

Havia conseguido chegar a tempo. O café de sua chefe estava em mãos, quentinho, como ela gostava. Precisava admitir que mesmo tendo Cat chefiando aquela empresa com mãos de ferro e sua rigidez um tanto amedrontadora, Kara não se conseguia ver trabalhando em outra coisa. Era como se tivesse estagnado ali, entretanto isto não a acomodava. Além de ser o disfarce perfeito para sua alter ego. Quem imaginaria que Supergirl, a poderosa garota de ferro, era, na verdade, assistente pessoal de Cat Grant, com toda a submissão que um cargo como esses carregava?

 

— Kara? — Era Winn, chamando-a do outro lado da mesa, mas ela não percebeu. — Terra para Kara Zor-El. — Ele se esticou e balançou uma das mãos na frente do rosto da amiga, que piscou assustada depois direcionou o olhar para o rapaz.

 

— Desculpe! Eu estou distraída — respondeu ela.

 

— É. Eu percebi.

 

Winn apontou para a mesa, onde um copo d’água jazia deitado com seu liquido espalhado, pingando na saia amarela de Kara.

 

— Ah, meu Deus! — A jovem se levantou rapidamente, encontrando uma enorme mancha de água em sua roupa. Aquilo não podia ser mais constrangedor. Sorte que ninguém prestava atenção demais nela por ali. — Rápido, me ajuda a limpar isso antes que Cat veja.

 

— Tarde demais — a voz de sua chefe veio de trás, e não parecia nada contente. — ‘Ke-rah’, espero que minha agenda seja o motivo de estar tão avoada a ponto de cometer essa estupidez.

 

— Senhorita Grant... — tentou explicar-se.

 

— Shh... Teve sorte por eu estar de saída e já serem seis da tarde. Vou te dispensar mais cedo, mas não deixe acontecer de novo. Dependendo do meu humor, posso te dispensar ainda mais cedo. Para sempre.

 

— Sim, Senhorita Grant.              

 

Antes de Kara poder balançar a cabeça, a mais velha já estava a passos de distância. Aquele copo de água havia sido um golpe de sorte do destino. Agora poderia encontrar-se com a irmã sem problemas e dormir feliz com uma explicação razoável para seu problema que tinha certeza que Alex a ofereceria.

 

 

Eram sete em ponto e Kara esperava pela irmã na base do DOE em seu traje de heroína. A disseram que Alex não tardaria a chegar, mas estava ali há mais de meia hora. Sabia que não deveria se preocupar, sua irmã estava bem, mas a ansiedade estava a consumindo. Ás sete e treze sua irmã chegara. Estava acompanhada por Hank e meia dúzia de homens carregando um alienígena preto e azul-ciano para as dependências do departamento.

 

— Kara? O que faz aqui? — perguntou Alex, assim que viu a irmã mais nova. — Aconteceu alguma coisa?

 

— Na verdade, aconteceu sim. — Puxou a irmã para mais perto de si. — O que diabos aconteceu ontem? Por que vocês a soltaram?

 

— Do que você está falando? — indagou Alex, confusa.

 

— Da Harley. Ela talvez pudesse levar a polícia até o Joker! Não pensaram nisso? — questionou Kara.

 

— Chegou tarde demais. Nós pensamos sim, mas acha que ela simplesmente entregaria as informações de mão beijada? Implantamos um chip microscópico no pescoço da garota. Ela não vai a lugar nenhum sem que saibamos.

 

Mesmo tendo ficado muito entusiasmada com o plano de seus colegas de trabalho, Kara tinha que perguntar:

 

— E por que só foram me contar isso agora? Colocaram alguém para seguir ela por aí, é isso?

 

— Vi o quanto você ficou chateada pelo que aconteceu na sala de testes, tive receio em comentar, mas olhe pelo lado bom, acabamos descobrindo que ela é imune a maior parte das toxinas existentes, tem certa vantagem sobre-humana, temos que ficar espertos. Ainda não temos nenhum agente em seu encalce, vamos esperar algumas semanas.

 

— Está tudo bem. Eu entendi. Desculpe ter gritado com você ontem, eu... Me assustei. Foi só isso.

 

— Eu devia ter compreendido você — disse Alex, abraçando a irmã. — Vá para casa. Hoje é noite da pizza!

 

 

Infelizmente, não houve pizza naquela noite. Supergirl precisou sair às pressas para prestar socorro a uma boate que estava em chamas. Diversas pessoas feridas, mas uma das pessoas havia sido morta. Não pelo incêndio, mas pelo Joker. Kara sabia. Ela sabia que não era boa coisa essa súbita aparição da vilã de Gotham City em sua cidade. Já deveria estar alerta.

 

No entanto, os criminosos não contavam com a astúcia de seus colegas de trabalho. Imediatamente ligou para Hank, pedindo-o que a indicasse a localização exata de Harley Quinn. Apenas torcia para que os dois estivessem juntos. As vítimas disseram ter visto sim uma moça esguia e branca de cabelos coloridos.

 

Mas é claro, pensou. E revirou os olhos consigo mesma.

 

— Está a algumas quadras da boate. Voe para cima, eu vou te dando as direções. — Ela seguiu a instrução do diretor. — Primeira rua a sua esquerda, depois vá direto. — Ela o fez. — Duas ruas a direita, depois é só ir seguindo reto nessa mesma direção. Rápido. Ela está se locomovendo com uma rapidez impressionante.

 

Não foi preciso repetir. Logo Kara estava no encalço do veículo do palhaço, mas era rápido demais. Se tentasse pará-lo, os mataria.

 

— Temos companhia! — anunciou Joker para Harley. — Não é sua amiga ali fora?

 

O reflexo do retrovisor mostrava o semblante nada contente de Kara.

 

— Ela não é minha amiga! Acelera mais isso, vai, pudinzinho!

 

Ele deu uma de suas risadas sombrias, sabendo exatamente o próximo passo de seu joguinho. Sem pensar duas vezes, jogou o carro nas águas escuras do mar da Bahia de San Diego.

 

 

 

Kara parecia não acreditar naquilo que seus olhos a diziam. Eles haviam mesmo se atirado para a morte? Seria isso sua culpa? Imediatamente tratou de se atirar nas águas também, usando aquela visão avantajada para encontrar o veículo em meio a todo aquele breu. E achar não foi a parte mais difícil, mas sim chegar até lá com toda a agitação do oceano. Sua super velocidade não funcionava com a eficiência que precisava. Quando finalmente conseguiu se aproximar, o Joker já não estava mais ali, e, com alguma sorte, estaria se afogando em qualquer canto.

 

Mas Harley ainda estava presa entre os vidros do carro. Desacordada. Era impossível dizer se estava viva, se sobreviveria. Com algum esforço, Kara a puxou para fora do veículo recém destruído e a carregou para a calçada, onde constatou com as mãos em volta de seu pescoço que ainda havia pulso. Odiava ter que pensar na ideia, mas precisava salvá-la. Arrancou de seu pescoço uma gargantilha apertada, então tapou o nariz da mulher usando os dedos. Olhou em seu rosto uma segunda vez antes de iniciar uma respiração boca a boca um tanto desajeitada e constrangedora. O gosto salgado e os pequenos grãos de areia deixavam aquilo ainda mais inusitado.

 

Não percebeu que, aos poucos, Harley recuperava sua consciência. Só foi notar quando sentiu uma das mãos dela tocar seu rosto e seus lábios e língua se movimentarem como se aquilo fosse... Como se fosse um beijo. Afastou-se imediatamente para constatar que os olhos dela estavam fechados e assim continuaram. Tentou despertá-la, mas não funcionava. Quando ela tombou a cabeça para o lado, uma quantidade considerável de água saiu de sua boca, misturado com alguns filetes de sangue.

 

Kara tocou os próprios lábios de forma tal que se alguém a perguntasse, juraria em cima de uma pilha de Bíblias que não sabia o porquê de ter o feito.

 

Algumas horas depois, Kara estava sentada na enfermaria do DOE, em frente a maca que acomodava sua ex amiga, Harley Quinn. Algemas garantiam que ela não tentaria nenhuma gracinha. Certamente teria problemas se órgãos como o FBI descobrissem que fora presa escapando da cena de um crime junto a seu respectivo autor. Sua liberdade condicional iria para o ralo e estaria definitivamente condenada ao confinamento eterno.

 

— O que eu estou fazendo aqui? Cadê o pudinzinho?

 

A voz aguda despertou Kara, que se levantou e posicionou as mãos na cintura de forma impositiva.

 

— Eu não sei do seu ‘pudinzinho’. Te achei semimorta depois de ele ter atirado vocês oceano a baixo. 

 

— Não! Está mentindo. Não é possível. Ele me salvou. Eu lembro. — Tentou gesticular, mas achou uma de suas mãos presa à barra de ferro da maca. — Isso é mesmo necessário?

 

Kara nada disse, apenas balançou a cabeça positivamente, como se fosse a resposta mais óbvia de todo o mundo.

 

— O pegaram, não foi? Mas não estou preocupada, ele vai voltar para mim! — garantiu ela, com toda a convicção.

 

Se Kara não conhecesse determinados pontos da relação problemática dos dois, até diria que, sim, havia chances de ele voltar, mas Joker não faria isso. Não daria-se ao trabalho de tentar achar a base do DOE, isso se soubesse da existência do Departamento. Se fosse mesmo desse tipo que assume riscos por alguém, sequer abandonaria a namorada submersa na Bahia de San Diego. Talvez voltasse sim, mas por retaliação, não porque se importava com Harley. Afinal, ele era um psicopata. É uma característica da psicopatia a incapacidade de se conectar emocionalmente com outros seres.

 

— Se ele voltar — prometeu Kara —, prometo não oferecer resistência alguma para que ele a leve — ironizou. Quinzel apenas virou o rosto para um outro lado, aquietando-se.

 

Sentia-se profundamente mal por isso, porém não pôde controlar o comentário maldoso. Tinha pena de Harley, pois sabia o quão devotada ela era por aquele ser desprezível, mas não era da sua conta. Nada daquilo era. Estava apenas fazendo seu trabalho, mantendo a cidade em ordem, como deveria ser.

 

 

Dois dias haviam se passado desde a captura de Harley Quinn durante a sua fuga de uma cena de crime em potencial. Dois dias e nenhum sinal de seu comparsa psicopata. Ele ainda estava solto por National City, e sabe-se lá o que poderia acontecer nos próximos dias. Uma verdadeira caixinha de surpresas. Que, dos males o menor, ele tentasse mesmo recuperar a namorada para se mandar de volta para Gotham.

 

A mais nova prisioneira começava a ficar entediada e muito, muito inquieta e irritadiça. A cela de vidro mantinha uma distância segura entre ela e os funcionários que vinham ocasionalmente lhe alimentar. Três dias foram o bastante para Quinn se render e dizer:

 

— Estou disposta a um acordo. Libertem-me e eu os levo até o Joker!

 

Amy, a garota que supervisionava sua cela através de câmeras e microfones, achou que talvez esta fosse uma informação que interessaria aos seus superiores, então imediatamente contatou Hank e Alex, a reação desta última foi de desconfiança, mas via ali uma oportunidade e sabia muito bem qual era o próximo passo: avisar à sua irmã.

 

 

Kara vigiava um bolo de chocolate no forno quando seu celular tocou. Era uma manhã de sábado, ainda trajava pijamas e pretendia convidar James Olsen para um almoço. O bolo era para a sobremesa. Caminhou até seu celular, em seu rosto tinha uma mancha branca de farinha. Alex, do outro lado da linha, pedia que fosse o mais rápido para o Departamento, e ela foi, como sempre, mesmo que a contragosto. Precisou desligar o forno e, provavelmente, quando voltasse para casa, seria tarde demais para consertar a massa do bolo. Talvez fosse a hora de comprar um forno automático.

 

— O que aconteceu? — perguntou Kara, se preparando para o pior.

 

— Temos uma chance de encontrar o Joker — adiantou Alex. — A Harley. Ela quer ajudar.

 

— E vocês acreditaram? Ela só quer sair daqui e voltar para ele. Por que ela faria isso?

 

— Porque ela não tem escolha. Queríamos que conversasse com ela. Fale que caso ela não nos ajude, mandaremos revogar sua condicional e ela ficaria confinada para sempre, numa solitária. E, caso tente escapar, temos o microchip, que além de ser explosivo, ela precisaria de uma nova cabeça para se livrar dele.

 

Kara engoliu em seco. Aquilo era... pesado demais. Estava prestes a obrigar a ex amiga, por quem já teve um afeto imenso, a ajudar a prender o cara que ela ama a troco de sua liberdade e até mesmo de sua vida.

 

— Está bem. Só me deem algum tempo, sim?

 

Deixou a sala principal e encontrou um bebedouro num dos corredores. Bebeu quase um litro de água gelada de uma só vez, sentiu o líquido descer por sua garganta, contraindo suas paredes. Depois de estar bem o suficiente para tal, voltou para junto dos integrantes do departamento e eles moldaram cada parte do que seria o acordo com sua nova aliada em potencial.

 

Como foi pedido, Kara ficou incumbida de explicar para Harley como seria e se ela estava disposta a cooperar ou se queria passar o resto da vida numa sala escura e agourenta. Incrivelmente – por mais que não devesse ser tão incrível assim – ela aceitou o combinado de bom grado. Era fácil demais. A ex doutora ficou impressionada com o fato de seu apelo ter surtido efeito e de seu plano estar começando a tomar forma.


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Notas finais do capítulo

E aí, gente? Quem acha que a Harley tá pro crime levanta a mão! o/ Espero que tenham gostado e comentem para eu saber se ainda tem gente viva por aqui. Obrigada pelos comentários, eu sempre procuro respondê-los logo após a postagem de um capítulo novo, então a demora é por causa disso.
Beijinhos da tia Sally!



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