De repente, você escrita por calivillas


Capítulo 3
Doce coincidência




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Naquela tarde, somente Elisa e Joana almoçaram juntas com o pai, mas acharam que foi melhor assim, apesar de ele um tanto econômico nas palavras, parecia mais à vontade longe de Lilian e das gêmeas, chegando até contar algumas piadas e fatos engraçados da sua infância e juventude.

— Sua mãe vai viajar com o namorado esse ano? – ele perguntou, tentando parecer casual.

— Sim, irão passar férias na Espanha – respondeu Joana, sem dar muitos detalhes. Rodrigo não teve coragem para perguntar mais nada sobre a ex-mulher.

— Seu primo vai chegar daqui alguns dias – ele informou, sem mais assunto. – Temos que dar apoio a ele, depois da morte da mãe. Ele anda muito triste, ultimamente.

— Pai, mas ele é tão chato! – Elisa reclamou, mais uma vez.

— Mas ele precisa da gente. Conto com você para não o deixar de lado, leve-o a praia com vocês, enturme-o com seus amigos, não o deixe ficar isolado. Sei que não posso pedir isso as gêmeas, sabem como elas são, mas vocês duas são diferentes. Então, prometam que não vão deixar seu primo sozinho e esquecido.

— Prometo, pai – respondeu Joana, sem pestanejar.

— E quanto a você, Elisa? – Seu pai a encarou ansioso.

— Está bom! Eu prometo, se ele não me perturbar muito – Não teve como negar.

 

Apesar de ainda fazer muito calor, a noitinha era bem mais fresca e a brisa noturna, que vinha do mar, esfriava a pele aquecida pelo sol, e as garotas se encontraram junto à guarita do condomínio para irem ao Nico, a sorveteira mais próxima de lá, assim podiam ir caminhando, por isso, era o lugar onde todo mundo se encontrava. Joana estava usando um leve vestido de verão com pequenas flores azuis, que realça seus olhos, assim como o leve tom rosado da sua pele. Enquanto, Elisa usava os shorts jeans e camisetas de sempre, o sol já havia dado a ela um certo tom dourado. As garotas caminharam o curto percurso até o Nico, que já estava cheio àquela hora da noite, não só pelos gostosos sorvetes artesanais, mas, principalmente, porque era o ponto de encontro dos jovens que moravam nos condomínios daquela região. As gêmeas já se encontravam por lá, no meio de um grupo barulhento de garotas e rapazes. Lídia estava com um garoto, que parecia ser bem mais velho do que ela, que a segurava pelo pescoço, em uma espécie de abraço-gravata e, a todo momento, os dois davam beijos na boca, escandalosos e demorados. Joana deu um olhar surpreso e reprovador para a meia-irmã, que lhe devolveu um sorriso debochado.

Irritadas com aquela cena, as garotas recém-chegadas pediram seus sorvetes e sentaram-se em uma das mesas do lado de fora, aproveitando o frescor da noite, longe da irritante visão das gêmeas e seu grupo. De vez em quando, algumas meninas e garotos paravam para uma rápida e animada conversa com elas, falando das novidades do lugar. O falatório foi interrompido, quando um Jeep novinho parou bem em frente da sorveteria, os olhares seguiram o grupo de ocupantes, que saíram dele, com um andar seguro e sem olhar para os lados, entrando pela sorveteria.

— Nossa! Isso até parece uma cena daquele filme! Sabem qual é? – Elisa comentou, baixinho, achando tudo aquilo muito divertido, enquanto acompanhava, com os olhos, a chegada do grupo de aparência um tanto arrogante. Carla concordou com a cabeça, dando uma risadinha, Joana, ansiosa, procurou alguém com olhar.

— Mas, não se preocupe. Joana, porque a gente os viu na praia hoje de manhã e pareceram bem normais – Carla continuou a piada, lembrando-se de uma conhecida série de filmes do cinema, e todas riram da brincadeira.

— Não acredito que você nos trouxe até aqui, nesse lugar! – Ouviram uma das garotas reclamar, com desdém, para a outra, sem se importar de ser ouvida pelos demais frequentadores.

— Eu só queria tomar um sorvete, e aqui é o lugar mais próximo – a outra garota, de mãos dadas com um rapaz magro e com uma cara de entediado, se justificou.

Logo atrás deles, outros dois rapazes, o louro, que Joana reconheceu imediatamente, era Charles, acompanhado por outro garoto, muito alto e de cabelos escuros e um pouquinho compridos, conversavam, sem prestar muita atenção nas demais pessoas do lugar.

— Oi! – Joana falou alto, levantando-se em um salto, em um rompante de coragem, para chamar a atenção, quando eles passavam ao lado dela. Eles olharam na sua direção e o rosto de Charles se iluminou com um belo sorriso

— Você! Joana, é você? – ele indagou, quase sem acreditar na sua sorte, encantado com aquele encontro inesperado.

— É, viemos tomar um sorvete. Está muito quente – Joana queria puxar conversa, então lembrou-se das suas companhias. – Charles, essas são minha irmã Elisa e nossa amiga Carla.

— Muito prazer, garotas! – Charles as cumprimentou com um sorriso simpático – Esse é o meu amigo Dani.

Dani grunhiu algo que parecia com um cumprimento, olhando-as com um ar de indiferença, até com um certo desprezo. Seu olhar cruzou com de Elisa, que o sustentou, com coragem, então, sem falar mais nada, o rapaz foi em direção ao resto do seu grupo, deixando o amigo para trás. Elisa sentiu seu rosto ficar quente, incomodada, com o jeito presunçoso daquele cara. Pensou, indignada, quem ele achava que era para olhar desse jeito para elas, daquela maneira arrogante, com aquele ar de superioridade.

Contudo, Charles permaneceu ali, parado, olhando para Joana e ela para ele, com se o resto do mundo não existisse.

— Não quer sentar, Charles? – Carla se adiantou, ansiosa por aquela situação.

— Obrigado – ele agradeceu, puxando a cadeira para ficar de frente para Joana. – Não esperava encontrar vocês por aqui, mas minha irmã Louise estava com vontade de tomar sorvete – explicou, olhando direto para Joana, sem dar atenção as outras garotas da mesa, mas elas não se importaram, acharam até divertido.

— A gente costuma vir aqui a noite. Não é a das melhores, mas é a sorveteria mais próxima do condomínio, e sempre se encontra alguém conhecido – Joana falou e os dois riram como se fosse uma piada, que ninguém mais entendeu.

Logo em seguida, o grupo que acompanhava Charles reapareceu junto à mesa deles, as garotas e o namorado com um copinho na mão, deliciando-se com o sorvete, exceto Dani, que continuou de mãos vazias e com a cara fechada, como se aborrecido por estar ali.

— Essas são minhas irmãs Caroline e Louise. O namorado de Louise, Tomas – Charles apresentou as duas garotas magras e altas, de cabelos castanhos claros e olhos verdes como do irmão. – Estas são Joana, a garota do chapéu, que conheci na praia hoje mais cedo, a irmã dela, Elisa e a amiga delas, Carla.

Cabeças sacudiram e educados ois foram ditos, sem muito interesse, a seguir se fez o silêncio constrangedor da falta de assunto. Dani parecia cada vez mais incomodado com aquela reunião inesperada e prolongada demais, recusou a colherada de sorvete, que Caroline insistiu colocar na sua boca, em uma nítida demonstração de intimidade. Porém, a parte de toda aquela situação, Charles e Joana pareciam estar em um mundo próprio, onde os outros foram excluídos.

— Por favor, podemos ir agora, Charles – Louise pediu, entediada.

— Sim – Charles respondeu com a boca, mas seus olhos diziam não, no entanto, levantou-se. – Então, até amanhã, na praia, Joana.

— Até amanhã, Charles.

Depois de rápidas despedidas, o grupo se afastou em direção do Jeep. Dani sentou-se ao volante, Caroline insistiu em ir ao seu lado.

— Pessoal meio antipático – Elisa declarou, ao vê-los partir.

— Não achei. Até achei eles bem simpáticos – Joana defendeu, com um ar sonhador.

— Você achou Charles simpático, pois só notou ele, mais ninguém a sua volta – Carla a provocou.

— Mas aquele tal de Dani é muito antipático, se acha o máximo! – Elisa não podia esconder seus sentimentos.

— Mas ele até que é bem bonitinho – Carla instigou a amiga.

— Carla, como sua amiga, eu proíbo você de dar em cima daquele cara! – Elisa brincou, fingindo um tom autoritário.

— Não se preocupe, Elisa. Ele não faz meu tipo — respondeu Carla, sorrindo.

 

Dentro do Jeep, o grupo ficou por algum tempo em silêncio, enquanto Caroline escolhia uma música.

— Eu quero ir dançar! – ela exigiu, depois que sintoniza algo que gosta e começa a dançar, animada, ao som da música.

— Ainda está muito cedo – respondeu Louise. – Os lugares mais legais só começam mais tarde.

— Eu prefiro ir para casa, não quero dormir tarde hoje, porque combinei amanhã com Joana na praia – Charles se explica.

— Você está mesmo interessado nessa garota, Charles? – Caroline olha para o irmão com um certo espanto.

— Claro! Ela é linda e parece ser a muito interessante – Charles fala daquele jeito sonhador, que todos já viram antes.

— Ela, realmente, a mais gata do lugar – Dani se manifesta pela primeira vez.

— A irmã e amiga dela, também, não são nada mal – Tom fala, sem pensar, levando um soco no braço da namorada. – Ai! Desculpe, mas você é mais bonita, Louise – ele mente para remediar a situação.

— Você achou a irmã de Joana bonita, Daniel? – Caroline provocou.

— Não, não achei, ela parece um garoto e tem um jeito um tanto arrogante – ele respondeu, com falsa indiferente.

Caroline deu um sorriso de vitória, passando a bela e longa cabeleira longa da cor dourada escura, contudo, sem desconfiar, quais eram os verdadeiros pensamentos de Dani, naquele momento.


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