De repente, você escrita por calivillas


Capítulo 23
Tristeza




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— Então, Caroline, mandou a mensagem para Joana? Explicou a ela porque tivemos que ir embora tão depressa? – Charles perguntou, ansioso, à irmã, que acabara de digitar e enviar a mensagem, sorrindo, satisfeita, para tela do seu telefone, antes de desligar, colocando-o na bolsa.

— Sim, acabei de digitar e enviei, falei tudo que você pediu, Charles. Agora temos que embarcar, se não perderemos o voo – respondeu, com dissimulada inocência, já se levantando do seu lugar.

— Como pude perder meu celular logo hoje! – Charles se lamentou, inconformado, seguindo a irmã.

E o pequeno grupo saiu da sala VIP, em direção ao portão de embarque no aeroporto.

Rodrigo parou de falar ao ver a filha mais velha sair correndo da sala, Elisa acompanhou com o olhar a irmã, apreensiva para segui-la. O pai percebeu a estranha situação e acenou com a cabeça, consentindo, assim Elisa se levantou e correu atrás de Joana. Encontrou-a no quarto, sentada na cama, encarando a tela do telefone, com os olhos vazios e úmidos de lágrimas.

— O que aconteceu, Joana? – perguntou, aflita, em resposta a irmã estendeu o telefone para ela. — O que é isso? – Elisa olhou para o aparelho, sem entender.

— Uma mensagem de Caroline – Joana disse, com uma voz triste.

Elisa começou a ler em voz alta.

— Oi, Joana. Estamos indo embora hoje. Não voltaremos. Charles mandou dizer que foi muito legal conhecer você. Beijos – Abismada, Elisa encarou Joana — Como assim? Muito legal conhecer você? – disse, sem entender a mensagem, se sentindo confusa e indignada.

— E ele nem se deu o trabalho de me escrever – Joana falou, apática, pela tristeza — Pediu a irmã para fazer isso. Como fui idiota, Elisa, em acreditar que ele me amava, me entregar daquele jeito tão apaixonada. – Ela parecia desesperada, mas não chorou, só ficou ali sentada, olhando para as próprias mãos.

— Não, você não foi idiota, Joana. E eu tenho certeza que ele a ama! Estava na cara. Deve ter alguma explicação lógica para isso tudo – Elisa tentou consolar a irmã, sentando-se ao seu lado na cama, passando o braço sobre seus ombros.

— Não, quero me enganar ainda mais, me agarrar em uma ilusão como uma tábua de salvação, tenho que ser realista, Elisa. Charles não me ama. Para ele, devo ter sido apenas algum tipo de desafio. Conquistar a virgenzinha romântica e iludida. Ele deve estar rindo de mim agora – falou com um fio de voz, tentando segurar as lágrimas, que insistiam em cair.

— Olha, Joana pode ser só uma brincadeira de mal gosto. Charles nunca pareceu alguém que faria algo assim. Já tentou falar com ele?

— Sim, mas não consigo.

— Venha! Vamos até a casa deles verificar! — Ela segurou a mão da irmã e a puxou.

— Não, Elisa. Você leu a mensagem, não vou me rebaixar indo até lá — Joana recolheu a mão, sem se mover.

— Mas, pode ser mentira, uma brincadeira de mal gosto de Caroline – Elisa ponderou, cheia de expectativa, tentando convencer Joana.

— Será? – E um pequeno brilho de esperança dançou nos olhos de Joana.

— Só há um meio de saber. Vamos até lá para ver com nossos próprios olhos! – Elisa pegou esse pequeno fio de esperança e procurou trazer sua irmã à tona, da imensa tristeza onde ela submergiu.

As duas andaram depressa pela rua do condomínio, quase correndo, à medida que seu destino se aproximava, mais rápido elas iam, até que, quase sem folego, chegaram na frente do portão aberto. Entraram com cuidado, olhando para os lados, procurando por um rosto conhecido, mas só algumas pessoas cuidavam de recolher o material da festa e fazer a limpeza do lugar.

Ao ver os carros parados na garage, uma pontinha de esperança ficou mais forte no coração de Joana. Elisa foi mais direta e interpelou uma mulher, que varria vigorosamente o chão e pareceu não gostar de ser interrompida.

— Bom dia! Sabe onde estão os moradores da casa? – Elisa perguntou.

— Partiram! – A mulher respondeu, sem rodeio, continuando a varrer.

— Como? – Joana quis saber, ansiosa. A mulher parou, novamente, o que estava fazendo e olhou para elas, sem paciência.

— Foram embora, hoje de manhã. Só deixaram essa bagunça – ela disse, e o pequeno fio de esperança de Joana se rompeu e ela mergulhou na profunda escuridão do desespero.

— Eles não disseram quando iriam voltar? – Elisa tentou mais uma vez.

— Acho que não vão voltar, mandaram arrumar tudo deles que ficou para trás, que depois alguém vai vim aqui para pegar e devolver os carros na locadora – a mulher explicou e voltou a sua tarefa.

Joana ficou ali, paralisada, se vendo afundar mais e mais na tristeza e desilusão, até que Elisa a puxou, a arrastando dali.

— Venha, Joana. Vamos para casa – disse, decidida.

Assim, Joana voltou para casa e para o seu quarto e não saiu mais de lá, durante o resto do dia. Uma pequena romaria tentou animá-la, Elisa, Lilian e Carla, até mesmo Eduardo e Lídia, que enviou a cabeça pela fresta da porta e perguntou se estava tudo bem, mas Joana permanecia deitada na cama, com o olhar perdido, o peito doendo, pois nada pode ser tão doloroso como um coração partido.

Na hora do jantar, Rodrigo sentiu a falta da filha mais velha.

— Ela ainda está no quarto – Lilian respondeu, em voz baixa, solidária com a dor da enteada.

— Ela ainda está assim por causa do namorado, que foi embora? – Rodrigo não parecia muito preocupado com o sofrimento da filha mais velha. – Faz parte, pois toda garota deve ter uma história de desilusão amorosa para contar, assim ela terá assunto para conversar com as amigas e poder falar mal dos homens.

— Rodrigo, como pode ser tão cruel! – Lilian exclamou, chocada.

— Pai, não fale assim! Ela está muito mal! – Elisa replicou, atônita com a frieza demonstrada por ele.

Deitada ali, na sua cama, Joana não sabia que hora era, Elisa já havia chamado para o jantar, mas ela não quis ir, não estava com fome, a tristeza pode ser um alimento substancioso. Foi quando ouviu uma leve batida na porta, porém não respondeu, porque não queria ver ninguém, muito menos conversar, então sem esperar uma resposta, uma pequena fresta surgiu na porta, e voz do pai veio dela.

— Posso entrar?

Surpresa, Joana respondeu que sim, ele entrou parando ao seu lado.

— Olá! – Seu pai entrou sem jeito – Vim ver se você não quer comer algo.

— Não, obrigada, estou sem fome, mas obrigada, pai – Joana respondeu com uma voz monótona, mesmo assim, ele permaneceu parado, parecia pensar, depois de abaixou, sentando-se no chão ao lado dela, face-a-face.

— Joana, o que que podemos fazer para você se sentir melhor? Chocolate, alguns doces ou se você preferir, posso contratar uns caras bem maus para dar uma surra no tal de Charles?

— Não, precisa, pai! – Joana teve que rir da brincadeira inesperada do pai, que suspirou.

— Ainda bem, porque não saberia onde encontrar uns caras assim – brincou, depois mudou de tom — Eu sei que é muito fácil falar, Joana, quando não é com você. Mas é só dar um tempo, que a dor passa, ela vai diminuindo, diminuindo e, quando se menos espera, passou.

— Vai demorar muito? – Joana perguntou, desanimada.

— Depende, se ficar tentando entender ou se culpar por ele ter feito isso com você, vai demorar mais, pois tem coisas que nunca saberemos porque aconteceu, algo que não é culpa sua e nem está sob o seu controle.

— Foi assim com você, quando se separou da mamãe? – Joana tocou em assunto que nunca conversaram.

— Foi. Um dia, sua mãe me disse que não me amava mais, que queria se separar. Eu não esperava por isso, estava tão confiante que minha vida era tão certa, mas não para ela. Então, ela foi embora e ainda levou vocês. Fiquei tão perdido, sem chão. Mas fui melhorando aos poucos e, um dia, conheci Lilian, e eu a amei de uma forma diferente da que amei a mãe de vocês, mesmo assim é amor. Nunca haverá um outro amor como Charles na sua vida, mas haverá outros amores que serão diferentes e tão importante quanto esse.


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