De repente, você escrita por calivillas


Capítulo 17
Despeito




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— E aí, Charles? E sua festa? Você está enrolando muito com isso – Lídia cobrou, assim que se encontraram na praia.

— Lídia! – Joana exclamou, aborrecida com a insistência da irmã, que deixava Charles sem escolha, com um sorriso sem graça.

— Pode deixar, Joana – voltou-se para a irmã. – Então, está combinado para o fim de semana seguinte.

— Até que enfim! – Lídia respondeu com um ar petulante – Posso chamar quem eu quiser? – quis saber

— Lídia! – Joana disse, indignada, a garota revirou os olhos.

— Sim, pode, Lídia – Charles respondeu de modo tolerante, Lídia deu um sorrisinho vitorioso.

— Vá com calma! – Elisa entrou na conversa – Nem a casa, nem a festa são suas, Lídia! Por que você tem que se meter?

— Está bom! - Lídia não parecia muito convencida do que Elisa havia acabado de falar

—  A gente se vê depois – e saiu, arrastando a irmã Maria para o outro lado da praia, a procura dos seus amigos.

Elisa e Joana se entreolharam, com ar preocupado, já imaginando futuros problemas com a irmã mais nova poderia causar.

— Podemos ajudar vocês, Charles – Joana propôs, solicita querendo agradar o namorado.

— Então, vocês poderiam me ajudar encontrar uma empresa para preparar a festa? Não, conhecemos nada nesse lugar.

— Pode ser que Lilian, a nossa madrasta, conheça uma boa empresa para festa. Você não acha, Elisa?

— Com certeza, disso ela deve estar bem muito bem informada.

— Você não vai surfar hoje, Dani? – Caroline perguntou, querendo começar uma conversa, mas ele levantou os olhos do livro que estava lendo, naquele momento, e a mirou como se não entendesse a pergunta.

— Não tem ondas, Caroline – deu uma resposta seca e óbvia, tentou continuar a leitura.

— Uma pena, já que você surfa tão bem – Caroline o elogiou, usando a velha tática da bajulação para atrair a atenção dele – O que você está lendo? – Ela insistiu.

— Um livro sobre a segunda guerra mundial – ele respondeu, mostrando a capa para ela.

— Você gosta muito de ler, por isso é tão inteligente – ela continuava a elogiar, Dani demonstrava sua impaciência pela interrupção.

— A leitura tem duas vantagens – Dani disse, finalmente – a primeira é que ganhamos mais conhecimento, e a segunda que é uma boa desculpa para não precisar conservar.

Caroline não se abalou com o comentário, mas resolveu mudar de sua atenção.

— E você, Elisa?

Elisa levantou a cabeça, olhou para Caroline, tirando os fones de ouvido, para escutá-la melhor.

— Você não está cansada de ficar aqui, sem fazer nada? – Caroline quis saber, com um jeito entediado, olhando os casais a sua volta e Dani perdido na leitura do seu livro - Não gostaria de ir até a água um pouco comigo?

Elisa concordou com a sugestão, pois estava com calor e suada, porém Caroline deu sua última cartada.

— Não quer ir até a água conosco, Dani?

— Não acho que seria uma boa ideia, já que posso apreciá-las melhor daqui, além de não atrapalhar sua conversas e possíveis comentários sobre os demais presentes – Danny respondeu, em tom de brincadeira.

— Elisa, ele está nos chamando de fofoqueiras! – Caroline fingiu indignação – O que deveríamos fazer com ele? Talvez, enterrá-lo na areia?

— Não, vamos apenas ignorá-lo. Esse será o nosso maior castigo para ele. Vamos, Caroline.

— E tomem cuidado com as correntezas! Não quero salvar ninguém hoje – Dani provocou, lembrando-se do que houve com Elisa.

— Ele está com um excelente humor hoje – Elisa observou, assim que se afastaram, eu misto de surpresa e ironia.

As duas caminharam juntas até a água, e como prometeu, Dani levantou os olhos do seu livro para olhar para elas caminhando em direção ao mar, pensando como as duas podiam ser tão completamente diferentes. Elisa com seu jeito tão natural, espontânea e verdadeira, e Caroline tão bem cuidada e sofisticada, com seus gestos e atitudes cuidadosamente estudados, era uma pena que a garota errada é que tivesse interessada nele.

— Eu não entendo com alguém como Dani pode ser tão amigo de alguém como seu irmão? Eles são diferentes – Elisa revelou algo que que ainda a deixava confusa, enquanto caminhavam e entravam, lentamente, na água.

— Acho que um completa o outro, Charles mostra a Dani como ser mais humano, se relacionar com as pessoas. Enquanto Dani ajuda meu irmão a ser forte, mais pé no chão, menos sonhador. Acho que é isso –Caroline resumiu, dando de ombros – Sabe, Charles vive se relacionando com garotas erradas, que o fizeram sofrer muito ou, simplesmente, se desencanta delas, como um passe de mágica. Mas é claro, que não estou falando da sua irmã, ele parece gostar muito dela – Caroline completou com dissimulada inocência.

Elisa sabia que Caroline não perderia a chance de provocá-la e colocar uma dúvida no relacionamento de Charles e Joana.

— Lógico que eu sei disso! – Elisa afirmou, não querendo entrar no jogo dela.

— Sabe, Charles pode ser muito inconstante, um dia está apaixonado e no outro não quer nem mais ver a garota, assim num piscar de olhos e vai embora, deixando tudo para trás, sem ao menos dar nenhuma explicação – Caroline continuou estalando os dedos.

— Ele já fez isso muitas vezes? – Elisa sabia que estava caindo na armadilha dela, mas queria saber mais por causa da irmã.

— O que? Se apaixonar? Muitas vezes! Todo verão, tem uma paixão diferente. Mas, não se preocupe, Elisa. Porque com sua irmã é diferente – ela reafirmou, tentando amenizar suas palavras.

Elisa quis mudar de assunto, porque a cada um ”não se preocupe”, ela se preocupava mais com a irmã tão apaixonada.

— E Dani? O que você sabe dele? – Elisa perguntou, curiosa, de um modo dissimulado, olhando de soslaio para a praia, para ver o rapaz deitado na areia, distraído com seu livro.

— Não muito, apesar dele estudar por muito tempo com Charles. Mas, eu sei que ele é bonito, vem de uma família muito rica e que o pai que o adorava, morreu de repente, foi um acidente de carro. Lembro que Charles comentou alguma coisa desse tipo lá em casa, há alguns anos atrás – Era lógico que Caroline sabia mais sobre ele, mas não estava gostando nada desse súbito interesse de Elisa por Dani.

— E a mãe dele?

— Não sei muito sobre isso. Ele nunca fala dela, mas parece que ela meio que pirou. Só sei da irmã mais nova, Gianne, que está em colégio interno no exterior, só volta para casa nas férias. Vamos sair daqui, Elisa, meus dedos já estão ficando enrugados – Caroline deu uma desculpa querendo encerrar o assunto.

Quando retornou da água, Elisa sentou-se ao lado de Carla e olhou em volta.

— Onde está Eduardo?

— Edu? Ali, brincando com os meus irmãos –  Olhando na direção do olhar de Carla, para ver o primo cercado pelos irmãos da amiga, construindo um castelo de areia.

— Edu? – Elisa perguntou, divertida – Mas ele odiava apelidos – lembrava que seu primo sempre fazia questão que o chamasse pelo nome completo, sem abreviaturas.

— É, a gente combinou assim, eu o chamo de Edu. Ele me contou como mudou depois da morte da mãe, como descobriu que não precisa levar a vida tão a sério, que precisa se divertir um pouco e aproveitar os bons momentos, por isso está tão diferente. Ele é um cara bem legal.

— Eu nunca imaginaria isso - Elisa disse, surpresa.

— Talvez, porque você não deu chance para ele demonstrar essas mudanças.

— Por favor, Carla! Não quero conversar sobre isso outra vez – Elisa suplicou.

— Tudo bem! Essa conversa também está me cansando. Agora, vou levar meus irmãos para casa, almoçar. Edu também vem com a gente, a mama pediu para levá-lo e ele aceitou numa boa. Foi muito corajoso. Quer vir também, Elisa?

— Não, obrigada. Eu prefiro ficar por aqui.


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