Stay Close to Me escrita por Ikarus


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

episódio 10 me destruiu desculpa



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Às vezes eu me pergunto se destino é uma coisa real; se as pessoas estão destinadas a se apaixonarem; se tudo acontece de acordo com um plano maior… Claro, não tenho nenhuma queixa! Aliás, essa história aqui é mais ou menos sobre isso. Meu encontro e reencontro com Yuuri Katsuki não pode ter sido uma mera coincidência.

Não, nós não nos conhecemos pessoalmente naquela noite no aeroporto (em que eu até lhe dei um aceno de mão e pedi para batermos uma foto juntos; foto essa que ele negou, me deu as costas e foi embora). Tudo começou no banquete, logo depois da Final.

Eu não tenho uma boa memória, mas vou fazer o possível para tentar me lembrar de tudo.

Acho que estava conversando com o Yuri (o Plisetsky). Ele comentou alguma coisa sobre um outro Yuri, um japonês. Ele cutucou e apontou para ele logo atrás dizendo “Aquele ali, tá com o técnico dele”. Esse Yuuri Katsuki estava de costas para mim, mas estava meio desanimado. “Ele teve a menor pontuação. Provavelmente vai acabar desistindo da patinação, ” o meu compatriota resmungou de lado.

“Hmm. Isso é bem triste.”

“É uma seleção natural. Ele vai desistir e outros competidores melhores vão assumir o lugar dele. É bem simples, na verdade.”

“Yuri… Eu só espero que um dia você não se decepcione tanto com as suas palavras.”

Eu sabia que o Yuri estava dizendo a verdade, mas… Eu não conseguia sentir desprezo por aquele competidor japonês. Afinal, pouca coisa ele não era por ter chegado na Final do Grand Prix. Ele só era… o pior dos melhores…? Ele obviamente não estava bem ali. Parecia que só viera ao banquete por pura formalidade. Também não conversaria com ninguém. Orientais tendem a ser mais fechados e levam competições muito a sério… É muita pressão em cima daquele garoto.

Fiquei observando-o de longe. Parecia-me que decidira beber sozinho, sem que ninguém o incomodasse. Bom, ninguém estava pedindo fotos com ele… Eu até queria puxar conversa, mas fiquei com medo de me intrometer onde não deveria.

E lá estava ele, taça após taça de champanhe. Deus, ou ele tinha um fígado muito bom ou alguma coisa ia acontecer naquela noite.

Decidi que ele ficaria bem, por final. Eu deveria conversar com alguns técnicos e empresários a respeito de expectativas do ano que se aproximava. A verdade é que tudo aquilo, toda aquela formalidade estava me cansando. Minhas pernas estavam um pouco doloridas dos programas e até quis em certo momento não ter nenhuma preocupação que nem aquele garoto japonês que estava livre para beber e fazer o que quisesse.

Já tinha bebido umas três taças de champanhe. Claro, não era o suficiente para me deixar tonto, mas eu com certeza já não estava mais sóbrio. Eu olhava para a direita e via mares de homens de terno e gravata, mulheres de vestidos longos e caros. Todos contando vantagem, uma briga de egos. Eu só queria ir pra casa ver o meu cachorro e me deitar.

Até que jurei ouvir a voz do Yuri. Parecia que no meio do salão, estava acontecendo alguma coisa. Uma briga?

Dei uma pescoçada e percebi que era mais ou menos um concurso de dança? Com certeza mais interessante do que a conversa sobre patrocinadores. Os desafiantes eram o Yuri e… o Yuuri? Eu até me lembro de ter pensado “Vai ser um boa noite”.

Bom, era para ser uma festa formal. Era pra ser um banquete, todo mundo vestido formalmente, terno, gravata, vestido, joias… Mas não. Tinha dois garotos rodopiando e fazendo piruetas no meio do salão; e, detalhe, só um deles estava bêbado, porque o outro não tem idade o suficiente para beber legalmente (e, aparentemente, também não tem idade para recusar um desafio de dança no meio de um banquete formal).

O japonês já tinha dado um fim no paletó dele. E céus, eu precisava de mais álcool urgentemente. Eu fiquei ali atrás tirando algumas fotos, porque não é sempre que alguém decide fazer um concurso de dança no meio do banquete da Grand Prix.

Aquele Yuuri se movimentava bem pra quem teoricamente bebeu tudo aquilo de champanhe. E… aquilo ali eram passos de breakdance? Ele estava apoiado em apenas uma mão, pernas erguidas no ar. Bom, ao menos, ele tinha um ótimo físico. Ok, confesso que eu me perdia um pouco toda vez que a camisa dele subia e eu via um pouco mais do que deveria. O abdômen dele contraía muito naqueles passos e eu estava tendo uma vista de camarote daquele corpo, coberto de suor e refletindo a luz do salão.

Yuri obviamente perdeu o desafio para o japonês. Fui consolá-lo (depois de tirar umas fotos), mas ele reclamou e foi embora. Dei de ombros. A festa só estava começando.

Tomei mais uma taça de champanhe, e no caminho percebi que Yuuri Katsuki trocava algumas palavras com o Chris. Ok, isso não era bom.

Fui no banheiro, por causa do efeito do álcool. Saí da cabine, lavei as mãos e aproveitei para lavar o rosto. Eu estava quente; e não era por causa do champanhe. Parece que o som da música (agora mais animada) ia me abandonando e o som do meu coração ficava cada vez mais alto. Parecia que meu coração tinha se diluído no meu sangue e todo ele pulsava nas minhas mãos, no meu peito, nos meus pés, no meu peito, na minha garganta e no meu coração. Eu sou meio fraco com álcool, mas aquilo definitivamente não era o champanhe. Era aquele Yuuri.

A música voltou de supetão. Pessoas falando alto e aplaudindo ao ritmo da música. Ok, a festa estava bem mais animada e talvez eu pudesse me divertir mais um pouco antes de voltar para casa.

A cena que eu encontro depois de sair do banheiro masculino é um mastro de pole dance e o tal do Yuuri de cueca e dançando ao som da música. Movimentos fluídos, quase calculados e planejados. Pole dance não é uma coisa fácil e eu não sei o porquê, mas Yuuri sabia o que estava fazendo. E muito bem.

Ele se prendia ao poste com apenas uma das pernas e puxava a outra para trás da própria cabeça, virilha completamente à mostra. Ele subia, rodopiava, se empinava todo, sempre com os olhos entreabertos, observando as pessoas que o devoravam com os olhos. Mas assim que nossos olhares se encontraram, ele não os tirou mais de mim. Eu podia lê-los com clareza: “Não tire seus olhos de mim.”

Eu não tenho nenhum problema com nudez. Mas qualquer pessoa que destine sua nudez a mim tem a minha atenção.

Chris era o próximo, movendo-se com (ouso dizer) maestria e vestindo nada menos do que sua gravata e a cueca. Pelo menos Yuuri teve a decência de não tirar a camisa também. Uma pena.

Mais álcool.

Voltei ao mastro e lá estavam agora os dois, dançando juntos. E Yuuri estava sem a camisa. Pelo meu próprio bem, decidi assistir de longe; eu estava ficando… excitado? Podemos dizer que sim. O que me deixou muito confuso, porque eu quase nunca tive problemas com essas coisas. Mas aquele Yuuri era diferente. Eu estava caindo nas graças dele.

Hora de lavar o rosto de novo. A água gelada me trazia de volta ao mundo real por um tempo só para eu me afogar na música e na imagem daquele corpo de novo. Joguei água na minha nuca para ver se conseguia abaixar minha pressão. Respirei fundo. Uma vez. Duas. Três…

E do nada, a porta do banheiro abre de supetão. Yuuri.

Ele cambaleia, os óculos tortos, o cabelo bagunçado, camisa toda amassada, cinto desfeito, calça com o zíper aberto. Ele parou no meio do caminho e me encarou, olhos meio entreabertos ainda. Encarou-me como fez enquanto dançava no mastro. Eu estava tenso. Ele poderia fazer o que quisesse comigo e eu tenho certeza de que eu obedeceria sem questionamentos. Ele se aproximou, sorrindo. O meu coração acelerou de novo.

“Oi, eu… Eu sou Yuuri,” A voz dele era doce, mas controlada. Hipnotizante. “M-Minhas mãos estão tremendo um p-pouco e eu não consigo fechar a minha camisa.”

Eu estava sem palavras e só depois percebi que também encarava muito. Ele estava chegando muito perto e eu não sabia reagir. Meus olhos estavam presos ao dele, escuros. Eu poderia ser sugado para dentro daquele olhar a qualquer instante.

“A-Ah claro!” eu respondi de impulso. Ele estava meio tonto e não conseguia ficar parado direito. “Se segura em algum lugar pra eu-“ E as mãos dele voaram para os meus ombros. Eu ia falar pra ele se apoiar na pia, mas, BEM, eu não estava em condição nenhuma de reclamar.

Deus, eu só rezava para que ninguém entrasse no banheiro naquele momento. A cueca dele estava meio dobrada pra dentro e um pouco caída, junto com a calça. Segurei o elástico e puxei-o para cima, mais lentamente do que eu desejava. Eu estava lento, de fato; mas até parecia que eu fiz aquilo porque eu quis. Não conseguia parar de olhar para aquele abdômen, todo contraído, esculpido na carne. Toda vez que meus dedos roçavam contra a pele dele, eu me sentia perdido.

Puxei as calças dele para cima, abotoando-a de volta e puxando o zíper. Minhas mãos estavam perto demais da virilha dele, e eu internamente esperava que ele não fizesse nenhum movimento brusco.

Mas o que eu queria e o que ele fez foram coisas bem diferentes. As mãos dele deslizaram dos meus ombros para os meus braços. Eram mãos firmes. Sua cintura foi para a frente e eu senti aquela… protuberância roçando contra os meus dedos. Rapidamente retirei minha mão dali, ocupando-a agora com o cinto.

“Seus braços são fortes.” Sua boca cheirava a álcool. Eu estava muito sem-graça com toda aquela situação, mas eu estava aproveitando cada minuto. Eram belos lábios aqueles. Um rosto redondo, fofo; e uma personalidade que quebrava toda e qualquer primeira impressão que eu tivera dele.

Suas mãos foram ao meu peito e foram descendo pelas laterais do meu corpo, até se alojarem em minha cintura. Era como se me segurasse para que eu não fugisse.

Cinto fechado, agora estava na hora da camisa. Ele se comportou bem, apesar de me encarar durante todo o processo. Yuuri tinha um belo corpo e eu tinha certeza de que não sairia da minha cabeça tão cedo.

Arrumei seus óculos no lugar, refiz sua gravata. “Pronto.”

Ele deu um passo para trás, cambaleou e saiu trôpego do banheiro. Fiquei ali encostado à parede durante um tempo, ainda muito perdido. O que era aquele homem, aquela enxurrada de provocação que acabara de pedir para que eu lhe abotoasse a camisa?

Uau.

Mais álcool. BEM mais álcool.

Estava sentado, as pernas ainda tremendo um pouco de nervoso e tudo que eu tinha na cabeça era aquele japonês seminu. Até parecia uma alucinação, uma loucura espontânea. Como se eu tivesse cochilado naquela cadeira e nunca tivesse saído dali.

A festa estava acabando e uma outra música estava tocando. Mais animada e mais dançante. Eu queria dançar, mas eu ainda parecia estar meio preso ao transe. Não, aquilo era bem real. Yuuri era real.

Foi quando eu vi aquela mão estendida na minha direção. A camisa amarrotada (mas fechada), um sorriso ambíguo (mas amigável) e o óculos de armação azul.

“Eu te desafio.”

“C-Como?”

“Não vou te derrotar no gelo, mas na dança ainda tenho uma chance.”

Sorri. Peguei em sua mão e me levantei. “É o que veremos, Yuuri Katsuki.”

Ele riu e cambaleou em direção ao centro do salão de novo. Ri junto, seus passos saindo um pouco desajeitados de início. Logo logo, ele pegou o jeito de novo, nunca tirando os olhos de mim. Nossos passos começaram a entrar em sincronia, cada vez mais próximos.

Não demorou muito para começarmos a dançar em par. Ele enlaçou um braço ao redor de minha cintura, e confiei em sua força, usando-o de apoio ao inclinar-me para frente. Ele me segurava pela mão e eu rodopiava até ele me puxar de volta e me enlaçando entre seus braços.

Dançamos por muito, muito tempo. Eu não tinha mais energia, mas aquele Yuuri… parecia inesgotável.

Mais tarde na festa, já sem as calças novamente e agora com a gravata amarrada ao redor da cabeça, encontrei-me preso em um abraço (enquanto ele me encoxava).

“Seja o meu técnico, por favor!”

E como eu pude recusar? Até escrevi meu número no braço dele.

Fiquei com esse pedido na cabeça por tanto tempo. As memórias daquela noite pareciam nunca ir embora. Yuuri tinha me dominado por completo e eu queria tanto revê-lo. Mas por que ele me ignorou no aeroporto? Por que não me ligou? Será que ele tinha se arrependido daquela noite? Talvez aquilo não tivesse sido nada, de fato…

Até eu ver aquele vídeo, no qual imitava com perfeição meu programa: “Stay Close to Me”. Era um pedido de desculpas? Era um chamado? Era destino?

Eu não mediria esforços para eu me encontrar com aquele japonês novamente. Não sei se teria uma outra chance novamente.


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Notas finais do capítulo

oi sabia que eu chorei muito porque é mais ou menos assim que eu conheci a minha ex desculpa vou chorar aqui



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