Fix you - One-shot escrita por Suzye Cullen


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Sim, a capa está um horror por ter sido feita por mim mesma. Sim, faz tempo que não posto nada aqui no nyah, porém escutei essa música nos últimos dias e pensei “Por que não?”. Então aqui está mais uma e de uma só vez para não dar tempo de atrasar a atualização almdejbsk
Espero que gostem. Boa leitura!



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— Bella, eu sei que você está aí. Abra a porra da porta! – A voz já irritada de minha cunhada subiu mais duas oitavas ao apertar a campainha e bater à porta de meu quarto na casa de minha mãe, no qual eu estava nos últimos dias, pela milésima vez.

Minha cabeça latejava e eu tinha o estômago embrulhado me lembrando do quão bêbada eu estava. Talvez encher a cara como uma adolescente inconsequente não fosse algo para uma mulher de quase trinta anos fazer. Eu detestava admitir, mas deveria ter ouvido minha mãe nesse quesito.

— Isabella, eu não vou sair enquanto você não me receber!

Senti vontade de rir e quase o fiz – se não fosse por sentir meus lábios tão inchados e por meu estado deplorável.

Alice se cansaria, eventualmente. Ele havia tentado contato comigo nos últimos dias, sempre a mesma coisa: berrava atrás da porta, ameaçava e depois de uma hora ou um pouco mais ela se retirava prometendo voltar no outro dia.

Eu não queria falar com ela, não enquanto eu sabia quais perguntas ela queria me fazer, não enquanto eu sabia que ela defenderia seu irmão com unhas e dentes, não enquanto eu sabia que qualquer coisa que eu dissesse ela contaria a ele. Meu marido. Em breve – e eu sabia pelo papel em minha cabeira que muito em breve mesmo, ex-marido.

Como o já esperado, ela se foi. Esperei escutar a voz de minha mãe lhe dizendo para me dar um tempo mais, no entanto tudo que pude ouvir foi o vazio. Segundos depois a porta de meu quarto estava sendo arrombada e uma Alice furiosa encarava-me.

— Obrigada, Paul. Aqui está.

Observei-a passar uma nota de cinquenta dólares nas mãos do vizinho de minha mãe.

Assim que o mesmo passou pela soleira da porta, agora caída ao chão, minha doce cunhada olhou-me com repressão pondo as mãos na cintura. Engoli em seco e esperei que ela me crucificasse, porém, ao observar meu estado Alice desfez a carranca e suspirou, caminhando até mim e sentando-se na beira de minha minúscula cama de solteiro.

— Bell’s...

Naquele minuto eu soube que ela não me recriminaria. Deixei meu rosto cair sob seu ombro e senti seus braços me circularem. Naquele minuto me permiti chorar mais uma vez.

 

 

 

Solucei por mais alguns minutos e Alice continuava ao meu lado, passando as mãos cuidadosamente em minhas costas. Uma vez recomposta sentei-me direito, endireitando a coluna e encarei minhas mãos.

— Edward é meu irmão e eu o amo. Não aprovo o que vocês fizeram, mas isso não quer dizer que não possa ser sua amiga. – Alice passou a mão por meu rosto e obrigou-me a olhá-la. – Por que, Bell’s? Por que você fez aquilo?

Meu coração retraiu e senti vontade de me afogar em mais uma garrafa de vodca.

— Por favor, Allie... – Implorei fechando os olhos, já sentindo mais lágrimas escorrerem.

— Bella, por favor, eu preciso entender isso! Olhe para mim, droga!

— Saia daqui! Saia, por favor! – Pus-me de pé e sacudi a cabeça evitando lembrar.

— Eu não saio!

De repente Alice também estava de pé e olhava-me com ressentimento. O mesmo ressentimento que eu vi nos olhos dele.

— Vá embora, porra! Se aquele covarde quiser explicações que venha até mim ele mesmo!

— Eu já disse que não saio! Quem está aqui sou eu, eu quero explicações do que aconteceu!

— Eu não tenho absolutamente nada para dizer a você, Alice!

— Você o traiu, Isabella!

Senti um solavanco no peito e a vontade de chorar retornou com força total.

— Ele também me traiu. – Minha voz não passava de um murmúrio e duvidei se Alice tinha ouvido.

— Me ajude a entender. Eu vi vocês juntos minha vida inteira, vocês me fizeram acreditar que é possível amar alguém a vida inteira. O que houve com vocês?

Juntei o pouco de coragem que me restava e olhei nos olhos verdes tão semelhantes aos do meu ruivo.

— Nos quebramos, Alice. Nós nos quebramos.

 

 

 

Após um banho fortificante, vesti calças de moletom e uma camiseta dos Lakers que pertencia à Edward nos tempos de escola. Alice me trouxe café e disse que Renée havia saído com Phil, seu novo marido. Éramos nós duas, uma garrafa de café e a dor em meu peito.

— Como ele está? – Sussurrei com a voz baixa.

— Tão ou pior do que você, se faz com que se sinta melhor.

Sacudi a cabeça.

— Não faz. Não quero o sofrimento do Edward, nunca quis. – Engoli mais do café.

— Então por que diabos você transou com o melhor amigo dele?

Encarei a xícara branca com um papai noel na frente. Havia sido presente dele à mamãe, dona Renée colecionava xícaras e Edward sempre fizera questão de presenteá-la com diversas.

Suspirei pesadamente.

— É complicado. – Murmurei e ouvi Alice bufar. – Você acha que ele toparia me ver agora?

— Eu duvido muito. Mas seria bom, você sabe... Antes de assinarem os papéis. – Minha cunhada esticou as mãos e nos serviu de mais café.

Agradeci mentalmente, minha cabeça e estômago estavam em melhores condições agora, o que era bom pois não gostaria que quando a hora chegasse ele me visse dessa maneira.

— Como é, a dor?

Foi impossível não rir em escárnio.

— Por mais incrível que pareça não dói não o ter mais. – Fiz uma breve pausa para engolir mais café quente. – Eu já não tinha o meu Edward há muito tempo.

Evitei olhar os olhos claros de Alice porque sabia que ela me lançava seu sorriso mais triste, por tanto limitei-me a beber todo o conteúdo da xícara.

Depois disso o silêncio se instalou, não havia nada que quiséssemos falar mais. Alice se foi assim que era tarde suficiente para eu fechasse os olhos e apagasse até o dia seguinte. O dia que eu jamais imaginei que chegaria, mas de forma contraditória, neste momento era o dia que eu mais desejei nos últimos anos.

 

 

 

Acordei bem cedo no dia seguinte, minha mãe estava esbaforida e fazia café quando adentrei na cozinha. Ela fazia café em todas as situações que não sabia o que fazer, era como sua terapia particular. Recordo de quando o coração de meu pai, Charlie Swan, falhou miseravelmente quando eu tinha por volta de dezesseis anos. Minha mãe não soube lidar muito bem na época, e quando os médicos não puderam fazer mais nada e meu velho e bigodudo pai se foi, Renée não soube como me contar. Eu soube quando cheguei em casa após a aula e a encontrei fazendo café. Foi assim quando meu cão adotado morreu, ou meus peixes de estimação, ou minha avó.

O olhar que minha mãe me lançou me fez tentar forçar um sorriso, não acho que funcionou. Um pouco depois estávamos as duas no carro de Phil indo até o escritório de Edward. Reprimi a vontade de correr. Eu odiava aquele maldito lugar que roubou meu marido de mim, odiava com todas as minhas forças.

Ao descer do carro ajustei meu vestido preto de giz e segurei a bolsa de couro mais firme.

— Senhora, Cullen. – A voz da doce Angela, secretária de Edward adentrou meus ouvidos e saudei-a de volta.

Cullen. Em breve não mais, nunca mais.

A reunião seria no escritório de Carlisle, ele estava cuidando de nosso divórcio, como preferido por Edward. Eu agradecia por isso, não seria nenhum pouco agradável entrar no escritório de Edward novamente.

Evitei olhar na direção dos olhares e mais cumprimentos, eu sabia o que eles estavam pensando. A última vez que estive ali havia sido memorável.

Forcei meu corpo para dentro da sala ambientada de meu sogro e quase senti-me desfalecer. Ele estava ali. Em seu terno perfeitamente passado – que eu mesma organizava todos os dias, os fios cobres de seus cabelos completamente no lugar da forma que eu mais detestava, as mãos pálidas repousando na mesa de mogno preta e a expressão... Vazia, do jeito que eu me lembrava. Aquele homem não era meu marido.

Essa constatação me fez andar mais calmamente e sentar-me à direita da mesa, de frente para Edward. Sim, eu queria me divorciar daquele homem.

Senti as vozes ao redor, minha mãe e Carlisle se cumprimentando, Carlisle me cumprimentando, mamãe sentando-se ao meu lado, Carlisle sentando-se na cabeceira e organizando os papéis. No entanto eu não conseguia tirar os olhos dos olhos verdes que outrora eram meus prediletos no mundo. Os milhares de pensamentos em minha mente, os sentimentos revirados.

Tão parecido com meu Edward. Tão parecido, mas não era.

— Bom... Vamos dar início então. Irei cortar certas formalidades, todos sabemos o motivo de estarmos aqui.

Os papéis moveram-se sob a mesa, um parando à minha frente e outro na de Edward. Mesmo assim não desfizemos nosso contato.

— A união foi feita com compartilhamento de bens, então...

— Onde assino, Carlisle? – Questionei puxando a caneta prateada que estava à frente de meu sogro.

Ouvi Edward suspirar, mas não retornei o olhar para ele. Esperei que o belo homem loiro me indicasse o que deveria fazer.

— Eu... – Carlisle pigarreou. – Isso não está seguindo o protocolo à rigor, por tanto não me importo de fugir mais uma vez.

Franzi o cenho enquanto o patriarca Cullen levantava-se e arrumava a gravata. Observei Renée fazer o mesmo e encarei Edward que continuava impassível, distante.

— Mas o que...

— Eu vou dar-lhes um tempo para pensar no assunto, discuti-lo. Volto em meia hora para a decisão final.

Antes que Carlisle e Renée cruzassem a porta, levantei-me.

— Já está decidido. Não há nada para discutir.

Edward não fez nada além de sentar-se mais confortavelmente na cadeira giratória.

Vi Carlisle olhar para o filho com um olhar triste e Renée fazer o mesmo comigo.

— Meia hora.

Bufei inacreditada. Tudo estava decidido, por que diabos teríamos que discutir de novo? Já tive o bastante de gritaria e escândalos.

Sentei-me a contragosto e respirei fundo ignorando o fato de estar no mesmo ambiente que Edward desde os últimos seis dias.

Por quê?

Assim que a voz rouca entrou por meus ouvidos eu pensei no quanto fazia tempo que não o ouvia. Eu poderia dizer que sentia falta de sua voz aveludada e melodiosa que tantas vezes dizia e cantava que me amava a beira do ouvido. Olhei seus olhos incrivelmente verdes e meu coração quase bateu por ele novamente. Tudo que eu vi ali era incompreensão.

— Agora você quer saber? – Minha voz saiu mais carregada de amargura do que eu gostaria, mas não me arrependia. – Da última vez em que tentei explicar você estava ocupado demais comendo Victoria na mesa do seu escritório para me ouvir.

A respiração de Edward ficou acelerada e eu vi a fúria cruzar seus olhos. A mesma fúria de seis dias atrás. Retraí meu corpo na cadeira.

— Eu não precisaria de explicações se você não tivesse fodido no chão da minha casa com Jacob.

A voz rouca carregada de raiva não lembrava em nada a voz do garotinho que cantava músicas para mim antes de dormir, do garoto que dizia pelo telefone que ansiava me ver no outro dia e nem o homem que dizia me amar antes de dormir na nossa cama após uma noite de amor.

— Aliás, você fez muito mais do que foder com meu melhor amigo. Você fodeu o nosso casamento. – Com as narinas infladas e desfazendo a postura de melhor do mundo, Edward esgueirou-se para frente.

A gargalhada saiu pela minha garganta antes que eu pudesse dizer algo. Ele me olhava como se eu fosse louca.

— Você não sabe de nada. – Senti meus músculos inflares. – Eu posso até ter fodido com seu melhor amigo, Edward, mas quem fodeu o nosso casamento foi você!

Seu olhar estava em fúria, ele segurava fortemente nos braços da cadeira e eu esforçava-me para não persistir em uma discussão. Edward pareceu fazer o mesmo, pois minutos depois estávamos os dois em silêncio.

Os trinta minutos infernais acabaram e assim Carlisle retornou à sala. Parecia esperar algo, mas acredito que as expressões em nossos rostos deviam ser bastante explicativas.

— Espero que tenham tomado a decisão correta. – A voz pacífica soou em nossos ouvidos.

— Com toda certeza. – Puxei a caneta novamente. – Onde assino?

Carlisle e seu semblante triste fez-me lembrar do quão doce ele era. Lembrei de como os Cullen acolheram minha mãe e a mim depois da morte de Charlie. Sempre seríamos gratas por todo o apoio dos nossos vizinhos e eu seria excepcionalmente grata por ter dado à vida ao homem que, um dia, foi a razão da minha vida.

Assinei os lugares indicados e senti os olhares de Edward todo instante, no entanto não fiz questão de devolver. Eu não aguentava mais olhá-lo, só queria que isso acabasse logo.

— Vocês têm certeza que não querem esperar mais? Fazer tudo às pressas não é muito bom, podemos marcar uma audiência para o mês que vem.

Meu sogro parecia empenhado em nos manter casados, mas ele não contava com algo.

Eu havia cansado.

— Não há mais nada a ser discutido aqui. – Dizendo isso, não me importei com despedidas, caminhei rapidamente para fora daquele lugar malditamente fodido.

Sentia meu corpo prestes a desfalecer e mantive força nos saltos para não correr de volta implorando para ter o meu ruivo de volta.

 

 

 

 

Não lembrava como, mas me encontrava deitada em forma de bola no sofá de casa. Trajava apenas a antiga camiseta dos Lakers de Edward, algumas garrafas de cerveja ao redor do sofá e pacotes de doces de chocolate. Senti o frio assolar meu corpo e percebi que chovia copiosamente lá fora, o aquecedor de casa nunca fora dos melhores.

Meu coração doía. Será que doía assim nele também? Eu duvidava que qualquer coisa que eu fizesse o chamaria atenção, contudo desejava que pelo menos a dor o fizesse lembrar de mim.

Minha cabeça girou com o zumbido alto da campainha e eu quis gritar para que mamãe atendesse a porta, mas não encontrei voz por estar com a garganta seca. Beberiquei a cerveja e com grande dificuldade me levantei, agradeci por não estar tão grogue. Mirei o grande relógio cuco antigo que um dia pertencera a minha avó e arregalei os olhos ao constatar serem mais de três horas da madrugada.

Caminhei até a porta para parar quem fosse que insistia em fazer aquele barulho estridente tão tarde. Com uma força exagerada abri a porta e tentei segurar-me em terra após ver de quem se tratava.

 

Fix You (Consertar Você)— Coldplay

 

Quando você tenta o seu melhor, mas não tem sucesso

Quando você consegue o que quer, mas não o que precisa

Quando você se sente cansado, mas não consegue dormir

Preso em marcha ré

 

Edward estava encharcado, o moletom preto que devia protege-lo do calor deveria estar lhe dando calafrios. Os lábios estavam demasiados vermelhos, assim como as maças do rosto, eu adorava vê-lo daquele jeito. Os olhos verdes estavam sombreados, as pálpebras pesadas e eu podia jurar que tinham lágrimas ali. Em dois anos, aquela foi a primeira vez que o vi como o meu ruivo. Ao mesmo tempo vi seus olhos passearem por meu corpo e um vestígio de contentamento ao reconhecer sua camisa velha que eu vestia.

— Edward? – Minha voz saiu entrecortada, mas eu sabia que ele havia ouvido.

— Me deixe entrar, por favor. – Sua voz era baixa, mas tão melodiosa quanto eu me lembrava. Era a sua voz doce, pacífica.

Dei passagem para que ele entrasse sabendo que provavelmente mamãe me mataria por deixar alguém tão molhado estragar seu assoalho. Mas eu a pagaria um novinho.

Fechei a porta rapidamente impedindo a frente fria de entrar mais e virei-me para o homem ensopado que olhava atentamente a sala bagunçada com um leve sorriso torto. Droga, era o meu sorriso torto.

— Você não está muito melhor do que eu, sabe disso, não é? – Ele sussurrou virando para mim.

Devolvi o olhar com intensidade dobrada, não tinha o que dizer. Estava confusa demais para falar algo coerente.

Ele pareceu perceber meu desconforto, deu de ombros e pigarreou baixinho.

— Sua... sua mãe. – Ele gesticulou com as mãos, sem jeito e de repente um estalo em minha mente.

Claro. Renée.

Assenti para ele e encostei-me na porta sem saber o que dizer. Edward também parecia sentir o mesmo, ele continuava parado no meio da sala da nova casa de minha mãe, tínhamos vindo pouco aqui já que mamãe se mudou recentemente com o novo marido para o centro da cidade.

Renée viveu na mesma casa em que morou com meu pai durante todos os treze anos depois de sua morte. Levaram longos nove anos até que ela se permitisse conhecer Phil, e o mais surpreendente de tudo é que Edward a incentivou mais do que eu mesma na época. Eles tinham uma relação muito boa, mamãe sempre adorou o lindo garoto ruivo com sardas da casa ao lado.

A convivência de nossas famílias era maravilhosa e é assim desde que eu consigo me lembrar. Renée e Esme tornaram-se grandes amigas, assim como Charlie e Carlisle – o que fez com que Carlisle tivesse sofrido tanto com a morte de papai quanto nós. Éramos como uma grande família, Carlisle e Esme com seus dois adoráveis filhos biológicos, Edward e Alice, e Jasper, seu filho adotivo. O espanto foi enorme quando Alice e Jasper anunciaram sua paixão, não foi fácil, mas eles venceram e se tornaram o casal mais fofo do mundo; minha família era um pouco menor, Charlie, Renée, Emmett e eu. Meu irmão era como um grande gorila - embora dois anos mais novo que eu, ele se mudou para o Canadá quando recebeu uma bolsa em uma renomada universidade por ser o grande quaterback do time da escola. No mesmo ano conheceu Rosalie e cerca de cinco anos depois ela era sua esposa. Eu era feliz por ele, embora tivéssemos pouco contato, Emmett era do tipo de irmão que faria qualquer coisa por você.

O silêncio persistia, até que uma frase saiu por meus lábios de forma tranquila:

Quer café?

 

 

 

Sentados na pequena mesa em forma de círculo da copa de minha mãe, Edward e eu encarávamos nossas xícaras há mais de vinte e dois minutos e cinquenta e dois segundos.

— Se lembra dessa? – Levantei o olhar ao ouvir sua voz. Edward tinha um leve sorriso descontraído nos lábios, em contraste com a tensão em seus ombros. – Fiz o pedido pela internet e contei os dias exatos para que chegasse no dia quatro.

Franzi o cenho e ao perceber meu silêncio, Edward levantou a caneca e logo a compressão me assolou. A xícara era azul e continha uma montagem ridícula de Renée vestida de Uncle Sam.

Sorri de leve e sacudi a cabeça.

— Ela adora essa, você sabe. – Comentei.

— Ela odiou na hora, mas eu sei que é a predileta.

E o silêncio imperou novamente, apenas o barulho do café passando por nossas gargantas era ouvido.

— Não fique brava com a Renée. Ela só esvaziou a casa porque eu implorei a ela. – A voz doce de novo.

— Não estou brava. – Respondi rápido demais.

— Jacob me procurou na sexta.

Engoli em seco. Da última vez que estivemos reunidos não havia sido muito bonito.

— Ele me pediu perdão. Disse que sentia muito. – Edward movia a xícara dentre os dedos em sinal de nervosismos, ele sempre movia demais os dedos quando estava nervoso e aquele Edward...

Aquele Edward eu conhecia.

— Eu pedi perdão a ele também.

Sua frase me pegou de supetão. Soltei a xícara na mesa e suspirei.

— Isabella, por favor... – Ele parecia sufocado ao dizer aquilo.

— O quê?

— Diga algo. Qualquer coisa.

Abaixei o olhar e estiquei os braços debaixo da mesa.

— Assinou o divórcio? – A primeira coisa que me veio à mente para fugir do assunto Jacob.

— Não.

A resposta monossilábica foi rápida e eu queria pergunta-lhe o porquê de não ter assinado, mas não consegui dizer nada pois Edward levantou-se rapidamente.

— Já chega! Eu preciso saber, Isabella. Por quê? Por que fez aquilo?

De forma desesperada ele passou as mãos dentre os fios desgrenhados. O rosto belo tão torturado.

— Edward, por favor, não faça isso. – Murmurei sentindo a cadeira um lugar pequeno demais para a minha vergonha.

— Eu que digo, por favor! Eu preciso entender o que aconteceu, o que eu fiz de errado. Eu preciso saber o que levou você a me trair!

— Para chamar a sua atenção! – Já de pé, meu rosto queimou e eu queria sumir dali assim que senti seu olhar chocado sobre mim. Bufei e resolvi arrancar da garganta tudo que eu entalava de uma vez. – Eu sei que não é algo muito sábio, mas... eu era apenas uma mulher desesperada pela atenção do marido e Jacob estava acessível demais.

Meu marido olhou-me em descrença e seu cenho franzido demonstrava que ele ainda não havia entendido.

— Ouça, Edward... O que eu sou sua? – Perguntei acalmando meus ânimos.

— Esposa. – Ele respondeu tão rápido e eu percebi o quanto ele necessitava daquela conversa.

— E qual a última vez que você me tratou como a porra da sua esposa? – A pergunta saiu sôfrega. – Qual a última vez que me levou para jantar, me contou da merda seu dia? Qual a última vez que fez amor comigo ao invés de foder e disse que me amava no final? Qual a última vez que esteve presente quando eu precisei de você, que me tratou como prioridade?!

As palavras saíam por meus lábios com volúpia e eu lutei com todas as minhas forças para não chorar na frente dele. Já Edward não parecia se esforçar. Eu podia ver minhas palavras entrando em sua pele, seus olhos encherem de lágrimas ao ver o quão ferida eu fui.

— Você não era feliz. – Ele murmurou depois de alguns segundos.

Ri em escárnio rodando sob meus pés com as mãos na cintura.

— Eu fui feliz. Fui feliz durante muitos anos, Edward. Você já me fez a mulher mais feliz do mundo. – Dizendo isso senti algumas lágrimas caindo dentre meus olhos fechando com força. Fechei o punho e criei fôlego para olhar em seus olhos. – Eu era completamente realizada até quatro anos depois do nosso casamento, mas no último ano...

Deixei minha voz morrer assim como eu me sentia.

Eu podia ver o olhar desolado de Edward, as lágrimas banhando seu maxilar travado, suas mãos fechadas em punhos.

— Você deveria ter me contado. Me acordado do transe. – De forma natural Edward já tinha a voz rouca, mas sob efeito do choro o bolo em sua garganta a deixava ainda mais.

— Eu tentei! Edward, eu tentei! – Agoniada, bati na mesa e comecei a andar em círculos pela copa. – Fiz inúmeros jantares a luz de velas, os quais você nunca aparecia na hora ou não aparecia nunca. Eu fiz surpresas para você no escritório, eu marquei até terapia mas você nunca ia, mesmo eu pedindo a Angela para avisar. Eu lutei o que eu pude, mas não aguento mais! Eu não aguento mais!

 

Quando as lágrimas começam a rolar pelo seu rosto

Quando você perde algo que não pode substituir

Quando você ama alguém, mas é desperdiçado

Pode ser pior?

 

Eu já não conseguia segurar as lágrimas ou a agonia e mágoa ao falar. Não tinha mais controle de nada e era tudo visivelmente recíproco.

— Jacob me disse... que tinha visto você chorar algumas vezes. – Ele engoliu em seco. Era difícil para ele tanto quanto para mim, as feridas ainda estavam expostas.

— Eu chorei em cada canto daquela casa. Eu tive que lidar com a sua mudança, com o seu descaso... – Fiz uma pausa para tomar mais ar. – Não que eu não me orgulhe de quem você se tornou como profissional, você sabe o quanto eu sou feliz por ter realizado seus olhos e por ter me ajudado com os meus.

Eu nunca esqueceria que se não fosse pela ajuda de Edward eu jamais teria minha galeria, ser pintora iniciante não pagava muito bem. Edward segurou as pontas diversas vezes e isso eu nunca esqueceria.

— Eu acho que fiquei tão absorto na ideia de poder te comprar uma vida perfeita que esqueci de te fazer feliz. – A amargura na sua voz era enorme e tudo que eu queria era que isso acabasse. Que a dor acabasse.

Os meus soluços e os dele se misturavam no silêncio assolador.

— Você cansou de mim?

Levantei a cabeça e nossos olhares uniram-se. A mistura de sentimentos, a culpa, dor, mágoa, amargura... Eu não via raiva em seu olhar e também não sentia isso.

— Sabe quando eu decidi que não aguentava mais? No dia do seu aniversário, duas semanas atrás. Eu programei tudo, nossas famílias estavam lá, eu mesma fiz o bolo e Alice a decoração. – Sorri tristemente com a lembrança. – Você não me ligou o dia todo e quando eu tentei me comunicar você disse a frase que me matou.

Engoli em seco, meu choro copioso e o aperto forte no peito.

“Eu não tenho tempo para você hoje, Isabella”.

Solucei um pouco mais alto e ouvi-o fazendo o mesmo. Ele lembrava. Me pediu perdão por isso no dia seguinte, mas sabia que não havia passado, mesmo com o colar caro de diamantes que me presenteou.

— Jacob foi o último a sair aquele dia. Você não só não apareceu como viajou com urgência, Jacob estava lá por mim. Jacob quem me segurou nos braços enquanto eu chorava, Jacob quem transou comigo aquela noite. – Falei a sequência observando com atenção seus olhos encherem e esvaziarem as lágrimas repetidas vezes.

Depois do que parecia uma eternidade, estávamos mais controlados e respirando mais calmamente.

— Quando eu soube só conseguia pensar que era minha esposa e ele meu melhor amigo fodendo no meu carpete. Eu fiquei irado, você percebeu. – Ele riu sem humor e logo recompôs a expressão séria. – Depois que o final de semana passou sem que eu tivesse coragem de falar com você e eu tive que voltar para o trabalho, eu vi Victoria na minha sala entregando novos papéis. Eu não pensei em mais nada. Eu não contava que você estava indo até lá, eu só queria me vingar de você. Eu queria que seu ego evaporasse tanto quanto o meu, queria que se sentisse o lixo que eu me sentia.

Não consegui controlar mais soluços ao lembrar da cena. Edward, o meu Edward, debruçado sobre a ruiva com os seis expostos na mesa negra, gemendo o nome do meu marido.

— Eu sou um merda. – Com sofreguidão a frase saiu por sua boca.

Meus membros protestaram para que eu corresse até ele e apartasse sua dor.

— Um merda de marido, um merda de companheiro, um merda de amigo.

Edward socou a parede da copa me fazendo estremecer no lugar e soltar um grito de surpresa.

Limpei a garganta com dificuldade procurando algo para falar.

— Você devia tomar um banho quente. – Corri os olhos por suas roupas rapidamente. – Posso colocar suas roupas para secar, se continuar assim pode pegar um resfriado.

Edward voltou-se para mim com o rosto cansado e ainda molhado pelas lágrimas. Assim que ele assentiu pude soltar o ar que prendia.

 

 

 

Coloquei as roupas na secadora e andei até o quarto de Renée e Phil. Vasculhei o closet em busca de qualquer coisa que coubesse em Edward. Puxei uma calça de moletom cinza e camisa xadrez de flanela, isso deveria o manter aquecido por enquanto.

Nervosamente voltei ao meu quarto e depositei as roupas em cima na cama, Edward estava prestes a sair já que o barulho do chuveiro já não existia. Antes que o previsto, lá estava ele. Enrolado em um roupão branco felpudo, meu marido fitava-me intensamente – possivelmente curioso pela forma que eu olhava seu corpo. Era ridículo me sentir assim, mas eu sabia que era porque ali na minha frente eu via o meu ruivo, o homem pelo qual eu era perdidamente apaixonada. Os cabelos molhados e bagunçados, a pele clara e macia, o maxilar firme em nada a ver com os olhos doces de menino, os lábios carnudos e convidativos. Edward era o homem mais bonito que eu já havia visto. Bonito demais para minha sanidade.

 

Bem no alto ou bem lá embaixo

Quando você está muito apaixonado para esquecer

Mas se você nunca tentar, você nunca saberá

O quanto você vale

 

— Eu tinha esquecido de como você era. – Bobamente eu sussurrei minha desculpa.

Edward sorriu o meu sorriso torto e eu senti o sentimento antigo de ter as pernas bambas por ele.

— Tem roupas enxutas aqui, as suas ainda não secaram. – Gesticulei e caminhei para a saída.

Bells?

Meu coração deu um solavanco. Não passou despercebido ele me chamar pelo apelido.

Girei os calcanhares e ergui uma sobrancelha.

— A filha de Emmett nasceu. – Sua voz era de confusão.

Suspirei e sorri.

— Sim. Ela se chama Claire. Rosalie quase morre com a dor do parto. – Fofoquei.

Edward repetiu meu sorriso.

Olhei de soslaio para a foto enviada por meu irmão dois dias atrás quando sua menina nasceu. Eu não estava bem no momento, mas senti felicidade por ser tia.

— Eu prometi filhos a você. – Edward disse.

Seus olhos estavam sob a foto na cabeceira também.

— Filhos não são concebidos quando você só está preocupado em gozar.

Eu tentei não soltar tanta amargura, porém não consegui segurar. Nossa última noite de sexo havia sido um mês atrás e Edward estava bêbado demais para que eu dividisse que estava ovulando.

— Eu sinto muito. – Olhando em seus olhos eu sabia que ele sentia. E eu também.

— Eu também.

— Não. – Antes que eu virasse totalmente para sair, Edward interrompeu. – Não é sobre isso apenas. Eu sinto muito sobre tudo. Eu não sabia que estava sendo tão cretino assim. Eu sinto muito, de verdade. Sinto muito mesmo.

Meus olhos lacrimejaram e eu pedi aos céus para não chorar mais uma vez.

— Tudo bem. – Quase inaudível eu murmurei.

— Claro que não está tudo bem, Bella. Eu... Porra! – Nervoso, Edward passou as mãos pelos cabelos. – Eu fui muito burro. Eu sou um fodido idiota.

Encolhi-me próximo a porta e desejei que ele parasse de falar.

— Agora eu entendo. Entendo quando disse que eu fodi tudo. – Senti sua inquietação e minha preces aumentaram para que ele não se aproximasse, não quando estávamos tão frágeis.

— Não foi só você. – Admiti baixinho. – Nós dois destruímos nosso casamento, Edward.

Dois segundos e ele estava em minha frente. Esbaforido puxando meu rosto para conectar nossos olhares, seus orbes loucos buscavam algo em mim que eu não sabia identificar.

— Eu preciso que me responda uma coisa, Bella. Uma única coisa. – Quando ele parou brevemente, engoli em seco com medo da pergunta. – Dependendo da sua resposta eu juro que te dou a porcaria do divórcio ou juro por tudo que há de mais sagrado que vou mudar as coisas.

Minhas mãos congelaram e senti meus olhos petrificarem.

Você ainda me ama?

Uma pergunta e eu estava fora de órbita. Meu coração parou e meus músculos travaram. Seus olhos prestavam atenção a cada mínimo movimento meu.

Apertei os olhos com força e lutei para sair de seu aperto. Respirei fundo e caminhei até perto da cama. O coração na boca com os significados daquela conversa, as dúvidas, a dor.

Puxei a foto enviada por Emmett e encarei sua feição ao lado de Rose e da pequena Claire. Uma família feliz. Família. Eu podia ver os olhos de meu irmão e sua esposa brilharem com a realização do sonho. Eu lembro de ver a foto e pensar que queria um bebê também, queria aquela felicidade, aquele olhar bobo. E como um estalo em minha mente, percebi que eu ainda queria aquele olhar nos lindos olhos esmeralda do meu ruivo. Eu queria realizar aquele sonho e mesmo sob estresses eu ainda podia fechar os olhos e imaginar Edward como o único homem que me fez ter vontade de ter uma família.

— Quando Emmett mandou a foto eu pensei “Eu quero um, eu preciso de um desses”. – Ri levemente e virei-me para Edward que olhava-me inquieto em expectativa. – Eu não sei se ainda amo você.

Assisti os ombros largos de Edward tombarem e seu olhar perder o brilho.

— É difícil dizer isso, Edward. Você me mostrou uma pessoa diferente da qual eu vivi toda minha vida, entende? Depois de tantos anos amando quem você era, eu não soube lidar com quem você é agora. Isso é tão confuso. A verdade é que eu não reconheço mais você. – Com tristeza admiti. – Eu amo o meu Edward, o meu menino doce, o meu ruivo divertido e com sardas. O outro Edward não é o homem pelo qual me apaixonei.

Enxuguei a lágrima solitária que escorreu por meu rosto. Abri os olhos e olhei seu rosto contorcido em dor.

— Eu não sei de mais quase nada. A única coisa que eu sei é que quando eu fecho os meus olhos e sonho em ter uma família como a do meu irmão você ainda é o único homem que eu vejo ao meu lado.

 

Lágrimas rolam pelo seu rosto

Eu te prometo que vou aprender com meus erros

Lágrimas rolam pelo seu rosto

E eu

 

 

Sua postura voltou e um sorriso brotou em seus lábios. Retribui o sorriso da forma mais sincera. Aquele sorriso me lembrava do meu ruivo.

O espaço entre nós foi encurtado, as mãos grandes e macias acariciavam meu rosto e eu fechei os olhos apreciando o contato tão íntimo.

— Posso beijar você?

Sorri largamente e dei um leve riso.

Meu Edward doce estava ali naquela frase, o mesmo menino acuado que me dava flores quando eu ficava magoada com algo que ele dizia ou fazia. O mesmo garoto que tremeu na base para me convidar para o baile de formatura, o homem que chorou ao ficar de joelhos para pedir a minha mão.

Sem prolongadas e mais certa do que qualquer coisa, assenti louca para sentir seus lábios quentes nos meus.

Edward também não quis esperar. Sua boca era urgente na minha, como fogo. Meus braços correram para sua nuca e os seus circularam minha cintura. Meu coração bombeava tanto sangue que eu sentia meu corpo todo corar, as batidas do coração de Edward uniram-se com as minhas e minhas pernas não tinham mais forças.

Senti o colchão debaixo do meu corpo e os apertos firmes e urgentes por todo lugar.

— Eu senti tanto a sua falta. – Consegui sussurrar enquanto pausamos para uma lufada de ar.

O sorriso do meu ruivo foi enorme e pude ver o brilho voltar aos seus olhos.

Ele também sentia minha falta.

­Nossos beijos ficaram mais intensos, os rastros de fogo que seus toques me causavam me deixava entorpecida. Seu cheiro amadeirado e forte inebriando-me. Edward era tudo. Sempre seria.

Eu estava a ponto de entrar em erupção, seus beijos em meu pescoço, suas mãos em meus seios, a pele exposta de todo o seu corpo grudado ao meu. Era muita coisa em tão pouco tempo, eu sentia que iria enlouquecer, mas se fosse para enlouquecer, que fosse em seus braços.

Girei nossos corpos, distribuindo beijos pelo seu peito, demorando bastante no pescoço que eu sabia ser sua fraqueza. Edward espalmava minha bunda e seus beijos molhados beijavam qualquer parte que entravam em contato.

Nessa hora nossos gemidos já estavam mais altos do que o permitido para quem tem vizinhos, contudo nenhum de nós se importava. Ele era meu e eu era sua. Novamente nos encontrando, nos amando.

Quando Edward mudou de novo nossas posições e eu esperei com pouquíssima paciência para sentir-me preenchida, observei seus traços esbeltos, voltei a notar depois de muito tempo como ele ficava lindo daquela forma, como seu rosto corava lindamente e seu suor exalava masculinidade.

A música que saía dos nossos movimentos sincronizados entrava por meus ouvidos assim como nossos gemidos e palavras sujas. Nos conhecíamos muito bem, sabíamos qual a força do movimento, qual o movimento, qual toque, quais palavras agradavam mais um ao outro. Com Edward tudo era mais fácil, mais certo, mais verdadeiro.

Quando no fim do nosso momento ele colocou minha cabeça sob seu peito suado e acariciou meus cabelos, me permiti chorar silenciosamente.

— Eu amo você, Bell’s.

Meus lábios curvaram-se em um sorriso grande em meio as lágrimas.

— Assim como eu amo você, meu ruivo.

Ouvi seus batimentos aumentarem e sorri com isso. Tudo parecia tão familiar, tão nós.

— Ainda quer que eu assine aqueles papéis?

Rimos de sua pergunta e eu sacudi a cabeça. Ergui o rosto levemente e encostei o queixo em seu peito para enxergar seu sorriso divertido e travesso voltando ao seu rosto.

— Não vejo necessidade. Gosto de ser a Senhora Edward Cullen.

O sorriso de retorno aqueceu meu coração.

— Então acho que podemos voltar a nossa missão de colocar um bebê Edward Cullen na sua barriga essa noite. – Ele disse fazendo sua dancinha de sobrancelhas.

Gargalhei.

— Sem pressa. – Beijei calidamente seus lábios risonhos. – Temos muito tempo.

Seus olhos encheram-se e eu sabia que minha situação não estava muito diferente.

­– Muito tempo. – Concordou com a voz falha.

Lhe lancei meu melhor sorriso.

— Sabe, talvez Renée estivesse certa esse tempo todo. Talvez café resolva mesmo todos os problemas.

— Por essa eu não esperava. – Edward mudou a expressão para divertida e fingiu pensar. – Hum... Vamos ter que encomendar sua xícara com a caricatura de Uncle Sam!

A gargalhada saiu em alto e bom som, misturando-se com a dele.

— Oh, por favor, não. Tudo menos isso! – Clamei em meio a risos.

­– Você vai odiar na hora, mas juro que vai amar depois. – Com uma piscadela ele me deu um selinho.

Eu tinha certeza que amaria, meu ruivo.

— Bell’s? – Sua voz suave me chamou.

Ergui uma sobrancelha e aguardei. Seu rosto voltou para uma expressão serena, porém preocupada.

— Vai ficar tudo bem, não é, nós dois?

Fitei-o em retorno e estendi a mão suavizando seu cenho franzido.

— É claro que vai. – Assegurei-lhe com toda a minha convicção.

Edward suavizou a respiração e eu agradeci por isso. Seus braços me rodearam e apertaram-me contra seu peito. Permiti minha cabeça descansar em seu pescoço e aspirei seu perfume calmo antes de dizer:

Nós vamos nos consertar.

 

Luzes te guiarão até em casa

E aquecerão teus ossos

E eu tentarei, consertar você


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham curtido!
Obrigada por lerem, amores ;*