Entorpecentes removendo angustias momentâneas.
Esquecendo-se dos problemas, perdido no mundo.
Onde estou? Não importa.
O que estou fazendo? Não importa.
Preso num vicio faminto, devorador, destruidor, voraz.
Qual sentido disso tudo? Por que de tanta dor?
Fugindo para utopia, para uma realidade onírica.
Fechou os olhos, isolou-se, reteve-se.
Acordou assustado, eis que surge um monstro.
Braços longos, pernas curtas, olhos grandes.
Garras compridas e corpo coberto por escamas.
Com uma voz peçonhenta e forte.
De baixíssima frequência e altíssima amplitude.
—Estás perdido garoto? - Perguntou o monstro.
—Não senhor, estava só de passagem - Respondeu o garoto.
—Então não terias problema em me acompanhar?  - Retrucou o monstro.
—Para aonde?
—Para um mundo livre de dor! - Afirmou o monstro elevando o tom de sua voz.
Logo após isso, o garoto recuou com medo. Andando para trás aos poucos.
—Para onde está indo garotinho? - Voltou a perguntar o monstro.
—Para casa! - Afirmou o garoto com a voz tremula.
—Onde é exatamente sua casa?
O garoto parou de se locomover e começou a indagar.
—Onde é minha casa? Eu tenho casa?
Então, nesse meio tempo, o monstro se aproximou do garoto e voltou a lhe pergunta.
—Se tu não tens casa por que não fazes deste local tua casa?
O garoto olhou ao redor e observou a terra devastada, o céu negrume, fósseis estabanados pelo chão e o caos presente em cada átomo presente naquele ar denso e rarefeito. Após observar aquele ambiente, ele perguntou:
—Cade toda a vida deste local?
—Está aqui, na sua frente – Respondeu o monstro.
—Apenas você e eu? – Voltou a perguntar o garoto.
—Sim.
—Não havia outros?
—Sim, havia!
—O que houve com eles?
—Foram devorados por mim.

—E por que você fez isso?
—Para crescer, para adquirir poder, me tornar superior ao demais, além de tudo isso, para controlar tudo e todos – Afirmou com orgulho o monstro.
Após obter essa resposta, o garoto passou por longos 30 segundos para pensar no que lhe foi dito, logo em seguida perguntou:
—Então você fez tudo isso para controlar os indivíduos ao seu redor?
—Sim
—E o que você fará agora que tem apenas você?
—Procurarei outros seres para sobrepor-me e quando esgotar-se irei atrás de outros.
—E quando você morrer, o que fará?
—Farei com que meus sucessores prossigam com meu legado, submetendo outros indivíduos e construindo um império sem fim.
Depois de observar atentamente ao seu redor, o garoto percebeu que estava dentro de uma sala. Que aquele céu negrume era dióxido de carbono, a terra devastada eram cinzas cobrindo o solo, árvores arrancadas pela raiz em prol das fábricas de papel e imensas regiões queimadas visando replantações ,e, acima de tudo os fósseis estabanados no chão eram aquelas pessoas que mais se importavam com ele, e o tal não dava a merecida atenção – sua família e seus amigos.