A Phantom Troupe's Secret Santa escrita por Myara, Drafter


Capítulo 4
Kortopi


Notas iniciais do capítulo

Escrito por Myara



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Ao contrário dos outros, Hisoka não fez muitas cerimônias ao entregar o presente para o seu amigo secreto. Dissera, sim, algumas palavras, porém enigmáticas e escorregadias como ele próprio, e que no final nunca fariam sentido algum, pois Kortopi não dedicaria a elas muito de seu pensamento. O que ele lhe entregou em mãos, em um embrulho executado, ironicamente, com muito cuidado e esmero, era uma litografia de Escher emoldurada, na qual a mão do artista ostentava a esfera que o reflete e ao seu entorno. Uma obra de arte original, evidentemente.

Kortopi, ao refletir sobre seu entorno um segundo após avaliar o seu presente, pôde pressentir que havia alguma influência de Machi sobre aquela escolha, uma vez que ela o observava muito atentamente, poderia até mesmo dizer que com alguma expectativa. Seu olhar demorou-se sobre ela, e ele desejou que a amiga pudesse entender que, em sua face oculta, havia um sorriso grato.

E, em se tratando de gratidão, aquele era um dos sentimentos que carregava em relação ao afortunado nome que estava escrito em seu papel no dia do sorteio — pois o destino armara uma peça para ele, colocando-o entre o homem mais odiado e o homem mais amado da Trupe naquela brincadeira.

Bem verdade, não sabia o que dar a ele, posto que nunca, nada seria o suficiente para alguém como Chrollo Lucilfer. Kortopi, assim como, ele imaginava, a maioria de seus companheiros, daria o próprio nen e a própria vida ao chefe sem que ele precisasse pedir. Era apenas o natural a se fazer por aquele que os encontrou, os recebeu, os reuniu, os aceitou e — sim — os amou quando ninguém mais no mundo o faria. E o pequeno sentia aquilo especialmente, por saber que devido ao seu temperamento pouco dado ao combate e sua baixa força física se comparado aos outros, era muitas vezes subestimado, mas não por Danchou. Para ele, seu talento era tão importante quanto o talento dos demais.

Não havia retribuição material possível para o valor que ser reconhecido daquela maneira tinha.

Ainda assim, refletiu na proposta da brincadeira e decidiu dar a ele o que ele mais gostava: livros. Mas, na busca por livros que fossem únicos à altura de seu amigo, Kortopi viajou para os mais distantes lugares, invadindo discretamente bibliotecas antigas, monastérios e templos para usurpar escrituras sagradas com suas cópias. Os originais agora habitavam a sala ao lado do esconderijo onde estavam: escrituras, sutras, vedas, cabalas, torás e talmudes habitavam agora aquele lugar dessacralizado.

E nas mãos divinas e profanas de Kortopi havia o símbolo daquele presente para representar os outros na hora da troca — as Sagradas Escrituras em sua primeira versão na língua de Constantino —, já que não traria todas aquelas relíquias de uma só vez para o centro da roda. Levantou-se um tanto desajeitado, e sentiu a atenção de todos se voltar a ele. Era hora daquela parte do ritual, embaraçosa para muitos, mas para ele uma chance de expressar gratidão, o que o levou a mostrar uma feição sua que nenhum dos presentes conhecia até então. O sempre tão calado Kortopi era capaz de levantar a voz e discursar eloquentemente: 

— É graças ao meu amigo que estamos aqui hoje, sem ele talvez estivéssemos perdidos nos escombros de Meteor City ou em algum lugar do mundo agora, sem pertencer a nada, sem nenhum motivo para matar ou para morrer.

Como a identidade do presenteado já não era mais um mistério, todos agora olhavam fixamente para Chrollo, alguns esperando sua reação, outros acenando com a cabeça ou sorrindo em concordância com o pequeno homem que falava. Apenas um par de olhos dourados permanecia alheio, fixo em um ponto vazio.

Kortopi prosseguiu:

— Quando éramos invisíveis, ele nos descobriu, nos tornou parte de algo maior do que nós mesmos, membros de algo que nunca morrerá. As patas da Aranha... e tudo o que somos é necessário para mantê-la em movimento, inclusive nossa disposição em não sermos nada. — Kortopi pressionou de leve o grande e pesado embrulho em suas mãos. — Danchou, sei que minhas palavras não são dignas o bastante, mas sei também que as compreende, porque mesmo sendo a cabeça, você sempre nos olhou com igualdade. Eu espero que estas palavras, as palavras dos deuses, possam fazer jus ao que você representa.

Aproximou-se e estendeu a ele o presente. Os olhos de Chrollo brilhavam, levemente marejados, e um sorriso caloroso estava aberto em sua face quando ele aceitou o presente com um agradecimento.


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