FELIZ NATAL, AUGUSTOS

   Os últimos três meses foram os melhores da minha vida, depois do meu pequeno infinito com Augustos é claro.
   Eu, Isaac e Ordalet viajamos para todas as cidades e locais próximos, proveitando cada segundo. Às vezes, me pegava pensando em como a Ordalet e o Augustos se dariam bem. Eu também aproveitei cada momento com meus pais, sorri mais e abracei sem motivos aparentes. 
   Estava nesse momento na minha sala, esperando minha vez no "amigo secreto", meus pais, Ordalet e Isaac estavam presentes.
  - O meu amigo secreto é a Hazel - revelou, Ordalet.
   - Quanta animação, Orda - Isaac disparou.
   - Não enche, eu sou quase uma raio de sol no meio da noite de tão animada! 
   - Tudo bem, chega de "amigo secreto", que tal irmos jantar? - mamãe sugeriu. 
   - Eu estou faminta!! - exclamou a ruiva. 
   Durante todo o jantar, estávamos conversando e sorrindo,  mas no fundo eu sabia que estavam todos receosos, pelo fato de segundo os médicos esse seria meu último dia de vida, não sabendo em que momento irei morrer, poderia morrer agora mesmo e cairia de cara na sobremesa desastrosa e sem gosto da minha mãe, que todos disseram que está muito boa. 
   O mais importante de tudo é que estou bem, estou bem pelo simples fato de ter aproveitado ao máximo e não me arrependo de nada. 
   - Hazel, pode pegar a sobremesa na cozinha? 
   - Claro,  mãe! 
   Abri a geladeira e tirei a travessa de vidro com a sobremesa, me senti tonta e frágil,  coloquei a travessa na pia e me apoiei na mesma.
   - Hazel? Está bem?  - ouvi Ordalet dizer. 
   - Me sinto meio tonta, pode me levar para fora? Só preciso de um pouco de ar.
   - Posso!
  Ela me levou até o jardim e me sentei no balanço.
   - Obrigado, Augustos...
   - Não,  Hazel, é a Ordalet! 
  - Desculpa... - respirei fundo - sabe Orda, você é uma ótima pessoa, uma pessoa revolucionária, obrigada por tudo, minha amiga!  
   - Hazel,  você está muito pálida,  vou chamar seus pais.
   Antes de eu pedir para que ela não chamasse, ela correu para dentro de casa.
   Aqui, no entanto, o último minuto, os últimos cinquenta segundos, meu final nunca foi tão preciso. Olho para trás e percebi que continuei seguindo em frente, abrindo novas portas e fazendo coisas novas, a amizade me conduziu, agora eu sei que ser forte é seguir em frente.
   O mundo pode ser um lugar horrível e assustador, mas acredite: existem mais pessoas boas no mundo que pessoas más, só precisa procurar.
   Sinto flocos de neve caírem em meu rosto, mas não os vejo de fato, escuto os sinos soarem ao longe anunciando que é natal e percebo que estou deitada no gramado, eu vejo Augustos,  provavelmente coisa da minha cabeça, mas gosto de pensar que não. 
   Vejo meus pais correndo em minha direção, mas eu sei que não tenho mais tempo, eu sinto isso.  
   - Feliz natal - é a última coisa que digo.