Different names for the same things - Jily escrita por Bruna Prongs


Capítulo 4
I faded into your past - Lily




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/717494/chapter/4

Minha estadia (de um dia e meio) na enfermaria, acabou atrasando ainda mais meus deveres de Poções, então assim que Madame Pomfrey me liberou - depois de uma série de recomendações e inúmeras doses de poções vitamínicas que tinham gosto de lodo - acabei correndo para a Sala Comunal para finalizar os últimos ajustes na redação. Enrolei o pergaminho às pressas e joguei o resto do material na mochila, saindo praticamente correndo para tentar achar o professor ainda na sala dele. Odiava ficar com dever atrasado e odiava ainda mais a cara de decepção que o professor Slugh provavelmente me lançaria, aquela expressão de “até você assim, Evans?”. Argh.

Por sorte, eu era uma ótima corredora na época da escola trouxa, então já estava acostumada a correr por Hogwarts, por um motivo ou outro. Infelizmente, naquele dia, quase esbarrei na pessoa que menos queria ver no mundo: Severo. E como se não bastasse, estava acompanhado por uma rodinha de sonserinos. Recuei bem à tempo de me esconder atrás de um pilar, enquanto eles passavam conversando em alto e bom tom.

— Já estava na hora de você se livrar daquela sangue-ruim, Snape. – dizia uma das garotas, a voz aguda soando como facas nos meus ouvidos.

Apertei os braços ao redor dos livros que carregava, sacudindo a cabeça e me negando a escutar a resposta que  provavelmente me faria finalmente odiá-lo. Por isso, corri. Corri e corri, até minhas pernas doerem, pedindo desculpas para um ou outro aluno desavisado que eu possa ter esbarrado. Quando achei que minhas pernas não fossem aguentar, me enfiei em um dos armários de vassoura, finalmente conseguindo deixar escapar aquilo que havia me sufocado há dias: o choro. A angústia de perder um amigo. A tristeza de ver um amigo se perder.

Não sei quanto tempo fiquei naquele estado, mas fui despertada e amparada pela última pessoa que eu poderia imaginar nessa situação. Potter.

E deixei, deixei ele me confortar. Deixei ele me desarmar e, no momento, não me importei. Só me dei conta do que estava acontecendo quando a gentileza dele bateu no meu rosto como se fosse um gato morto. O que eu estava fazendo? Precisava correr.

De novo.

Será que eu precisaria passar minha vida inteira correndo? Petúnia, Severo, deveres, calouros, Potter.  Me despedi às pressas, lembrando do dever novamente. Droga.

Quando cheguei à sala do professor Slughorn estava praticamente sem fôlego, o que me fez largar a mochila no chão e colocar as mãos nos joelhos enquanto tentava normalizar a respiração. Por sorte, no momento em que cheguei, ele estava saindo para o jantar, então riu-se todo ao ver meu estado.

— Está fugindo do quê, Srta. Evans? Menina, vai ter um treco, respira fundo. – dizia enquanto voltava de dentro da sala com um copo de água, que bebi ferozmente, desidratada pelas lágrimas e pela corrida.

— Obri… obrigada, professor.  – consegui murmurar assim que pude respirar normalmente de novo. – Eu trouxe o trabalho, o dever… Estava na enfermaria, por isso…

Ele olhou do pergaminho - que eu estendia - para o meu rosto e novamente riu, sacudindo a cabeça.

— Menina, está tudo certo. McGonagall conversou comigo, estávamos todos preocupados com você. Não é do seu feitio vir tão cansada para as aulas, sempre atenta, nós estranhamos. Espero que esteja bem agora. Não precisava ter se preocupado em trazer a redação hoje, mas já que fez tamanho esforço, 10 pontos para a Grifinória pela excelente corredora.  

Ele me analisou por mais um instante e baixei os olhos, envergonhada ao ver que ele devia ter notado meu rosto inchado.

— Agora vá dormir um pouco, descansar. Pelo visto você jogou pelos ares todo o esforço da Madame Pomfrey com essa pequena corrida até aqui… Vai lá, é uma ordem, mocinha.

Agradeci com um sorriso e respirei, finalmente, aliviada em horas enquanto me despedia, não antes de ouvi-lo murmurar algo sobre “jovens! Apressados, é o que são”.

Quando finalmente consegui voltar à Sala Comunal, tinha como objetivo terminar os deveres das outras aulas, que Marlene havia me passado. Não terminar, exatamente, pois havia conseguido fazer boa parte quando Madame Pomfrey estava distraída - o que aconteceu raramente -, então era mais revisar. Mas assim que deixei o corpo se afundar em uma as almofadas aconchegantes do sofá, acabei me deixando descansar a cabeça por cinco minutos. Só cinco minutinhos...

Mas eu estava em frangalhos e quando estou assim sempre acabo pensando demais.

Como eu tinha deixado James Potter “tirar proveito” da minha fragilidade? Me ver naquele estado! Logo ele. Se fosse há um mês, eu teria o expulsado com unhas e dentes daquele armário, teria o azarado e perdido a razão, coisa que não combinava comigo. Mas o Potter sempre teve o dom de me tirar do sério.  Mas, sim, havia um porém… Ele havia mudado. Talvez estivesse amadurecendo, ou sei lá, mas eu não conseguia mais arrumar desculpas para não notar as pequenas atitudes.

A novidade era o time mirim de quadribol. Bem, de começo, achei que era só mais uma desculpa para fugir das aulas e chamar atenção. Era inegável: ele adorava receber atenção e - tenho quase certeza - precisava disso. Mas, como monitora, tive a oportunidade de acompanhar um dos jogos “em terra” dos pequenos e era evidente a alegria de James ao ensiná-los. Foi puro riso, e em um momento de descuido, me peguei rindo também, feliz em poder presenciar aquilo.

O que estava acontecendo comigo? Não me considerava uma pessoa tão orgulhosa assim, mesmo que Melina vivesse repetindo que eu a criatura mais orgulhosa que ela já conheceu. Mas, em geral, eu não tinha grandes problemas em admitir estar errada sobre algo. Mas só de pensar em dar o braço a torcer e admitir que o Potter não era tão ruim assim.. Eu senti um nó no estômago. E era perigoso sentir isso.

Bufei, fechando os olhos para tentar expulsar a ideia da minha cabeça.

Quando abri os olhos novamente, foi porque alguém, delicadamente, cutucava o meu ombro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Different names for the same things - Jily" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.