I Will Survive escrita por Iphegenia


Capítulo 25
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde, queridinhos!

Já de cara eu vou pedir desculpas pelos possível erros. Eu revisei correndo porque estou muito sem tempo e era assim ou não teria capítulo sei lá por mais quantos dias :(

Eu estou muito atolada com a faculdade, muitos trabalhos e estou escrevendo o meu TCC, então mal tenho tempo para respirar. Por isso estou demorando tanto para atualizar. Vocês me perdoam???

Enfim, boa leitura!



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Haviam barracas colocadas sobre a calçada da rua principal com mesas onde dispunham os comes e bebes, com placas coladas acima delas que identificava qual o tipo de alimento continha, como “doces”, “jantar”, “frios” e “bebidas”. Emma e Regina caminharam por todas elas apenas observando até que pegaram duas cervejas e seguiram até o final da rua, onde havia uma mesa com papéis onde podiam escrever os desejos para o próximo ano e guardar dentro de uma garrafa.

— Qual o sentido de guardar aqui? Vamos jogar na água? – Emma girou uma garrafa na mão enfiando um dedo dentro dela, pensando como poderia retirar o papel de lá depois que fosse colocado.

— Claro. Vamos poluir o oceano. Você conhece um jeito melhor de começar o ano? – Regina deu uma leve cotovelada na loira e pegou uma caneta para escrever o seu desejo. – Olha para lá.

Swan revirou os papéis procurando pelo maior pedaço e esperou que a morena lhe desse a caneta.

— Você não precisa olhar para lá. Eu não sou chata. – Emma piscou para a morena e olhou para o papel por alguns segundos antes de finalmente escrever.

“Nós”

 

— Nós? – Regina franziu as sobrancelhas escorando-se na mesa. – Esse é o seu desejo? Só isso?

— “Só”, Regina Mills? Isso é tudo que eu posso desejar. – Emma passou uma mão pela cintura de mulher e a trouxe para ela, colando seus corpos de lado. A loira esperou pelo afastamento da morena, mas ele não veio. Ao invés disso, Regina beijou a bochecha de Emma e guardou o próprio papel dentro de uma das garrafas.

— No último dia do ano que vem nós podemos quebrar a garrafa e conferir se o nosso desejo foi realizado.

— Vocês faziam isso na Floresta Encantada?

— Eu parei de fazer em algum momento da minha vida, mas era uma tradição lá.

— Mary Margaret é mesmo uma apaixonada por tradições. – Emma guardou o próprio papel, soltando-se de Regina, e fechou as duas garrafas com rolha. – Henry estava te procurando, vamos atrás dele?

Giraram o corpo e, antes que um passo fosse dado, depararam-se com David aproximando-se, sorrindo para elas. O príncipe bateu uma mão no ombro da loira e Regina pensou que o homem achava que a filha era um tipo de jogador de softball premiado.

— Aí estão vocês! Já vai começar a última dança do ano, como Snow está com Júlia, você me daria a honra, Regina? – David curvou-se estendendo a mão para a rainha.

Regina entregou sua garrafa para Emma e aceitou a mão do homem caminhando para o círculo que se formava. A salvadora deixou as duas garrafas sobre a mesa e os acompanhou, parando um pouco afastada para observá-los. A orquestra que se posicionou na calçada oposta à que ficavam as barracas, estenderam a introdução da música até que todos estivessem posicionados. Quando seguiram com a canção, Regina repousou uma mão no ombro do príncipe e uniu a outra à mão dele. Um passo para trás, um para a esquerda, dois para frente e os dois já estavam em sintonia com o restante.

— Você quer começar? – Regina tombou a cabeça para a esquerda encarando os olhos verdes tão parecidos aos de Emma.

— Começar? – Charming disfarçou virando o rosto, sorrindo para aqueles que dançavam perto deles.

— Começar a me ameaçar. – Regina girou, ao ritmo da música, e repousou a mão no ombro do homem mais uma vez. – Vai dizer o quê? Que se eu partir o coração da sua filha você vai partir as minhas pernas?

— O quê? – O príncipe encarou-a assustado, mas logo sua expressão suavizou e de sua boca escapou uma risada. – Eu não estava pensando nisso. – Levou mais alguns passos de dança para que ele voltasse a falar. – Emma é muito especial. Ela tem aquele jeito de achar que tudo vai dar errado, o que a faz desistir ou fugir. Mas desta vez, quanto a vocês, ela está realmente tentando. Ela te ama e quer fazer isso dar certo.

Regina encarou o homem com seriedade, dando crédito a ele pela primeira vez na noite. Normalmente ela teria uma boa resposta sarcástica e o deixaria plantado ali, mas não naquele momento, não tratando-se de Emma.

— Eu sei. Eu também estou disposta a isso.

— Eu sei que você não pode me prometer nada, mas eu preciso pedir que não a machuque mais do que ela já é machucada.

— Eu farei o possível, mais do que isso, eu vou cuidar das feridas dela, Charming.

— Apesar disso, eu também preciso dizer que se quebrar o coração dela, eu quebrarei as suas pernas. – David girou Regina uma última vez antes de parar a dança e encarar a morena. – Tem uma pessoa que ensaiou o dia inteiro para dançar com você, acho que deveria dar uma chance. – O homem apontou para uma Emma ansiosa, que os observava enquanto se balançava sobre os pés.

— Vai ser um prazer!

Regina sorriu e elevou a mão na direção de Emma, chamando-a. A loira caminhou hesitante até a morena e segurou a mão que lhe foi oferecida, com a outra, alcançou a cintura de Regina e abriu levemente as pernas posicionando os pés, aguardando o momento apropriado para entrar na dança.

Enquanto Emma concentrava-se em olhar as próprias botas para certificar-se de não errar ou pisar em Regina, a morena apreciava o rosto da salvadora. Seus traços delicados, sua pele clara, as sobrancelhas levemente franzidas denunciando algum tipo de esforço mental – que ela julgou ser para recordar-se dos passos ensaiados –, a boca fina em tom rosado, os olhos verdes, como duas orbes brilhantes de esmeraldas e alguns fios loiros ondulados caindo sobre ele à medida em que movimentavam-se. Pela primeira vez Regina percebeu o que estava acontecendo, a realização lhe atingiu em cheio. Ela estava apaixonada por Emma Swan. E isso não era um peso, ela não estava desesperada ou insegura. Ela estava flutuando. Literalmente flutuando. Seus pés deixaram o chão junto aos de Emma. A loira encarou seu rosto com confusão, mas quando a viu sorrindo, os lábios finos se curvaram também. Instintivamente, uniram mais seus corpos sem interromper a dança, como se a brisa que corria pela cidade fosse um palco. O palco do espetáculo onde profundos sentimentos cresciam.

A cidade inteira parou para observá-las com entusiasmo nos olhos e corpos estáticos, não querendo perder um só segundo do que acontecia. Emma se desestabilizou quando olhou para a plateia que se formou, mas Regina a pegou pela cintura e calmamente desceram até que seus pés tocassem novamente o chão. Henry correu até elas, abraçando-as de uma única vez, com o orgulho saltando de seus olhos como em todas as vezes em que viu suas mães trabalhando juntas, seja para salvar a cidade, para preparar a pipoca que comeriam assistindo algum filme ou lavando a louça. Sem saber o que falar, elas apenas se separaram, ainda sorrindo, seguindo uma para cada lado.

Regina foi até a barraca de bebida, pegou uma cerveja no freezer e sentou sobre ele. A partir daquele ângulo ela conseguia observar seu filho se lambuzando com o jantar que comia de pé, Júlia ainda no colo de Snow, mas tendo a atenção de Emma, que fazia uma palhaçada seguida da outra para fazer a menina se divertir. A morena sentiu quando outra pessoa parou ao seu lado, sabendo exatamente de quem se tratava.

— Muito comovente aquele showzinho.

— Se veio me envenenar contra qualquer pessoa, preciso dizer que não é hoje que isso vai acontecer. – Regina olhou de soslaio para o homem e arrastou-se para que ele pudesse se sentar.

— Interessante jeito de assumir o namoro. Extravagante, é verdade, mas nada que não combine com você.

— Nós não estamos namorando.

— É. – Rumple bateu uma mão contra o joelho de Regina obrigando-a a encará-lo. – Mas eu posso ler o futuro, sabe?!

— Você é ridículo com essa mania de esconder suas visões. A vida seria mais fácil se simplesmente nos contasse. Teria me poupado de muita coisa.

— Talvez eu faça uma parceria com Sidney e passe a publicar minhas previsões diariamente no jornal.

— Ou poderia colocar um banquinho no parque e cobrar por elas.

— Bem, isso é mais a minha cara. – O homem, inevitavelmente, sorriu. Um sorriso divertido, sincero, sem as maldades que tanto o acompanham. Um sorriso de quem conversa com uma amiga de longa data. – Snow já sabia sobre você e a filha dela?

— Só David sabe.

— Oh! Pode apostar que a cidade toda sabe.

— Droga! – Regina suspirou unindo as mãos entre as pernas. – Não tínhamos conversado com Henry ainda. – Levou as mãos aos cabelos, bagunçando-os enquanto inúmeras possíveis reações do filho, após a festa, lhe atormentavam. – Eu nem sei como aquilo aconteceu. Você sabe?

— Não. Mas foi bonito. – Rumple observou Regina arregalar os olhos para ele e girou os seus próprios, imitando-a. – De verdade.

Regina voltou a observar os filhos, dando mais atenção ao Henry em uma vã tentativa de descobrir o que ele estaria pensando naquele momento.

— Você não veio aqui para ter esse papo de comadre e compadre, veio? O que você quer?

— Creio que você ficou sabendo que minha loja foi invadida. – Ao aceno positivo da rainha, o homem continuou. – Tenho razões para acreditar que foi uma das fadas que vieram com o rei Dionísio.

— Elas foram todas embora. Eu me certifiquei de que todos que entraram, saíssem.

— Ela pode ter voltado. – Rumple levantou-se, tocou o ombro de Regina em sinal de despedida e saiu falando por cima dos ombros. – Me procure amanhã.

Sozinha novamente, Regina viu quando os primeiros fogos de artifício foram lançados e explodiram coloridos no céu negro daquela noite. Vermelhos, azuis, verdes, rosas, amarelos, brancos, lilás todas as cores que enfeitavam o céu podiam ser encontradas em seu coração desde a realização daquela noite. E então havia um novo problema pairando em sua vida. A rainha liberou um suspiro cansado, decepcionado, carregado de toda frustração que a cercou durante toda a sua vida. Regina sabia que a suspeita de Rumple tinha fundamento, não por acreditar cegamente no homem, mas porque ela estava feliz e sempre que algo bom acontecia para ela, era seguido de algo ruim.

Caminhou por entre as pessoas que assistiam e aplaudiam os fogos, se abraçando e comemorando a chegada do novo ano. Parou ao lado de David, que segurava uma Júlia assustada no colo. A menina apertava as mãos sobre as orelhas, abafando o som e só as tirou de lá quando viu a mãe, pedindo por ela. Regina a sustentou com um único braço e usou o colo e uma das mãos para cobrir as orelhas da filha, enquanto a menina apertava seus braços. Quando os fogos chegaram ao fim, a morena ajustou a filha nos braços e beijou sua testa.

— Feliz ano novo, meu amor.

 Júlia ergueu a cabeça e beijou o queixo da mãe enquanto enrolava os braços em seu pescoço e descansava a cabeça contra o seu peito. Henry foi até elas e as abraçou, depositando um beijo na bochecha da irmã e recebendo um no mesmo local de sua mãe.

— Feliz ano novo, mamãe.

— Feliz ano novo, querido.

David, que ainda estava parado ao lado, passou os braços pelas costas de Regina e envolveu os três em um abraço. Apenas com o olhar, convidou Emma para juntar-se a eles. A loira passou pela mãe, trazendo-a pela mão, e os seis se uniram.

— Feliz ano novo, família! – David falou entre o ouvido de Regina e Snow.

A princesa olhou de forma tímida da filha para a ex-madrasta, pensando sobre o que havia acontecido entre elas naquela noite. A clareza dos sentimentos, do que elas compartilhavam, não havia sido algo inesperado, embora a intensidade tenha a surpreendido. Apesar do histórico que ela e a rainha tinham, Snow sentia-se verdadeiramente feliz. A princesa quis que Regina fizesse parte da sua família no momento em que colocou os olhos sobre ela, anos atrás, quando a morena salvou sua vida. Ela sentiu que aquilo era o certo. Agora ela finalmente entendia. Estava realmente certa quanto ao seu sentimento, mas equivocada quanto à forma que isso seria possível. A morena não nasceu para ser sua madrasta, ela estava destinada a outra pessoa, estava destina à sua filha.  

— Feliz ano novo, família. – Snow repetiu e sorriu para cada um deles, amassados em um abraço apertado.

Quando soltaram-se do abraço o sorriso de Emma cortava o seu rosto e chegava aos seus olhos com uma facilidade nunca vista antes. Aquele momento era o mais perto que havia chegado de realizar o seu sonho, de ter o desejo de ter uma família completa sendo atendido. Ela tinha os pais, tinha o filho, tinha a mulher que amava e um pacotinho lindo no colo dela, a quem Emma já nutria tanto amor quanto ao próprio filho.

— Eu já vou para casa. – Regina aproximou-se de Emma, trazendo o filho para junto delas com uma mão em seu ombro. – Já passou muito da hora de certa pessoa. – Apontou para Júlia.

— Eu posso acompanhar vocês?

— Não precisa, Swan. Eu acho que vou usar magia. Ela está pesando. – Regina beijou o rosto do filho, despedindo-se e caminhou em direção à mesa onde havia deixado a garrafa com seu desejo no início da noite. Com uma inclinação de cabeça, indicou que Emma a seguisse.

— Eu posso levá-la, se você quiser. – Swan passou os dedos pelos cachos da menina, observando-a ronronar contra o ombro da morena.

— Não precisa mesmo, chegaremos em casa em um passe de mágicas. – Regina piscou para Emma. – Eu acho que depois de hoje, não podemos mais adiar aquela conversa com Henry e Júlia.

— Oi? – A menina mexeu-se no colo da rainha, lutando contra o sono.

— Nada, querida. Volte a dormir. – Regina afagou as costas da menina, balançando-a ritmicamente. – E então? – Voltou-se para Emma.

— Claro. Eu levo Henry amanhã para conversarmos.

— Tudo bem. – Beijando a bochecha de Emma, Regina foi envolvida pelo redemoinho de fumaça roxa. Antes que a morena desaparecesse por completo, Emma pode ouvir uma última frase. – Espero que seu desejo se realize.

***

Era quase horário do almoço quando Emma e Henry cruzaram a porta da mansão. Enquanto o garoto seguia apressado para a cozinha, em busca de algo que pudesse enganar a fome que sentia até o almoço, Swan aproveitou para roubar um rápido selinho de Regina.

— Eu estava com saudade dos seus lábios.

— Eu também. – Regina sorriu bobamente e a beijou novamente.

— Onde está Júlia?

— Brincando no quarto. – A morena afastou-se da loira e caminhou para a cozinha falando baixo. – Henry disse alguma coisa sobre ontem?

— Nada. Mas ele não parece chateado ou mal humorado. Isso é bom, não é?

— É. – Regina escorou-se na porta, observando o filho montar um sanduíche. – Bem, espero que seja.

— Quer que eu busque Júlia? – Emma ofereceu já virando-se em direção a escada.

— Na verdade eu acho que eu deveria conversar com ela sozinha. – Regina sussurrou dando as costas para a cozinha e encarando a loira, que virou-se para ela com a expressão confusa. – Ela pode fazer perguntas que você não está preparada para responder ou que resulte em respostas que ela não está preparada para ouvir, então, eu não quero criar nenhum mal entendido. – A morena viu o rosto de Emma relaxar e se aproximou. – Mas acho que podemos falar com Henry agora.

— Tudo bem. – Swan esfregou as mãos no jeans claro de sua calça e entrou na cozinha sendo seguida por Regina. – Hey, garoto.

— Hey! – Henry levantou os ombros levemente e sentou-se na bancada dando a primeira mordida no sanduíche.

— Nós queremos conversar com você sobre o que aconteceu ontem. – Emma iniciou intercalando os olhares entre o garoto e a morena. – O que vem acontecendo há algum tempo.

— Querido, você se lembra quando Swan e eu nos conhecemos e queríamos no matar? – Regina interveio. O menino sorriu divertido para a lembrança e abandonou o sanduíche no prato a sua frente. – Nós nos conhecemos melhor desde que nos reencontramos meses atrás e descobrimos que temos muito mais em comum do que pensávamos. Descobrimos coisas uma na outra que admiramos e sentimentos que nos fazem bem.

— O que queremos dizer é que estamos juntas. – Emma passou um braço pela cintura de Regina, abraçando-a. – Romanticamente juntas.

— Tipo namorando? – Henry perguntou e viu suas mães olharem uma para a outra, considerando o peso da palavra, do título.

— Tipo namorando. – Foi Regina quem respondeu e recebeu um sorriso brilhante da loira, que beijou sua face levando-a ao rubor.

Ambas sentiam o coração pulsar na garganta, tamanho o nervosismo que aquela conversa provocava. Henry não demonstrava qualquer reação positiva ou negativa. Ao invés disso, ele agarrou seu sanduíche e mordeu mais uma vez, mastigando com calma, seguindo todas as instruções que Regina sempre dera sobre a importância daquilo. Por um momento, a morena arrependeu-se por ter exigido tantas vezes que ele se alimentasse da maneira correta. Se o filho engasgasse ela bateria em suas costas com a palma da mão, lhe daria água e tudo ficaria bem. Mas se Henry repudiasse a ideia de suas mães juntas, Regina não saberia como reagir.

— Eu acho que devemos cantar. – Após um longo minuto, o garoto finalmente falou.

— Cantar?

— Não é isso que a senhora faz quando está feliz? – Henry levantou-se e abraçou as mães, com um sorriso colado em seu rosto. Emma sentiu uma lágrima escorrer por sua bochecha e, logo em seguida, o polegar de Regina a secando. A morena a abraçou por trás e observou o filho encará-las com os olhos brilhando. – Vamos cantar ou não?

— Vamos! – Emma bateu palmas e separou-se de Regina, posicionando-se no centro do cômodo.

— Esperem. – A morena pousou as mãos nos ombros do filho. – Eu preciso conversar com Júlia antes.

A rainha correu para as escadas e a subiu em poucos segundos. Chegando ao quarto da filha, encontrou a menina deitada no tapete com um cavalinho de madeira galopando em sua barriga. Quando entrou no cômodo, a pequena sentou-se e sorriu para a mãe, estendendo-lhe o brinquedo. Regina sentou-se com as pernas cruzadas de frente para a filha e segurou o cavalo.

— Do que você está brincando?

— Vamos passear. – Júlia pegou a boneca chamada Adam e colocou sobre o cavalo.

— Então enquanto passeamos com Adam nós podemos conversar, não podemos?

— Podemos.

— Você se lembra de ontem, quando perguntei se você gostaria que Swan passasse mais tempo com a gente?

— Emma. – A menina disse sem olhar para ela, como uma correção para o nome. – Sim.

— Talvez ela passe. – Regina formou uma pista de hipismo com os objetos que estavam dispersos no chão e deixou que Júlia guiassem o pequeno cavalo de madeira. – Quando duas pessoas se gostam elas passam mais tempo juntas, elas saem juntas, elas participam uma da vida da outra, você me entende? – A morena observou a filha interromper o trajeto e lhe encarar com confusão. – Como James e Stef. Eles se gostam e ficam muito tempo juntos. Entende?

— Sim. – A menina voltou a dar atenção para os brinquedos.

— Swan e eu, nós nos gostamos e queremos passar mais tempo juntas.

— Eles namolam. – Júlia abandonou os brinquedos e descansou as mãos nas coxas, encarando a mãe, referindo-se aos padrinhos. – Na-mo-ram. – Corrigiu-se pausadamente. – Você e Emma namoram?

Regina pensou sobre aquela palavra mais uma vez. Nunca havia conversado com Swan sobre nomear aquele relacionamento, mas analisando como ele acontecia, era exatamente isso. Elas namoravam.

— Sim. Nós namoramos.

— Como você e mamãe?

Aquele era o ponto que Regina temia em que a filha chegasse. A morena sabia que o raciocínio da menina era simples, com lógica própria, incapaz de compreender as complexidades da vida e dos relacionamentos com apenas três anos. Temia qualquer associação que ela pudesse fazer em relação à Luna e Emma. O relacionamento delas era muito recente para esse tipo de laço entre Swan e sua filha. Permitir que Júlia visse em Emma a chance de ter outra mãe era tão irresponsável quanto Leopold havia sido quando se casou com ela para que Snow tivesse uma figura materna. Era precipitado e ela nem mesmo sabia o que Emma sentia em relação à menina.

— Não. Digo, mais ou menos. – Regina remexeu-se em seu lugar e estendeu os braços para que a filha fosse até ela. Quando a pequena aconchegou-se em seu colo, Regina acarinhou suas bochechas e seus cabelos. – O fato de Swan e eu estarmos juntas dessa forma fará com que, consequentemente, vocês fiquem mais tempo juntas também. Vocês podem ser amigas. Você gosta disso?

— Nós somos amigas.

— Então poderão ser ainda mais amigas. Que tal? Você fica feliz com isso?

— Fico.

Regina viu o sorriso crescer nos lábios da filha e ela agitar as mãos como sempre fazia quando estava animada. A rainha levantou-se com a filha no colo e saiu do quarto caminhando em direção a escada. Do alto ela pode ver Henry usar o controle da televisão para escolher uma playlist online.

— Agora nós podemos cantar.

Regina desceu as escadas e colocou a filha no chão que, ao som da introdução da música que Henry escolheu, começou a dançar desajeitadamente. Henry a acompanhou incluindo alguns pulos enquanto Emma buscou pela mão de Regina e entrelaçou seus dedos.

This ain't a song for the broken-hearted

(Esta não é uma canção para quem tem o coração partido)

 

No silent prayer for faith-departed

(Não é uma oração para quem perdeu a fé)

 

I ain't gonna be just a face in the crowd

(Eu não serei só um rosto na multidão)

 

You're gonna hear my voice

(Você vai ouvir minha voz)

 

When I shout it out loud

(Quando eu gritar bem alto)

 

Henry foi até as mães, passou uma mão pela cintura de cada, incentivando-as a pularem com ele.

It's my life

(Esta é a minha vida)

 

It's now or never

(É agora ou nunca)

 

I ain't gonna live forever

(Eu não vou viver para sempre)

 

I just want to live while I'm alive

(Eu apenas quero viver quanto eu estou vivo)

 

(It's my life)

(É a minha vida)

 

My heart is like an open highway

(Meu coração é como uma rodovia aberta)

 

Like frankie said

(Como Frankie disse)

 

I did it my way

(Eu fiz do meu jeito)

 

I just wanna live while I'm alive

(Eu só quero viver enquanto estou vivo)

 

It's my life

(É a minha vida)

Emma passou por trás do filho e agarrou a cintura da morena, encaixando seu rosto no pescoço da rainha, depositando um beijo ali. Regina girou em seus braços, mantendo-as de frente, e a abraçou, iniciando uma dança mais calma. Música após música, os quatro dançaram e cantaram, mesmo que errado, cada uma delas. Mais importante do que saber a letra, do que afinação, era o sentimento que crescia dentro de cada um deles. Henry poderia explodir de felicidade vendo suas mães juntas. Emma tentava controlar a vontade de chorar que sentia cada vez que olhava para o rosto de cada um deles, sua família, porque já era assim que ela via. Regina, finalmente, sentia-se inteira novamente, o vazio de seu coração completamente preenchido e o espaço de Emma nele era cada vez maior. E Júlia, na inocência e ignorância de uma criança, gargalhava com a animação de todos, feliz ao ver que talvez a sua vida poderia voltar a ter todas aquelas cores novamente, mesmo que sua lógica não conseguisse formular tal pensamento, seu coração já havia criado esse sentimento: a esperança.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Mais uma vez, eu sinto muito pela demora.

Responderei aos comentários do capítulo passado e desse assim que tiver um tempinho. Beijos ♥



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