Flores De Maio escrita por Maitê Miasi


Capítulo 34
Que Não Separe O Homem O Que Deus Uniu


Notas iniciais do capítulo

Penúltimo capítulo :'(
Quero dedicar Esse capítulo tão especial a Anna Maria, que recomendou a história. Flor, obrigada por cada palavra, tocou imensamente meu coraçãozinho :) aproveite que o capítulo é teu!



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Bom dia.
Olha as flores que eu trouxe pra você, amor
São pra comemorar aquele dia que passei a viver do teu lado.
Eu me lembro, entre nós não havia quase nada.
E agora é só você que me faz cantar
É só você que me faz cantar... - Los Hermanos
****

~Estêvão~

Tive que reconhecer que ver a Ciça sendo levada por aqueles policiais, me partiu o coração. Ela fez de tudo pra prejudicar todo mundo, e se dar bem, mas dessa vez ela abriu mão do bem estar dela, pra salvar Maria e as crianças, revelou tudo o que havia feito de mal, nos pediu perdão, e o mais incrível, se entregou a polícia, só Deus sabe quanto tempo ela vai passar atrás das grades, e o que ela vai passar lá dentro, afinal, a prisão não é o hotel cinco estrelas que ela tá acostumada.

— Me doeu tanto ver minha mãe daquele jeito. – Disse Fernando. Estávamos em um dos carros que sobrou depois do incêndio, indo pra casa. Eu dirigia, Fernando estava do meu lado, e Maria atrás.

— Eh, eu também não queria que fosse assim, tomara que a pena que ela pegue não seja muito grande. – Comentou Maria com uma carinha triste.

— Pois é. – Falei, não tinha muita coisa pra dizer, às vezes se calar é o melhor a fazer.

Seguimos o restante do caminho em silêncio, e não nos incomodamos por isso. Deixei Fernando na nova casa dele, no apartamento da Lívia, Maria passou para frente, e fomos em direção a nossa casinha, casinha mesmo, pois era pequena demais.

Quando chegamos em casa, aquele silêncio deu lugar a risos, e muitos abraços, Maria era muito carinhosa, qualquer motivo que fosse, ela já estava abraçando as crianças, e Fifi também, essas duas tão num chamego que só, nossa família tá parecendo mais família de comercial de margarina, e eu tô adorando isso.

— Fifi, não sabia que você cozinhava tão bem! – Eu disse me deliciando daquela comida maravilhosa feita pela minha sogra. Nós estávamos espremidos naqueles dois sofás pequenos.

— Ah, que isso Estêvão, não tá isso tudo não. – Ela respondeu, modesta como sempre.

— Ele tem razão tia, não lembrava desse teu lado mestre cuca, pra mim, a senhora só fazia brigadeiro. – Disse Maria brincando.

— Bom, eu tinha que arrumar um jeito de passar o tempo, e cozinhar foi um belo jeito.

— Já temos duas pessoas que cozinham bem aqui, tia Fifi e o meu pai, agora só falta você Maria, tem que correr atrás do prejuízo. – Disse Aninha.

— Ah gente, desculpa, acho que cozinhar não é muito a minha praia, eu prefiro continuar fazendo perfume, enquanto vocês cozinham. – Ela ria, e o seu sorriso era o mas lindo de todos.

— Então vamos deixar cada um fazendo o que faz de melhor, Maria, continue com os perfumes, e deixe a cozinha pra quem entende. – Disse Fifi dando mais uma garfada no seu prato.

— Isso aí.

Depois que terminamos de comer, ficamos conversando, brincando, rindo das coisas mais sem sentido possível. Me lembrei da minha avó, me bateu uma saudade dela, ela ia gostar de tudo isso, e ia ficar feliz pelas coisas estarem tomando um rumo bom. As coisas aconteceram de uma forma tão diferente, a minha vida deu uma volta tão grande, pra que hoje eu pudesse sentar na sala apertada da minha casa, sem me preocupar em sair cedo no dia seguinte pra vender doces no sinal, sem me preocupar com as intermináveis contas de luz na gaveta empoeirada do armário, enfim, ainda bem que nunca reclamei, acho que quando a gente não reclama, as coisas acontecem mais rápido, tudo bem, demorou um pouquinho, mas eu olho a minha volta, e vejo que tenho tudo o que um homem precisa pra ser feliz. Acho que lugar que minha vó estiver, ela também deve tá feliz por mim.

~Maria~

Uma das melhores coisas da vida, é poder deitar a cabeça no travesseiro, e dormir em paz, é isso tem acontecido comigo nos últimos dias, desde que Sérgio morreu, pra ser mais exata. O mais engraçado de tudo, que há muito tempo eu não sabia o que era sentir essa paz, nem quando eu era criança eu sentia isso, vivia numa casa onde só havia discussões, mas eu não faço questão de lembrar dessas coisas do passado, eu costumo dizer que coisas ruins nunca são tão ruins assim, elas servem para o crescimento da gente, e eu cresci, me tornei uma pessoa melhor, pelo menos valorizo os pequenos momentos.

Já estava escurecendo, eu estava no quarto me arrumando pra sair com San Roman, Aninha me fazia companhia.

— Maria, aonde você e meu pai vão? – Ela estava sentada na cama, enquanto eu estava frente ao espelho.

— Eu não sei muito bem. Ele me disse que nós íamos na casa de um amigo que tá fazendo aniversário, acho que um churrasco, se eu não me engano.

— Ah, acho que sei quem é. E por que você tá se arrumando toda?

— Você acha que eu tô exagerando? – Me virei para ela.

— Urrum. – Ela respondeu balançando a cabeça pra cima e pra baixo.

— Eu não tinha percebido. Será que eu for assim, toda maquiada, as pessoas vão me achar uma dondoca metida?

— Ah, isso com certeza, na verdade, eu acho que já te acham bem metida Maria – ela riu – tira um pouco dessa maquiagem, e deixa seu cabelo natural, não se esqueça que você não tá mais no seu condomínio cercada de gente que tem dinheiro, agora você tá morando numa favela, não sei se você percebeu, mas algumas pessoas andam falando de você por aqui.

— Acho que você tem razão – me virei para o espelho, e tentei tirar um pouco da maquiagem, e ficar natural, como ela disse – será que as mulheres daqui já sentiram vontade de me bater, por achar que eu sou esnobe e nariz em pé? – A olhei de novo.

— Ah, provavelmente, acho que só não fizeram por respeito ao meu pai – eu arregalei meus olhos, ela achou minha cara engraçada – tô brincando Maria, relaxa, ninguém vai bater em você não! – Ela caiu na gargalhada.

— Você me assustou Aninha. – Voltei para o espelho, acho que já tava natural. – Então – a olhei de novo – tá melhor assim?

— Tá ótimo! Vai vestir o quê? Por favor, não me diga que vai usar aqueles seus vestidos caros, com sapatos mais caros ainda!

— Não, não sobrou nenhum, o fogo destruiu todos. – Ri.

— Ufa! – Suspirou.

— Seu pai comprou um vestido pra mim, até que eu gostei, ele é estampado com flores, e comprou também uma sandália rasteira.

— Ele sabia que se deixasse você comprar, ia ao shopping, na loja mais cara, comprar O VESTIDO – enfatizou – pra ir num churrasco.

— Vocês podiam relevar né, eu nunca morei numa favela, e o jeito que as mulheres se vestem aqui, são totalmente diferente do modo que eu me vestia, e não é fácil se acostumar com esse novo guarda roupa.

Ela ficou a rir de mim. Eu me acostumei com tudo, mas o mais difícil foi ter que me vestir de forma diferente de como eu me vestia antes. Tentei não mudar o padrão de roupas de trabalho, eu não me sentiria eu indo trabalhar com roupas diferente das antigas, mas quando estava em casa, não ligava muito, me sentia estranha, mas não ligava.

Por fim, estava pronta. Um vestido estampado, e bem alegre, um pouco acima dos joelhos, uma sandália baixa, e um rabo de cavalo no cabelo, com uma franja na lateral, a maquiagem foi aprovada pela Aninha, que bom, assim não correria o risco de ser linchada por ser a metida e nojenta.

— E então, como estou? – Perguntei dando uma voltinha.

— Tá linda, como sempre. Você pode botar as roupas mais estranhas do mundo, mais vai continuar sendo linda. – Ela me olhou com um sorriso diferente.

— Que foi? – Me sentei na cama ao seu lado.

— Não foi nada. – Ela ficou quieta, e eu continuei olhando pra ela, até que ela voltou a falar. – Maria, eu posso te pedir uma coisa?

— Qualquer coisa, só espero que não tenha a ver com fogo, por favor.

— Não, não tem nada a ver com fogo não, e outra coisa.

— Então peça.

— É que... – Ela tava notavelmente sem graça. – Eu queria saber se eu podia te chamar de mãe. – Olhou para o chão.

— Você quer saber se pode me chamar de mãe?

— Maria, se você não quiser, eu vou entender.

— Aninha, claro que você pode me chamar de mãe! – Eu segurei seu queixo com carinho, e a fiz olhar pra mim. – Eu vou amar ouvir você me chamando de mãe, meu amor.

Ver aquele sorrisinho sempre me fez bem, mas nesse dia, ver Aninha sorrindo, me deu uma alegria tão grande. Minha filha mais velha, ouvi-la me chamando de mãe só vai me fazer mais feliz ainda.

— Mãe. – Ela me disse com um sorriso enorme.

— Repete. – Pedi.

— Mãe.

— Repete de novo.

— Mãe, mãe, mãe!

Nos abraçamos, rindo, e eu fazia cócegas nela, e acabamos caindo na cama de tanto rir.

****


Foi difícil me desgrudar da Aninha, mas tive que fazer isso, senão não sairia de casa, e Estêvão já estava me apressando, homens.

Chegamos na casa do amigo dele, e já tinha bastante pessoas. Aquela festa era o famoso churrasco na laje, e eu nunca havia ido em um. Fiquei um pouco desconfortável, e me sentia como um peixe fora d'água, pelo menos Estêvão ficou o tempo todo do meu lado, menos mal.

Se eu tivesse vindo a essa festa como ia as outras festas, me sentiria mais desconfortável ainda. As mulheres usavam mini shorts, mini blusas, tudo era mini, menos os saltos, esses eram gigantes, me perguntei por diversas vezes como elas conseguiam dançar daquela forma em cima daqueles sapatos; os homens usavam umas blusas com fotos de mulheres seminuas, e bermudas que não combinavam nenhum pouco com a blusa, e o cabelo? Eles tingiam o cabelo com água oxigenada! E não era só o da cabeça, mas da barba, pernas e braços também. A música que tocava era do mesmo estilo que tocou na festa da mansão, é claro, eu não ia lembrar a letra, mais o ritmo era bem parecido, aliás, eu não conseguia entender o que dizia na letra da música.

— Meu amor, trouxe pra você. – Era um pratinho de plástico, com carne, partes de frango e linguiça.

— Obrigada amor. – Sorri. – Mas você esqueceu de trazer um garfo e uma faca.

Ele riu, mas não seu se foi de mim, ou pra mim.

— Amor, não precisa de garfo e faca pra comer isso, é só pegar com a mão.

— Com a mão?

— É Maria. Olha – ele pegou uma carne e colocou na boca – não é simples?

Imitei ele. Sim, era bem simples, e não é que era gostoso também? Não demorou pra que eu devorasse tudo o que tinha naquele pratinho, pedi mais, e lambi os dedos, se Cecília visse isso, ia me recriminar, com certeza, ela é a rainha da etiqueta.

Depois Estêvão me trouxe outro pratinho, só que dessa vez, com comida. Eu só conhecia o arroz ali, os outros alimentos e eu ainda não havíamos sido apresentados.

— Maria, isso aqui é vinagrete – apontava, esse molho não passava de cebola, tomate e pimentão cortados em cubinhos – isso é farofa – farofa eu sabia o que era – e macarronese – macarrão misturado com maionese, nunca havia comido – bom apetite!

Eu comi, e gostei. Mas tive que rebolar pra não deixar a comida sair do prato, não é tão fácil quanto parece comer comer com um garfo de plástico.

Estêvão me olhava, tinha certeza que ele queria rir da minha falta de jeito.

~Estêvão~

Tava começando achar que, para Maria, era mais complicado comer usando as mãos, do que sair duma casa pegando fogo. Ela saiu da mansão, mas não perdeu os hábitos, e acho que nunca vai perder, ela é fina até comendo uma asa de frango com a mão! Confesso que me diverti vendo ela daquele jeito, era cômico, algumas vezes tive que ir até ela tirar vestígios de farofa do canto da sua boca, e ela acabou rindo dela mesmo.

— Amor, vem dançar?

— Ah San Roman! Não me peça isso, por favor! Você sabe muito bem que eu não sei dançar esse tipo de música.

— Vem Maria, você vai aprender num instante.

Eu não deixei que ela pensasse muito, e puxei ela. Pedi a umas amigas minhas que ensinassem ela a dançar, ela ficou vermelha de tanta vergonha.

E lá estava ela no meio das meninas. Foi uma difícil missão pra elas ensinar Maria a dançar, mas finalmente ela conseguiu aprender uns passinhos. Pra quem só dançava valsa, até que ela se saiu bem, quem diria que eu iria ver Maria se requebrando.

— Satisfeito? – Ela veio até mim quando a música acabou com a respiração ofegante.

— Você leva jeito meu amor.

— Mas fica como experiência, nunca vou me esquecer que dancei funk num churrasco na laje.

— Sabe sambar?

— Ah não Estêvão, não inventa!

Pedi pra soltar um samba, e puxei ela. Acho que ela ficou melhor no funk do que no samba, ela mais pisou no meu pé, do que acertou o passo. Nós dois dançamos, ou fingimos que dançávamos, até perder o fôlego, até ficarmos suados, e eu pedir pra darmos um tempo, chegou um momento que Maria se empolgou e não queria mais parar de dançar, sabia que ela ia acabar gostando, não tem um que não se entrega ao ritmo da favela.

Já era tarde, e todo mundo já tava indo embora, uma coisa boa de morar do lado do dono da festa, é que você não tem que se preocupar com a hora que vai chegar em casa. Antes de irmos pra casa, eu quis levar a um lugar na favela especial pra mim, onde eu costumava ir pra pensar na vida, antes, não entendia o porquê da dureza da vida, não só na questão do dinheiro, mas era dura em todos os aspectos, mas agora, eu fico a pensar, e agradecer por tantas coisas boas que me aconteceu, às vezes me pergunto, eu mereço isso tudo?

— Então aqui é seu lugar de reflexão? – Ela me perguntou sorrindo. Eu coloquei um pedaço de papelão no chão, e ela se sentou.

— É – me sentei do seu lado, no chão mesmo sem papelão – você tinha a estufa como lugar preferido, é esse lugar é um dos meus.

— É bem bonito.

— De dia dar pra ver o mar, lá longe – apontei – eu ficava feliz só em poder ver o mar, mas não tinha muito pra ir, então, só admirava mesmo.

Nós ficamos em silêncio por um tempinho, e dessa vez, por incrível que pareça, ela falou primeiro.

— Hoje foi um dia bom, há tempos não me divertia assim – sorriu docemente – acho ate que gostei de dançar aquelas músicas malucas.

— Não são malucas Maria, são boas, você que tá acostumada com essas músicas mais dá vontade de dormir, que outra coisa.

— Tá, talvez você tenha razão, as músicas que eu ouço são um pouco chatas...

— Ahhh. – A cortei, sabia que eu tinha razão.

— Mas isso não quer dizer que as suas são as melhores do mundo.

Rimos um do outro, pelo nosso gosto musical, e ficamos olhando o horizonte. Dessa vez eu rompi o silêncio.

— Agora que Cecília me devolveu o dinheiro, podemos pensar em comprar um casa pra gente, você escolhe o lugar.

— Ah San Roman, se você quiser, a gente pode morar aqui, eu não quero que você tenha que sair daqui por mim.

— Ei – toquei seu queixo – eu não importo onde vou estar, o que realmente importa, é se você vai estar comigo, e além do mais, eu vou me adaptar a outro lugar mais facilmente do que você aqui.

— Tem certeza disso?

— Claro que sim meu amor. E temos que achar essa casa o quanto antes, eu não aguento mais todo mundo dormindo no mesmo quarto, você não sabe o quanto é difícil ter que reprimir minha vontade de fazer amor contigo de madrugada porque o Enriquinho tá no nosso meio.

— San Roman! – Riu.

— É sério.

— Tudo bem. Vou deixar essa missão pra tia Fifi. Não precisamos de uma casa enorme, só um lugar bastante confortável, com um quintal bem grandes pra que as crianças fiquem a vontade, e uma estufa.

— Que seja como você quiser meu amor.

Busquei seus lábios num beijo doce e delicado, como uma brisa suave. Eu continuaria beijando ela por toda a noite, mas não ficaria somente em seus lábios, mas beijaria todo seu corpo, incansavelmente, toda noite, todos os dias, toda a vida.

Cessamos o beijo, e ficamos em silêncio, apreciando a beleza da noite, sentindo aquele vento que nos invadia, e ouvindo ao longe o barulho das ondas batendo nas pedras. Ela falou primeiro de novo.

— Estêvão? – Ela olhava para o nada.

— Hum? – Não a olhei, mas percebi que ela voltou seus olhos pra mim.

— Casa comigo?

Não acreditei no que Maria havia acabado de me pedir, a olhei com dois olhos esbugalhados, ela sorriu.

— E então, aceita se casar comigo?

— É isso mesmo Maria? Você tá me pedindo em casamento?

— Urrum.

— Mas não era pra eu te fazer o pedido? Não estamos seguindo o script.

— Nós não estamos seguindo o script há muito tempo – riu – você ainda não respondeu a minha pergunta.

— É claro que eu aceito me casar contigo! É o que eu mais quero nesse mundo!

****


~Maria~

Há tempos não tinha uma noite como ontem, céus, que noite foi aquela? Estêvão e eu não voltamos pra casa, fomos comemorar o nosso casamento que acontecerá em breve. Fizemos amor sem nos preocupar com quem poderia descobrir, ou com um peso na consciência por estar agindo de forma errada, dessa vez éramos livres, eu estava livre pra me sentir amada, e amar sem reservas, amar por inteiro.

Fui para o trabalho, e nem passei em casa, apenas deixei um recado pra minha tia, dizendo que estava viva e que ela não precisaria de preocupar. Não era só o San Roman e eu que eram só sorrisos, havia outro casal que parecia ter visto o passarinho verde.

— Oi Lívia! Como andam as coisas? – Ela estava no corredor.

— Bem Maria, você que parece que ganhou na loteria.

— Melhor que isso. Você tá olhando pra futura senhora San Roman. – Apontei para mim mesmo.

— Não me diga que Estêvão te pediu em casamento?

— Na verdade eu o pedi em casamento.

— Ah não me diga Maria, você pediu ele em casamento?

— Somos um casal moderno. – Pisquei.

— E quando será esse casório?

— O mais breve possível.

— Então, já que a senhora está tão inspirada, que tal escolher o nome do perfume.

— Eu escolher? Lívia, eu não pensei em nada.

— Estêvão! – Ela gritou e não demorou pra que ele viesse até nós.

— Oi.

— Escolha um nome pro nosso perfume problemático.

— Um nome? Qualquer nome?

— Isso.

— Hum. – Ele olhou pro alto pensando. – Maria!

— Maria?! – Nos duas falamos ao mesmo tempo.

— É ué, vocês disseram que eu poderia escolher qualquer nome, Maria é um belo nome.

— Eu tô sem graça. – Acho que cheguei a ficar vermelha.

— Assim não vale, Fernando vai ter que dar uma ideia de algum perfume, e colocar o nome de Lívia.

Nós três rimos. E ficou decidido, o nosso “perfume problemático” como Lívia disse, ia se chamar Maria.

****


Os dias trataram de passar rápido. Quando piscamos os olhos, já estávamos na casa nova, que foi escolhida pela minha mãe, lugar super agradável, e grande, mas não grande demais, e eu tinha minha estufa de novo.

Ficamos nos preparativos do casamento, mas eu queria que fosse o casamento do ano, com tudo o que tu tinha direito. As coisas demoraram mais porque Estêvão e minha mãe ficaram dizendo que eu tinha que repousar, porque estava grávida, e não podia fazermuito esforço, eu podia fazer o que? Nada, tinha que ir no ritmo deles.

Estávamos num passo tão lento, que se passaram quatro meses, e eu já ia sabe o sexo do bebê que estava no meu ventre. Uma emoção incondicional tomou conta de mim quando vi aquele serzinho naquela tela, e uma emoção maior ainda me envolveu quando soube que era uma menina que estava a caminho.

— Liz, minha pequena Liz!

Não tive dúvidas do nome que ela teria, Liz, como uma flor, flor de liz, eu já contava os dias pra poder tê-la nos meus braços, e dar a ela todo o carinho do mundo.

~Estêvão~

Eu já tinha escolhido o nome que meu filho ou filha teria, se fosse menino, se chamaria Pedro, e se fosse menina, Catarina, como minha vó, mas gostei do nome que Maria escolheu, Liz, bonito nome, eu nunca tinha ouvido, mas achei diferente, um diferente bonito.

Depois que descobrimos o sexo do bebê, Maria ficou mais elétrica que nunca, ela queria porque queria agilizar as coisas do casamento, mesmo Fifi e eu pedindo que ela não abusasse, e ela dizia que ficasse no nosso ritmo, a gente ia casar no dia do nascimento da Liz, e ela acabou ganhando, ela sempre ganha. E o grande dia chegou.

Tava tudo tão bonito, ao ar livre, ela não queria que fosse na igreja. Não faltou flores, claro, e como poderia faltar. Eu estava numa ansiedade só, não tinha mais unhas no meu dedo, eu estava uma pilha de nervos.

— Estêvão, calma, ela vai vir. – Lívia veio até a mim, me acalmar.

Eu não aguentava mais balançar as pernas, tomar água, secar o suor da minha testa, quem foi que criou essa tradição que noivas tem que se atrasar? Só pode ter sido as sogras, pra atormentar os genros, se bem que eu não tenho nada a reclamar da minha.

E finalmente a marcha nupcial tocou. Eu a vi entrando, meu coração disparou. Linda, ela estava linda! Um belo vestido branco, cabelo com um coque, e belo buquê. Fernando a trazia. Não sabia dizer qual sorriso era maior, o meu, ou o dela. Cada passo que ela dava, parecia que eu ficava mais ansioso, parecia que ela não ia chegar nunca até o altar, mas enfim, ela chegou.

— Cuida bem da minha irmã tá. – Fernando disse me entregando-a.

— Pode ficar tranquilo.

Beijei sua testa, e nos colocamos no nosso lugar.

Enquanto o padre fazia seu discurso, dava pra ouvir os choros das mulheres, principalmente da Fifi,, essa chorava mais que todas. O padre falava e um filme se passava na minha cabeça, a primeira vez que nos vimos, a primeira palavra trocada, o primeiro toque, a primeira dança, e o primeiro beijo, como esqueceria o nosso primeiro beijo? Todas as lembranças vieram em minha mente, os bons momentos, e os ruins também. Já cheguei a pensar que nunca estaríamos nessa posição, mas hoje, ela será minha mulher por inteiro.

— Maria Cristina Fernandez, você aceita Estêvão San Roman como seu legítimo esposo?

— Sim! – Ela respondeu me olhando com os olhos brilhando.

— Estêvão San Roman, você aceita Maria Cristina Fernandez como sua legitima esposa?

— Sim!

— Eu vos declaro como marido e mulher, pode beijar a noiva!

Eu toquei seu rosto antes de beija-la, queria ter certeza que não era um sonho. Eu a beijei sem medo, sem temor, sem pensar que estaria pecando, dessa vez não a beijei como minha amante, a beijei como minha esposa, minha mulher, e eu sabia que poderia beija-la assim pro resto das nossas vidas, até que a morte nos separasse.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem.



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