Flores De Maio escrita por Maitê Miasi


Capítulo 31
Todos Os Sentimentos Se Converteram Em Ódio


Notas iniciais do capítulo

Reta final
(Não revisei.)



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Me perguntas por que compro

 arroz e flores? Compro arroz para

 viver e flores  para ter algo pelo

 que viver. – Confúcio

****

Maria ainda se debateu enquanto Sérgio a segurava com força, mas foi inútil, pois não demorou muito para que perdesse a consciência, fazendo o trabalho de Sérgio muito mais fácil.

****

Pouco tempo depois, eles estavam no esconderijo de Sérgio, não fora difícil para ele entrar naquela casa e sair sem ser notado, afinal, esses anos vivendo na mesma só serviu para que ele conhecesse minuciosamente cada canto daquela mansão, é, ele fora esperto.

Maria despertava vagamente. Ela estava com mãos e pernas amarradas, como se fosse um verdadeiro animal, Sérgio a olhava, sentado numa poltrona bastante confortável, como se vê-la naquele estado fosse um belíssimo espetáculo.

— Oi amorzinho! Já estava na hora de você acordar, por um momento, pensei que tivesse te matado, mas ainda bem que não, ainda não é a hora. – Soltou uma gargalhada diabólica.

— Sérgio, seu maldito! – Falava com um pouco de dificuldade, ainda por conta da droga que Sérgio usara para dopa-la. – Você está louco, desiste desse seu plano de vingança, não vai dar cer... – Ela perdeu a fala quando olhou para o lado, e seu deu conta que os dois não eram os únicos presentes ali.

— Que foi? A gatinha perdeu a língua? – Ria. – Sabe, eu não ia trazer os dois, não agora, mas eles me viram, e não tive outra opção, senão eles iam estragar meus planos, sabe como é né amor.

— Deixe os dois em paz Sérgio, eles não tem nada a ver com isso! Se você quiser fazer alguma coisa comigo, que faça, mas eles são crianças, são inocentes, não tem culpa de nada! – Ela gritava, e tentava se soltar, mas era impossível.

— Infelizmente você tá errada meu amor, ninguém dessa família presta, nem ao menos essas duas crianças encantadoras. Vai ser uma​ pena se esses dois deixarem de existir, as agências de modelos infantis vão perder dois belos rostinhos, porque, eu acho, que eles seriam modelos fofinhos, mas – suspirou – eles nasceram na família errada. – Sorriu cinicamente.

Sérgio também havia levado Ana Lara e o pequeno Enrico consigo. Os pequenos também estavam amarrados como Maria, mas Sérgio os amordaçou, para não ouvir o possível choro dos dois.

— Não foi com você que eu me casei, seu monstro! – Gritava fazendo cara de nojo.

— Esse sempre fui eu, meu amor, mas, sabe, a gente tem que fazer certos sacrifícios para conseguir o que quer, mas não fique triste, a melhor parte disso tudo, é que me casei com uma mulher linda, eh, sempre tive que reconhecer, que apesar de tudo, você sempre foi, e é linda Maria, mas não podia me deixar levar pela sua beleza, eu tinha que focar na minha missão, não é mesmo?

— Ah Sérgio, se arrependimento matasse...

— Você estaria morta? – A cortou. – Eu conheço esse texto amor, mas já que não mata eu vou fazer isso. – Sorriu maléfico.

— Eu não tenho culpa de nada. Eu era uma criança quando Enrico e Cecília resolveram matar meu pai! Essa sua vingança não faz sentido!

— Ora, ora, então quer dizer que você tá por dentro das coisas, meu amor?

— Para de me chamar de meu amor! Eu nunca fui seu amor!

— É, você tem razão, mas eu não queria que o clima continuasse tão pesado Maria, eu tava tentando tornar as últimas horas de vocês três mais agradáveis. – Piscou.

— Você tá totalmente louco. – As lágrimas escorreram. – Nos deixe em paz, por favor, se você quiser dinheiro, eu te dou todo o dinheiro que você quiser, mas esquece seu plano maldito!

— Não Maria, eu não quero seu dinheiro, não agora, sabe por quê?  Porque eu prometi ao meu pai que vingaria o sangue do meu tio...

— Que por acaso é meu pai! – O cortou. – Sabe por que essa sua vingança é tão idiota? Porque nem eu, nem Fernando, nem essas crianças – as olhou e logo olhou para Sérgio de novo – temos algo a ver com isso, nós não ajudamos Cecília e Enrico nessa ideia estúpida de matar meu pai para que se casassem, e sabe por quê? Porque​ Fernando e eu éramos crianças, e não sabíamos sequer o significava a palavra matar, e esses dois nem existiam! – Sua voz estava elevada.

— Eu prometi a ele, não vou falhar na minha promessa.

— Vejo que você se tornou o que sei pai foi um dia, pois, só uma pessoa sem escrúpulos pra fazer uma criança prometer uma vingança.

Ele se levantou e foi até ela, segurando seu queixo com força, as crianças o olhava com medo.

— Limpe esse sua boca pra falar do meu pai! – A soltou. – E quem garante que sua mãe, juntamente com seu padrasto não o mataram? Pois, como num passe de mágica ele apareceu morto. – Se afastou dela. – Então, Maria Acuña, nada do que você disser, vai mudar meus planos, e não vai demorar muito pra que todos os Fernandez sejam dissipados, não só os Fernandez, mas os Goulart, até que porque temos dois deles aqui né. – Olhou para Aninha. Ele se referia a ela e ao pai.

— Vamos ver então – sorriu escondendo seu medo – vamos ver quem vai rir por último, meu amor. – Debochou. Seu coração estava disparado.

— Vai debochando mesmo Maria, só não se esqueça que tudo está a meu favor, meu amor.

Ele foi até ela mais uma vez, e beijou sua testa, contra sua vontade, para mostrar a ela que ele estava no controle, e ela não teria chance nenhuma naquele estado em que se encontrava. Ele a olhou sorrindo, e saiu do cômodo onde os três estavam amarrados.

****

Na mansão, tudo transcorria perfeitamente, já que ninguém havia notado a ausência dos três ainda, ainda.

— Aninha? Aninha, filha, onde você tá? Enriquinho?

— Que gritaria é essa Estêvão? – Fifi apareceu no topo da escada.

— Você viu as crianças Fifi? Acabei de chegar, e achei estranho não ter visto nenhum deles ainda.

— Não me diga que está preocupado? – Ela sorriu, e terminou de descer a escada. – Eles devem estar com Maria, você tá ficando paranoico, hein. – Brincou, e após, se sentou ao seu lado no sofá.

— É, talvez eu esteja um pouco mesmo – sorriu – mas não me culpe Fifi.

— Claro que não filho – acariciou seu rosto como uma mãe faria – eu vou até a estufa, com certeza eles devem estar lá, eu vi quando Maria foi pra lá depois que chegou, fique aqui, em menos de cinco minutos eu volto com os três amores da sua vida.

Ela se levantou, indo em direção à estufa, Estêvão sorriu ao ver seu jeito carinhoso de ser. Quando ela saiu, entraram Cecília, Fernando e Lívia com Acsa, como se tivessem marcado chegarem juntos.

— Nossa uma cena dessas é rara ver por aqui! – Estêvão os olhou. – Fernando e Lívia? Lívia e Cecília? Muito estranho isso.

— Rá, rá, muito engraçadinho Estêvão – disse Lívia, que não havia gostado do comentário de Estêvão – por acaso nós encontramos na entrada.

— Claro, ou você acha que dona Cecília tá tão mudada a ponto de estar andando com Lívia. – Fernando brincou.

— Pois é, por mais que a gente mude, sempre fica aquele defeito que a gente leva pro túmulo, mas o defeito continua ali. – Disse Cecília.

— Calma gente, eu tava só brincando, tá. – Estêvão tentou apaziguar a situação.

— Eu vim falar com a Maria sobre algo do trabalho. – Disse Lívia.

— Fifi foi atrás dela na estufa, ela já deve tá vindo com as crianças.

Eles se acomodaram na sala, menos Cecília, eu ficara de pé, tomando seu conhaque vespertino, e assim ficaram enquanto estavam à espera de Fifi, Maria e das crianças.

A espera estava demorando mais que o previsto, e eles estavam ficando inquietos, já que Estêvão tinha que interferir nas alfinetadas que Cecília dava em Lívia, e essa em Fernando, mas depois da espera interminável, que não passou de cinco minutos, Fifi apareceu na sala, com uma cara que não era das melhores.

— Sua desgraçada!

Dito isso, Fifi presenteou sua irmã com belo tapa na cara. Todos pararam de falar no mesmo instante, e ficaram com os olhos arregalados, não reconheciam a Fifi que viam a sua frente.

— Você ficou maluca Josefina? Perdeu o juízo? – Perguntou Cecília sem entender o porquê do tapa.

— Você não vale nada Cecília, nunca valeu um puto sequer!

Fifi, mais uma vez, pegou Cecília desprevenida, e distribuiu , tapas em sua face, puxou seu cabelo, até que tufos de cabelo saíssem em sua mão. Cecília tentou se defender, mas sua irmã estava mais forte que ela, e se Fernando e Estêvão não tivessem intervindo, Josefina não pararia.

—Por Deus tia, se acalme! O que foi que minha mãe fez pra senhora tá agindo assim? A senhora nunca foi disso! – Disse Fernando, que a segurava, para que não agredisse Cecília mais uma vez.

— Ataque de loucura, só pode ser isso. – Disse Cecília, tentando se soltar dos braços de Estêvão.

— Sua mãe é o diabo em forma de gente, sempre soube que não era flor que se cheire, mas agora ela passou dos limites!

— Será que dá pra você dizer o porquê de tá me acusando? – Ela gritava.

Fifi saiu bruscamente dos braços de Fernando e jogou a última carta de Enrico a Maria em cima de Cecília, que pôs-se a ler. Lívia estava com Acsa no colo, pois a pequena começara a chorar quando viu as duas se batendo.

— Continua sem entender Cecília? – Fifi perguntou quando Cecília terminou de ler, e a olhou.

— O essa carta diz mãe? – Fernando perguntou.

— E agora? Vai dizer que é mentira? Vai dizer que não é isso que eu tô pensando? Responde Cecília!

— Fifi... – Ela tentou se aproximar da irmã. – Eu ia te dizer, eu só estava esperando o momento certo.

— Ah, e qual seria o momento certo? Quando eu estivesse morta, enterrada, e você estivesse chorando de remorso? Ah não, você não sentiria remorso, e muito menos arrependimento!

— Por favor, Fifi, me perdoa. – Cecília chorou.

— Você sabe o quanto eu sofri Cecília? Você faz ideia de quantas noites eu chorei? E agora você vem me pedindo perdão, como se tivesse me dado um pisão no pé? Não, você não merece o meu perdão, você fez a minha vida se tornar amargurada, você acha que me pedindo perdão vai trazer o tempo que eu perdi de volta?

— Eu sei que não, mas...

— Não tem mais Cecília! – Gritava.

— Vocês podem explicar o que tá acontecendo? – Fernando perguntou. – Daqui a pouco os vizinhos vão chamar a polícia, por causa dessa gritaria.

— Conta pra eles Cecília, deixa seu filho saber que você não vale nada, que é uma desgraçada, infeliz.

— Tia...

— Deixa ela Fernando, ela não tá errada não, só que ela tá pegando leve, eu sou isso o que ela tá dizendo, e mais um pouco.

Cecília olhou para cada um, suspirou, e buscou forças em seu íntimo para lhes contar a verdade.

— A Maria não é minha filha. – Ela olhou para o chão, não conseguiu os encarar.

Um falatório surgiu entre eles.

— É – ela levantou a cabeça e continuou – Maria é filha da Fifi e do Rui. Eu troquei as crianças quando nasceram, quem morreu foi a minha filha.

— Então Maria não é filha do Enrico? – Perguntou Estêvão aliviado.

— Não. O Enrico era pai da criança morta, por isso ele me odiava, porque pensava que Maria fosse filha dele, e eu só disse a verdade depois de algum tempo que estávamos casados.

— Mãe, o que você disse não pode ser verdade, por favor, mãe, diz que não.

— É a mais pura verdade. Vocês podem não acreditar, mas se eu pudesse voltar atrás, não tinha feito nada do que fiz.

— Ah, santa Cecília! Se fazer de boazinha agora não vai desfazer o que você fez! – Disse Cecília.

— Acho que não né Josefina, mas acho que chegou a hora dizer algumas verdades, e talvez o amor de vocês por mim, só diminua mais. – Olhou para Fernando. – Estêvão – o olhou – Enrico nunca soube da gravidez da sua mãe. Quando ela descobriu que estava grávida, ela se abriu comigo, foi então que eu a ameacei para que sumisse, senão eu daria fim da vida dela, o do bebê. Ela saiu dessa mansão, que era dos pais do Enrico, com algum dinheiro que eu dei a ela, e eu nunca mais ouvi falar dela, eu até pedi pra um capanga que matasse ela, mas o coração dele era mole demais, e sua mãe continuou viva, com certeza Enrico só descobriu que você existia quando estava próximo de morrer.

— Mãe... – Fernando não queria acreditar no que estava acreditando.

— Deixa  continuar Fernando. Como tá escrito aqui nessa carta, eu tive a ideia de matar Rui, Enrico foi contra no início, mas acabou se deixando levar por mim. Não muito tempo depois da morte dele, eu matei seu irmão, Raul, porque ele acabou descobrindo tudo. Quando Enrico descobriu que não era pai da Maria, me odiou com toda força, e não mais dirigia a palavra a mim, aí eu tentei matar ele, e Maria também, foi quando ele sofreu o acidente que o fez ficar paraplégico. Depois disso, eu desejava dia após dia que ele morresse, pelo menos eu ficaria bem financeiramente depois que ele morresse, mas o infeliz não morria só pra me contrariar. Depois de algum tempo, eu saia de casa com frequência, e fiz uma dívida enorme com jogos, era pra Sérgio que eu devia esse dinheiro todo, então decidi que venderia Maria a ele pra pagar minha dívida, e ele aceitou, mas – suspirou – nós dois – fechou seus olhos com força, e quando abriu, as lágrimas desceram aos montes – mantínhamos uma relação às escondidas, nós éramos amantes, debaixo dos olhos de todos, dos olhos do Enrico, eu acho que ele não sabia, não tenho certeza, e dos olhos da Maria, essa eu tinha certeza que não sabia. Depois que Enrico morreu, e você apareceu Estêvão, Sérgio e eu ficamos a pensar num jeito de você desistir de tudo, e nós ficarmos com a sua herança. Primeiro pensamos que Maria poderia se insinuar pra você, até que você comesse em suas mãos, claro, ela não concordou, mas acabou se apaixonando por você, e acabamos fazendo você assinar um documento que passaria tudo pra mim, Maria não teve nada a ver com isso, ela nunca faria você assinar nada, e eu sei que você sabe disso, bom, acho que não esqueci nada né.

— Mãe, como você pôde, você é um monstro!

— Ah Cecília, você merece os piores adjetivos que existe nesse mundo! Pensei que nunca odiaria ninguém, mas você me provou que eu poderia sentir isso! – Disse Fifi.

— Pensei que eu não pudesse me surpreender com suas atitudes, mas, parabéns, você conseguiu. – Disse Estêvão batendo palmas.

— Eu mereço, isso, e um pouco mais.

—Eh, com licença – disse Lívia que voltava a sala com sua filha no colo e um papel na mão – desculpa atrapalhar a DR de vocês, mas, não seu se vocês perceberam, eu dei uma saidinha, fui ali na cozinha beber uma água, mas escutei tudo – olhou para Cecília – poxa Ciça, você vacilou, muito, que ser humano faria o que você fez?

— Eu aceito qualquer ofensa, até mesmo sua Lívia.

— Bom, mas acho que temos um assunto mais importante do que a falta de caráter da Cecília. Estêvão olha isso. – Entregou a Estêvão.

Estêvão olhou o papel, leu a mensagem que estava escrita com tinta guache colorida: Sérgio esteve aqui.

— Ah meu Deus! – Colocou a mão na testa. – Ah meu pai! – Amassou o papel e o arremessou longe.

— O que foi Estêvão? – Fernando perguntou.

— Ficamos entretidos na maravilhosa história de Cecília, e nos esquecemos da Maria e das crianças! Sérgio está com eles!

— Não, Sérgio não pode estar com eles! Eu não posso perder a minha filha, eu não posso!

— Calma tia Fifi, você não vai perder a Maria, nós não vamos perdê-la. – Lívia a consolou.

— Você é muito burra mãe! – Fernando gritou. – Colocou dentro desta casa o homem que mais nos ideia nessa terra! Você se acha muito inteligente, não é mesmo? Mas aposto que não sabe quem é Sérgio, ou sabe?

Ela ficou em silêncio.

— Foi o que pensei. Sérgio só se aproximou de você, pra entrar nessa casa, sabe por quê? Porque ele quer se vingar de você, quer se vingar de nós, por você e o Enrico terem matado meu pai! Ah, ficou sem entender não é mesmo? Sérgio é filho do Raul, irmão do meu pai, esse tal de Raul ficou Sérgio incumbido de se vingar da gente, pela morte do irmão, e a senhora só o ajudou, como você é prestativa mãezinha. – Não faltaram sarcasmos em sua fala.

— Por favor, Fernando, se acalma, não quero que o pai da minha filha tenha um troço aqui. – Disse Lívia, os dois estavam próximos.

— É irmãzinha, por essa você não esperava, não é?

— Como vocês sabem disso?

— Enrico deixou algumas cartas pra Maria contando tudo, essa foi à última. Nós precisamos fazer alguma coisa, é a minha mulher, e os meus filhos que estão com aquele maldito! – Ele se jogou no sofá. – Eu não sei o que sou capaz de fazer se ele os machucar.

— A culpa é toda minha...

— Ai meu Deus, proteja minha filha, meus netos. – Fífia desabou em lágrimas.

****

Os policiais já estavam a par do desaparecimento dos três, e já estavam fazendo o possível para descobrir onde eles poderiam estar. Enquanto isso, a família não sabia o que fazer, o peso de seus atos pesavam sobre as costas de Cecília, ela sabia que merecia todos aqueles olhares frios, e palavras duras, no entanto, sentia-se um pouco menos pior por ter abrido o jogo para eles, mas infelizmente, o pior teve que acontecer para que ela dissesse a verdade.

Algumas horas se passaram, e nada de notícias, o pânico já estava instalado naquela casa, mas o que eles poderia fazem? Não faziam ideia de onde eles poderiam estar. Nesse momento, o telefone toca, Estêvão o atende.

— Alô! – Estava aflito e ansioso.

— Nossa, acho que tinha alguém esperando pela minha ligação. Tudo bem, meu caro Estêvão?

— Sérgio, seu maldito! Cadê minha mulher, e meus filhos?

— Sua mulher? – Gargalhou. – Pelo o que eu saiba, ela ainda está casada comigo. Mas eles estão aqui, estão bem, mandaram um abraço pra você, e disseram que não sabem se voltam, pelo menos, não vivos. – Gargalhou mais ainda.

Fifi, num impulso, tomou o telefone das mãos de Estêvão.

— Deixa a minha filha em paz Sérgio! Nós não temos nada a ver com isso! Solte-os!

— Fifi, minha doce Fifi. Tô sabendo que agora você que é a minha sogra, será que agora eu deveria deixar de dar uns amassos em Cecília, e dar em você?

— Seu asqueroso! Eu tenho nojo de você! Deixa eu falar com a Maria, eu preciso falar com a minha filha, eu preciso saber se ela está bem!

— Eu não deveria, mas devido os acontecimentos, eu acho que vou abrir uma exceção, já que você descobriu agora que ela é sua filha, e tal, vou dar a oportunidade de vocês de falaram, pela primeira e última vez, sou bem legal, não?

Ele foi até Maria, tirou a mordaça de sua boca, e aproximou o telefone de seu ouvido .

— Alô? – Ela disse.

— Maria? Meu amor, é você?

— Sim tia, sou eu. – Ela chorava.

— Filha, não se preocupa, isso vai acabar, e eu vou poder te abraçar, como minha filha. – Ela também chorava.

— Eu sei que sim tia, é que eu mais quero. Sabe, no fundo eu sentia, eu sabia que éramos mais que tia e sobrinha, eu tô tão feliz tia, por saber que você é minha mãe, aliás, você sempre foi minha mãe.

— Sim meu amor, Deus não vai ser injusto de nos separar agora, nós ainda vamos era muito felizes juntos.

— Ah, chega dessa melação – Sérgio voltou a falar – só liguei pra dar um oi, nos falamos depois, beijos sogrinha. – Desligou.

— Alô? Sérgio? – Ela botou o telefone no gancho. – Ele desligou. – Os olhou.

— O que ele disse tia?

— Nada de útil. Mas eu falei com Maria, eu falei com a minha filhinha. – Chorou de novo. – Eu não sei o que vai ser de mim sem a minha Maria, se ela morrer, morro junto, eu não preciso viver se ela não tiver aqui comigo.

Ouvindo e vendo o desespero da irmã, Cecília saiu discretamente da sala, e foi para o seu quarto, sem ser notada. Ao entrar, ela ficou frente ao espelho, e limpou uma parte de sua maquiagem que estava borrada, e ficou se encarando.

— Foi você quem causou isso Cecília – dizia para si em frente ao espelho – e você vai ter que acabar com essa história, nem que isso custe sua própria vida.

Dito isso, ela foi até seu cofre, pegou uma pistola, enfiou em sua bolsa, e saiu de casa, e mais uma vez, sem ser notada.

****

Cecília poderia ser o que for, não prestar para mais nada segundo o pensamentos de sua família, mas ainda era a velha e astuta Cecília, e geralmente fazia de tudo para conseguir o que queria, e no fim, acabava por conseguir mesmo.

Ao sair de casa, ela foi até um local, que possivelmente seria o local onde Sérgio estaria com Maria e as crianças. Sérgio se aproveitou dela para sua vingança, mas se deu a conhecer a ela, talvez não muito, mais suficiente para ela saber onde seria o esconderijo dele.

Dito e feito. Era uma casa velha e abandonada, fugindo de qualquer suspeita. Ela entrou, e não o encontrou, ótimo. Ela caminhou lentamente pela casa, e quando abriu uma porta, viu os três sentados no chão, e amarrados.

— Maria! – Sua voz estava baixa.

— Cecília? – Olhou para os lados. – O que você tá fazendo aqui?

— Maria, me perdoa, por favor, eu não deveria ter feito o que eu fiz, e talvez nada do que eu disser vai ajudar, mas eu tô arrependida, de verdade, e eu tô disposta a tudo pelo perdão de vocês.

— Você não acha que é tarde demais não, Cecília?

— Eu tô aqui agora, eu sou a única que pode tirar vocês dessas, será que isso não conta a meu favor?

— Ciça, não contava com você por aqui! – Cecília quase deu um pulo quando ouviu a voz de Sérgio. – Poxa, eu estava fazendo por partes, mas você hein Ciça, sempre apressadinha.

— Deixe minha família em paz, fui em quem matou Rui, e Raul também, eles não tem culpa pelo o que eu fiz.

— Engraçado, eu disse a Maria que suspeitava que você tivesse matado meu pai, mas que bom que você confirmou. E agora, o que eu faço com você?

Cecília tirou sua arma da cintura para atirar em Sérgio, mas ele foi mais rápido, e antes que ela apontasse a arma em sua direção, ele atingiu sua cabeça com uma paulada, que a fez cair no mesmo instante.

Continua....


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado



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