Suicidio escrita por Hidoshi


Capítulo 1
Morte




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Escrito por V.G Victor

Por mais que estava frio, por mais que estava chovendo, eu ainda soava. Soava tanto que minha camisa ficou encharcada, a atividade estava fácil mais não era essa minha preocupação. Eu olhava pra o relógio simultaneamente, eu queria que a aquela aula terminasse rápido para eu poder sair daquele inferno, daquela multidão de pessoas mesquinhas. Mais parecia que o tempo tinha parado. Desvio meu olhar para janela, observo através dela, dava para ver o portão e a outra parte da escola. Eu não queria estar ali mais também não queria ir para casa.

Duas garotas – sentadas na mesma cadeira – riam baixinho, e murmuravam coisas que eu não conseguia escutar. Talvez estivessem falando sobre mim, zombando sobre mim. Eu não conseguia ouvir, mais imaginem elas falando:

— Que Idiota, pensa que ela fica bonito com esses sapatos. — ria a da direita.

— Ele é tão magro que as roupas parecem um saco!— a da esquerda riu o um pouco mais.

— Saco de osso!— disse as duas em coral.

Um grupo com apenas três garotos, se aproximam — todos me fitavam. Um segurava uma garrafa de água, o da frente me olhava com um sorriso malicioso.

— Ei!— disse o da frente, se voltando para mim. — O que você esta fazendo?

Tento não manter contato visual, ele pega meu caderno, olha e joga novamente sobre a mesa.

— Ainda nessa atividade? Você não é o inteligente da turma?— eu não estava olhando para cara dele mais eu o sentia sorrir ironicamente. — Seu burro.

Ele derruba meus materiais, desvio meu olha e os vejo no chão. O encaro, franzindo o cenho.

— Esta com raiva?— ele me empurra de leve — Retardado!—acrescenta.

O da esquerda se aproxima, e começa a me empurrar e falar mal. Ele despeja a toda o liquido que estava na sua garrafa em mim. Sinto as bolinhas de papeis baterem na minha cabeça, ouço risos e gargalhadas. Uma lágrima desliza sobre o meu rosto, fecho o meus olhos e coloco minhas mãos nos meus ouvidos.

— P-parem, parem, parem... Por favor, parem. — sussurro para mim mesmo.

Escuto o sinal tocar. Alevanto-me da cadeira e saio correndo, ouço uma voz falando:

— ATRÁS DELE!

Corro pelos corredores vazios, e olho para trás para ver se alguns deles estavam me perseguindo. Havia mais que três, havia no mínimo uns sete garotos. Corri o mais rápido que pude, pensei em me esconder no banheiro mais era uma ideia fútil, pois eles poderiam me pegar de qualquer jeito. Poderia despista-los mais não sou muito rápido, eu até poderia entrar na sala de artes, mais eles já sabem que eu sempre vou para lá. Eu não sabia para onde correr, então subi para o segundo andar. Parei um pouco para ver se eles ainda persistiam em me persegui, desta vem havia menos garotos. Mais eles estavam com coisas nas mãos para arremessar em mim.

— Não corre não seu viadinho!

— Babaca! Você vai ver quando a gente lhe pegar!

Meu óculo acaba caindo na escada, era muito ariscado para voltar e pega-lo. Continuei subindo, eles jogaram livros, cadernos, baldes e até canetas. Um dos cadernos acerta minha cabeça, me fazendo escorregar — por causa de estar encharcado —. Levanto rapidamente, e continuo correndo até que chego ao ultimo andar. A minha única saída era pela cobertura, eu sei que isso é errado mais... Era a única opção.

Subi mais alguns degraus até chegar à cobertura, fecho a porta e coloco uma vassoura, bloqueando a passagem. Ainda chovia, o céu estava escuro e as nuvens estavam furiosas. Não me importei com a chuva, pois eu já estava molhado. A cobertura estava como sempre: imunda. Caminho em direção à beirada, onde havia uma varanda de ferro toda enferrujada, e só apenas em alguns locais estavam pintados com tinta branca. Dou uma olhada novamente na porta — quase sendo destruída. Os garotos ainda persistiam em me pegar. Não havia nenhuma sequer escapatória. Pulo a pequena varanda enferrujada, e seguro nela. Meu cabelo chicoteava ao vento, a brisa gelada com aquelas pequenas gotas batiam no meu rosto.

Por um segundo, parei o olhei para baixo. Parecia que o tempo havia parado. Fico em transe olhando para o chão. Parecia tão baixo, porem era tão alto. Retiro minha mão da varanda.

— Ei, o que você esta fazendo? — pergunta um garoto alto, e outros quatro que estavam atrás dele. — Ficou maluco?

Volto-me para ele — a porta estava aberta. E havia mais pessoas, havia até adultos naquela cobertura debaixo daquele temporal.

— Eu cansei. — falo cabisbaixo num tom nem tão baixo nem tão alto, cerro meus punhos e mordo meus lábios. — Por que fazem isso? Por quê?

— Cara. Era só uma brincadei— antes de ele terminar eu o interrompo.

— Eu sei que. Que é pecado, cometer suicídio — engulo seco e continuo — Mais... SERÁ QUE O QUE VOCÊS ESTÃO FAZENDO NÃO É PECADO?

Ele abre a boca, mais nada fala. Estava escrito na sua cara, que ele sentia culpa — todos sentiam. Fecho meus olhos e abro meus braços, e apenas deixo o vento me levar. Ouço alguns gritos, mais nada daquilo era importante agora. Sentia o impacto do vento batendo no meu dorso, sentia meus cabelos esvoaçar mais ainda ao vento, eu sentia aquele cheiro de chuva.

Tudo ali, ao meu redor era fútil. O que importava agora era, para onde eu iria. Um pequeno sorriso começou a brotar no meu rosto, um sorriso que eu não pude impedir.

— Apenas, me deixem em paz.


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