A Substituta escrita por JustAnotherGirl94


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Iklaladrân = estação equivalente ao inverno, de acordo com o Dwarven Scholar.
Alerta para R.A.P.J (Referência Aleatória a Percy Jackson).
Boa leitura ;)



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CAPÍTULO 2

E foi assim que, no primeiro dia do Iklaladrân, o povo das Montanhas Azuis assistiu ao casamento entre Kili, filho de Vili e DÍs, da linhagem de Durin, com Tagri, filha de Dargi e Tali. Felizmente, os convidados para a cerimônia eram educados o suficiente e não mencionaram a fuga da outra filha de Dargi, a impressão que Tagri passava de estar se casando para evitar que a família fosse desonrada ou o fato de que Kili tinha um olhar perdido, vagando pelo salão, durante toda a cerimônia de leitura do contrato de casamento.

Felizmente, também, ambos os noivos haviam ensaiado arduamente seus votos, e conseguiram fingir muito bem que pareciam felizes com a ocasião. E o mesmo se repetiu no banquete. Os noivos – agora marido e mulher – só trocaram suas primeiras palavras (excetuando os votos) durante uma das danças a que eram obrigados pelo protocolo:

— Você dança muito bem – Kili se esforçou em dizer.

— Obrigada – foi a resposta seca de Tarvi – minha irmã costumava treinar comigo as danças para a cerimônia de casamento dela.

Pois esse era um sentimento de que Tarvi não conseguia se livrar – tudo ali fora feito tendo sua irmã em mente. Até mesmo a casa onde iria viver o resto dos seus dias com o anão que atualmente estava fazendo-a girar pelo salão fora decorada tendo sua irmã em mente. Não ela. Isso a deixava enjoada. Graças a Mahal, a música terminou.

Ela portou-se calmamente enquanto Kili a guiava até a mesa onde estavam sentados com suas famílias. Ela sentou-se e, no momento em que seus pais levantaram para dançar outra música e ela percebeu que ninguém a observava, levantou-se e correu o mais rápido possível para sua nova casa.

Ela havia estado ali dois dias antes, para ver como o lugar havia sido arrumado. Algumas coisas não eram de seu gosto, mas ela não disse nada. Apenas fingiu estar feliz e contente com tudo, olhando com desgosto para um tapete branco, feito de material desconhecido, em frente à lareira. Na primeira vez, que ela fosse acesa, o tapete ganharia um belo tom preto – fuligem.

Ela não podia culpar Kili. Ele fora empurrado para aquela situação, assim como ela. Com certeza ele tinha alguma preferida pelas Montanhas, alguém para quem ele preferiria dizer aqueles votos, em vez de para ela. Com esforço, girou a chave e entrou correndo, só parando em frente a um dos baldes para água que havia no banheiro. Ali, mesmo sem comer direito há três dias, ela vomitou tudo o que havia em seu estômago.

Fraca, murmurou para si mesma.

/-/-/-/-/-/

Enquanto isso, no salão, Kili era obrigado a aguentar as piadinhas de duplo sentido e conselhos matrimoniais de todo tipo, enquanto procurava por Tarvi. Sua esposa. Esse termo soava estranho em sua mente; ele mal conseguia imaginá-lo dizer em voz alta.

Até que ele esbarrou em sua mãe. Ela colocou a mão em seu ombro:

— O pessoal que estava servindo as mesas disse que ela se retirou mais cedo.

Kili não ia mentir, isso o deixou aliviado. Ele estava começando a pensar se ela não teria se jogado no poço de alguma mina. Anões não eram famosos por cometer suicídio, mas ela parecia tão desolada...Ele se perguntava se, assim como a irmã, ela já teria dado seu coração a outro.

Ele começou a andar em direção à porta. Antes que se afastasse muito, Dís chamou-o novamente:

— Kili – e, quando seu filho olhou para ela, sussurrou – tenha cuidado.

/-/-/-/-/-/

A silêncio dos corredores após a balbúrdia sem fim do salão, era o bastante para acalmá-lo. Ele não havia perguntado para onde ela tinha ido, mas estava indo para sua casa. Sua casa. Isso era estranho, quase tão estranho quanto ter uma esposa. Ele estava afastando ao máximo o pensamento da noite de núpcias – mas maioria dos homens no salão, e até sua própria mãe, não o deixava esquecer. Ele não queria força-la a nada - e duvidava muito que ela estivesse disposta a ...cumprir obrigações matrimoniais sem conhecê-lo direito.

Mas ele foi obrigado a parar de pensar em obrigações matrimoniais quando encontrou a porta aberta. Entrando cuidadosamente na casam chamou-a:

— Tarvi?

Ele ouviu um soluço abafado, mas nenhuma resposta. Chamou-a novamente:

— Tarvi?

Nenhum soluço, nenhum ruído dessa vez. Ele pensou ter ouvido o barulho de saias. Abria porta por porta, chamando-a. Estava começando a ficar desesperado quando chegou ao banheiro:

— Tarvi? – Lá estava ela, sentada no chão, o queixo apoiado em um balde. Ele não precisou ver o que havia no balde – só o cheiro bastava. Ele se aproximou e pegou seu braço, tentando erguê-la, mas ela apenas sacudiu o braço e resmungou:

— Sai. Eu estou bem. Só...só preciso de um minuto. Por favor – ela implorou.

— Tudo bem...eu espero você lá fora.

Um minuto virou meia hora, mas Kili não se sentia no direito de invadir a privacidade de Tarvi. Mesmo ouvindo os soluços que vinham do banheiro, ele permaneceu na sala, sentado na poltrona em frente à lareira, suas mãos sobre seus joelhos, sem saber o que fazer.

— Estou pronta – ela havia saído do banheiro silenciosamente, seus olhos vermelhos, com lágrimas nos cantos. Ela havia chorado. E muito.

Por respeito, Kili ficou em pé. Mas ele não sabia o que fazer. Ele queria perguntar se ela estava bem, se queria que chamasse alguém, mas foi só ele tocar seu ombro que ela começou a soluçar, novamente.

— Desculpa!! – ela pediu, soluçando.

Kili a fez sentar-se na poltrona em frente à ele:

— Tarvi, me diga, qual o problema? Você está se sentindo bem? Quer que eu chame alguém? Oin, sua mãe...?

— Eu...eu não posso fazer isso. Eu não consigo fazer isso. Não...não está certo!

— Isso...isso o que, Tarvi?

— Nada, nada – ela tentou mudar de assunto – é apenas infantilidade minha.

— Tarvi – ele disse, afetuosamente – você pode me contar qualquer coisa.

Essas palavras serviram como catalisador. Tarvi voltou a soluçar enquanto gritava, descontroladamente:

— Não é justo! Eu nunca achei que fosse me casar e, quando isso acontece, eu não passo de uma substituição. Uma substituta bem pobre, se comparada à original. Eu não posso reclamar, eu sei o quanto uma cerimônia destas custa para ambas as famílias, mas eu não senti como se fosse meu casamento. Eu só estou preenchendo o lugar de alguém. Eu tenho certeza que você preferia que outra pessoa estivesse lá, eu podia ver no seu olhar, enquanto liam o contrato. Em vez disso, você está preso comigo!

— Tarvi, eu não acho que você seja uma substituta para sua irmã. Eu gostaria de conhecer você. Não tem ninguém que eu gostaria de ver lá. É que, para mim, era uma situação estranha. É uma situação estranha. Eu nunca pensei que fosse me casar – você já deve ter ouvido do que as pessoas me chamam. Eu estava pensando numa maneira de você não me odiar, por estar presa comigo. Acredito que, no final, estávamos preocupados com as mesmas coisas.

Tarvi havia parado de soluçar, mas as lágrimas ainda escorriam livremente por seu rosto:

— Eu sei que parece infantil mas...eu gostaria de conhecer você. Não tivemos tempo para isso. Eu gostaria de ser sua amiga – ela franziu o rosto – Isso soou como se eu tivesse 25 anos.

Kili riu:

— De forma alguma. Eu também quero conhecer você. Mas hoje foi um dia cansativo, então eu acho melhor deixarmos isso para amanhã. Eu acendi a lareira no quarto, então não vai estar tão frio.

O quarto. Esse era o momento que Tarvi mais temia.

— Isso...isso era outra coisa. Eu...eu acho que não posso fazer isso. Eu não consigo.

Kili demorou um minuto para entender do que ela estava falando. Ele já estava de pé, mas se sentou novamente em frente a ela:

— Tarvi – ela mantinha o olhar baixo – Tarvi, olhe pra mim – quando ela olhou, ele continuou – eu não vou exigir nada de você. Vamos fazer um trato: nós só vamos...cruzar esta linha – ele enrubesceu dizendo isso – quando ou se, nós, especialmente você, estivermos pronto para isso. Certo?

— Certo – Tarvi concordou. Ela também havia enrubescido durante aquela conversa – mas...onde você vai dormir?

— No chão, ora. Onde mais?

/-/-/-/-/-/

Tarvi acordou na manhã seguinte se sentindo renovada. Ela finalmente havia dormido bem, após 4 noites dormindo apenas algumas horas por noite. A noite passada voltou a sua mente: ela vomitando, chorando e depois chorando um pouco mais. A promessa de Kili. Kili dormindo no chão. Ela franziu a testa. Seu marido estava mesmo dormindo no chão?

Marido. Isso soava estranho. Ela rolou na cama, e duas coisas chamaram sua atenção: a primeira era que sim, seu marido estava mesmo dormindo no chão. E a segunda, ele estava sem camisa. Mesmo no frio do inverno, ele estava sem camisa, o cobertor na altura do peito, até mesmo babando um pouco. Tarvi tinha que confessar: ela ficou sem ar. Ele era bonito, mesmo com a barba que era motivo de deboche. Porcaria, aquela barba fazia ele ficar ainda mais bonito. Ela estava parada, observando seus peitorais (era humanamente – ou ela deveria dizer, enanicamente possível ter peitorais como aqueles?) quando mais sentiu do que propriamente viu os olhos dele se abrirem. Com uma voz esganiçada, conseguiu dizer:

— Você baba enquanto dorme -  antes de virar novamente para o outro lado, seu rosto pegando fogo.


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Notas finais do capítulo

Gostaria de ler/ouvir suas opiniões, pessoal!!



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