Harry Potter e o último vestígio de amor escrita por escritoraativa


Capítulo 5
Quatro


Notas iniciais do capítulo

Heeeeeeeeeeeey!
Mais um capítulo pra vcs!
Não sei se eu disse antes, mas pretendo que essa fanfic seja um pouco longa pq o processo de reconstrução de personagens não será algo rápido, acelerado.
Então tenham paciência os leitores mais ansiosos e que querem tudo pra ontem. Aviso desde já pra ficarem sabendo e tbm pq sou uma leitora dessa categoria, infelizmente :(
Bom, boa leitura!



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“Esse primeiro calor ainda fresco traz: tudo. Apenas isso, e indiviso: tudo. E tudo é muito para um coração de repente enfraquecido que só suporta o menos, só pode querer o pouco e aos poucos.” 
CLARICE LISPECTOR

— Harry – disse ela -, precisamos conversar.

Ergui os olhos para a ruiva. Sobre a mesa entre nós dois havia uma garrafa de cerveja amanteigada e já tínhamos quase acabado de jantar.

— Ah, é? – Questionei.

— Eu estava pensando em ir a Europa aceitando assim cobrir com exclusividade o time europeu de quadribol e passando um tempo com Tiago e Alvo – informou ela.

— Pensei que deixaria essa passar, pelo menos é o que achava que diria para o Jones –

— Sim, mas pensei melhor, sabe sou a informante mais requisitada pelo profeta e o Jones dando-me mais essa oportunidade não seria de bom grado e profissional recusar. E, como tanto James e o Alvo não vieram no verão, achei que seria bom ir visitá-los, para variar e passaria mais perto ainda considerando que é o time deles que terá cobertura completa que farei –

Pensei com meus botões que uma viagem de alguns dias poderia nos fazer bem. Talvez, fosse esse, inclusive, o motivo da sugestão de Gina. Com um sorriso, estendi a mão para meu copo de cerveja.

— Boa ideia – concordei. – Não vamos a Europa desde que eles praticamente se mudaram pra lá, já que passam mais tempo no alojamento do que na própria casa.

Gina deu um sorriso passageiro antes de baixar os olhos para o prato.

— Tem mais uma coisa.

— O quê?

— Bom, é que eu sei como você anda ocupado no trabalho e como é difícil para você conseguir viajar e ainda mais férias de última hora.

— Acho que posso liberar minha agenda por uns dias – falei, já folheando mentalmente o calendário. Seria difícil, mas eu daria um jeito. – Quando você quer ir?

— Bom, é que... – disse ela.

— É que o quê?

— Harry, por favor, me deixe terminar – continuou ela. Então respirou fundo e quando falou sequer tentou esconder o cansaço no tom de voz. – O que eu estava tentando dizer era que gostaria de ir visitar eles sozinha, sem você.

Passei alguns instantes sem saber o que dizer.

— Você ficou chateado, não ficou? – indagou ela.

— Não – respondi depressa. – Eles são nossos filhos e é o seu trabalho. Como eu poderia ficar chateado com isso? – Para enfatizar minha tranquilidade que admito não senti nesse momento, cortei mais um pedaço de carne – Quando você está pensando em ir? – perguntei.

— Semana que vem – respondeu ela. – Na quinta-feira.

— Quinta-feira?

— É um dia antes da estréia da Copa Mundial de Quadribol e Jones acha melhor chegar um dia de antecedência para ajeitar tudo antecipadamente para não sair nada errado ou fora dos eixos e a chave de portal já está acionada para este dia.

Embora ainda não tivesse terminado de jantar, Gina se levantou e foi até a cozinha. Pelo jeito como evitou me encarar, desconfiei que tivesse mais alguma coisa a dizer, mas que não soubesse muito bem como formular. Fiquei sozinho á mesa. Se me virasse, poderia vê-la de perfil, em pé junto á pia.

— Vai ser divertido – falei, com um tom que torci para soasse casual. – E sei que os meninos também vai gostar. Talvez seja uma disputa do esporte acirrada.

— Talvez – escutei-a dizer – Acho que vai depender de como sairão em campo e se explorarem o que foi aprendido e ensaiado nos treinos.

Ao ouvir a torneira se abrir, levantei-me da cadeira e levei minha louça para a pia. Gina não disse nada quando me aproximei.

— Vai ser um fim de semana incrível – falei.

Ela estendeu a mão para pegar meu prato e começou a lavá-lo.

— Ah, sobre isso... – começou ela.

— Sim?

— Eu estava pensando em passar mais do que o final de semana.

Ao ouvir isso, senti meus ombros se retesarem.

— Quanto tempo está planejando ficar? – perguntei.

Gina pôs meu prato no escorredor mágico que secava rapidamente e era guardado no armário pelo feitiço lançado.

— Umas duas semanas – respondeu.

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É claro que eu não culpava Ginny pelo rumo que nosso casamento parecia ter tomado. De alguma forma, sabia que grande parte da responsabilidade era minha, mesmo que ainda não tivesse entendido totalmente como nem por quê. Para começar, devo admitir que nunca fui de fato a pessoa que minha mulher queria que eu fosse, nem mesmo no início do nosso casamento. Sei, por exemplo, que ela gostaria que eu fosse mais romântico, como seu pai tinha sido com sua mãe. Ele era o tipo de homem que não começava a comer antes que a esposa estivesse sentada á mesa do seu lado e que comprava espontaneamente um buquê de flores-do-campo no caminho do trabalho para casa. Mesmo quando ainda era criança, Gina já tinha verdadeiro fascínio pelo romantismo do casamento dos pais. Ao longo dos anos, eu a tinha ouvido falar ao telefone com a amiga, Luna, e se perguntar em voz alta por que eu parecia considerar o romantismo um conceito tão complexo. Não é que eu não tenha tentado: eu simplesmente pareço não compreender o que faz o coração de outra pessoa bater mais depressa. Na casa em que fui criado, abraços e beijos não eram frequentes e demonstrações de afeto entre mim e a ruiva muitas vezes me deixavam pouco á vontade, sobretudo na frente de nosso filhos e seus irmãos. Certa vez conversei sobre isso com meu sogro e ele sugeriu que eu escrevesse uma carta para ela. “Diga que a ama”, aconselhou ele, “e cite motivos específicos”. Isso foi há 12 anos. Lembro-me de tentar seguir sua sugestão, mas, com a mão suspensa acima do papel, não consegui encontrar as palavras certas. No final das contas, acabei desistindo. Ao contrário de meu sogro e patriarca Weasley, Arthur, nunca me senti confortável ao falar sobre sentimentos. Sou um homem firme, sim. Confiável, sem dúvida. Fiel, totalmente. Mas devo admitir que o romantismo para mim é tão desconhecido quanto o ato de dar á luz.

Ás vezes me pergunto quantos homens por aí são iguaizinhos a mim.

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Quando Gina estava na Europa e eu liguei para lá, quem atendeu foi Alvo.

A TV não era o único meio de comunicação que tanto eu quanto Mione revelou para toda a família.

— E aí, papai? – disse ele apenas.

— Oi – falei – Tudo bem?

— Tudo – respondeu ele. Após o que me pareceu um longo e sofrido intervalo, ele completou – E você?

Transferi o peso do corpo de uma perna para a outra.

— Está tudo bastante silencioso por aqui, mas estou bem. – Fiz uma pausa – Como está indo a visita da sua mãe?

— Bem. E a tenho mantido ocupada.

— Compras e atrações turísticas?

— Um pouco. Mas o que mais temos feito é conversar. Está sendo interessante.

Hesitei. Embora me perguntasse o que ele estava querendo dizer, Alvo não parecia achar necessário entrar em detalhes.

— Ah – comentei, fazendo o possível para manter a voz casual – Ela está por aí?

— Na verdade, não. Deu um pulinho na Dedosdemel daqui. Mas deve voltar daqui a pouco, se você quiser falar comigo.

— Pode deixar – disse. Demorou alguns instantes para tornar a falar.

— Papai? Eu queria perguntar uma coisa.

— O quê?

— Você esqueceu mesmo o aniversário de casamento de vocês?

Respirei fundo.

— Esqueci – respondi sem jeito de falar isso com o meu filho.

— Como é possível?

— Não sei – falei. – Lembrei que estava para chegar, mas no dia simplesmente deixei passar. Não tenho desculpa.

— Ela ficou magoada – disse meu filho.

— Eu seu.

Houve um instante de silêncio do outro lado da linha.

— Você entende por quê? – perguntou ele por fim.

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Apesar de não ter respondido á pergunta de Alvo, eu achava que entendia.

Gina simplesmente não queria que terminássemos como um daqueles casais que ás vezes víamos quando íamos jantar fora e que sempre nos despertaram pena.

Devo deixar claro que esses casais em geral se tratam com educação. O marido pode puxar a cadeira ou tirar o casado da mulher, ela pode sugerir um dos pratos do dia. E, quando o garçom aparece, eles podem completar os pedidos um do outro com a experiência acumulada ao longo de toda uma vida – nada de sal nos ovos, por exemplo, ou mais caldo de manteiga na torrada de gergelim.

Depois que o pedido é feito, porém, os dois não dirigem mais a palavra um ao outro. Ficam tomando golinhos de suas bebidas e olhando pela janela, aguardando em silêncio a comida chegar. Quando os pedidos vêm, podem até trocar algumas palavras com o garçom – para pedir mais hidromel, por exemplo -, mas, assim que ele vai embora, recolhem-se outra vez a seus próprios mundinhos. Passarão a refeição inteira sentados como dois desconhecidos que por acaso estejam dividindo uma mesa, como se julgassem algo maduro ou que sem aproveitar a companhia um do outro.

Talvez eu esteja exagerando ao pensar que a vida desses casais é realmente assim, mas de vez em quando eu me perguntava o que os teria feito chegar a esse ponto.

Enquanto Ginny estava na Europa, porém, ocorreu-me de repente que podia ser que nós também estivéssemos caminhando para isso.

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Pedi o dia de folga porque hoje era o dia que Gina retornaria, lembro que senti estranhamente nervoso. Era uma sensação esquisita e me senti aliviado ao ver um sorriso atravessar o rosto de minha mulher quando ela apareceu na sala através da chave de portal e veio na minha direção. Quando se aproximou, estendi o braço para pegar sua mala de mão.

— Como foi a viagem? – Perguntei.

— Boa – respondeu ela. – Não entendo por que eles gostam tanto de morar naquela cidade. É tudo tão agitado, tão barulhento o tempo todo... Eu não conseguiria.

— Então está feliz em voltar para casa?

— Estou – respondeu ela – Estou, sim. Feliz, mas cansada.

— Imagino. Viajar sempre cansa.

Ambos ficamos alguns instantes sem dizer nada. Passei sua mala de mão para o outro braço.

— Como estão eles? – perguntei – E fizeram uma boa partida, certamente já que ganharam a Copa Mundial.

— Bem. Acho que emagreceram um pouco por conta do treinamento intenso e cardápio diário. Digamos que puxaram pro lado “bom de bola” da família – Brincou por um instante.

— Alguma novidade em relação a eles que você não tenha dito ao telefone?

— Na verdade, não – falou ela – Eles trabalham demais, mas é só isso.

Detectei certa tristeza em sua voz, algo que não entendi muito bem.

— Estou feliz por você ter voltado – falei.

Ela me olhou de relance, sustentou meu olhar e então se virou lentamente para a escada.

— Eu sei que está.

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Notas finais do capítulo

LEIAM AS NOTAS INICIAIS! LEIAM AS NOTAS INICIAIS! NOTAS INICIAIS!
O que acharam desse capítulo? E esses dois tão indiferentes um ao outro?

Bjs, bjs



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