As chamas lançadas a partir dos três meninos perseguiam Daniel, o garoto havia fugido desta situação há dias e para sua sorte algo sempre impedia que o alcançassem, no entanto desta vez dobrador de água estava exausto e não havia ninguém por perto para pedir ajuda, ele correu o mais longe que pôde mas acabou em um beco sem saída na parte de trás de sua escola.

Ao perceber que seria impossível fugir desta vez, Daniel virou-se encarando os agressores. Eram um ano mais velhos que ele e assim como a maioria dos dobradores de fogo, os garotos achavam-se superiores aos outros. Aquela perseguição seria uma forma de demonstrar sua suposta superioridade, mas não acabou como esperado.

Uma labareda cortava o ar em direção ao rosto de Daniel quando ele ergueu suas mãos e consequentemente a água do chão úmido resultante da chuva do dia anterior, impedindo o ataque. Surpreso, o mais velho e aparentemente líder do grupo debochou:

—Criou coragem, tem certeza que quer revidar?

Sem outra escolha e com movimentos ágeis, o garoto da tribo da água congelou pequenas estacas e arremessou as mesmas. O líder fez com que pequenas chamas surgissem no ar protegendo a si mesmo e a seus colegas. Antes que um dos agressores pudesse contra-atacar o mais velho pronunciou-se novamente:

—Se é uma luta que quer, é o que terá - virando-se para seus colegas disse - Deixem ele comigo.

Estendeu seu braço direito com o punho fechado gerando uma bola de fogo em direção à Daniel. O garoto sabia que aquele era seu fim, nunca havia treinado sua dobra para batalha e o golpe era forte demais, mas inesperadamente uma parede de terra ergueu-se entre a batalha.