A guardiã do gelo escrita por Kashinabi Chan


Capítulo 58
Não, não, não... Eles não podem ter caído...


Notas iniciais do capítulo

Heeeeey Batatinhas Ambulantes o/

Semana passada, ao perceber como andava a minha escrita, percebi que sim, possivelmente eu já tenho uma data para o dia da maratona u.u ela provavelmente vai acontecer dia 2 de fevereiro, MAAAAS ainda não é a data oficial porque preciso ver como vai ser o meu desenvolvimento dessa semana u.u ~ou seja, se eu vou terminar de escrevê-la e.e

Já vão preparando os corações porque o fim está chegando u-u

No capítulo de hoje - o castelo de Éolo u.u

Tenham uma boa leitura o/



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Meus olhos já estavam fechados, como sempre, esperando que o veredicto finalmente acontecesse até que... mãos envolvem minha cintura e o ar, que antes fazia meus cabelos voarem para trás, agora jogava todos os meus fios contra meu rosto. Aos poucos fui ganhando coragem para abrir os olhos até que virei de lado e descobri que era Utae quem havia me salvado. Depois ele fala que sou eu quem sempre quer ser a heroína da história, pensei, quase que sorrindo.

— Não sei porque ainda me surpreendo com seus sumiços — ouvi ele murmurar.

Os gritos das duas garotas que permaneceram sendo prisioneiras de Tifão corriam juntamente com o vento que nos mantinha levitando.

— Não sei porque ainda me surpreendo de você ser sempre o meu herói — imitei seu tom num meio-sorriso.

— E eu não sei como você sobreviveu sem meu heroísmo por tanto tempo — seu tom já estava mais descontraído agora.

Fiquei aliviada quando meus pés voltaram a tocar a grama, bem perto do castelo. A ventania por ali bagunçava meus cabelos, mas só de ver os outros três nos esperando com expressões apreensivas, ignorei o fato da minha terrível aparência.

Porém, meus joelhos logo fraquejaram por causa dos cortes da pele áspera de Tifão. Soltei um xingamento baixinho e cuspi o sangue que começara a encher minha boca mais uma vez. Quem se ajoelhou primeiro perto de mim foi Imma, seguindo de Nerea que também pareceu bastante preocupada.

— Precisamos seguir em frente. Eu vi Tifão. Ele está ocupado com duas presas. — No mesmo instante que Utae terminou a frase, mais gritos de suas prisioneiras foram ouvidas, me fazendo fechar os olhos e tentar imaginar o que diabos deveria estar acontecendo com elas naquele instante. — Kary, você acha que consegue ir? Você sabe que não podemos ficar.

Me forcei a confirmar com a cabeça, sabendo que precisava ser forte. Não deixaria meus amigos serem torturados por causa de míseros ferimentos.

— Vamos logo — apressei.

Imma mal me deixou tentar levantar, pois simplesmente segurou um de meus braços, passando-o por seus ombros e por fim me ajudando a levantar. Nerea, ao perceber o gesto, fez o mesmo com meu outro braço e enfim eu estava de pé, sustentada por ambos.

Malek e Utae ficaram a frente durante todo o percurso, parecendo discutir algo seriamente. Cuspi mais sangue, odiando — embora tenha admirado o gesto — ser carregada, afinal, minhas pernas funcionavam, mesmo que mais devagar. Você e seus pensamentos egoístas, minha cabeça me repreendeu, embora eu tivesse ignorado aquela opinião contrária.

O céu continuava escuro, com nuvens densas encobrindo a lua. Nossa maior fonte de luz no momento era o próprio Malek que se esforçava para não chamar atenção no meio de tanta escuridão e nebulosidade. Até que não demorou muito para chegarmos na porta de entrada do castelo que pela aparência, parecia abandonado.

Ele não era tecnicamente no chão. Estava há pelo menos cinquenta metros, só que haviam torres presas no chão, como se fossem antigas torres de defesa.

— Vão na frente — pediu Utae a nós três.

Os dois ao meu lado confirmaram com a cabeça e logo estávamos subindo devagar um degrau por vez. Aquela escada gigantesca era formada por aquela fumaça "sólida" estranha e bem pouco convidativa. Tínhamos que nos apertar para caber os três no mesmo degrau.

Não sei quanto tempo demorou para estarmos chegando à metade da escada, só sei que alguns segundos após passarmos pelo degrau, eu ouvia um barulhinho idêntico a quando nós mergulhamos algo quente na água. Quanto mais subíamos, mais ele ficava evidente, me fazendo ponderar sobre.

Até que eu acabei ouvindo um biiiip, indicando um xingamento.

Como se tivéssemos ensaiado o movimento, eu, Nerea e Imma viramos o rosto para ver o que tinha acontecido e arregalei os olhos ao perceber que várias escadas haviam desaparecido — as que havíamos passado pelo menos. E não demoraria muito para a que Utae e Malek se encontravam, se apagasse de vez.

Utae apontou para a direção do castelo.

— Subam. Depressa — ordenou com voz firme.

Os dois ao meu lado assentiram e então começaram a me forçar a caminhar mais depressa. O tal barulhinho foi aumentando a frequência e isso só fazia Nerea e Imma me apressarem mais. Xinguei mentalmente quando meu corpo começou a reclamar pelo esforço por estar ferido. Cuspi mais sangue — que agora já não era tanto pois o ferimento estava se fechando aos poucos — e por incrível que pareça, esse sangue não ficou na escada, mas a atravessou.

— DROGA! — ouvi Utae praguejar, coisa que acabou me deixando preocupada. — SUBAM! SUBAM!

— Nerea, isso não vai dar certo. — A expressão de Imma estava tensa (seu maxilar trincado evidenciava isso). — Deixa que eu carrego ela. Fica vigiando aí atrás pra ver se a escada não está derretendo mais rápido que a gente.

Vi a filha de Harmonia assentir e em seguida largar meu braço.

Sem nem dar um aviso prévio, Imma me pega no colo e apoia minha barriga em seu ombro, fazendo com que eu tivesse uma ampla visão do que acontecia bem atrás da gente. Uma dorzinha incomodou meu corpo por causa dos arranhões fundos na barriga, porém, me forcei a ignorar o incômodo.

Os passos de Imma aumentaram e mesmo chacoalhando, conseguia ter noção de que as coisas não iam nada bem com Utae e Malek. Pelo que eu consegui entender, seu calor natural estava "derretendo" as escadas finas de fumaça, obrigando ele e o filho de Zeus correrem o mais rápido possível. Mas por que Utae não usa seus domínios do vento para levitar?, foi a primeira pergunta que meus pensamentos fizeram. Então me lembrei do motivo: ele possivelmente deve estar cansado e não tem poder o suficiente para salvar ele e Malek. Se os nossos níveis não tivessem reiniciado, talvez seríamos muito melhores, isso eu tinha certeza.

Meu coração ficou apertado ao perceber que seus esforços não estavam adiantando. A escada estava sumindo rápido demais e Utae parecia cansado demais para continuar. Malek segurava seu braço, forçando-o a lutar contra o próprio cansaço. Entretanto, a escada alcançou os pés de ambos, acabando primeiramente com o equilíbrio de Utae. Assim que o mesmo ameaçou cair lá embaixo — estávamos a uma distância considerável do chão —, Malek o segurou, só que por esse vacilo de diminuir um pouco o passo, seus pés também perderam o apoio, fazendo-o se agarrar desesperadamente por apenas uma mão no último degrau

— Imma! — gritei em desespero, estapeando suas costas cobertas pelo traje.

Imma, por conta do meu desespero, chegou a dar uma olhadela para trás, porém, Nerea o empurrou para frente, obrigando-o a continuar.

— Eles vão se virar, apenas continue. — Sua expressão estava séria, embora levemente tensa também.

— Nerea, eles vão cair! — continuei desesperada. Faltava pouco para escada de Malek desaparecer.

— Nós também vamos morrer se pararmos pra ajudar — insistiu ela. — Estamos chegando.

— NÃO! — berrei, sentindo meus olhos marejarem quando a escada desapareceu.

Parte do meu coração se foi junto com Utae. Continuei gritando e estapeando com força as costas de Imma, querendo que ele parasse. Pouco me importei com os cortes novamente se abrindo em minha boca, me fazendo cuspir o sangue — ou deixa-lo apenas escorrer enquanto permanecia agitada.

Quando enfim chegamos ao castelo, estou derramando lágrimas, preocupada com o que quer que tenha acontecido com os dois. Não, não, não... Utae não pode ter morrido. Não pode ter sido desse jeito que eu perdi meu irmão..., balancei a cabeça, querendo negar o ocorrido.

Imma me colocou encostada numa parede feita daquela mesma "fumaça sólida" e se sentou ao meu lado, abraçando meu ombro. Não resisti e me entreguei ao seu abraço. Mesmo com todo seu traje, conseguia sentir seu coração acelerado. Não sabia se era pelo contato, pelo desespero ou pelo esforço que havia feito para me carregar até ali.

— Lembra do que eu te disse na morte do Kameel? — sussurrou ele e logo senti seus dedos brincarem com meus fios azuis. — Você precisa ser forte agora.

Nunca pensei que sentiria tanta falta da sua voz repetindo aquelas mesmas palavras que me consolaram no tempo em que estive na equipe do Tanay. Respirei fundo, querendo controlar o choro, mas era mais forte do que eu.

Então uma doce melodia preencheu o ar e só me dei conta que era Nerea quando o brilho dourado de sua lira se intensificou, sendo visível até mesmo pela minha visão turvada pelas lágrimas. Funguei uma última vez e limpei-as para poder enxergar melhor.

Aquele som estava acalmando meu coração e me confortando de uma forma diferente. Era a primeira vez que a via tocar de verdade. Nerea mostrava habilidade, me fazendo até lembrar da música angelical de Tritão. Mesmo tocando tão harmoniosamente, seu olhar parecia longínquo e um tanto triste. Assim que uma lágrima escorreu por sua bochecha, ela piscou repetidas vezes como se saísse de um transe e nos encarou com um sorriso frágil.

— Se sente melhor agora? — questionou ela amavelmente.

Confirmei com a cabeça, só então percebendo que a essa altura, Imma já havia parado de acariciar meus cabelos.

Nerea estendeu a mão, possivelmente para me ajudar a levantar e eu aceitei. Entendia o gesto. Não poderíamos ficar ali por muito tempo ou outro monstro poderia aparecer — já não bastasse Tifão torturando aquelas duas Jogadoras. Antes de me levantar de fato, depositei um beijo na bochecha de Imma, sem nem me importar com seu suor. Ele merecia por ter me carregado por intermináveis degraus.

Ele levanta do chão em seguida e logo nós três estávamos parados à porta gigantesca feita do mesmo material daquela parede. Respirei fundo e engolindo a dor dos meus ferimentos, sou a primeira que tenho a coragem de empurrar levemente a porta. Ela abriu devagar e com um rangido característico de abandono.

Uma lufada de ar veio ao nosso encontro, o que fez meus olhos se fecharem para evitar que a poeira os fizesse lacrimejar. Esse vento foi ficando mais fraco e quando não passava de uma brisa refrescante, abri os olhos levemente e entrei, usando Nerea como apoio já que os ferimentos me incomodavam.

Assim que entramos, a porta se fechou automaticamente num estrondo. Um arrepio percorreu todo meu corpo, mas eu me forcei a engolir o medo e a caminhar perto dos outros dois. Só assim conseguia me sentir segura o suficiente. Havíamos enfrentado criaturas mitológicas — e perdido dois Jogadores — demais para chegarmos até ali.

O que me dava mais agonia naquele lugar eram nossos passos soando tão altos em meio a todo aquele silêncio. A decoração também não ajudava muito a acalmar meus pensamentos. Parte deles ficavam presos no que poderia ter acontecido com Utae e a outra parte se preocupa com o que pode ter naquele castelo aparentemente abandonado.

Quando uma coisa cai, produzindo um barulho, meu coração palpita forte por um segundo. Até mesmo Nerea e Imma param, ambos olhando na direção do objeto que caíra. Não passava de um elmo antigo e enferrujado.

A cada passo pelo corredor gigantesco, o vento ia ficando mais fresco e brincalhão com meus cabelos. Ao ouvir passos mais ao longe, fico ainda mais agitada e os outros dois parecem ouvir também pois me puxam para atrás de uma das colunas na lateral do corredor. Esses passos se multiplicam, indicando que não havia só uma pessoa naquele local.

— Não acredito que vocês deixaram eles escaparem — era uma voz masculina, por sorte vindo na direção contrária ao qual estávamos escondidos.

— Sentimos muito, senhor Éolo — reconheci a voz de Aura.

— Ah, não importa. Tifão deve ter dado um jeito neles. Espero que esse erro não se repita.

— Mas Quione já foi mandada para Hades pelo crime que cometeu. Não cometeremos o mesmo erro — garantiu a mesma. Ao que parecia, era apenas ela e Éolo que por ali passeavam.

— E onde está Zetes?

— Foi atrás da irmã — Aura dizia com voz de desprezo. — Pôs tudo a perder quando eu dei o golpe final em Quione.

Outra parte do meu coração se foi ao descobrir aquilo que já suspeitava. Quione sacrificara a própria vida imortal por minha causa. Para que eu pudesse completar a jornada. Céus, tanta coisa aconteceu para eu conseguir chegar apenas na primeira pedra Elemental, lamentei mentalmente. Isso porque eu ainda nem a vi.

— É por isso que não queria colocar vocês Boréades para tomar conta do meu território. — Éolo não parecia feliz. — Torçam para que Tifão tenha conseguido detê-los ou vão ser mandados para Hades pelas minhas próprias mãos.

Engoli em seco. Se soubessem que estamos aqui...

Meu coração retumbou em meus ouvidos ao ouvir passos apressados vindo de algum lugar.

— Senhor Éolo! — reconheci a voz de Calais. — A escada foi desfeita. Temos intrusos.

Um rugido sub-humano me fez arrepiar da cabeça aos pés. Minhas pernas ficavam bambas em pensar o que poderiam fazer conosco caso nos encontrassem.

— Vão cuidar desse problema! — esbravejou Éolo (pelo jeito não era atoa que ele foi um escolhido de Zeus). — Se eu ver esses intrusos na minha frente, eu mesmo acabarei com eles e com vocês!

Soltei um xingamento ao ouvir um barulho. Virei o rosto para o lado, encontrando o Imma pálido. Ah, que maravilha, ele derrubou uma armadura do mostruário de Éolo.

Era agora que seríamos encontrados.


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Notas finais do capítulo

E novamente eles se meteram numa enrascada x.x fico me perguntando quando é que eles vão conseguir ao menos VER a pedra Elemental x.x kk

No próximo capítulo - Um maligno feitiço pode resultar numa mor...

Até o próximo capítulo o/



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