I'm bent with bitterness escrita por Bruna Prongs
Notas iniciais do capítulo
Você pode ler ao som de We Don't Talk Anymore, do Charlie Puth.
Severo apertou os olhos, não muito certo do que via. Potter estava tão perto de Lily que, por um momento, o sonserino achou que eles estavam se beijando. O almoço subiu pela garganta em uma náusea que só se dissipou pois Lily afastará o rosto no último segundo. O que diabos era aquilo? Será que ela estava em apuros?
A ideia logo escapou da mente de Severo, pois Lily inclinou-se para trás em uma óbvia gargalhada, feliz e radiante como poucas vezes o garoto a havia visto. E Lily, em geral, era uma pessoa muito feliz. Teve que desviar o olhar por um instante ao perceber que o maldito Potter ria também e a sintonia deles era tão grande que o garoto quase sentiu-se mal por estar espiando.
Em seis anos aguentando aquele maldito grifinório, Snape podia jurar que nunca o vira sorrir daquela forma. Rir então, muito menos. Aquela cena acendeu algo tão ruim dentro dele que precisou respirar fundo e apertar os dedos ao redor da varinha antes de fazer uma besteira.
Não que ele se importasse com o que a sangue-ruim fazia, era o que vivia repetindo para si mesmo em uma tentativa desesperada de explicar o tremendo vazio que sua vida se tornará desde que Lily saiu dela.
Mas o que a garota fazia ali, esparramada na sombra da árvore - a mesma que que tantas vezes compartilhou com Severo - com James Potter, ele era incapaz de saber. Até o incidente, Sev e ela haviam adotado a tática de ignorar a existência de Potter e seus amigos, pois aquilo só havia feito os dois brigarem. E por isso, ele presumirá que Lily os odiava tanto quanto ele odiava. Só que, aparentemente, os motivos deles eram completamente diferentes. Lily não falava deles porque sabia que acabaria defendendo-os, assim como fazia com todos os colegas metidos a heróis.
A realidade atingiu Snape como um soco na cara e ele sentiu a garganta se apertar em um ataque de pânico.
Tinha aquilo desde menino. A bebedeira do pai… Os gritos da mãe… O riso dos trouxas cada vez que ele passava, o deboche. Dor. A vida de Severo Snape era apenas dor até o momento que viu a menina ruiva fazendo magia e tornando-se a coisa mais importante para ele. Parecia ter acontecido há tanto tempo, em outra vida.
Hogwarts mudará os dois. Talvez mudar não fosse a palavra certa, mas era o jeito que ele sentia. No momento que o Chapéu Seletor gritou “Grifnória” e a garota correu para a mesa dos heróis, Snape soube que a perderia. Criou essa profecia na própria cabeça e, indiretamente, fez com que acontecesse.
E ele… Bem, ele tinha uma escolha. Por um tempo conseguiu lutar contra o instinto. Ele odiava os trouxas e bruxos nascidos trouxas; exceto uma. Odiava pelo riso que suas roupas de trouxa e sua excentricidade causavam. Odiava, acima de tudo, o pai trouxa, que sempre tornou a vida de Snape miserável.
Os gritos… Merlin, os gritos ainda o assombravam.
Então de um lado havia toda essa mágoa e raiva e do outro havia Lily. E ele lutou para tentar ficar ao lado dela, para não ser o monstro que sentia despertando dentro dele. Mas se perdeu e nem mesmo a garota conseguiu salvá-lo.
E agora estava ali, meio escondido em um arbusto, assistindo Lily - sua Lily - sendo roubada por um herói do quadribol.
E quando Potter se aproximou novamente da garota, Severo soube que era tarde demais. Talvez tivesse sido o primeiro beijo, ou apenas um de vários, mas aquilo trouxe à tona a pior parte de Snape. E como não havia mais luz para contrapor-se à escuridão, ele simplesmente entregou-se às trevas, jurando para si mesmo que nunca mais ficaria assistindo a felicidade dos outros atrás de um arbusto.
Ele aceitaria o convite e seria um servo do Lorde das Trevas. E um dia mataria James Potter, assim como ele o havia - de certa forma - o matado.
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"What was all of it for? We don't talk anymore like we used to do. I just heard you found the one you've been looking."