O Best Seller de Emily Taylor escrita por God Save The Queen
— Emily, você não pode ser tão lenta. – eu sentei no sofá e esperei aquilo similar.
— Você tem certeza?
— Claro que eu tenho. Lembra que Logan falou que se ele se apaixonasse por você, iria embora?
— Sim.
— Então, por esse motivo ele não pode dizer, porque se ele assumir que está se apaixonando vai ter que ir embora. – coloquei a mão no rosto e respirei fundo três vezes.
— Mas por quê? – eu não conseguia entender.
— Oras, essa é uma excelente pergunta. Já que você só escorraça o rapaz.
— Não é bem assim, é só que...
— Antes de tudo, me conte o que aconteceu ontem. O jantar, essa tal invasão no parque, a noite aqui, quero saber de tudo.
E eu contei. Palavra por palavra e como uma excelente ouvinte, Katie ouviu tudo calmamente e em silêncio, mesmo que eu percebesse que várias vezes ela queria rebater algumas coisas. Quando eu terminei, ela me deu alguns minutos de silêncio para me recuperar e depois me deu um tapa no braço.
— O que você está fazendo?
— Te dando um tapa.
— Por quê?
— Porque é o que você merece. O garoto só quer ficar com você, só isso. E você está sendo muito insensível.
— Mas eu não quero ficar com ele. – sua cara a seguir foi um misto de descrença com ironia que não é possível descrever.
— Você pode até mentir pra si mesma, mas não pode mentir pra mim. O jeito como você reage a ele diz completamente o contrário.
— Acredito que seja apenas físico. Nada mais.
— Certo, pode até ser físico agora. Mas você está entrando em um estágio que eu gosto de chamar de “pulando sem paraquedas” que é quando você começa a se apaixonar.
— Não estou começando a me apaixonar...
— Respeito sua opinião, mas é uma opinião burra. – revirei os olhos.
— Será que o Logan vai agir normal comigo?
— Depende do que você considera normal.
— Digo ser romântico e fofo depois de tudo? É muito errado eu querer isso? – Katie jogou as mãos para o alto e levantou do sofá.
— Sinceramente você é um caso perdido, Emily. Eu vou embora e é bom que você pense muito bem nessa pergunta que você me fez. – e ela foi mesmo embora. Fiquei ainda alguns minutos sentada na mesma posição tentando assimilar o que tinha acabado de acontecer e como eu ia resolver esse problema iminente.
>>o Ponto de vista: Logan (ele está de volta)
— Que cara é essa? – perguntou Jeremy assim que eu pisei dentro de casa.
— As coisas não saíram como eu tinha planejado. – falei apenas.
— Você não dormiu na casa da garota?
— Dormi, mas como eu disse nada saiu como eu imaginei.
— Tudo bem, você quer me contar o que aconteceu?
— Tanto faz. – no fim, acabei contando.
Jeremy fazia careta nas horas certas, embora ele não fosse dado muito a romances não casuais. De qualquer maneira, esperei que ele fosse rir da minha cara no final, mas surpreendentemente não fez isso.
— Acho que você tem um grande problema. – disse apenas.
— Isso eu sei, obrigado.
— E o que vai fazer agora que está se apaixonando por ela? – o encarei em silêncio por uns minutos.
— Eu... não...
— Eu acho loucura você estar se sentindo assim sendo que nem a conhece direito. Não que eu saiba muito bem dessas coisas, vai ver é assim que acontece.
— Eu preferia que não acontecesse.
— Mas está acontecendo. E a não ser que você queira sair correndo dela e de toda essa loucura, você vai acabar se afundando mais.
— Eu quero mesmo sair correndo, ao mesmo tempo em que eu quero muito ficar com ela. Emily sempre me desafia e eu não acho que eu consiga fugir disso. – Jeremy me encarava com curiosidade.
— Não posso dizer que te entendo, mas mesmo assim eu me preocupo com você porque essa garota não quer você, pelo menos não como você a quer. Isso é princípio para desastre.
— E o que posso fazer? – ele deu de ombros.
— Ainda bem que eu não sou você.
— Ah, que ótimo, Jeremy. Agradeço.
— Sempre que precisar, bro.
Levantei meio indignado para ajeitar a minha vida, eu tinha que fazer o projeto para a faculdade e não podia ficar remoendo meus problemas amorosos. E a noite eu ia falar com Emily, íamos parar com os joguinhos e queria que as coisas se resolvessem de uma vez por todas.
>>o
Passei o dia inteiro fazendo o projeto e só parei pra comer um sanduíche. Jeremy tinha acabado de chegar da faculdade e tinha começado a jogar videogame, percebi que era hora de dar uma parada. Tomei um banho e me preparei para acompanhá-lo no jogo quando a campainha tocou.
— Você pediu comida? – perguntou Jer.
— Não e por acaso você marcou com alguma garota e esqueceu de me falar?
— Espero que não. – revirei os olhos.
— Então você atende porque não quero ficar no raio da raiva feminina. – Jer levantou meio a contragosto.
— Eu espero muito, muito mesmo que não seja.
Jeremy não tinha jeito. Ele não tinha muitos escrúpulos, mas era um amigo leal e confiável, embora desse péssimos conselhos e exemplos horríveis.
— Ah, oi. Sou o Jeremy, prazer é todo meu. Entra aí. – eu me virei para ver quem era e demorei pra assimilar.
— Emily? – ela deu de ombros.
— Oi.
— O que você está fazendo aqui? – ela claramente estava constrangida.
— Ah.... é... Eu queria me desculpar por tudo e bom... trouxe pizza e cerveja.
— Aí sim. – falou Jeremy. – Fica a vontade.
— Obrigada. – Emily olhava fixamente pra mim de cima a baixo e eu não sabia como reagir.
— Desculpa pela recepção péssima do Logan, mas ele não sabe agir diante de uma garota bonita. Você já deve ter percebido. – ela soltou uma gargalhada.
— Achei que fosse só comigo.
— Não, não, é unânime. Mas não se preocupe, eu estou aqui para fazê-lo ser mais interessante.
— Que sorte a minha então. Acho que vou te chamar para os nossos encontros também.
— Querida, se eu for a um encontro com você, nunca mais vai querer sair com o idiota de cueca. – Ah meu Deus. Olhei pra baixo e eu de fato estava só de cueca.
— Só um minuto. – saí correndo e fui colocar uma roupa. Eu não estava esperando por ela, não mesmo. Pedindo desculpa? O que isso poderia significar?
Depois de ter um pequeno surto, voltei para a sala e encontrei Emily jogando videogame com Jeremy como se fossem amigos há anos. Era uma cena inusitada e ao mesmo tempo, interessante.
— E aí? – falei.
— Ah, oi, Logan. Estou prestes a humilhar seu amigo.
— Ah, por favor. Como se eu fosse deixar você me humilhar na minha própria casa.
— Querido Jeremy, não acho que você tenha escolha. – sorri apenas e peguei uma cerveja. Menos de cinco minutos depois, Emily se levantou e começou a dançar o que eu acredito que seja uma dança da vitória – Eu falei, eu falei.
— Isso é um absurdo.
— Não é que você seja ruim, é que eu sou muito boa.
— Quem te ensinou a jogar videogame? – ela deu de ombros.
— Eu tenho um irmão mais velho e esse era o único jeito de brincar com ele quando eu era criança.
— Ele te ensinou bem.
— Verdade, se quiser eu posso te dar umas aulas. – Jeremy deu um sorriso sacana.
— A gente pode trocar conhecimentos, se quiser. – ela apenas revirou os olhos.
— Sabe, de certa forma, eu namoro o Logan. Certo? – ela virou pra mim um tanto receosa.
— Sem dúvida. – falei a puxando pra perto de mim, o que a deixou muito sem graça.
— Até que enfim você falou alguma coisa.
— Desculpa, eu realmente não estava esperando por você.
— Tudo bem, eu deveria mesmo ter avisado.
— Eu gostei da surpresa, de verdade. – seu sorriso me fez sentir um frio na barriga e isso me assustou. – Então... aquela pizza já deve estar fria, hein...
— Correto, mas não tenho nada contra pizza fria. – falou ela e levantou para pegar um pedaço.
— Onde você a achou? – perguntou Jeremy em um sussurro.
— Ela que me achou na verdade.
— O universo não pode te dar tudo, cara. E eu? – dei leves tapinhas de consolação em suas costas.
— Você tem a mim. – ele bufou.
— Ah, que ótimo!
— E aí? Estão falando sobre o que? – perguntou Emily.
— Sobre o quão sortudo o Jeremy é por me ter na vida dele.
— Não dê ouvidos ao que ele diz.
— Pode deixar. Mas e aí, Logan, como está sua apresentação?
— Eu praticamente terminei. Como o Jeremy foi pra faculdade hoje eu pude me concentrar. – Jer fez uma careta.
— Você é realmente um saco. – Emily caía na gargalhada de um jeito incrível porque seus olhos fechavam quando ela ria, fazendo com que eu tivesse vontade de rir junto.
— E o seu livro, Em? Como está? – seu rosto se iluminou.
— Em? – perguntou, dei de ombros.
— Ruim?
— Não, eu gostei. Ele está cada vez mais incrível, estou escrevendo praticamente sem parar. Tem sido fácil escrever as cenas românticas por sua causa. – eu poderia fingir que não, mas meu ego deu uma inflada.
— Ah, obrigado.
— Da próxima vez que vocês falarem algo que me dê enjoo, me avise para que eu possa controlar meu estômago. – falou Jeremy com uma careta e eu me permiti ficar sem jeito.
— Vai ver você está enjoando porque uma garota que você nem conhecia ganhou de você na sua própria casa. – falou Emily me poupando o trabalho de responder.
— Ah, que abuso. Isso foi só uma vitoriazinha, não fica toda se achando não. E o que importa mesmo é saber se você me colocou no seu livro.
— É... Eu não te conhecia, então...
— Não acredito, Emily. Logan não existe sem mim, então não tem como você escrever um livro dele sem um personagem me representando.
— Certo, vou pensar em alguma coisa.
— Já falei pra não dar ouvidos pra ele, Em.
— Ignore-o e pensa em algum nome interessante pra mim, um nome imponente.
— Vou pensar nisso também.
— Vocês querem mais cerveja? – perguntei.
— Claro, manda aí.
— Pra mim também.
Enquanto eu pegava a cerveja na geladeira, fiquei observando Jeremy e Emily conversando. Ele claramente gostou dela e eu não sabia por que isso me deixava tão feliz. E, claro, sua risada e seu sorriso eram como energéticos pra mim e faziam meu coração acelerar de um jeito que eu nunca teria coragem de falar em voz alta.
— Ei, Logan, quer jogar “Quem sou Eu?”? – perguntou ela de um jeito que eu não poderia recusar.
— Com certeza.
>>o
— Você tem mesmo que ir embora? – perguntei pela milésima vez.
— Sim, eu tenho. – ela sorria de um jeito encantador. – Amanhã de manhã tenho aula.
— Isso é uma pena.
— Oh, volta logo, pra eu mostrar que eu posso ser destruidor no videogame. – falou Jer e Emily fez uma careta.
— Essa eu quero mesmo ver.
— Pode deixar. Tchau, Emily. Um prazer te conhecer.
— Tchau, Jeremy. O prazer foi meu.
Levei Emily até a porta e a fechei atrás de mim, dessa vez queria um tempinho a sós com ela, nem que seja por alguns poucos minutos.
— Então... – começou ela, mas a cortei.
— Obrigado por ter vindo. Foi uma noite muito divertida.
— Eu também achei. Seu amigo, Jeremy, é muito divertido.
— Eu sei, mas não deixe o ouvir isso.
— Pode deixar. E sobre ontem e hoje de manhã, eu...
— Você quer espaço. Eu posso dá-lo pra você.
— Eu não sei... – eu a encarei surpresa e com medo das minhas próprias expectativas.
— Como assim?
— Acho que devemos ir nos conhecendo, não é? E não só pra eu escrever em um livro, talvez esse ano seja muito mais que isso. – eu não poderia acreditar no que eu estava ouvindo.
— Você está falando sério? – ela deu de ombros.
— Acho que sim, mas não vá criando muito expectativa. Eu ainda nem te conheço direito, mas vamos chegar lá.
— Tudo bem, vamos ver no que vai dar.
— Perfeito. – ela me deu um abraço forte e um beijo na bochecha, rápido e recatado, mas que me deixou meio bobo.
Entrei em casa pensativo, eu não queria criar expectativas ao mesmo tempo em que isso era tudo o que eu queria. Acho que do jeito dela, Emily estava dando uma chance pra mim e eu não poderia pedir algo melhor.
— Acho que você está bem ferrado, irmão.
— E por que acha isso? – Jeremy sorriu.
— Porque ela é uma garota incrível.
>>o Ponto de vista: Emily
- Como foi na casa dele? — perguntou Katie no instante que eu liguei pra ela.
— Foi muito bom, o amigo dele, Jeremy, é muito legal e ele bem... ele é do jeito que você conhece.
— Eu sei, incrível.
— Exatamente. E no fim, fiz o que você me falou e decidi deixar as coisas acontecerem.
— Então, agora vocês estão namorando de verdade?
— Não... estamos nos conhecendo pra ver no que vai dar na vida real, entende?
— Mais ou menos. Estão namorando de mentira e se conhecendo de verdade?
— Por aí.
— Por que nada nunca é simples com você, Emily Taylor?
— Porque aí eu seria comum, e fala sério, quem quer ser comum?
— Mas se todo mundo fosse incomum, o novo comum seria ser incomum. E aí você teria que ser comum pra ser diferente. — fiquei alguns minutos em silêncio.
— De onde você tira essas coisas, Katie?
— Não sei, sinceramente.
— Certo, mas e aí? Vai mesmo ao encontro com Nate amanhã? – ela suspirou.
— A ideia é essa.
— Tudo bem, mas se você precisar de ajuda pra gritar com ele ou bater nele a ponto de fazê-lo esquecer do nome, é só me pedir.
— Uau, Emily, uau.
— Só queria deixar claro suas opções.
— Obrigada e ás vezes você me assusta. Boa noite.
— Boa noite.
Eu me sentia uma péssima amiga por não livrá-la disso, mas naquele momento tudo o que eu queria era pensar no que eu estava fazendo. Eu tinha medo de acabar estragando tudo, ao mesmo tempo em que eu não queria magoá-lo, ele estava se tornando alguém muito importante pra mim...
E você não ia conseguir deixá-lo ir. — falou minha inconveniente consciência.
Claro que eu não quero deixá-lo ir. Eu preciso dele. – eu quase podia imaginá-la fazendo careta.
Aham.
Comecei a ignorá-la e voltei a escrever, agora mais do que nunca minha inspiração estava nas alturas.
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