Royal Lovers - Interativa escrita por Biiah Arc


Capítulo 3
Dearest Sister!


Notas iniciais do capítulo

OIIIE!
Sim, eu disse que o capítulo estava pronto!
Sim, eu disse que ele ia sair antes do natal (de 2016)!
Mas isso não aconteceu. Porque?! Porque eu sou preguiçosa e passei por um péssimo momento de bloqueio criativo. Não é que eu estivesse sem vontade de escrever, ou sem ideias. Eu tinha ideias, mas para outras fics. Se o Ian, o Charles e o Daniel ficaram em segundo plano, imagina o Henry? kkkkkk. Eu ainda quero voltar a postar em BTC, mas preciso de mais criatividade para retomar tudo, dar uma repaginada na história. Em relação a RL, as ideias estão a todo vapor na minha mente, por isso, vamos aproveitar, não é mesmo?! O verdadeiro motivo de tanta demora foi a minha faculdade, e também porque, a alguns meses atrás eu havia sentado para ler a fic e, todos os três capítulos prontos que eu tinha, eu DELETEI! Estavam horríveis, muito ruins mesmo, ninguém merecia ler aquilo, de verdade! Uma vergonha! Mas nós vamos voltar aos trilhos, não se preocupem! Eu preciso que vocês POR FAVOR, LEIAM as notas finais, ok?
Eu estava com muitas saudades, meninas, de verdade!
xoxo
Boa Leitura!



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Ter um irmão é ter, pra sempre, uma infância lembrada com segurança em outro coração. Tati Bernardi

Violet 

 

Daniel

 

Estava quente, muito quente, era verdade, mas ali dentro o clima parecia ameno e confortável. Era como se nada afetasse o bom funcionamento dentro daquelas paredes de vidro. Eleonora parecia ter perdido a conta de quantas vezes ela já havia entrado naquela estufa. Sabia toda a sua história e as gerações que passaram ali, cuidando daqueles vasos repletos de flores exóticas e canteiros com verdadeiras árvores, era um jardim completo, um jardim de inverno. Ela sabia que muitas estufas mais pareciam com um estoque de plantas e flores, com dezenas delas amontoadas em todo o espaço possível, mas aquela estufa era especial, tinha uma fonte ao centro com uma bela imagem de duas crianças, uma com um jarro de água e a outra com flores em punho. Era toda decorada e ornamentada para servir como um jardim de inverno, com canteiros de rosas, árvores crescendo em volta do local, criando paredes verdes contrastando com as paredes de vidro, e seções das mais diferentes espécies que faziam parte da flora do império. Mas ela não estava ali para ver as plantas, ou observar a fonte, estava ali atrás de alguém em especial.

— Hey! - Disse quando encontrou ele sentado em um dos bancos de frente para a fonte, seu local favorito.

 — Oi! - O jovem respondeu desviando os olhos para encará-la. Segurava uma pequena flor de pétalas brancas com suas bordas pintadas de um rosa vivo.

Um silêncio confortável se instalou entre os dois, de modo amigo e pertinente. Nenhum deles parecia ter muito sobre o que falar, nem ao menos podiam achar um assunto bom o suficiente para quebrá-lo, mas Eleonora tentou, mesmo assim. — Eu amo este lugar! - Suspirou com as mãos nos bolsos do vestido escuro que usava. A família ainda se encontrava de luto depois de dois meses. — Foi aqui que Enrique me pediu em casamento. - Um pequeno sorriso ainda brilhando em seu rosto mostrava como aquela lembrança era querida para a garota.

 

Daniel sorriu para a irmã, antes de voltar para seu mundo interno. Vendo que o irmão não iria dizer nada muito substancial se ela não encontrasse algum assunto bom o suficiente, ela resolveu apelar. Sentou-se ao lado dele no banco. — Está lindo aqui, não? - Observando um vaso redondo próximo, com lindas flores-de-maio.

Compadecido pelo olhar perdido da irmã, e pelos suspiros derrotados dela, Daniel ergue sua cabeça, encarando agora a fonte, e não mais o chão, quando a garota sentou-se ao seu lado. — Está mesmo!

 

— Eram as flores favoritas dela. - A jovem salientou ainda encarando o vaso de flores. Ela suspirou mais um pouco dando alguns segundos para que ele pudesse assimilar sobre o que ela estava falando. — Eu sinto falta deles também. - Disse simplesmente, ainda não encarando o rosto do irmão.

— Isso é tão estranho, é como se a qualquer minuto ela fosse entrar pela porta com uma cesta de flores, ou cantando. - encarando suas mãos contornando a flor, Daniel ponderou um pouco, recordando as diversas vezes que se esgueirou até ali para assistir a mãe cuidar de um vaso de flores, ou simplesmente colher algumas rosas.

—Parece, sim! - Suspirou. — Ela dizia que flores frescas dão um cheiro mais agradável ao ambiente. - tocou em uma planta roxa posicionada ao lado do banco. — Como você está?

—Eu estou bem, Nora, você não precisa ficar me vigiando a cada 10 minutos. - Daniel disse sem pensar. A última frase fez com que um silêncio desconfortável caísse sobre os dois, o que era muito incomum. — Me desculpe, eu não… Nora, por favor, me desculpe.

— Dani, está tudo bem. - Confortou o irmão com um pequeno e singelo toque da mão dela sobre a dele. — Você tem razão, está precisando de espaço, e já não é mais uma criancinha. Deve estar irritado com tantas pessoas o seguindo para todos os lados. Onde quer que eu olhe, tem alguém perguntando como me sinto e se preciso de alguma coisa, isso é muito irritante.

Encararam-se por longos segundos em silêncio. O olhar de Daniel mostrava que ele queria dizer algo, qualquer coisa. Ele parecia pensar demais, como se estivesse com medo de dizer em voz alta. Eleonora sabia que ele tinha algo a dizer, ela podia sentir, era como se pudesse ler o rosto do irmão e ver as engrenagens do cérebro dele trabalhando. Ele era tão tímido e reservado que ela tinha medo que ele fosse explodir antes de conseguir dizer ao menos uma palavra sobre o que estava pensando.

 

— Eu sinto falta deles. - Confidenciou o garoto, seu rosto em uma careta de dor, com os olhos tão brilhantes que ela não sabia dizer se eram assim, ou se ele estava segurando algumas lágrimas.

— Eu também, todos os dias. - Ela confessou ao irmão, seu rosto espelhando a dor dele.

— Foi assim quando o vovô morreu? - Ele perguntou depois de engolir o breve choro que se formava em sua garganta.

— Um pouco, sim! - concordou com a cabeça enquanto prestava atenção no topo de uma muda de cerejeira, como se estivesse buscando algo na memória. — Mas quando ele morreu, todos nós meio que já esperávamos por isso. Ele estava muito doente. - Encarou o irmão novamente.

— Eu não me lembro de nada! - seus olhos passeavam perdidos pelo tecido verde escuro que forrava as cadeiras. — Lembro dele, mas não lembro de quando morreu.

Eleonora sorriu triste, se aproximou mais do irmão e passou a mão sobre os cabelos lisos dele, como um carinho. — Você era muito novo na época.

— Eu tinha 12, novo era o Rafael. - apontou, com as sobrancelhas franzidas no meio da testa.

— Vocês dois eram crianças. - Sorriu abraçando-o de lado. —  Meus pirralhos favoritos. - Beijou a têmpora do irmão.

— Muito velha que você é… - Daniel debochou enquanto correspondia o abraço, escondendo um sorriso.

— Eu já sou uma senhora casada. - Ela riu com sua risada contagiante, o que automaticamente fez Daniel acompanhá-la.

— Isso é verdade! - os dois riram novamente, porém com menos força dessa vez.

— Você sabe que eu te amo, não sabe? - Segurou o pulso dele com a mão direita, fazendo um afago.

— Sei sim, obrigado! - Dan puxou uma risada baixa, com um sorriso debochado de canto

— Seu otário, estou falando sério! - Ela deu alguns tapas nele, embora não conseguisse não rir.

— Mas eu também. - Ele respondeu sorrindo. Aos poucos os dois foram se acalmando e um silêncio preencheu o espaço ao redor deles

— Eles amavam muito você! - Eleonora disse simplesmente, encarando algum ponto na camisa do irmão.

— Você também, Ellie! - Daniel respondeu meio em dúvida se ele devia dizer alguma coisa ou não. Ele encarava o rosto dela em busca de alguma resposta que lhe assegurasse que ela estava bem.

— Me desculpa! - A mais velha respondeu colocando a mão esquerda sobre o rosto enquanto a outra ainda segurava o pulso dele.

— Pelo, quê? Ellie, você…?

— Eu nunca conversei com você sobre isso tudo, a coroa, o trono, a responsabilidade, é muita coisa. - disse rápido, balançando as mãos e respirando apressadamente, como se estivesse hiperventilando.

— Calma, está tudo bem!

—  Não, não está! - se exaltou um pouco exacerbada. — Eu simplesmente joguei tudo sobre o seu colo, e fugi, feito uma garotinha assustada.

— Você se arrepende? - Ele parecia curioso.

— Não, eu não…! - ela respirou fundo buscando as palavras certas. — Não me arrependo do que fiz, não me arrependo de ter abdicado, mas me arrependo do modo como foi, me arrependo de não ter conversado com você antes.

— Está tudo bem, de verdade! - sorriu reconfortante. —  Eu vou ficar bem!

— Não está tudo bem! - Ela tentava não ficar furiosa, mas como ele não estava bravo com ela? — Eu te empurrei para um mundo que você não estava preparado.

— Eu não vou morrer por isso, Nora. Eu estou bem! - Segurou o rosto da irmã com as duas mãos, trazendo-a de volta para ele. — O que me importa agora é: como você está?

— Eu estou bem! - Ela quis rir, mas saiu mais parecido com um barulho estranho e sufocado, lutando para sair de dentro dela.

— Não, você não está. - Ele olhou fundo nos olhos dela, e tudo que Eleonora pode ver foi preocupação. — Você parece assustada, alarmada, e muito cansada.

— Os últimos dias foram difíceis. - Ela desviou o olhar para baixo, observando uma barba rala que começava a crescer no rosto do irmão mais novo.

— É sobre o Enrique? - Daniel perguntou receoso, mas realmente preocupado.

— Oh, não! Claro que não! - Se apressou em responder. Enrique nunca seria um problema, ele era bom demais para causar qualquer mal a ela. Era um marido maravilhoso, e sabia que tinha tido muita sorte.

— Então porque você não divide esse problema aqui, comigo.

— Eu não posso, Dan! - desviou os olhos dele, agora encarando seu colo.

— Ellie!

— Não é nada de mais.

— É sobre o motivo, não é?

— Não! - Ela tremeu e respondeu rápido de mais.

— Se existe um “porquê” para você ter abdicado ao trono, eu mereço saber.

— Isso não diz respeito a você, Dani. - Ela virou o rosto, ficando de perfil para ele.

— Se isso teve o poder de mudar toda a minha vida, então diz sim. - Ele a observou atentamente, analisando cada movimento e respirar, e pode ver que ela estava quebrando.

— Eu não posso, Daniel, por favor?! - Levantou se preparando para sair.

— Nora! - Segurou sua mão direita delicadamente, e a olhou com olhos de súplica — Por favor?

— Não agora! - suspirou.

— Então quando? - confuso e preocupado, ele segurou mais forte em sua mão.

— Um dia!

—______________________________

Charles

 

O dia estava razoavelmente bonito e bem iluminado. O sol se escondia entre algumas nuvens brancas, às vezes, mas em outras, ele saia e brilhava tímido, mas quente. Alice saiu para o jardim, atravessando uma bela varanda de pedra branca, com paredes de vidro que se abriam durante os dias mais quentes para receber um pouco de vento. O palácio ficava no topo de uma encosta à beira mar. Todos os quartos da ala leste tinha a privilegiada vista do oceano em uma mistura harmônica entre verde e azul, assim como os da ala oeste tinham a bela vista dos jardins floridos em seus desenhos geométricos encantadores.

Ela pôde vê-lo ainda de dentro das paredes de vidro, que se encontravam fechadas, desceu os poucos degraus separando a varanda dos jardins, e caminhou em silêncio até as espreguiçadeiras viradas para a praia. Lá estava ele, o futuro rei da Inglaterra, o que milhares de jornais nacionais e internacionais não dariam para ter uma simples foto do herdeiro real em um momento tão relaxado e intelectual. Ela riu por dentro. Charles era um verdadeiro enigma para praticamente todos, mesmo o pai mal conseguia entendê-lo direito. Mas ela, ela conseguia ler cada traço do irmão, cada movimento e suspiro. Era seu melhor amigo, e acreditava poder dizer o mesmo, que ela era sua melhor amiga.

Parecia realmente entretido, segurava um livro surrado e velho em mãos. O estado da capa era tão crítico e detonado que ela mal sabia dizer o título. Ele nem ao menos percebeu quando ela parou a frente dele, bloqueando o sol.

— Hey! - Alice chamou a atenção do irmão, procurando os olhos dele.

— Oi, maninha! - Charles deu um pequeno salto, assustado, e sorriu.

— O que está fazendo? - Ele ergueu o livro em resposta. — David Copperfield? É um clássico!

— Achei em uma mesinha na sala amarela. - Disse ele como quem faz pouco caso.

Sorrindo, Alice pegou o copo parado na mesinha ao lado do irmão, e bebericou. — O que é isso? - perguntou entre uma careta e uma tossida.

Vodka-Martini, batido, não mexido!— Sorriu de canto, como sempre fazia quando ele sabia de algo que mais ninguém sabia. Ela revirou os olhos.

— Isso é horrível! - colocou o copo de volta com uma cara de desgosto.

— Isso é porque você é muito jovem para bebida alcóolica.

— Eu já tenho 18. - Ela fez um bico, emburrada.

— Se estivéssemos nos Estados Unidos, Noruega, ou Genóvia, ainda seria ilegal. - Sorriu ainda mais, retirando os óculos escuros.

— Sem problemas, pode acreditar, eu nunca mais vou beber isso. - Fez com que ele soltasse uma gargalhada aliviada. Ficaram ali rindo por um tempo ainda, até ouvirem um barulho vindo da casa. De onde estava, nada podiam ver ou ouvir com clareza. Quando se virou para frente novamente, Charles pode ver com a visão periférica, que Alice havia se sentado na cadeira ao lado, também observando o mar.

Era algo que ela amava, estava sempre perto do mar, nadando como um peixinho. Ele podia se lembrar nitidamente dela pequena, com seus cabelos loiros escorridos grudados na cabeça e seu maiô vermelho com babados amarelos que deixavam seu traseiro ainda maior com a fralda. Aquela coisa era horrível, com cores muito fortes e babados demais, mas ela ficava uma graça correndo das ondas. Nessa época ele costumava acreditar que era um bom irmão, por entrar na água sempre que ela pedia. Mas ele também acreditava que era uma boa opção como sucessor, e seu pai tinha outro pensamento a respeito disso.

Ele seria uma opção tão ruim assim? Achava que estava fazendo tudo certo, achava que estava agindo como o esperado. Porque ele se sentia falhando? Porque tudo à sua volta parecia fortemente errado? Porque ele se sentia tão desqualificado?

— No que você está pensando? - Alice perguntou encarando-o enquanto colocava uma mecha de seu cabelo loiro atrás da orelha.

Encarando bem a irmã, Charles pensou duas, até três vezes, se deveria conversar sobre aquilo com ela. A garota podia ter 18 anos, mas ainda era aquela coisa embrulhada em um cobertor rosa, que ele precisava ficar na ponta dos pés para poder enxergar. Entretanto, na situação em que se encontrava, ela era, sem dúvida, a melhor escolha. Não era como se ele pudesse falar disso com Christopher ou Thomas, e William era jovem demais para compreender qualquer coisa sobre o assunto. Respirando fundo, e se munindo de uma coragem que ele precisava muito, perguntou: — Eu estou fazendo a coisa certa?

Sem compreender muito bem, Alice uniu as sobrancelhas e virou a cabeça um pouco para a direita, como se o ato a fizesse enxergar melhor dentro dos olhos do irmão. — Sobre o que, especificamente?

— Sobre a seleção, sobre a coroa, sobre tudo. - Ele desviou o olhar agarrando o livro com força.  

— Charlie, eu nunca soube desse seu lado inseguro! - A mais nova tentou brincar, com um sorriso debochado invadindo seu rosto, mas com a cara que seu irmão fez, ele logo foi apagado.

— Nem eu, e isso está me matando. Eu não sou assim. - Bufou desnorteado e irritado.

— Hey, preste atenção. - Ela o tocou na panturrilha, e jogou o corpo para a frente, ficando mais próxima dele. — Não há ninguém nesta família, que possa fazer isso melhor do que você. Você é a melhor opção que esta família tem, que o reino inteiro tem. Eu não falo isso apenas como sua irmã, mas também como sua atual herdeira e sucessora. - Charles sorriu em meio a tanta insegurança. — De todos nós, você é o mais preparado, o mais qualificado e o mais sociável. Você é bondoso, é inteligente, é leal e verdadeiro. Nenhum de nós poderia fazer isso melhor do que você.

O garoto, com os ombros levantados e um olhar de incerteza, conseguia pensar em pelo menos 3 formas diferentes para rebater cada uma das alegações da irmã, mas não tinha coragem para fazê-lo, sabia que ela encerraria o assunto com uma cara feia e um sermão sobre autoconfiança. Algo que ele nunca precisou! Aquela situação estava acabando com ele, se sentir inferior, uma péssima escolhas, se sentir diminuído aos olhos do próprio pai, estava atormentando sua confiança e sua autoestima, ele nem queria pensar no que poderia acontecer até o começo da seleção. — Tem certeza?

— Não é como se eu fosse uma boa mentirosa, lembra?

— É verdade! - Ele riu se lembrando da maioria das vezes que a irmã tentou mentir para os pais, mas sempre foi pega. Havia algo relacionado a um sermão calvinista que Tia Esther, irmã mais nova de sua mãe e uma freira calvinista, contou a menina uma vez quando ela era muito pequena.

— Eu tenho certeza que Chris e Willy concordam comigo, e se eles não concordam, não importa. Eu sou sua sucessora até segunda ordem e não pretendo mudar de posto muito cedo. - Ela sorriu encorajando-o.

— Não se preocupe com a seleção, ainda falta algum tempo, deixe para se preocupar quando o problema estiver na sua frente. E caso você não goste de alguma delas, basta dar fim a tudo e seguir seu coração, buscando sua rainha. Você é o futuro Rei da Inglaterra, ninguém pode obrigá-lo a nada.

— O atual Rei pode.

— Papai nunca faria nada para nos machucar ou magoar, ele ama você. - Ela sorriu confiante.

Charles sorriu de volta, mas em sua mente, não conseguia parar de pensar que não tinha tanta certeza disso quanto ela.

 __________________________

 

Ian

 

Caminhando em direção ao gramado, bastou Ian atravessar as portas francesas para encontrar sua princesinha. Ela era um ponto colorido sentado no gramado alguns metros de distância. Era bem verdade que a garota já tinha seus 16 anos, mas ela nunca deixaria de ser o pequeno presentinho frágil que seus pais trouxeram para a casa em uma manhã bem à tempo do seu aniversário. Era que Ian gostava de pensar, que Xênia não era apenas sua irmãzinha, era o seu presente. Os gêmeos sempre foram muito unidos, e ele sempre foi o heróis, cavaleiro de armadura reluzente que salvava Xênia de de quantas lagartixas fossem. A risada doce e alegre dela despertou-o de seus pensamentos, fazendo um sorriso brotar em seu rosto rapidamente.

— NINA! - ele chamou ainda um pouco longe.

A garota virou o corpo tão rápido que ele até teve medo, pode jurar que ouviu algo estalando em seu pescoço. A menina sorriu abertamente, como se visse seu bem mais precioso, e logo saiu correndo e gritando o nome dele, um ato que o fez sorrir verdadeiramente pela primeira vez naquelas duas semanas.

 

Quando ela se aproximou, se jogou nos braços do irmão abraçando-o forte: — Como eu senti a sua falta!

— Eu também, tampinha! - Ele respondeu o abraço erguendo-a do chão. Isso fez com que uma risada animada saísse dela e quem estivesse assistindo tivesse o coração aquecido com a cena.

— Vem, quero que conheça alguém! - O puxou pela mão até a toalha branca estendida no chão embaixo de uma árvore.

— Eu só vejo tio Leopold ali, e eu já o conheço. - Brincou seguindo-a.

— Não é ele, seu idiota! - Ela se abaixou pegando algo em mãos e logo se virou para ele sorrindo. — Quero que conheça meu mais novo bichinho de estimação, Ostin! - Estendeu a mão para ele segurando uma bola de pêlos cinzenta, um pouco maior do que seu punho.

— O que é isso? - Se abaixou ficando  a altura dos olhos da “coisa”, foi quando ele recebeu como resposta um miado agudo e baixo que ele julgou equivalente ao que sua irmã consideraria “fofo”. — Um gato! Onde você o conseguiu?

— Achei ele perdido na ala mais ao sul do gramado, depois da fonte, na semana passada. Estava sozinho, abandonado e com fome. - Ele fez uma voz de dar pena, realmente.

— Ele é muito bonito, Nina! Mas você já levou ele ao veterinário? E se ele tem dono? Ou alguma doença?

— Já está resolvido. Tio Leopold trouxe uma amiga dele, veterinária. - Ela respondeu colocando o gatinho de volta na toalha, enquanto Ian encarava o tio com um sorriso de escárnio e uma sobrancelha erguida. — Eu preciso alimentá-lo a cada 3 horas e mantê-lo aquecido.

— Com esse monte de pêlos, acho difícil ele sentir algum frio. - Riu se sentando de frente para ela e ao lado do tio em uma das cadeiras de ferro branco ali.

— Não é pelo frio, é para que não sinta falta da mãe. - Ela disse passando o dedo indicador entre as orelinhas do bichano.

— Entendo! - Ian respondeu com um olhar vago, se recostando na cadeira.

— Nina, porque não vai ver se Denise já terminou o preparado do Ostin? - A voz de Leopold soou no local pela primeira vez. Um dos combinados entre Xênia e o pai era de que ela iria cuidar do gato sozinha, os criados poderiam ajudá-la, mas ela deveria alimentá-lo, limpá-lo e cuidá-lo. Ele esperava que isso lhe ensinasse um pouco sobre responsabilidade e sobre a árdua tarefa de cuidar dos outros.

— Sim, vocês olham ele para mim? - Perguntou já levantando.

— Claro! - O tio respondeu.

 

Ela deu alguns passos até que a voz do tio soasse de novo: — Como você está? - Leopold esperou que a garota estivesse distante o bastante para perguntar.

— Eu estou bem! - descançou os cotovelos sobre os joelhos, arqueando as costas para observar melhor o filhote no chão.

— Você não parece bem, Ian! - O tio bebericou uma xícara de chá que Ian não sabia estar ali.

— Mas eu estou! - os olhos dele estavam fixos no gato cinza que rolava no chão lambendo a pata dianteira direita.

— Você pode se abrir comigo, sabe disso! - o barulho da xícara voltando ao pires, um miado baixo e pássaros ao longe eram todo o barulho.

— Não, não posso! - Ian encarava o gato, mas não via nada além da toalha, seus olhos fora de foco, e lembranças invadindo sua mente.

— Eu não vou contar ao seu pai, se é o que o preocupa.

— Como eu posso ter certeza? - Soltou com a voz contida, baixa. Tinha um olhar ultrajado, magoado, rancoroso que Leopold podia ver através do seu perfil.

— Aquela foi a única vez, Ian, e foi pelo seu próprio bem. - o garoto suspirou. — Vamos, eu sou seu amigo, quero ajudá-lo.

 

Ian levantou os olhos do chão até finalmente encarar o tio, em silêncio. Ele precisava desabafar, precisava falar, mas não tinha certeza se confiava no tio para isso. Da última vez que resolveu confiar um problema seu ao mais velho, Leopold procurou o irmão e no fim, Ian tinha sido mandado para o Brasil por dois meses para ficar aos cuidados da tia Amélia, e toda a confusão com seu possível filho tinha sido na verdade apenas uma mentira de Tessa para mante-lo ao seu lado, coitada.

 

Optando por um meio termo, resolveu mudar um pouco de assunto: — Como ela está?

— Está… melhor. Ela não está 100% bem, mas não está 100% mal. - Desviou o olhar para o gato na frente deles.

— Você já foi melhor nisso, tio, dar voltas. - sorriu repousando os braços nos descansos da cadeira.

— Os médicos disseram que ela está reagindo bem, mas que isso não é nenhuma garantia.

— Eles disseram alguma coisa sobre… - Sua voz foi falhando a medida que a frase foi terminando.

— Um prazo? - Perguntou  recebendo um meneio de cabeça como resposta.  — Não.

— Eles não sabem ou … - Deixou a pergunta no ar.

— Não tem certeza, os resultados são inconclusivos.

— É claro! - Bufou

— Ian, se abra comigo. - O tio colocou a mão no ombro dele, e apertou. — Me diga.

 

Encarando os olhos de Leopold, Ian encontrou preocupação. Seu tio sempre foi mais um amigo do que um disciplinador, era seu confidente quando ele era mais novo, lhe ensinou a cavalgar, a paquerar meninas… Quando os gêmeos nasceram, foi Leopold quem lhe mostrou que os pais nunca deixariam de amá-lo e que sempre haveria espaço para mais amor. Leopold era um ótimo tio, e um incrível amigo. Quando ele soube da falsa gravidez de Tessa, Ian contou primeiro ao tio, em busca de alguma ajuda. Ele se sentiu traído quando Leopold contou para Alfred o que estava acontecendo, mas hoje se sentia aliviado pelo que o tio fez. Alfred era um homem tão correto e perfeito, e Ian tinha tanto medo do que ele poderia fazer ou dizer, mas no fim tinha se provado a melhor coisa. Fora Alfred quem havia descoberto a verdade, e fora Alfred quem havia resolvido todo o problema sem um alarde da imprensa. Mas havia sido Alfred também quem tinha o enviado para um país do outro lado do oceano por tanto tempo, e isso por culpa de Leopold. Ian estava tão cansado, e tão frustrado, ele queria apenas poder falar sem se preocupar com as consequências.

 

Depois de muito respirar e ponderar, ele disse: — É só que… isso tudo é ridículo. Esse segredo toda, é inútil E essa seleção? Não tinha hora pior para isso acontecer. Ninguém nem ao menos me perguntou se eu queria uma coisas dessas, ou se eu já estava comprometido com alguém… - Leopold o cortou.

— Você concordaria com uma seleção?

— É óbvio que não!

— Você está comprometido com alguém? Tem um relacionamento sério que não contou para seus familiares?

— Não, claro que não.

— Então, qual é o verdadeiro problema?

— Isso é tão… arcaico, e eu me sinto um daqueles objetos de leilão, onde várias pessoas se reúnem para dar o lance mais alto e alguém no fim o levar para a casa.

— Ian, a situação atual é complicada, essa foi a melhor saída que seu pai encontrou.

— A mais estúpida também. Essa Seleção vai chamar mais atenção ainda e todos vão perceber quando ela não estiver lá. E quando ela morrer, o que ele pretende fazer?

— Meu filho, ela não vai morrer. - Leopold apertou o ombro de Ian.

— Como o senhor sabe? Ela já está doente há meses.

— Esse é mais um motivo para acreditar que ela vai sair dessa.

— Ela está morrendo, tio. Minha mãe está morrendo e meu pai continua agindo como se nada estivesse acontecendo. - Ele respondeu rápido, mais alto, mostrando a sua frustração em não ser ouvido.

— Ele está tão preocupado quanto você, filho, acredite em mim. Ele só está tentando levar um dia de cada vez. - Vendo a descrença nos olhos de Ian, Leopold continuou. — Ele ama a sua mãe como eu nunca vi ninguém amar, nem mesmo meus pais. Alfred está agindo no piloto automático porque ele está com medo de parra e pensar no próximo passo. Dê algum crédito ao seu pai, sim?

Ian apenas respondeu com um aceno. Ele não havia visto por esse lado, seu pai, o Rei, o homem mais forte e corajoso que ele conhecia, o grande comandante de batalha, marinheiro mais inteligente da marinha genoviana, estava com medo. Isso o tornava tão mais humano, até mesmo falho.

Logo os dois perceberam Xênia saindo pelas portas francesas no jardim segurando uma tigela pequena e branca em mãos com um grande sorriso. Pigarreando ele perguntou: — Então, o que vai aí dentro?

 


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Notas finais do capítulo

Muuuuito bem!
Avisos importantes...
Eu quero retomar a fic, mas para isso preciso saber quem está afim de continuar participando e quem não está, por isso eu preciso que você entrem em contato comigo no prazo de hoje (15/09) até o dia 22/09 me enviando um MP (SIM TEM QUE SER UMA MP) dizendo que quer continuar participando como selecionada (colocar o nome da selecionada) na seleção do príncipe xxx(colocar o nome do príncipe). Porque isso? Para eu ter registro de quem está e quem não está acompanhando e participando, e também porque, caso muitas pessoas desistam, eu vou abrir novas vagas. Abriu vaga para o principe fulano, minha selecionada e do sicrano, posso mudar? Pode, mas precisa me enviar uma mensagem por MP dizendo, minha selecionada (nome da selecionada) vai deixar de concorrer para o príncipe 1 (nome dele) para concorrer pelo príncipe 2(nome dele). Tem vagas para o príncipe tal, eu já concorro por outro príncipe, posso enviar mais uma ficha? Até pode, mas a prioridade é para quem não tenha selecionadas ainda, para que mais pessoas possam participar. Vou esclarecer tudo melhor no tumblr da fic, não se preocupem, e qualquer dúvida, é só entrar em contato por MP.
Os comentários que ainda não foram respondidos serão devidamente agraciados neste fim de semana, quando eu vou sentar para contabilizar a primeira pontuação.
Tem uma selecionada, mas não comentou em nenhum capitulo ainda, você tem até o dia 17/09 para ao menos dar um olá! Lembrando que não existe um tamanho obrigatório de comentário, eu apenas quero saber o que vocês estão achando da fic, ok?
xoxo e até logo.
Fiquem de olho no Tumblr!

p.s.: caso os links não funcionem, aqui estão os gifs...
http://royallovers-fic.tumblr.com/post/164722209877/chapter-2-dearest-sister



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