Ninguém Merece escrita por roux


Capítulo 1
Ninguém Merece Mudanças




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Ninguém me disse que essa vida de casal seria fácil, porém, eu nunca, mas nunca mesmo imaginei que fosse tão difícil. É fazer janta, é lavar louça, brigar com namorado que está com os pés na mesa de centro, é ir para faculdade e ainda ouvir ronco na hora que finalmente deita a cabeça no travesseiro para dormir, sinceramente? Ninguém merece isso não. — Ariel.

Eu estou muito feliz sim mãe, não, tudo bem relaxa o Ariel faz tudo para mim, ele é maravilhoso. Eu amo o meu namorado. Hahaha sim, mãe isso foi um peido. — Nicolas.

 

 

Os garotos estavam eufóricos com a novidade, eles haviam ganhado um apartamento só para eles, já que os pais diziam não aguentar mais os ruídos que os dois faziam pela casa a noite. Sim, eles sabiam, eles realmente precisavam de um canto para eles. Estavam juntos nessa há anos e precisavam encarar a vida como adultos e com um pouco mais de responsabilidade.

O dia estava nublado e escuro naquela sexta feira, o dia escolhido para a mudança do mais jovem casal. Ariel apenas estuda, mas está de feriado, já Nicolas trabalha de segunda a quinta, então seus dias de sobra sempre são a sexta, sábado e o sagrado domingo, onde ele só pensa em dormir para enfrentar o trampo na segunda feira. Como combinado, o caminhão de mudanças parou em frente ao prédio às 10 horas da manhã, trazendo as tralhas que Nicolas tinha em seu quarto no antigo apartamento onde morava com sua mãe, seu padrasto e sua irmã mais nova, o caminhão trouxe também as coisas novas que o casal havia comprado com a ajuda da mãe/sogra. Todos estavam envolvidos na mudança, até mesmo a pequena Julia de três anos e meio.

— E então vamos por a mão na massa? — Falou o mais velho amigo de Nicolas, Muriçoca. O garoto era realmente magricela e barulhento, o apelido tinha surgido em um passeio ao nordeste, os meninos tinham descoberto que pernilongo chamava-se muriçoca lá e alguém teve a brilhante ideia de batizar o amigo com o nome realmente encantador. Muriçoca caminhou pra dentro do apartamento com algumas caixas nas mãos. Apesar de magricela, era realmente forte e sem moleza para o trabalho.

— Cuidado com isso, são as porcelanas da vovó Rosana! — Uma voz feminina gritou para o garoto que levava as caixas sem cuidado algum para dentro do apartamento.

A mulher bateu a mão na testa, já o moleque apenas riu e continuou levando as caixas sem cuidado algum. Ele parecia ter cascos no lugar dos pés porque era barulhento demais ao andar.

Lá fora, um jovem de cabelos negros e olhos verdes pagava o entregador que estava encostado no caminhão. Nicolas. Ele sorriu de seu jeito encantador. — Obrigado! — Nicolas agradeceu ao motorista do carreto e então se virou entrando no prédio e indo para seu novo lar. Respirou fundo e animado. Ao entrar pela porta, Nicolas sentiu-se desanimado. O garoto olhou pela sala cheia de caixas, e sabia que tinha muito mais pelos outros cômodos. Ele sentiu vontade de chorar, pois sabia que ele e o namorado realmente tinham muito trabalho para fazer, e com certeza passaria o dia inteiro arrumando, modificando, dando sua cara à nova casa. Ele fechou a porta atrás de si e bateu uma mão na outra.

— E então? Vamos trabalhar cambada? — Nicolas perguntou animado tentando incentivar seus amigos e seus familiares a ajuda, mas cada um daqueles que tinham ajudado com as caixas, que tinha os motivados, foram dando desculpas e indo para seus próprios afazeres.

— Eu não posso, fiquei de levar sua avó ao médico. — Disse a mãe de Nicolas. A mulher colocou a filha pequena nos braços e saiu pela porta do apartamento.

— Eu vou levar o carro na oficina. — Falou o padrasto de Nicolas. O homem saiu literalmente correndo do apartamento.

— Eu vou ao dentista, só vim dar uma ajudinha rápida, desculpa meninos, mas boa sorte. — Falou Ana, a loirinha e baixinha. Ela jogou a bolsa transversal no corpo e saiu.

— E eu, eu não quero ajudar mesmo. — Falou Muriçoca antes de fazer um v de vitória com os dedos, então o garoto sorriu. — Mas boa sorte para vocês, é vocês realmente vão precisar.

O garoto saiu rindo e bateu a porta. Os dois que restaram no cômodo se olharam. Nenhum muito animado com tudo que tinha que fazer.

— É e então só sobramos nós dois. — A voz de Ariel ecoou pela sala pequena do apartamento. O garoto franzino então caminhou em direção ao namorado e o abraçou com carinho. Passou os braços ao redor do pescoço do namorado, ops, agora talvez marido, ou melhor, namorido, se é que podemos colocar assim, e selou os lábios do garoto. — Estou tão feliz, sabia? — O garoto estava sussurrou feliz e deus mais selinhos nos lábios do amado. — Em ter nosso próprio lar, de viver junto a você... — Foi interrompido por alguns selinhos em sua boca e calou-se, ficando de olhos fechados.

— Eu não vou te deixar sozinho nunca mais. — Nicolas riu e deu uma palmada na bunda gorda e grande do namorado. — Mas que tal começarmos a arrumar tudo isso? Nós temos muito trabalho a fazer.

Ariel bateu continência e sorriu. — É pra já senhor capitão!  — Riu feito uma criança e soltou-se do namorado e foi abrir algumas caixas. A bunda ardendo por causa do tapa, mas aquela sensação não o incomoda, o deixava feliz. Fazia lembrar-se do poder que o namorado tinha sobre seu corpo. Em como conseguia excita-lo com uma simples palmada.

Os dois juntos começaram a abrir as caixas e ver os presentes que haviam ganhado de seus amigos e familiares. Riam o tempo todo quando viam cada coisa que eles haviam dando. O primeiro a ver a coisa mais engraçada foi Nicolas.

— Caralho amor, olha isso. — Ele mostrou uma caixa cheia de preservativos que tinha sido dada pelo amigo mais engraçado dos últimos tempos. Muriçoca. — Eles realmente acham que nós não vamos parar, hem? — Nicolas disse rindo e colocou o pote de camisinhas no chão.

— Mas é assim que funcionam os primeiros meses do casamento. – Gritou Ariel da cozinha do apartamento, o garoto estava arrumando algumas coisas no grande armário de parede que veio junto com o apartamento. Respirou fundo quando bateu a mão na porta de madeira e tentou ficar calmo. A dor logo sumiu e ele lembrou-se de puxar um novo assunto com o namorado. — Ainda bem que nossos pais pensaram nos móveis, ou teríamos que dormir no chão. — Ele disse alto para que o namorado que estava na sala ouvisse.

— Ah eu acho que seria legal praticar um coito no chão. – Gritou Nicolas da sala. Esse arrumava tudo que estava por ali, sofá e suas almofadas, a mesa de centro, e depois caminhou até uma mesa de canto e começou a colocar alguns porta-retratos com fotos de suas aventuras. Ariel e Nicolas sempre gostaram muito de viajar. Estão sempre viajando e conhecendo lugares do Brasil e do mundo.

— Eu vou sentir falta de nossas viagens. Acho que morando junto nosso dinheiro vai ficar mais reduzido, né? Vamos ter contas e muitas outras coisas para administrar com pouca grana. — Nicolas disse meio triste enquanto olhava uma foto de sua última viagem. Estavam na Irlanda.

Ariel que havia terminado de arrumar tudo na cozinha caminhou para a sala e abraçou o namorado por trás. Apertou seu corpo ao dele e se sentiu seguro como sempre acontecia quando estava com aquele homem.

— Está arrependido? — Ele perguntou ainda abraçado ao namorado. — Digo, de ter vindo morar aqui, de dividir essa vida comigo.

— Nunca! — Respondeu Nicolas com carinho.  — As coisas mudam certo? E não foi só minha barba e a minha rola que cresceram, eu também cresci, e junto com isso, vêm às responsabilidades, o casamento, os filhos... — Ele riu, pois sabia o que Ariel pensava sobre crianças.

Ariel simplesmente ignorou a brincadeira do namorado, só em pensar em filhos ele sentia seu couro cabeludo pinicar, nada de crianças por um bom tempo, primeiro ele queria aproveitar esse momento a sós. Por muitos anos.

— Será que eles vão aceitar o Bob por aqui? – Perguntou Ariel meio confuso e coçando a cabeça. — Porque esse será nosso único filho por um bom tempo!

Nicolas fez uma careta e olhou para o namorado, Ariel soltou-se rindo e foi tirar algumas caixas vazias do meio da sala, levando-as para a lavanderia do apartamento.

— Porra está mesmo ficando legal. — Disse Nicolas terminando seu trabalho ali na sala. O local estava mesmo bonitinho e com cara de lar.

É... Agora só falta o quarto! — Disse Ariel com uma voz cansada. O garoto aparentava estar quase caindo no chão.

Os dois haviam trabalhado tanto que nem perceberam, mas passaram o resto da manhã e metade da tarde arrumando o apartamento, mas mesmo assim ainda faltava muita coisa lá no quarto.

— Pausa para o almoço? Estou morrendo de fome! É sério amor, não vou aguentar fazer mais nada sem parar para comer algo. — Alegou o guloso do Nicolas.

— Pizza? — Ariel falou desabando no sofá e fechando os olhos. — Porém você pede.

Nicolas apenas fez outra de suas caretas. O garoto ficava ainda mais gostoso fazendo aquelas caretas. Ele sentou no outro sofá e tirou o telefone do gancho.

— Está bem, eu peço, mas eu escolho o sabor, já chega de pizza de palmito eu não aguento mais.

Os dois conversaram, comeram, descansaram, mas já era hora de voltar a trabalhar se quisessem terminar antes da noite. Juntos e cansados eles caminharam para o quarto e retomara o trabalho inacabado. Eles falaram mal de seus amigos pelo fato de nenhum ter ajudado naquela bagunça toda que era arrumação. Os dois olharam o quarto e as várias caixas que tinha no chão.

— É todo seu! — Ariel foi rápido em dizer.

— Meu? — Perguntou Nicolas espantado.

— Claro, eu fiz quase tudo sozinho... — Ariel disse fechando seus olhos.

— Ah fala sério, tu vai começar fazendo drama? — Disse o garoto de olhos verdes coçando sua barba por fazer.

— Eu estou fazendo drama? — Ariel reclamou fazendo uma cara de bravo.

— Eu trabalho a semana toda e você diz que esta cansado? — Reclamou o outro. — Eu estou podre, só tenho três dias para descansar.

— Nossa, meus parabéns, você vai começar me chamar de vagabundo? Eu estudo sabia seu idiota? — Ariel levantou irritado.

— Não quis dizer isso... — Nicolas falou meio sem jeito, percebeu seu erro. — Eu não quis mesmo dizer isso, amor. — Ele falou carinhoso.

— Está bem, deixa que eu arrume tudo. Pode ficar descansando senhor trabalho a semana inteira. — Ariel disse sorrindo com seu melhor sorriso de deboche.

O garoto não ligou para o namorado, não se importou se ele iria mesmo sair para descansar ou se iria ajudar. Ali a coisa foi mais fácil e bem mais rápida. Ariel trabalhou duro arrumando o quarto e o grande guarda roupa. Quando acabou o garoto sentou na cama e sorriu vendo seu trabalho terminado.

— Mor? — Nicolas chamou da sala e um tempo depois entrou no quarto olhando o namorado.

— O que foi? — Ariel perguntou irritado.

— Eu te amo, sabia? — Nicolas falou carinhoso para irritação ainda maior de Ariel.

Por Ariel sabia o que ele queria, quando ficava todo carinhoso desse jeito, a questão toda se resumia a “sexo”. Mas Ariel estava irritado e cansado demais para isso.

— Eu sei que você me ama, e eu também te amo amor. Mas, nada de sexo hoje. Eu estou super, mega ultra power cansado. — Ariel disse deitando na cama. — Quem sabe se você não fosse tão idiota, e tão babaca e egoísta e tivesse arrumado o quarto, eu não tivesse ficado assim, e bom... Se sua desculpa for “Eu também ficaria cansado” — Ariel falou imitando a voz grossa e gostosa de Nicolas, mas parou e sorriu debochado. — Nós dois sabemos que você, nunca, mas nunca mesmo está cansado para sexo. E agora eu vou tomar banho.

Ariel levantou e foi até o guarda roupa grande que ficava na parede do quarto, o garoto mexeu por um tempo pegou uma toalha de banho, fechou o guarda roupa e virou-se para ir para o banheiro, mas antes parou em frente do namorado e selou seus lábios.

— Mas não fica com raiva não neném! — Ariel falou com muita paciência e carinho, acariciou o rosto do namorado e saiu em direção ao banheiro.

— Ah ninguém merece mudanças... — Nicolas reclamou, mas então riu se jogando sobre a cama. O garoto fechou os olhos e sorriu. Ele sabia que teria muita noites felizes e de muito sexo naquela cama.


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