Continue Dançando escrita por juliabretas


Capítulo 2
Capítulo 2




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CAPÍTULO 2

— Eu vou perguntar só mais uma vez. Escutou? – Daniel olhava o irmão com raiva. – Onde você estava? – Douglas falou devagar como se tivesse falando com uma criança.

— Já falei que não estava em lugar nenhum, mais que porra, eu estava andado por ai o que é que tem? – Daniel falou completamente irritado.

— Quer mentir para mentiroso? Porra Daniel, se você continuar assim não será mais bem vindo na minha casa, escutou?

— Isso tudo é por causa da vadiazinha da sua esposa não é? – Sem nem ter tempo para pensar Douglas deu um tapa no rosto do irmão, que colocou a mão no lugar onde tinha sido acertado. – Sempre soube, ela não quer dividir a casinha dela com um “drogadinho de merda” não é? – O irmão o encarava com raiva nos olhos. – Ou você acha que eu não escuto vocês brigando? É isso que você quer? Que eu saia? Ótimo. Não vou acabar com o conto de fadas de vocês. – Daniel foi em direção ao seu quarto e começou a botar algumas peças de roupas dentro da mochila. Quando acabou saiu do quarto e passou pelo seu irmão que estava sentado em uma poltrona com as mãos apoiando a cabeça.

— Para onde você acha que vai? – Douglas levantou rápido, se colocando na frente de seu irmão.

 – Aproveita sua vidinha maninho, a gente se encontra por ai. – Daniel saiu da casa e bateu a porta bem forte. Ele sabia exatamente para onde ir, ele pegou o seu potinho de bala e tirou um baseado dali, maconha já não dava mais o efeito que ele queria, ele precisava cheirar, o mais rápido possível, entrou em um pequeno bar que tinha perto do centro e foi em direção ao banheiro, mais uma vez ele pegou seu potinho de bala, só que dessa vez ele tirou um pacotinho de cocaína de lá, arrumou quatro fileiras em cima da pequena pia e dobrou uma nota de cinco dólares que estava em seu bolso e cheirou as quatro fileiras bem rápido e em seguida deu uma fungada forte, sentou na tampa do vaso e encostou a cabeça na parede, aquele banheiro tinha cheiro de mijo com desinfetante e aquilo estava lhe dando dor de cabeça, Daniel levantou rápido e se sentiu meio tonto, lavou o rosto antes de sair do banheiro, ele já estava começando a se sentir agitado, Daniel saiu do banheiro meio atordoado e sem querer esbarrou em um cara que estava completamente bêbado.

— Tá maluco? – O cara fedendo a whisky barato agarrou o braço de Daniel.

— Me solta cara. – Daniel tentava manter a calma, ele sabia que quando cheirava ficava mais agressivo.

— Agora você quer que eu te solte não é? Que foi? Ta com medinho? – O cara pegou no colarinho de Daniel, e isso foi o suficiente para o menino perder a paciência, deu um soco na cara do bêbado, que se afastou e deu dois passos para trás, mas logo voltou para cima de Daniel, acertando um soco em sua boca, todos do bar já estavam em sua volta, gritando, batendo palmas, tinham alguns rindo e outros chamando os seguranças, mas para ele tudo não passava de um enorme borrão. Daniel sentiu sendo puxada por duas enormes mãos, ele se debateu para se soltar mas não adiantou muita coisa.

— Não quero mais ver sua cara por aqui escutou? – O segurança falou e o jogou no chão, demorou um tempo para se levantar e foi andando em direção ao bar novamente. – Você ta querendo morrer hoje, não é possível. – O segurança foi para cima dele.

— Calma, eu não quero brigar, eu só quero. – Daniel olhou para o segurança que era uns bons dez centímetros maior que ele. – A minha mochila. – Outro segurança apareceu com sua mochila na mão.

— Essa aqui? – Ele já conhecia aquele segurança

— Essa mesmo. – Pegou a mochila e a jogou em um ombro. – Obrigado Luka.

— Se cuida rapaz, e pare de se meter em brigar. – Ele apertou a mão de Daniel e entrou no bar.

Sua cabeça estava doendo e sua boca sangrando, ele só queria tomar um banho e dormir, estava andando rápido em direção à estação de metro que tinha ali por perto quando escutou uma voz doce o chamando, Daniel, primeiramente, achou que fosse algo de sua cabeça, mas ele escutou aquela voz de novo, só que dessa vez mais alto, ele olhou para trás para procurar a dona da voz, quando ele encontrou aqueles enormes olhos azuis, por um segundo tudo parou, ela estava bem ali, por um segundo a dor em seu rosto passou, por um segundo o seu coração bateu mais feliz, porém esse um segundo acabou e ele caiu na realidade, assim voltando a andar bem rápido, ele não queria que ela o visse assim, mas ela foi mais rápida e o alcançou.

— Ei? Você está bem? – A respiração dela estava pesada, seus seios estavam subindo e descendo rapidamente em seu colam, Daniel se perdeu por um tempo deslumbrando o colo da garota, mas logo voltou quando Luce tentou colocar a mão em um de seus machucados.

— Me deixa garota. – Nunca doeu tanto em Daniel falar assim com alguém como doía agora, ainda mais quando a encarou e seus olhos estavam regalados, ela parecia assustada, mas logo ela voltou ao normal.

— Ei você não está bem, deixa eu te levar para casa. – Ele não sabia o que fazer só que conversar com ela agora, nesse estado, não daria certo, ele já estava percebendo uns olhares que o estava deixando irritado.

— EU JÁ DISSE PARA ME DEIXA, PORRA. – Ele gritou e na mesma hora se arrependeu, Lucinda estava com olhos cheios de lágrima e isso acabou com ele. – Desculpa ter gritado ok? Só me deixa em paz. – Ela parecia decepcionada, apenas concordou com a cabeça, deu as costas e voltou para o lugar em que estava antes. Ele a viu entrando em um carro, mas que porra ele tinha na cabeça? Ela só estava tentando ser legal e ele fodeu tudo, de novo.

— PORRA. – Ele gritou e socou uma parede, o que o fez gemer de dor e algumas pessoas que estavam passando ali o encarou.

— Ta olhando o que em? – Ele perguntou para uma mulher que o estava encarando com cara de nojo. – Achou bonito? Quer tirar foto? Hein? – A mulher ficou completamente assustada

— Louco. – Ela sussurrou e continuou andando, ele quis ir atrás dela mas se controlou, contou até dez como a sua avó sempre mandava fazer quando estava irritado e continuou andando, aquela mulher estava certa, ele estava louco.

Daniel pegou o metro e foi direto a casa de Andrey, era um garoto que conheceu assim que chegou a Seattle.

— A quem devo a honra de ter sua presença em minha humilde casa? – Andrey perguntou rindo quando abriu a porta.

— Eu – Daniel coçou a nuca – Preciso relaxar. – Olhou para Andrey que já estava balançando um saquinho com o pó dentro. – Você é o melhor. – Daniel pegou o saquinho da mão do amigo e entrou na casa, sentou no sofá velho que tinha ali e montou três fileiras de pó na mesinha de madeira que ficava em frente ao sofá e enrolou uma nota de cinco dólares.

— Mas que porra aconteceu com você? – Andrey sentou em seu lado e começou a montar suas próprias fileiras.

— Um babaca tentou tirar sarro da minha cara, e ele não me pegou em um bom dia. – Daniel cheirou sua segunda fileira.

— Posso lhe perguntar o que aconteceu? – Andrey cheirou sua primeira fileira.

— Meu irmão está apaixonadinho pelo conto de fadas dele, ele quer me controlar. – Daniel cheirou sua ultima fileira e olhou para Andrey

— Seu irmão sabe onde você está? – Andrey logo acabou com suas fileiras também.

— Eu quero que ele e a vadia da Mariana se foda. – Daniel fechou os olhos e encostou a cabeça no apoio do sofá.

— A princesinha fez a cabeça do seu irmão de novo?

— Fez, mas dessa vez ele me ameaçou a me botar para fora de casa, e quer saber, não vou ficar me humilhando para ele não, então, resumindo, estou sem lugar pra ficar, posso ficar um tempo aqui?

— Claro meu irmão, “mi casa su casa”. – Andrey levantou do sofá e estava indo em direção à cozinha. – Ta com fome?

—Não obrigada, mas tem outra coisa que você poderia me arrumar.

— Diga maninho. – Andrey voltava com um enorme sanduiche em suas mãos.

— Tem alguma coisa que eu possa fazer? Sabe, para arrumar dinheiro. – Daniel olhou para o amigo, ele sabia exatamente do que estava falando.

— Tem uns trabalhos sim, mas você vai trabalhar de aviãozinho agora é? – Andrey riu.

— Por um tempo, preciso de grana, não pretendo ficar aqui por muito tempo.

— Você pode ficar aqui o tempo que precisar, sabe que pode contar comigo.

— Eu to ligado. – Daniel levantou e foi em direção ao banheiro. – Me arruma uma toalha?

— Tem uma limpa no banheiro, a amarela, e tem um quite de primeiros socorros de baixo da pia. – Ele olhou para o amigo. – Vê se da um jeito nessa bagunça ai.

Daniel entrou no banho e deixou a água quente escorrer pelo seu corpo, ele estava se sentindo completamente relaxado, mas logo a imagem de Lucinda chorando por sua causa passou em sua cabeça e acabou com toda tranquilidade que o habitava por poucos minutos, ele se sentia um idiota por fazer aquilo com ela, ela só estava tentando ser legal, mas ele sempre pisava na bola, irritado, Daniel saiu do banho e foi pegar o quite de primeiros socorros debaixo da pia, ele se olhou no espelho e viu o pequeno estrago que o filha da puta tinha feito em seu rosto, seu supercilho estava aberto, abaixo do seu olho direito estava uma enorme marca roxa e sua boca estava cortado, nada que não tenha acontecido antes, e ele podia garantir que a cara do bêbado estava bem pior, ele passou um remédio e colocou um band aid em seu supercilho e saiu do banheiro com a toalha enrolada na cintura, ele estava indo em direção à cozinha para pegar um pouco de gelo quando esbarrou em alguém.

— Desculpe não sabia que tinha mais alguém aqui. – Ele olhou para a garota que encarava seu abdômen descaradamente.

— Tudo bem gatinho. – Ela deu um sorriso cheio de malícia para ele. Daniel não deixou de notar que a menina era muita gata, e gostosa.

— Parece que você já conheceu minha irmã não é? – Andrey apareceu atrás dele.

— É. – Daniel coçou a nuca. – Eu não sabia que tinha mais alguém e eu queria pegar gelo, você sabe, para colocar no rosto. – Ele disse um pouco nervoso, tentando explicar o motivo de estar no meio da sala apenas de toalha.

— Relaxa, ela apareceu de surpresa. – Andrey riu do nervosismo do amigo.

— Prazer, sou a Margaret, mas pode me chamar de Maggie – Ela esticou a mão em direção ao garoto.

— Prazer, Daniel. – Ele a cumprimentou. – É eu estava indo a cozinha.

— Ah, claro, desculpe. – Ela deu passagem e Daniel foi em direção à cozinha, mas sentiu suas costas queimando, ela não parava de encara-lo. Ele pegou um saquinho de gelo e foi em direção ao quarto que iria dormir, ali era praticamente sua casa, sempre que brigava com seu irmão ele vinha para cá.

Daniel estava olhando para o teto quando escutou três batidas na porta.

— Pode entrar. – Ele puxou o cobertor para tampar seu corpo.

— Você é bem gostoso sabia? – Maggie entrou em seu quarto só de toalha, que logo já estava no chão.

— Você também é bem gostosa Maggie. – Daniel agarrou a bunda de Maggie com vontade, a pegando-a no colo.

— Me surpreenda garoto. – Maggie sussurrou em seu ouvido e puxou os cabelos de sua nuca, com isso Daniel a jogou na cama.

 Daniel estava deitado, Maggie estava dormindo em seu peito, ele escutava a respiração lenta da garota, lembrou-se de como Luce respirava ofegante quando tinha corrido para alcançá-lo, Daniel balançou a cabeça para tirar aqueles pensamentos e tentou dormir, amanhã teria aula, não que ele se importasse com a escola, mas ele estava com uma vontade gigantesca de encontrar aquela garota dos olhos azuis que não parava de encara-lo.

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Antes de chegar à escola Daniel acendeu um baseado, ele ficou em um canto ao lado da escola, um lugar onde ele conseguia ver quem estava chegando, quando ele viu quem ele queria deu um grande trago em seu cigarro e jogou o resto no chão, pisando em cima logo depois. Daniel não sabia o porquê, mas estava doido para vê-la, ele estava mal e sabia que só de ver ela se esforçando para conversar com ele faria seu dia um pouco melhor.

— Vai me dizer o que houve com você ontem? – Daniel olhou para trás e deu um pequeno sorriso, tão pequeno que quase não deu para notar, quase.

— Já pedi desculpas. – Daniel olhou para ela, ele queria estar com ela, porém não queria conversar sobre isso, ela não precisava saber de seus problemas.

— Tudo bem, não vou me meter em seus problemas. – Ela suspirou. – Só acho que não deveria se meter em brigas, seu rosto é muito bonito para ficar todo marcado. – Na mesma hora ela corou.

— Meu rosto é bonito? – Ele falou e abriu um sorriso de lado, e jurou que Lucinda Tinha ficado ainda mais vermelha.

— Desculpe, eu falo demais. – Ela abaixou a cabeça. – Tenho que ir, tenho aula de matemática agora. – Ela começou a andar, e Daniel, por impulso pegou o braço dela.

— Também tenho aula de matemática agora, nos podemos ir juntos, se você quiser claro. – Ele deu uma risadinha no final e Lucinda quase foi ao céu com aquela expressão.

— Claro vamos. – Ela disse ainda meio envergonhada por não ter um filtro entre seu cérebro e sua boca.

— LUCE. – Uma voz desconhecida para Daniel gritou, e um pouco mais na frente tinha um furacão loiro correndo em direção a eles.

— Ai, Savannah. – Luce falou rindo da amiga que tinha se jogado nela, quase a fazendo perder o equilíbrio.

Savannah olhou para Luce e depois olhou para Daniel que não estava entendendo nada, a amiga de Luce abriu um sorriso bem largo.

— Lucinda, não vai me apresentar para o seu amigo não? – Savannah disse rindo da cara desespero da amiga.

— Claro. – Luce mexeu na orelha. – Daniel, Savannah, Savannah, Daniel. – Savannah esticou a mão para o garoto, Daniel encarou a mão da garota e depois olhou para Luce, a menina estava roendo a unha, ele riu um pouco da garota, não entendendo o porquê daquele nervosismo, ele esticou a mão e cumprimentou a garota.

— Eu já te conheço. – Ele disse um pouco incerto. – Fazemos alguma aula juntos?

— Fazemos sim, a aula de sociologia, mas você deve me conhecer por me jogar no chão juntos com os meus livros.

— Me desculpe.

— Então, vamos? – Luce disse chamando a atenção dos dois, ela estava morrendo de medo da amiga entregar que ele ficava feliz por conversar com ele, e que não parava de falar dele.

— Vamos. – Disse os dois juntos. – Foi um prazer te conhecer Savannah.

— Digo o mesmo senhor Daniel. – Savannah abraçou a amiga e foi para o lado oposto dos dois.

— Parece que alguém acordou de bom humor hoje. – Luce disse rindo

— Quem não ficaria de bom humor, quando já acorda sendo chamado de lindo. – Ele disse e viu as bochechas de Luce corar, ele achava aquilo lindo

— Não foi lindo ok? Eu só disse que você tinha um rosto bonito. – Ela disse meio sem graça. – E você vai me zoar com isso pelo resto da vida?

— Talvez. – Daniel deu uma piscadinha para ela, Luce ia responder, mas o professor chegou à sala e mandou todos sentarem, então ela apenas revirou os olhos e se sentou na sua mesa, Daniel não conseguiu prestar atenção em uma palavra do que o professor dizia, na verdade, em menos de quinze minutos de aula ele desistiu de tentar entender e foi dormir, ele fez isso em todas as aulas daquele dia.

A primeira vez em muito tempo em que ele se sentia leve.


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