O Vizinho escrita por Danda de Alencar


Capítulo 2
Tempo Corrido


Notas iniciais do capítulo

Oi meus amores, aqui estamos com mais um cap, espero que estejam gostando.



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Três meses...

Esse é todo o tempo que ainda resta-me a estar por aqui, Erika afirma que sarei-me bem em qualquer coisa que resolva fazer, queria eu ter tanta confiança no meu potencial, como vou ser bem sucedida em algo, se mal saio do Instituto? Confiar no meu potencial, seria a mesma coisa que agarrar-me à algo que nem ao menos sei se existi.

"Ei mocinha, volte aqui! " Nial como tem acontecido nos últimos dias, estrala os dedos tira-me dos meus devaneios..."Dak, minha flor, sei que está preocupada, mas se realmente quer ajudar precisa se concentrar." 

Sempre que posso o ajudo como auxiliar nas aulas de literatura das turmas mais novas, há um ano e meio terminei minha graduação no ensino médio, como ainda não sei ao certo o que desejo fazer -bem, não sei nem onde irei morar daqui a três meses. -Tenho ajudado no instituto em tudo que posso, desde fazer compras no mercado a dois quarteirões, até ser uma auxiliar nas aulas, começo a perceber que talvez seja ajudar aos outros o que eu quero para o futuro, desde os pequenos à adolescentes -como minha melhor amiga maluca Bella, que veio parar aqui unicamente por ser a filha ilegítima de um grande empresário do ramo alimentício, seu pai constrangido pela descoberta da sua infidelidade, a mandou para longe dos olhos da mídia e da esposa, sua pobre mãe, uma jovem que com apenas dezenove anos havia se envolvido com o chefe sedutor, morreu quando ela tinha apenas sete anos, fazendo assim o grande segredo vim à tona, sua chegada foi uma bênção para mim, me senti nas nuvens por ter alguém com quem compartilhar tudo, sempre quis uma irmã fixa, já que as várias garotas chegavam e partiam constantemente, só Bella permanecia além de mim, o que nos permitiu criar laços reais de amor e companheirismo, mesmo ela sendo um pouco... Digamos, que xereta, sempre sabendo de tudo e sobre todos, até mesmo o vizinho gato que me faz suspirar. - Nial está me olhando com aquela cara de reprovação, hoje não é meu dia mesmo.

"Desculpe-me! "

"Dak, por que não vai até a sala de Erika e pergunta se ela não precisa da sua ajuda em algo? "

"Tem certeza?" apesar de não está sendo de muita ajuda, gosto de estar em volta das pequenas, me fazem sentir responsável.

"Sim, posso da dá conta das ferinhas por mais uma hora! "

Bem, não tenho mais o que argumentar, vou em direção a porta quando sinto sua mão no meu ombro.

"Não fique assim florzinha, sei que se sairá bem, e tem a mim e a Erika, sabe que pode ficar em nossa casa! " ah esqueci de dizer o motivo de tê-lo como pai, eles são casados e sempre fui a sua protegida, desde o início me fizeram sentir que tenho uma família, mesmo morando em um internato.

Faço que sim com a cabeça e saio da sala o mais rápido possível, encosto-me na parede antes de entrar na sala de Erika, sei que ela perceberá minha apatia e falará o mesmo que Nial, só não quero ser um peso para ninguém, quero descobrir como me virar e sobreviver sozinha, ser parecer uma menina assustada, principalmente se quero que de alguma forma alguém olhe para mim, mesmo esse alguém não sendo meu vizinho...

....

Mesmo ainda sendo uma interna tomei para mim algumas obrigações, a minha tarefa preferida é a que faço nesse momento, nada me alegra mais do as eventuais compras no mercado, é quando enfim saio além das grandes do Blue Light, é bem verdade que andar cerca de quatro quadras além de onde moro, não o que possamos chamar de liberdade, porém é o que tenho por hora, não quero ser livre, nunca quis, trocaria minha liberdade por algo fixo, como uma família que me amasse e não largasse igual a algo descartável e sem valor algum.

Estive tão absorta na minha tarefa de andar pelos corredores do mercado, seguindo à risca a lista feita por Júlia nossa cozinheira, que só dou-me conta que cai uma torrente do céu, quando já estava de saída. 

Por sorte o mercado trabalha com o sistema de entrega ao domicilio, então trago comigo apenas alguns itens de uso pessoal meu -ob, meu shampoo preferido com fragrância de baunilha, como outras coisas -, olho o céu que parece estar extremamente irritado.

"Muito bem Dakota! Isso é para você aprender a andar sempre prevenida! " resmungo irritada comigo mesma por não ter dado ouvidos a Erika que por mais de uma vez lembrou-me do guarda-chuva que por acaso não o trouxe. 

Está impossível andar com toda essa água, a rua está praticamente alagada, começo um novo esquema de passadas, duas para frente e quatro para um lado, depois para o outro, na tentativa de fugir um pouco de todo aguaceiro que escorre pelos dois lados da calçada.

No fim acabo me divertindo com o meu jeito meio louco de andar na chuva, molhada como estou - não há mais jeito para minha roupa encharcada,- deixo-me levar pela sensação da chuva que cai sobre mim, como uma menina de cinco anos me divirto no meio da rua, rindo enquanto fujo da lama andando de um lado ao outro.

Estou no meio da rua sorrindo quando tudo acontece, mais rápido do que eu possa reagir. Entre uma risada e outra escuto o barulho da moto se aproximando, se não estivesse tão distraída teria como escapar, mas estou de cabeça baixa sorrindo, alguma lembrança esquecida na minha mente de um dia chuvoso na minha infância com meus pais, -se é que era eles mesmo,- não sei se é lembrança real ou apenas de um sonho. Sinto mais do que vejo o que acontece, minha sacola é atirada a uns dez metros de distância com o impacto da moto, me jogando de volta a realidade enquanto meu corpo flutua no ar sem ter onde eu possa me agarrar e evitar a queda, sei que durou milésimos de segundos, porém, para mim foi uma eternidade, do momento em que fui atingida até cair no chão enlameado, batendo primeiro meu quadril, logo em seguida a cabeça. Tudo ficou turvo ao meu redor, pisco várias vezes atrás de um ponto para centralizar meu foco, quando encontro um par de olhos cinzas olhando-me assustados, é ele, meu vizinho, minha cobiça silenciosa, sorrio ao pensar em como esse momento seria mágico, se não fosse trágico e até mesmo comigo devido ao ocorrido. O ponto de luz se apaga e fecho meus olhos ainda com a imagem do seu olhar em mim...


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Notas finais do capítulo

Voltamos em breve bjinnnnn!



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