Esquecido. escrita por Martins


Capítulo 1
Sinto sua falta, Hugo.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/716938/chapter/1

— Papai, mamãe, eu tirei Ótimo em tudo!

Aquela frase fizera com que o garoto se encolhesse em sua cadeira, encarando a tigela de cereal bem a sua frente. Sua irmã mais velha, Rose, estava tagarelando sobre seus N.I.E.Ms, balançando seu boletim de um lado para o outro, o rosto com uma expressão orgulhosa, os cabelos crespos ainda mais incontroláveis pela noite mal dormida.

Hugo assentiu, vendo como sua mãe a parabenizava pelas ótimas notas que, é claro, ela já esperava, segurando a filha pelos ombros com carinho, os olhos brilhando de amor e afeição. As duas eram muito parecidas, tanto na aparência quanto na personalidade, por mais que Hugo Weasley considerasse sua mãe uma mulher mais divertida e agradável de se ter por perto do que a irritante da Rose.

Ele sentia o ciúme o consumindo aos poucos, enquanto levava outra colherada de cereal e leite a boca, mastigando contragosto, vendo que Ron comemorava, dizendo que eram idênticas as notas que sua mãe tirara quando os N.I.E.Ms foram aplicados a eles. Seu café não parecia mais tão saboroso quanto antes da coruja maldita entrar, sentia que mastigava papelão.

— Preciso mostrar para o tio Harry! — sua irmã exclamara muito animada, dando um pulinho. — Quero saber quanto to Albus tirou e...

Começou a ignorar tudo o que ela dizia, levantou-se e deixou a tigela na pia, suspirando ao perceber que seus pais nem mesmo perceberam sua falta na mesa. Subiu as escadas e foi para seu quarto, fechando a porta lentamente, tentando fazer o mínimo de barulho possível, antes de colar suas costas na madeira e fechar os olhos.

Já deveria estar acostumado, sempre fora assim, desde que nascera. Fora esquecido várias vezes em casa sempre que a família ia sair, e, lembrava-se muito bem quando seu aniversário fora passado em branco apenas porque Rose havia recebido a carta de Hogwarts. Ele ficara sem comentar, é claro, mas, depois de dias, percebeu que seus pais nem mesmo iam fazer uma festa atrasada. Eles haviam esquecido completamente!

Ou quando chegara de seu primeiro ano em Hogwarts saltitando de animação, porém, tudo o que Ron e Hermione pareciam ouvir era como Rose reclamava sobre a amizade quase doentia de Scorpius Malfoy e Albus Severus Potter, e, como as besteiras que eles haviam feito em voltar no tempo eram muito severas. Sua energia e alegria haviam sido sugadas naquele instante, então, Hugo apenas limitou-se em terminar de jantar, agradecer a sua família e voltar para seu quarto, onde escrevera uma grande a carta ao seu tio.

Então começou a chorar sozinho em seu quarto, com o rosto coberto por suas mãos pequenas e gordinhas. Completamente atrapalhado, caminhou até sua mesa, onde puxou a cadeira e sentou-se, pegando um pergaminho próximo e uma pena, molhando-a no tinteiro rapidamente, onde começou a escrever a carta que tanto queria.

Querido tio George,

Tio George era o único membro da família que o ouvia, que o deixava feliz. Era sempre o mais animado, mesmo depois de ter perdido seu irmão gêmeo, e, sempre que os dois estavam juntos, ele contava as diversas histórias sobre as brincadeiras que ele e tio Fred costumavam fazer quando mais novos. Seus olhos se enchiam de alegria e lágrimas também, sua postura mudava, ele parecia muito mais novo quando falava de seu irmão.

Já deve estar imaginando o motivo de eu estar escrevendo: finalmente, as notas dos meus N.O.Ms chegaram, e, eu não poderia estar mais orgulhoso. É claro que não chegam aos todos os Ótimos que minha irmã tirara em suas próprias provas, mas, eu me esforcei bastante para tirar todas as notas que tirei.

Uma vez, ele havia sugerido de adotá-lo, e, Hugo adorara a ideia. Sabia que tio George tinha duas crianças: Fred e Roxanne, mas, seus primos passavam bastante parte do tempo na casa da mãe, Angelina, já que os dois eram divorciados, e, só visitavam durante as férias do Natal. Hugo gostava quando era confundido com George; os dois eram violentamente ruivos, com peles mais sardentas de que todo o resto da família e grandíssimos olhos castanhos.

Todas acima de Aceitável, menos em História da Magia porque essa matéria é muito chata e meu professor é horrível. Aquele fantasma confuso só me da dor de cabeça e não consigo não dormir em suas aulas. Minha nota nessa matéria foi um Péssimo, mas, tenho certeza que melhorarei no próximo ano, afinal, não terei a pressão de tirar notas mais altas que a de Rose (o que é quase impossível) e sim mais do que as de Lorcan, mas isso é muito fácil já que... É o Lorcan!

Ouviu batidas na porta. Limpou suas lágrimas rapidamente caso alguém entrasse. Era Hermione:

— Você viu as notas de sua irmã? — Sim, pensou, eu vi. — Incriveis!

Hermione não entrou.

— É, mãe, incriveis.

— Ela é uma ótima bruxa! Tão parecida comigo. E você... — ela se calou.

Hugo passou a mão no rosto. Sério, mãe? Sério?

— É... — sussurrou encarando o espaço ainda vazio do pequeno pergaminho.

— Já está na hora de dormir. Amanhã iremos almoçar na casa do Harry.

Bem, espero que seu tempo com Fred II e Roxanne seja divertido. Ouvi dizer que estão no Brasil! Parece legal! Talvez devessemos marcar de ir assim que eu terminar meus estudos em Hogwarts, sabe, apenas eu e você. Sabe falar português? Como estão se virando?

Deixarei as demais perguntas para quando nos vermos. Espero que você esteja bem.

Sinto sua falta,

Hugo.

Fechou o pergaminho e chamou por sua coruja. Seus grandes olhos cinzentos o analisaram seriamente e ele disse, com um pouquinho de alegria, mesmo com o rosto um pouco vermelho pelas poucas lágrimas:

— É para o tio George. Ele está no Brasil.

A coruja piou e saiu voando, misturando-se com a escuridão do céu. Tirou suas peças de roupa rapidamente, colocando o pijama. Entrou em seu banheiro; lavou o rosto, escovou os dentes e passou os dedos pelo cabelo, antes de passar o creme para acne e puxar sua bombinha de asma.

Voltou para seu quarto escuro e jogou-se na cama. Fechou os olhos, agarrou o pequeno boneco de leão de pelúcia que Lorcan havia lhe dado de presente e caiu em um sono mais rápido que o esperado. Esqueceu-se de Rose e suas notas bobas, esqueceu-se de Hermione e seus pedidos para Hugo ser mais como sua irmã, esqueceu-se de Ron e seu papo idiota sobre como tinha orgulho do filho que era claramente forçado.

Quando acordou naquela manhã nublada, fria e feia, que fez seus olhos doerem pela claridade de primeira, percebeu que sua coruja não tinha voltado ainda. Espreguiçou-se como um coala, coçou seus olhos que percorreram seu quarto agora iluminado e pararam na melhor parte dele.

Olhou para o porta retrato do lado de sua cama. Ali estavam Rose, Ron, Hermione todos sorridentes e acenando com a Torre Eiffel no fundo, bem brilhante naquela manhã, mas, lá no fundo, ele viu a melhor parte, era ele, Hugo, e tio George, apontando para os franceses e fazendo algumas caretas.

Bem, pelo menos Hugo tinha alguém que se lembrava dele.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Como eu amo Hugo Weasley eu precisei escrever isso depois de uma amiga minha ter dito que o Ron e a Mione tinham apenas um filho (Rose). Fiquei tipo "Não querida, eles tem dois!" Então é... Hugo merece amor ♥
Espero que tenha gostado. Se sim, deixa um comentário, tchau! ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Esquecido." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.