Electus escrita por Khaleesi


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá! Como vão?
Aqui vai o primeiro capítulo!
Leiam as notas finais, pois existem informações no decorrer do texto que se referem a situações ocorridas no jogo Eldarya.
Sem mais, desejo-lhes uma boa leitura!
ps: ficou um pouco pequeno, mas prometo compensar nos próximos.



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Capítulo 1

 

— Isso é ridículo – sussurrei, irritada.

Faziam dois meses desde o banimento de Ezarel, Miiko, Nevra e Valkyon. Dois meses que o traidor gozava de novo comandante supremo de toda Eldarya, organizando ataques brutais em todas as comunidades, espalhando medo para assegurar seu poder.

— Isso é estratégia – Kero comentou, olhando-me triste.

Bufei e dei as costas para a imagem refletida no espelho de corpo inteiro. A imagem de uma noiva. Como se não bastasse ter feito tudo o que fez, o traidor ainda ousava me obrigar a se casar com ele. Pelo amor de Deus! Eu não era ninguém especial ali em Eldarya, por que justo a mim?

— Ilumine-me, Keroshane – retruquei.

Meu amigo soltou um suspiro. Ele sabia que usar seu nome primeiro nome inteiro era sinal de minha irritação. Kero também não estava nos melhores humores, seu cabelo azul-marinho estava despenteado, haviam bolsas abaixo dos olhos castanhos, e o chifre no meio da testa havia perdido a vivacidade cotidiana.

— Para muitos em Eldarya você é considerada uma heroína enviada pelo Oráculo. O fato de Miiko confiar em você dá peso nessa ideia. Assim, ele se casar contigo é um jeito de acabar com as esperanças do povo, mostrar que ele tem pleno comando em tudo.

— Isso é ridículo – repeti, apontando o dedo para ele.

Ykhar que até então manteve-se quieta, levantou-se de minha cama onde estava sentada. Os dois foram designados por ele para vistoriar a vestimenta e preparativos para a cerimônia.

— Tente não fazer nada dramático, Olympia – ela comentou, sua voz um tanto estranha.

Diferente de Kero, Yhkar ainda cuidava de sua aparência. Acredito que seja algo para lhe ocupar tempo, cada um que ficou aqui tem feito algo para se distrair. Seu cabelo ruivo normalmente solto estava trançado hoje, finalizado com uma fita cinza que combinava com seus olhos de cor parecida. As orelhas de coelho continuavam impecáveis.

Franzi o cenho diante sua atitude tão conformada com meu destino. Geralmente ela seria uma das primeiras e ter um ataque em conjunto comigo, além de Alajéa e Karenn. A Brownie*, não alterou seu ânimo diante minha careta, deixando-me ainda mais nervosa.

— Já que é assim, podem me deixar sozinha – falei, virando de costas para os dois.

— Olympia… - ouvi Kero começar a falar, mas aparentemente minha postura rígida lhe cortou a coragem.

Permaneci estática até ouvir o som da porta se fechando, só então desabei no chão, segurando com forças as lágrimas teimosas. Tinha jurado não chorar mais desde aquele dia e pretendia seguir o juramento. Respirei fundo repetidas vezes, acalmando-me.

Quando enfim senti-me recuperada, levantei-me e olhei novamente para o espelho. Não podia negar que o vestido era lindo. Lembrava-me um pouco a vestimenta que usei durante a visita de Huang Hua no QG, exceto pela cor levemente esverdeada. O decote canoa, deixando os ombros de fora, emanava um ar delicado. As mangas justas até os cotovelos e soltas do restante até o chão tinham um leve brilho que furtava a cor do ambiente. O corpete era decorado com fios de ouro e pedras coloridas, realçando o violeta dos meus olhos e o branco de meus cabelos. A saia levemente armada, abria-se numa fenda lateral na perna direita, revelando a sandália de tiras igualmente delicada.

Estava colocando a tiara, esta sim era a mesma usada durante a visita, quando batidas soaram a minha porta. Meu estômago deu uma torcida de nervosismo, pois já imaginava o que poderia ser. Respirando fundo mais uma vez, respondi que podia entrar. Era Kero novamente, mas quando adentrou no recinto, pude ver de relance algumas pessoas do lado de fora, no corredor.

— E então? - pedi, torcendo as mãos atrás das costas.

— Está na hora, Olympia – ele ofereceu o braço direito a mim com um sorriso triste – gostaria que não fosse assim.

Determinada a não mostrar-me abalada para ele, mudei minha atitude pesarosa para sarcástica.

— Poderia ser pior – respondi, enlaçando meu braço ao de Kero – o noivo poderia ser aquele velho asqueroso – sussurrei, fazendo uma careta, referindo-me ao novo aliado do traidor.

Kero, como imaginava e pretendia, soltou um curto riso.

— Os novos companheiros dele de fato são… desprovidos de beleza.

— Feios – retruquei antes de sairmos.

Algo dentro de mim sussurrava que muitas coisas mudariam neste dia, só rezava que não fossem ruins para mim.

 

(…)

 

 

Como era de se imaginar, ele preparou uma festa estonteante, haviam várias guirlandas de flores das mais diversas cores decorando o caminho até o altar. O local escolhido foi a grande cerejeira nos jardins do QG, devido sua beleza particular e leve semelhança com as árvores que envolviam o antigo santuário onde os casamentos eram realizados. Antes do ataque deles ter destruído o local.

O traidor estava de pé ao lado de um sacerdote, que por sinal estava com uma falsa careta de felicidade. Apesar dos meus sentimentos negativos para com aquela pessoa, precisava admitir que ele sabia se vestir conforme o evento. As vestes prateadas com leves detalhes em verde destacavam sua pele alva e os olhos cor de esmeralda.

Leiftan.

Engraçado como ele adquiriu vários adjetivos nesse curto período. Passou de amigo, confidente e seguro para traidor, desleal e usurpador.

A minha inspeção por sua aparência enquanto era levada ao altar, deu-me tempo para perceber algo em seu olhar. Era como se estivesse vendo duas pessoas em uma só. De um lado estava o comandante, posando como poderoso, e do outro em seus olhos via aquele por quem criei laços de amizade, a pessoa que se preocupava com todos ao seu redor e fazia de tudo pelos amigos.

— Não precisa me encarar com tanta raiva, Olympia – sua voz cortou meus devaneios, erroneamente interpretando minha careta ao fitá-lo.

— Então desfaça esse espetáculo, Leiftan – respondi, automaticamente, azeda.

Falar seu nome era uma mistura de dor e raiva. Mas, eu precisa repetir para lembrar-me que ele não era aquele quem conheci e acreditei.

Dando um suspiro, ele virou-se para o sacerdote, provavelmente pronto para dar início a essa estúpida cerimônia. Entretanto, o que ele falaria ficou apenas em minha imaginação, pois sua festa foi interrompida por dezenas de soldados armados com o símbolo de Eldarya em seus escudos e armaduras, surpreendendo os inimigos e a Leiftan.

Estava observando alarmada aqueles soldados subjugarem os homens de Leiftan quando senti uma mão cobrir minha boca, impedindo que gritasse. Em sequência, várias coisas ocorreram juntas. O traidor foi atingido por uma flecha e derrubado ao chão, porém vivo. Fui envolvida por um mar de pessoas que fugiam do local com medo e empurrada por eles numa direção desconhecida. E o prédio recém-erguido pelos aliados de Leiftan ser ateado fogo.

Ao longe ouvi pessoas gritando meu nome, mas não conseguia identificar quem eram. Estava começando a sufocar devido a crescente de gente ao meu redor, dando brechas a lembrança de quando estava me afogando sob efeito da poção criada por Chrome*, incitando o desespero por respirar livremente.

Comecei a correr cegamente, abrindo passagem com os braços e pernas, unicamente querendo sair daquele amontoado de pessoas. Meus olhos já febris pela lembrança pregavam-me peças fazendo com que confundisse a realidade com a água do mar gravado em minha mente. Estava me afogando mais uma vez, porém em mim mesma. Estava prestes a dar um grito agoniado quando senti uma mão pegar firme em meu pulso. Minha cabeça bagunçada uivou em alívio, lembrando-me de pessoa que resgatara-me da água.

— Valkyon? - pedi, desnorteada.

Uma segunda mão pousou em minha bochecha, guiando-me para olhar a pessoa que me segurava. De imediato percebi que não era o meu companheiro de guarda, afinal as mãos que me seguravam eram mais leves, delicadas e pequenas.

— Sou eu, Yhkar.

Sua suave voz me trouxe lentamente ao foco. Aos poucos percebi que ela me puxava gentilmente na mesma direção que a massa de pessoas seguia. Estando na beirada deles, pude perceber que a maioria eram soldados encobertos por roubas comuns, disfarçando suas armas. Espiando por cima dos ombros notei que estávamos próximos ao QG, onde naturalmente as pessoas tendiam a ir em situações de risco.

— O que? - tentei pedir uma explicação, mas a ruiva apenas pediu silêncio ao erguer o indicador em meus lábios.

Um soldado aproximou-se de nós e entregou uma capa para Yhkar que logo em seguida cobriu-me com ela. Aos poucos voltei ao meu estado normal e fui encaixando os detalhes daquela confusão. Primeiro o comportamento estranho de minha amiga começou a fazer sentido, ela devia saber desse ataque surpresa e por isso tinha me pedido para não fazer nada dramático. Então os soldados provocando a confusão e colocando fogo no prédio dos aliados do traidor, fazendo com que eles tivessem que dividir a atenção deles em três: uma no local sendo queimado, outra em Leiftan alvejado e por último no meu repentino sumiço.

— Quem? - perguntei em voz baixa, notando que tudo aquilo havia sido uma estratégia para impedir o casamento e me tirar das mãos de Leiftan.

— Huang Hua – Yhkar respondeu em tom de voz igual – esses soldados em sua maioria são dela. O plano foi uma mistura da senhorita com Karenn e Kero.

— Kero sabia? E onde ele está? - retruquei, movendo meus olhos a procura do meu amigo.

A brownie me deu um sorriso triste e mordeu os lábios por alguns segundos.

— Nem todos podem ser retirados daqui nesse golpe, querida. Apenas você vai sair.

Imediatamente notei que estávamos na prisão do QG, já conseguia enxergar o mar que adentrava no recinto. Apertei o pulso de Yhkar, tensa.

— De jeito nenhum vou deixá-los aqui! - exclamei, revoltada.

Em resposta ela abraçou-me com força.

— Ele não nos fará mal. Mas, precisamos que você saia daqui e consiga arrumar um modo de trazer todos de volta. Tenho fé em você, assim como todos em Eldarya.

Novamente a história de salvadora do Oráculo.

— Yhkar, eu sou apenas uma humana com sangue faérico que não sabe a própria natureza. Não sou nada do que essas histórias dizem. Eu não sou uma heroína! - desabafei, segurando as lágrimas.

— Lembre-se do que Huang Hua te disse uma vez, você veio para cá por algum motivo. Siga o destino e faça seu melhor – ela soltou-me e olhou fundo nos olhos – eu acredito em você.

Sem deixar que dissesse algo a mais, ela forçou-me a tomar a conhecida poção enquanto me dava instruções precisas sobre o que deveria fazer em seguida.

— Boa sorte!

Ouvi seu grito enquanto entrava na água após a poção fazer efeito e transformando-me em uma seria. Em meu íntimo desejava que toda essa fé depositada em mim não viesse a ser desapontada.

Tomando uma longa respiração, mergulhei e segui os soldados.


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Notas finais do capítulo

*Brownie = num determinado episódio é explicado que Brownie é um grupo sanguíneo em Eldarya, que tem por característica possuir algumas semelhanças com determinados animais, como Mery e Yhkar.
[SPOILER]

* Poção= essa poção foi utilizada por Chrome e a guardiã durante uma missão para poderem voltar ao QG em segurança. A poção transforma a pessoa em seria/tritão. Mas, quando estava próxima do QG, a nossa guardiã começa a perder os efeitos da poção e começa se afogar, sendo salva posteriormente por um dos paqueras, no caso da fanfic foi o Valkyon.

.

Sobre Leiftan ser o vilão... tem relação com a teoria do mascarado, mas será explicado mais sobre isso futuramente na fanfic.

Espero que tenham gostado e estou louca pelos seus comentários!
Até mais, beijos.



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