Plyve Kacha escrita por darling violetta


Capítulo 1
O patinho sobre o rio Tisyna


Notas iniciais do capítulo

Eu não nomeei os personagens porque a guerra não escolhe nomes, idade, religião ou caráter. Plyve kacha é uma canção realmente triste, mas também muito bela. Recomendo ouvir.



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Hey, plyve kacha po Tysyni

(Oh, patinho flutuando sobre o Tisyna)

Plyve kacha po tysyni

(Patinho flutuando sobre o Tisyna.)

Mamko z Moya, ne lay meni

(Oh, minha mãe, não me jure,)

Mamkko z moya, ne lay meni

(Minha mãe, não me jure.)

            Ele olhou novamente para a mãe. Estava a ponto de partir, mas os soluços da pobre senhora detiveram seus passos. Abraçou-a novamente. Ele gostaria de ficar com ela, e cuidar-lhe em sua velhice, contudo, tinha um dever com seu país. Seus desejos não significavam nada se comparado com o bem maior de toda uma nação.

            ─Oh, meu querido... ─Ela começou, as lágrimas ameaçando cair outra vez.

            ─Oh, minha mãe, não torne as coisas mais difíceis para mim...

Com um aceno, sem mais palavras, ele simplesmente partiu, sem voltar a encará-la. Se fitasse mais uma vez a mulher que lhe deu a luz, sabia que não seria capaz de cumprir seu dever cívico.

Hey, zalayesh my v zlu hodynu,

(Oh, se você vai jurar-me na hora escura,)

Hey, zalayesh my v zlu hodynu,

(Se você vai jurar-me na hora escura.)

Sam ne znayu de pohynu,

(Eu não sei onde eu vou morrer,)

Sam ne znayu de pohynu,

(Eu não sei onde eu vou morrer.)

            “Nada tem sido fácil para mim, meu querido...”

            As pequenas palavras rabiscadas no papel estavam manchadas com suas lágrimas, e também com seu sangue. Ele estava ferido, e abandonado. Sua única companhia na hora do fim seriam as dolorosas palavras de sua mãe num pedaço de papel. Não tornava o momento mais fácil. Pelo contrário, só o fazia ficar pior.

Hey, pohynu ya v chuzim krayu,

(Oh, você irá morrer em terras estrangeiras)

Hey, pohynu ya v chuzim krayu,

(Você irá morrer em terras estrangeiras.

Chto z my bude braty yamu?

(Quem vai preparar uma cova para mim?)

Chto z my bude braty yamu?

(Quem vai preparar uma cova para mim?)

            Quando os ânimos se acalmaram, e ambos os lados deram uma trégua, era hora de recolher os mortos. Alguns jamais seriam encontrados, outros não teriam a chance de ser enterrados. Sem cerimônias religiosas, apenas medalhas de honra (quando há). Apenas nomes a ler lembrados.

Hey, vyberut my chuzi lyudy,

(Bem, meu querido, você será enterrado por estranhos.)

Hey, vyberut my chuzi lyudy,

(Bem, meu querido, você será enterrado por estranhos.)

Cy ne zal ty, mamko, bude?

(Você não vai se arrepender, mãe?)

Cy ne zal ty, mamko, bude?

(Você não vai se arrepender, mãe?)

            Tempos depois, notícias chegaram de terras distantes. Suas esperanças acabaram naquele momento, recebendo a informação que seu filho morrera em batalha, como herói. Nem todas as honras do mundo acalmariam seu coração, sabendo que seu filho jamais retornaria. Nem vivo, nem morto. Os dias eram mais escuros agora. E o mundo, um lugar sombrio.

Hey, yakby z meni, sunku ne zal?

(Oh, meu filho, como eu poderia não me arrepender?)

Hey, yakby z meni, sunku ne zal?

(Meu filho, como eu poderia não me arrepender?)

Ty z na moyim sercyu lezav,

(Você estava deitado em meu coração,)

Ty z na moyim sercyu lezav

(Você estava deitado em meu coração.)

            Os dias se passaram desde a fatídica notícia. Os dias logo se tornaram meses e os meses logo virariam anos. O tempo poderia passar. A eternidade poderia passar diante de seus olhos e ela jamais esqueceria seu amado filho. Nada no universo faria esquecê-lo.

Hey, plyve kacha po Tysyni,

(Oh, patinho flutuando sobre o Tisyna )

Plyve kacha po Tysyni,

(Patinho flutuando sobre o Tisyna.)

            Quantos anos se passaram? Dez? Vinte? Ela nem se lembrava mais. Apenas a saudade restara em seu peito. Agora, em seu leito de morte, não sentia medo. Medo por que? Não lhe restava mais nada. Estava feliz, e até ansiosa. E esperançosa. A esperança crescente em seu peito com a possibilidade de encontrar seu filhinho.

            Ela o viu caminhando até ela, com a mão estendida e um sorriso no rosto. Uma lágrima de felicidade escorreu por seu rosto.

            ─Oh, meu querido... ─Sussurrou.

            Com tais palavras, fechou os olhos para jamais reabri-los.


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Notas finais do capítulo

É isso. Curtinho, mas espero que esteja bom. Obrigada...



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