“Aberração…”

Ele sentia que o seu coração não podia sentir mais em frangalhos, ao ouvir o tom venenoso e baixo que Henry Shaw lhe falava, e era aquele homem que seria o senador e candidato á Presidência dos EUA?

Não que ele pudesse pensar muito, na realidade, ele não se podia permitir pensar demais, seu olhar desviara-se para o lado, para a mulher que o adotou, sua expressão sempre séria e sem emoção, somente demostrava alguma coisa, quando lhe pedia o seu cinto e lhe batia e batia repetidamente.

Um arrepio percorreu-lhe o corpo, conforme ele retornava ao orfanato.

Algo no seu intimo, lhe dizia que ele iria sofrer novamente na pele, a descrença de Shaw para com a causa dos Segundos Salemianos.

E naquele mesma noite, Henry Shaw morreu.

(…)

 “Eu não sou sua mãe…”

Ele tivera que suportar e aguentar ao longo do tempo todas as ofensas, todas as mazelas, todos castigos que ela afligia-lhe, porque ela achava que ele era ruim…ele era mau, ele fazia coisas ruins.

Ela o odiava mais que a todos os outros.

Mas, ele não desejava que ela batesse na Modesty…

Ele estava furioso, ele estava irritado e ele matou…ele simplesmente não conseguiu aguentar e matou…

Era uma força tão grande dentro dele, ele não conseguia libertar-se, daquela sensação explosiva, daquela força que queria sair, da escuridão, ele queria somente um amigo, alguém que o amasse, mas nunca fora possível…

Aquela mulher simpática afrontara aquela que ele devia de chamar “mãe”, mas depois sumira no ar.

Depois, Sr. Graves aparecera e havia-lhe mostrado compaixão, havia cuidado das suas feridas, mas somente o usara e o traiu…

Ninguém a quem amar, ninguém que o amasse, ele não era ninguém, somente isso sentia.

Credence tentava escutar aquele homem que aproximava-se dele…mas não alcançava, não chegava.

Ele tinha medo…

Depois fora novamente aquele traidor, que tentava enganá-lo, mas ele não confiava não mais, mais preto, mais escuro…seu coração estava ficando.

E depois ressurgira novamente, aquela mulher Tina Goldstein, ele queria ouvir mais, sentir mais…

Mas novamente, a escuridão dominou totalmente, o Obscurus o consumia, mas já não importava.

E a magia que o consumira, fora o que o destruirá juntamente com os feiticeiros que o executaram.

Credence só queria um amigo, alguém que o amasse…no final, teve dois que sentiram a sua morte e choraram por ele.

Afinal, mesmo sem ele saber, tivera quem o amara.