Carta para a namorada do meu ex escrita por Miss Addams


Capítulo 1
De: Diana Vázquez / Para: Dulce María


Notas iniciais do capítulo

A leitura é rápida, você vai tirar de letra.

;)



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De: Diana Vázquez

Para: Dulce Maria

 

Uma carta pra mim.

Li só o envelope. Várias vezes, ele estava aberto, fazia alguns minutos que o abri, só não conseguia tirar o papel dobrado de lá dentro.

— Então não vai ler? - Ele falou lá do fundo do quarto onde estávamos. O quarto que era dele em sua infância e adolescência. Parecia estranho pensar sobre isso, olhei para ele e aquele homem parece pequeno para aquele quarto, Poncho usava um smoking negro com detalhes cinza que o deixava tão elegante, poderia sair e filmar qualquer filme do agente secreto 007!

Além dos meus devaneios ele me encarava esperando uma resposta com as mãos dentro do bolso da calça social negra.

— Eu não tenho ideia. – Admiti suspirando andando pelo quarto, e indo até a grande janela onde dava para ver o tudo montado todos os convidados lá em baixo, no jardim, esperando assim como eles.

Escutei Poncho andando até onde eu estava e ele olhou para a mesma direção que a minha. Não estava olhando qualquer convidado, e sim para ela, Diana que nem fazia ideia de que estava sendo observada!

— Você só vai saber o que ela tem a dizer quando abri a carta. – Poncho comentou, me incentivando.

— Estou muito curiosa, mas eu tenho... – Me interrompi ao vê-lo. Correndo indo de encontro com a mãe. Ele é o fator principal dessa história. Dan. – Tenho medo. – Confessei.

— Você é uma boba, às vezes – ele comentou depois de um ou dois minutos de silêncio. Então ele se voltou para mim. E eu fiz o mesmo quase como em reflexo, ele ficou me encarando para depois encostar a testa na janela, com um sorriso curto e então fez aquela expressão. Aquela expressão boba de quem esta num relacionamento que transborda paixão.

E eu perdi o ar, antes mesmo que ele se aproximasse com a clara intenção de me beijar. Eu adoro os beijos do Poncho, mas se fosse fazer uma lista dos melhores beijos sempre fico em dúvida dos que nós damos quando nos encontramos e estamos com saudade. A cada viagem que eu ou ele fazemos, como nesse caso em que não o via tinha uma semana por conta da sua viagem até Chicago.

O beijo já tinha terminado, mas ficamos de olhos fechados e testas coladas, eu passei minha mão no seu rosto e fiquei na dúvida se sentia falta da sua barba ou não. Poncho é do tipo de cara que nem com esforço fica feio ou talvez seja o meu olhar de apaixonada.

— Senti sua falta! – Ele falou baixo e eu sorri porque também senti o mesmo, só respondi dando um beijo na ponta do nariz dele.

Nos separamos com pressa devido ao susto porque alguém jogou algo na janela, ao olhar novamente para o jardim. Alguns convidados nos olhavam com curiosidade, parece que nosso beijo teve uma plateia, quem estava lá em baixo gesticulando era Fernando o irmão mais velho de Poncho. Assim que ele teve nossa atenção apontou para o seu celular e depois para o irmão mais novo.

Poncho pegou seu celular no bolso e tinha uma mensagem de voz de Fernando, avisando que Don Alfonso chegaria em dez minutos.

— Certo, vou descer para recepcionar meu pai. Pode ficar aqui e nos encontramos lá em baixo daqui a pouco. – Ele me deu um beijo na testa e foi saindo apressado.

Me voltei a janela e acenei para Fernando e ele sorriso ficando mais aliviado porque foi fácil tirar Poncho do meu lado, soltei um riso para logo congela-lo ao ver que Diana me olhava lá debaixo não sabia decifrar nossa troca de olhares. Eu não sabia o que pensar, não nos encontramos muitas vezes desde que eu comecei meu namoro com Poncho. Para ser exata foram três encontros onde estávamos no mesmo ambiente, nenhuma conversa, nada.

Ela desviou o olhar só porque Dan lhe exigiu atenção. Então aproveitei o tempo que tinha ainda e me decidir ler aquela carta de uma vez por todas, sem pensar muito em seu conteúdo.

Me afastei da janela e andei até a cama de Poncho, sentei e pela primeira vez tirei a carta do envelope. Com um suspiro comecei a ler.

Para começar, vou relembrar do começo, assim eu tenho algum tipo de organização para dizer o que eu realmente quero.

Me lembro da primeira vez que Dan voltou para casa depois de mais um fim de semana com Poncho, percebi que não era um fim de semana qualquer, ele estava muito empolgado com a amiga nova que havia feito. Conforme ele ia contando tudo o que fizeram, me controlava para não ter ciúme, não me leve a mal não era a respeito de Poncho e sim do meu filho.

Tive problemas com as outras namoradas de Poncho, elas não entenderam bem o que é namorar alguém que tem um filho. Não entendem que se ele estiver doente largaremos tudo e o levaremos ao hospital, não importa se programamos ir ao cinema uma semana antes, não importa se ‘ele tem a mãe’. Algumas dessas namoradas deixavam claro que não gostavam de mim. Ótimo, nem eu quero isso, mas passar a não gostar de Dan. Isso é um crime grave.

Poncho passou um tempo solteiro, desanimado em sair para encontros, até que ele te encontrou de suas viagens, ele voltou a ter aquele brilho no olhar, entende? Estava contente por ele, mas e Dan? Acho que nunca o vi tão empolgado com alguma namorada de Poncho. Ele fala de você com entusiasmo, eu precisava saber quem você era. Prestei mais atenção nas histórias de Dan, sobre o que vocês faziam, passei a te observar nas poucas vezes em que nos encontramos, porém o ponto crucial foi essa última semana na qual eu realmente não podia ficar com ele, Poncho viajando, todos ocupados e você se ofereceu para cuidar dele.

Dulce, percebe o significado e até mesmo a sonoridade do que acaba de ler. Cuidar dele. Cuidar do meu filho. Hoje o homem mais importante da minha vida! Você o alimenta, você o mima, você cuida, dá bronca, ajuda nos deveres, o conforta, coloca para dormir, corre para hospital se preciso. Basicamente, você é uma segunda mãe para ele. E não tenho nenhum ciúme ou infelicidade ao dizer isso, porque estou feliz por Dan. Ele é amado mais vezes, como posso ser contra isso?

Eu tenho admiração por você, posso não ter demonstrado nada antes, mas faz parte da minha personalidade e também estava te estudando. Eu desejo o seu melhor, em meio as minhas rezas a noite, eu estou contente porque Poncho encontrou alguém como você, e ainda mais pelo Dan que tem mais uma por ele. Ele é apaixonante, não é?

Espero que possamos ser amigas.

Com carinho,

Diana.

Com um suspiro eu comecei a ler e com outro de puro alívio eu terminei, parecia que tinha prendido o ar enquanto eu lia. E quando me dei conta senti algumas lágrimas saindo de meus olhos, alterando minha visão. Estava emocionada.

Coloquei a carta novamente no envelope e a pressionei sobre meu peito, com um sorriso. Estava aliviada por cada palavra escrita, se não fosse à situação eu a responderia agora mesmo, como sou tola. Melhor eu descer e dizer isso pessoalmente.

Guardei a carta em minha bolsa, e me levantei da cama com pressa, me sentido mais leve e plena. Já estava caminhando no jardim, talvez eu tivesse pouco tempo, Don Alfonso e Doña Laura logo chegariam para sua renovação de votos de casamento. Com o olhar eu já a procurava e ela parecia saber porque me encarou de longe e trocamos sorrisos instantaneamente, só quebramos o olhar porque senti alguém me abraçar as pernas bem apertado.

Olhei para baixo e encontrei ele com o olhar claro e um sorriso angelical na boca, senti meu coração bater mais rápido e uma sensação de leveza me contagiar.

— Oi. – eu falei sorrindo olhando para baixo.

— Oi, Dulce! – ele retribuiu o sorriso.

E assim como nosso primeiro encontro eu julgo a dizer que nos apaixonamos a primeira vista, eu tinha muito amor por Dan, Poncho ria das vezes em que eu dava mais prioridade ao seu filho do que ele no meu apartamento.

— Vem cá. – Eu lhe dei os braços e o peguei no colo para lhe abraçar apertado. – Faz tempo em que não te abraço forte assim.

— É, mas temos que tomar cuidado para não amassar nossas roupas. – ele arregalou os olhos olhando para meu vestido vermelho e para o pequeno smoking dele, uma versão mirim do Poncho.

— Deixa eu te contar um segrego, se for pra abraçar pode amassar um pouquinho. – eu falei baixo quando ele virou a orelha para eu falar.

Ele então olhou para novamente e depois me deu um abraço apertado que só ele sabia dar! E Diana agradecida por eu gostar de Dan, que absurdo.

— Poxa, eu também quero abraço do meu filhote. – Escutamos a voz de Diana ao nosso lado, estávamos tão entretidos um no outro que nem percebemos ela se aproximar.

Dan se afastou e ainda no meu colo abraçou a mãe como ela pediu.

— Man, Dulce disse que se for pra abraçar pode amassar um pouquinho. – ele contou a novidade.

— Pois ela esta certa! – Diana concordou, mas comigo do que para com seu filho.

— Olha lá, tio Fernando esta me chamando. – Dan apontou na direção da entrada de onde estava Fernando nos olhando de longe.

Coloquei Dan no chão e ele foi caminhando na direção do tio, a cerimônia já deveria começar pelo posicionamento de todos os que organizavam, dos músicos, da juíza e de alguns convidados. Nós duas ficamos olhando para Dan caminhando.

— Eles se parecem... – Deixei essa frase no ar.

— Sim, até no jeito de andar. – Ela concordou saudosa e se virou para me olhar. – Desde que ele usou alguma camisa de Poncho da vez que ele estava no seu apartamento, agora ele quer fazer isso sempre. – Ela deu risada e eu acompanhei por lembrar dele vestindo uma camisa de futebol maior que ele pelo meu apartamento.

Fiquei em silêncio sem saber como começar e ela me esperou com curiosidade no olhar. Eu busquei suas mãos com as minhas e a olhei antes de falar, precisava ficar evidente o que eu estava sentindo.

— Eu não sei bem o que lhe dizer em agradecimento, eu acabei de ler a sua carta e fiquei emocionada. – Ela me respondeu sorrindo. – Desde sempre eu tive muito respeito por quem você é, e sempre será. E eu sou apaixonada pelo seu filho. – rimos juntas.

— Tenho certeza que nesse momento começa uma bonita amizade. – eu concordei antes de abraça-la apertado.

— Claro que vou ser amiga de alguém que ainda escreve cartas e em máquinas de escrever. – Ela riu por cima do meu ombro. – Eu também escrevo ás vezes, algumas crônicas, poesias, desabafos.

Ela se separou para me encarar surpresa.

— Eu também! Vamos ter muito que conversar então. – ela desviou o olhar para um lugar em específico e então voltou a falar pra mim. – É muito bom saber que não somos ameaça uma para outra, nem seremos competidoras, como elas são. – Ela indicou com olhar certa direção.

E eu mesmo sabendo da tal regra de esperar um pouco antes de olhar, olhei imediatamente e estavam parentes da família de Poncho, mulheres mais velhas que nos olhavam com reprovação. São de outra geração. Temos que mudar alguns conceitos. No olhar dava pra ver aquela pergunta escancarada. Como pode ser amiga da ex do seu namorado?

Então a resposta óbvia veio para essa pergunta imaginária veio a tona. Os músicos começaram a tocar e eu busquei a mão de Diana para juntas olhamos a entrada de todos. Ali estava a resposta. Dan entrava na frente dos avós e os tios e pai atrás, todos sorridentes.

— Ele esta lindo! – ela exclamou.

— Esta sim. – eu falei deixando de olhar para Dan para olhar Poncho que me encarava de longe com um sorriso de orelha a orelha. – Preciso voltar para o meu lugar. – eu disse e ela deu um sobressalto e porque também precisava. – Na festa nós conversaremos mais.

Ela assentiu e soltamos nossas mãos para cada uma seguir uma direção como o combinado antes da cerimônia começar, um flash na minha cabeça passou porque após o ensaio subimos Poncho e eu para nos arrumarmos em seu quarto e lá ele me entregou a carta de Diana. Ele já deveria saber o conteúdo desde sempre. Voltando a olhar para ele que estava bem próximo, Dan já estava no caminho para debaixo da tenda onde nós ficaríamos e se realizaria a cerimônia.

Ainda sorrindo ele me deu a mão porque era o momento de me juntar a todos, caminhamos moderadamente na direção da tenda onde já estava a juíza, com todos os convidados da família nos olhando. Eu só conseguia sorrir de felicidade por participar desse momento alegre.

Já estávamos em nossos lugares, do outro lado estava Pablo amigo de trabalho de Poncho, junto a Diana que olhava para os noivos e ao seu lado exuberante como o pai estava Dan, ele sentiu que estava sendo observado e me encarou e abriu um sorriso. Mais uma vez me senti derretida pela aquela criança, apertei involuntariamente apertei a mão de Poncho que virou seu rosto para me olhar.

— Você estava certo, eu sou uma boba. – Eu disse e ele entendeu perfeitamente tudo. E me deu um beijo rápido.

— Estamos aqui reunidos para celebrar ao amor. – Disse a Juíza para começar a cerimônia.

Eu era uma boba por não ler a carta antes e entender literalmente que Poncho, eu e Diana estamos unidos por uma ligação bem profunda, e só poderia concordar com a juíza, mais que o casamento de Don Alfonso e Doña Laura, estávamos aqui para celebrar o amor de diversas formas, especialmente a Dan.

 

 

Fim.


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Notas finais do capítulo

Viu, eu disse.

Até a próxima.



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