De novo.

Nós estavamos na Limusine, voltando para o Hotel. Nenhuma palavra tinha sido dita. Depois de termos visto o clipe, e depois daquele beijo final, as únicas palavras que eu disse foram 'obrigada' e 'não foi nada', aos elogios das pessoas.

Mas quando ele começou a puxar o zíper do vestido, o que ainda tinha de 'virgem ingênua' em mim se manifestou. Euo afastei de mim rápido, e me sentei na cama, tentando recobrar o juízo, tentando voltar a respirar normalmente.

-O que... Foi? - ele falou, ofegando.

-Justin, eu não sei se estou pronta pra isso. Não agora. Sei que seria maravilhoso, acredite, mas acho que não é o momento.

-Desculpe... É que eu não sei quando vou te ver de novo. Só me deixei levar pelos sentimentos desesperados de um homem.

-Eu sei, é só que... Não sei se... É a hora...

-Hey. Eu espero você. Sem pressa. Te amo e acho que isso não tem importância agora.

Ele esboçou um sorriso pesaroso, e me deu um beijo na bochecha.

-Acho melhor você ir tomar um banho, te esquentei um pouco, mas acho que não foi o suficiente.

-Eu vou, faça o mesmo.

Andei até a porta, mas parei com a mão na maçaneta.

-Te amo. Nunca se esqueça disso, ok?

-Nunca vou esquecer.

Ele me abraçou por trás, e deitou a cabeça em meu ombro.

-Te amo muito pequena. Talvez até para sempre. Te amo.

*********

Ela tinha acabado de fechar a porta. Entrei no boxe transparente do banheiro, e deixei a água quente tomar conta do meu corpo. Eu não conseguia sorrir. Não conseguia fazer os músculos do meu sorriso se manifestarem.

'O que é isso JB? Você é um garoto desejado, e não precisa ficar chorando por ela. Ela vai voltar.', meu subconciênte me avisou em vão.

Vesti meu pijama, e me cobri com o fino lençól de seda vermelho. Teria sido uma primeira vez incrível. Eu tinha pensado nisso inúmeras vezes. Em como seria ter aquele corpo magnífico para mim, em como seria me sentir dentro dela. Mas eu ia esperar. Ia porque eu a amava, e não queria que ela me desse 'um pé na bunda' por causa de uma coisa estúpida como essa.

Meu pensamentos não se aquietaram de noite. Meus sonhos foram perturbados por muitas cenas de clipes, mescladas com Jacques que ficavam furiosas comigo por ter querido ir além, e depois por aviões partindo e eu não sabia em qual deles ela estava... Em fim. Quando acordei, não parecia que tinha pregado os olhos sequer um minuto.

Simplesmente parecia irreal. Estar acompanhando ela até o aeroporto pela segunda vez. Não tinhamos falado nada um para o outro, mais uma vez aquele silêncio insuportável pairava pelo ar, era como se ele risse da minha cara por não ser capaz de falar nada.

Como tinhamos chegado em cima da hora, a fila de pessoas que iam pegar o vôo para o Canadá, Ontario, estava lotada, e ela tinha que se apressar. Eu suspirei com pesar. Eu ia vê-la partir de novo.

-Eu tenho que ir... - ela falou. Como se eu não soubesse. - Mas eu nunca vou te deixar de verdade. Você está no meu coração.

-E você está no meu.

Dei um selinho demorado nela. E ela logo se afastou, curvada pelo peso das malas, e eu fiquei lá, a olhando ir, até que ela embarcou no avião, e eu fui deixado novamente sozinho naquele inferno que as pessoas chamavam de 'vida de famoso', sem o meu consolo de todo o dia, sem a pessoa que me fazia ver a vida de outro angulo, sem o meu amor. Fui deixado ali, com lágrimas nos olhos.

De novo.

O que eu tinha que fazer agora? Dar um fim nisso. De uma vez por todas eu tinha que resolver isso, tinha que fazer com que Jacqueline Mason fosse só minha, de algum jeito, isso ia se realizar antes que eu pudesse dizer 'Eu te amo', de novo.

Mas o fato é que tinha algo muito maior do que eu ter feito amigos, me divertido, e ter feito um bom clipe com Justin. O fato era que aquele beijo tinha me feito lembrar que aquela não era minha vida. Tinha me feito lembrar que não ia ser assim para sempre. Tinha me feito lembrar que no dia seguinte, eu iria voltar para minha triste vida no Canadá. Minha triste vida, sem amor nenhum.

A limusine parou. Nós saimos do carro. Estava chovendo, mas eu dispensei o guarda-chuva preto que Kenny nos ofereceu, e fechei meus olhos. Podia sentir os pingos caírem em meu rosto, e minha angústia e mágoa só se acentuavam com aquilo.

-Jacque, vem pra cá, você vai pegar um resfriado. - Justin falou, sem nenhum vestígio de sentimento na voz.

-Estou bem.

Ele ficou ali me olhando triste, embaixo do guarda-chuva preto, me olhando muito triste mesmo. Eu ignorei ele, respirei fundo, e andei até o Hotel. Ele veio atrás. Assim que entramos no Saguão, quente e aconchegante, Kenny passou por nós, e foi direto para a recepção. Justin parou ao meu lado, e simplesmente me abraçou. Senti calafrios em contato com sua pele quente, que me 'secava' de certo modo.

-Eu não vou ficar bem sem você. - ele falou. Sua voz estava abafada.

-Eu não sei se sobrevivo. De novo.

-Nós podemos dar um jeito, não podemos?

-Justin, o que...

Eu olhei seu rosto melhor. Lágrimas caiam, descontroladas de seus belos olhos castanhos claros.

-Não... Não chore Justin... Por favor...

As lágrimas já tinham começado a descer dos meus olhos. Nao suportava vê-lo naquela situação. Não suportava ter que admitir para mim mesma que aquilo não era para sempre, e que eu só estava vivendo um sonho, esperando que eu finalmente acordasse. Ele me abraçou novamente, mais forte dessa vez, sem se importar em molhar aquela camisa social linda, sem se importar que todo o Saguão nos olhava com intenso interesse. Afinal, não é todo dia que se vê Justin Bieber abraçando uma garota molhada, e chorando ainda por cima.

-Vamos... Vamos subir. - falei, entre soluços.

-Ok.

Fomos até o elevador, e esperamos. Aquele silêncio era uma agonia para a dor que meu coração estava sentindo naquele momento. Eu queria dizer coisas para ele, queria dizer que amava ele, e que não queria ir, mais aquilo ficava simplesmente entalado na minha garganta. Continuamos em silêncio enquanto o elevador subia para a cobertura. Até que ele me beijou. Veio rápido e sorreteiro, e pegou meu rosto com uma das mãos, com a outra me puxou para si, unindo nossos lábios como muitas vezes antes.

Só que este beijo era diferente de todos os que já tinham acontecido. Era mais desesperado do que todos, era mais cheio de angústia, era como se tudo o que quisessemos dizer um ao outro estivesse sendo colocado naquele ato de amor.

A porta se abriu, nos despertando daquele beijo atormentado. Fomos pelo corredor, até chegar ao quarto dele. Justin se jogou na cama, deitando nela com os olhos fechados.

-Eu preciso de você Jacque. Preciso de verdade. Quando fico longe de você, minhas prioridades saem de foco, e eu não tenho vontade de fazer nada.

Caminhei até ele. Não conseguia parar de chorar por mais de tentasse.

-A gente... Tem que ser forte. Tem que ser forte. Eu também... Não aguento...

Minhas palavras não eram suficientes. Nada do que eu dissesse ia expressar tudo o que eu estava sentindo naquele momento. Era mais do que difícil saber que eu estava prestes a deixá-lo.

-Dear... Eu te quero. Você foi a única que me fez sentir... Um homem de verdade, sabe? Tudo o que você diz, tudo o que você faz, cada parte do seu corpo... Tudo. Tudo em você me faz querer cada vez mais a sua presença. Você é como uma droga pra mim. E eu não posso me desfazer disso.

-E eu tenho que ser consumida por você. Cada vez mais...

Olhei fundo nos olhos dele, e pude sentir que cada palavra que ele tinha dito, era pura verdade. Pela primeira vez em um mês, eu acreditei completamente que Justin Bieber me amava acima de tudo. E eu amava ele. Aquilo era recíproco e lindo. Mas porque todas as coisas que são lindas tem que ser crueis? Porque Romeu e Julieta não conseguiram ficar juntos? Porque as pessoas tem que se separar? Porque Jacob teve que sofrer tanto por causa da Bella? Aquilo era muito menos complexo, é claro, mais eu me sentia como eles, Julieta e Jacob, perdendo tudo o que eu tinha de melhor na minha vida.

Ele se deitou sobre mim, devagar, e beijou-me, dessa vez com ternura e não com desespero. Eu me entreguei totalmente a aquele beijo, a aquele sentimento imortal, que talvez eu nunca mais sentisse. Nossas linguas brincavam, de um jeito que fez meu corpo todo se esquentar, e me fez pensar que talvez, eu soubesse o que ele queria com aquilo.

Sua mão passeou pela lateral de meu corpo, até chegar em minhas coxas, onde ele as levantou para que minhas pernas abraçassem seu quadril. Senti ondas de prazer perpassarem meu corpo quando nossas partes íntimas se tocaram por cima da roupa. Sem nunca rouper o beijo, ele abraçou minha cintura, e me puxou para ficar mais colada ao seu corpo, e sem nem saber direito o que eu estava sentindo naquele momento, eu apertei mais o abraço, como um pedido de socorro, e sussurrei em seu ouvido:

-Eu preciso de você.

-Eu também preciso de você.

Justin desceu seus beijos para meu pescoço, e soltei um gemido involuntário quando senti seus lábios tocarem minha pele fria por causa da água da chuva. Seus lábios pareciam queimar todo meu colo, toda vez que ele beijava meu pescoço, eu sentia o lugar tocado por sua boca arder como se tivesse sido queimado.