Private Collections: Beauty and Rage escrita por Calpúrnia


Capítulo 6
"Voltando para casa, venha se abrir."


Notas iniciais do capítulo

E quem diria, não é mesmo? Eu mesma, voltando o mais rápido possível. E com um capítulo MARAVILHOSO DE LINDO para vocês. Posso falar? Adorei escrever este capítulo. Foi emocionante e muito intenso. Gostei bastante.

Não tenho muito o que dizer, já que este capítulo é apenas um extra, evento ocorrido antes do que aconteceu no capítulo anterior. Vocês vão estranhar um pouco, mas farei esclarecimentos na notas finais — que eu espero que vocês leiam. Não façam essa desfeita.

Mais uma vez: muito obrigada a todos vocês, pessoas incríveis e adoráveis comigo, esta escritora doida. Inclusive, especiais agradecimentos a Hime Kitsune que fez uma recomendação LINDA DE MARAVILHOSA. Meu amô, muito obrigada mesmo; você é um doce. ♥

O título do capítulo é um trecho de uma música LINDÍSSIMA da Lykke Li. O nome é "I Know Places". Se quiserem ouvir, vamos descobrir uma obra-prima.

Sem mais delongas, vamos ao capítulo.



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6.

Escrito por G. de Oliveira

 Japão, 1943

Dezembro — Natal 

Desde que chegara ao Japão, não passou por momento mais agitado do que aquele. Nos últimos dias, Kushina havia entrado em total desespero, correndo de um lado a outro e discutindo sobre listas que deveriam ser cumpridas o mais rápido possível. Logo se lembrou de que estavam em pleno Natal, e juntamente com isso, toda a agitação advinda da Uzumaki.

Tradicionalmente, no Japão, não se comemora o Natal; é um fato. No entanto, Kushina havia insistido para que realizassem um jantar para comemorar. Ele sabia que a razão era sua volta, mesmo que considerasse tudo muito desnecessário. Ainda assim, havia mais um motivo que ele veio descobrir alguns dias antes do jantar: o aniversário de Hinata aconteceria em breve e este sim seria motivo de uma festa. Por algum motivo, ele não sabia o que fazer diante de tal fato. Em especial depois de uma conversa muito intimidadora com sua mãe.

— Né, Naruto-chan, o aniversário da Hina-chan está chegando. — começou ela, calmamente, enquanto secava a louça.

— Ah, é? — perguntou ele surpreso, parando de esfregar o prato em suas mãos.

— Sim. Será dia 27 de dezembro, e é claro que devemos fazer uma grande comemoração. — fez uma pausa. — Talvez não tão grande, porque ela não gosta, mas precisamos fazer.

Naruto voltou a focar-se nos pratos que ainda teria de limpar, ainda que não tivesse tirado de sua mente o que sua mãe acabara de dizer. O aniversário da Hyuuga era uma data muito importante para ele, com certeza. Era a data de nascimento da pessoa mais pura, doce e corajosa que havia conhecido. Queria poder fazer algo por ela.

— Então, — começou. — o que faremos?

A pergunta fez um sorriso travesso e enorme surgir nos lábios da Uzumaki. Ela sabia muito bem de toda a química e os sentimentos que os dois tinham um pelo outro, por isso estava se empenhando para que eles pudessem tornar seus laços ainda mais fortes. O que ela mais gostava era poder admirar o brilho que surgia nos olhos dos dois quando se viam, e também a forma como ficavam quietos admirando um ao outro.

— Nós não comemoramos o Natal como tradicionalmente se faz no ocidente, mas eu gosto de sempre reunir a família e fazer um jantar na noite do dia 25. Portanto, este ano não será diferente, mas acrescentarei uma coisa. — fez uma pausa. — Quero que você viaje com ela.

— Por quê? — questionou assustado.

— Porque é o tempo de vocês descansarem um pouco e também vai nos dar tempo de organizar a merecida festa da Hina-chan. — sorriu fazendo uma pausa. — Aproveite bastante. Eu já comprei as passagens e este será o meu presente de Natal para vocês dois.

O loiro estava com os olhos arregalados, afinal de contas não esperava sair por aí tão cedo. Sabia que o problema com Madara estava sendo encoberto e, dessa forma, não havia tanto perigo, no entanto não pensava em se arriscar muito.

— Tem certeza, kaa-san? Quero dizer, não seria perigoso?

— Ei, gaki*. — disse em tom de advertência. — Você acha que eu colocaria vocês dois em perigo depois de tudo que nós passamos? Não seja bobo. Eu já planejei tudo. Seus padrinhos virão busca-los e vão cuidar de vocês perfeitamente. Além do mais, Shirakawa-go** é discreta, ninguém vai desconfiar de nada.

Naruto sentiu-se um pouco envergonhado com a desconfiança que jogou sobre Kushina, mas não conseguia evitar. Ainda estava sob os efeitos da Área Sete e, consequentemente, acabava se tornando uma pessoa de extrema desconfiança, sempre se esquivando. E em se tratando de Hinata, tudo piorava, porque sabia que devia muito a ela, e nunca, de forma alguma, gostaria de coloca-lo em perigo de novo.

— Tudo bem. Se você garante a nossa segurança, então tudo bem. — murmurou em concordância o que resultou em um sorriso enorme de Kushina.

— Isso mesmo, gaki. Ainda temos alguns dias até lá, então vá se preparando. É sua chance de agradecer tudo que a Hina-chan fez por nós, mas especialmente por você, né.

Desde então, Naruto estava com isso em mente, o que resultou em uma extrema ansiedade, algo que ele desconhecia até então. Os dias foram passando normalmente, com a exceção de que mal via Hinata e Kushina, sempre correndo de um lado a outro com alguma atividade a mais para cumprir. Presentes, comida, decoração; ele ficava agoniado com tanta correria.

Assim se estendeu até o dia 24 de dezembro, quando a campainha tocou pouco antes do almoço. Naruto estava conversando com Hiashi sobre alguns detalhes do processo de Madara, mas teve de aguardar o mesmo voltar com as visitas. Kushina já havia avisado que seu padrinho e sua madrinha viriam, mas não tinha se lembrado disso até o momento em que os viu. O que era incrível era o fato de que os reconheceu de imediato.

— Naruto. — chamou a mulher, Tsunade, loira e alta com muitas lágrimas nos olhos. — Você voltou mesmo.

O rapaz, ainda um pouco sem graça, levantou-se e apenas assentiu. Após um silêncio constrangedor de dois minutos, Tsunade finalmente se mexeu e abraçou o afilhado com todo o carinho e a saudade que guardava no peito. As lágrimas caíam involuntariamente, derrubando toda a sua postura de mulher durona e inabalável. Ela bem sabia toda a dor e a aflição que sofreu com seu afilhado longe de si, assim como a vontade de explodir todo o mundo para que trouxesse Naruto de volta para casa.

— Tsu, deixe o menino respirar. — disse Jiraya com sua voz grossa e imponente ecoando por toda a casa. — Não quer mata-lo logo agora que o temos de volta, não é mesmo?

Apesar do tom brincalhão, Tsunade o fuzilou com os olhos de forma que o homem ficasse quieto imediatamente e quase se escondesse atrás de Hiashi — este que mantinha um pequeno sorriso nos lábios. Eram uma família, afinal de contas, a melhor que poderia existir.

— Calado, Jiraya. — disse trincando os dentes.

— Yare, yare. — disse Jiraya suspirando. — Dê licença; também quero abraçar meu afilhado.

Apesar de estar envergonhado, Naruto gostou do que via. Eram seus padrinhos, duas pessoas importantes para si, pessoas que ele sabia amar e que fariam de tudo por ele. Gostaria de poder dizer que faria o mesmo por eles — e talvez por isso tenha abraçado Jiraya com tanta força e carinho. Não lembrava perfeitamente deles, mas mesmo assim, eles eram sua família.

— Sentimos sua falta, Naruto. — sussurrou Jiraya. — Sinceramente, eu não sabia mais o que fazer com as mulheres dessa família. Mulheres e seus corações partidos.

— O quê? — perguntou confuso.

— Você tem quatro mulheres em sua vida, todas com o coração partido. Hora de conserta-los, não é mesmo? — brincou enquanto se afastava do afilhado.

Naruto não entendeu perfeitamente o que Jiraya havia dito, afinal de contas, as mulheres que conhecia eram Hinata, Kushina e Tsunade. Havia mais uma? Bom, poderia haver, mas ele só a veria mais tarde, porque aparentemente não estava lá. Quando pensou em perguntar do que ele estava falando, Kushina logo apareceu para começar uma conversa animada e escandalosa com Tsunade e Jiraya. Tudo que o loiro pôde fazer foi observar e rir, vez ou outra.

As horas, dali em diante, passaram com um piscar de olhos e quando viram já era dia 25. Pelo que havia ouvido, Hanabi e Neji chegariam a tempo de participar do jantar se dessem sorte de não enfrentar um terrível tráfego pela cidade, portanto tudo que o resto da família poderia fazer era preparar tudo e esperar. Naruto se esforçou para ajudar no que pudesse, mas as mulheres daquela casa pareciam focadas demais no que faziam para prestar atenção nele.

Enquanto esperava o jantar estar pronto, Naruto ficou no quarto, observando o dia ser trocado pela noite. O Inverno estava começando e as primeiras nevascas já surgiam. Para ele, era um fenômeno incrível, toda aquela brancura que caía do céu e se firmava no solo, criando camadas e mais camadas de neve. Era um espetáculo belíssimo de se ver, e ele sabia que poderia fazer isso por dias e mais dias, sem parar.

Sua atenção foi desviada por uma batida na porta. — Entre.

Lentamente, a porta foi se abrindo e revelando uma cabeleira azulada e olhos perolados — que, por sinal, brilhavam como ele não se lembrava de ter visto antes. Naruto ficava feliz em saber que Hinata estava feliz, porque era isso que importava. Ela valorizava a família que tinha e tê-la toda reunida era precioso.

— Tudo bem? Você desapareceu.

— Hm. Não sabia o que fazer por lá. — fez uma pausa e virou-se novamente para a janela. — Estou observando a neve. É um fenômeno interessante.

A Hyuuga aproximou-se até estar ao lado do loiro. O reflexo de ambos estava no vidro da janela que impedia a neve de entrar. Observando-os assim, a morena, pela primeira vez, parou para pensar em como eles havia crescido e mudado durante aqueles anos. Ela nunca havia se preocupado com sua aparência nem pensou no que via diante do espelho, porém ali, naquela noite fria e doce, finalmente reparou.

Naruto se tornou um homem alto, muito bonito, é claro, porém era sério e usava sempre palavras polidas e contidas. Sorria vez ou outra — porém nada se comparava quando era menino, aquele que vivia aprontando e deixando os pais com os cabelos em pé de preocupação. Ele havia mudado tanto com aquelas marcas em sua alma e coração. Já ela, era uma mulher completa, a adulta que ela nunca imaginou que seria, e apesar de estar com seus cabelos desgastados e uma aparência de pleno cansaço, era bonita sim, encantadora, e havia aprendido a amar aqueles olhos perolados que todos consideravam uma aberração.

Eles eram um contraste berrante: Naruto com todas aquelas cores quentes e chamativas (o amarelo de seus cabelos e os azuis de seus olhos) e ela com aquelas mais frias e contidas (o negro-azulado de seus cabelos e os brancos de seus olhos). Ainda assim, ela gostava do que via, de todas essas diferenças, porque se pareciam com um quebra-cabeça ou uma tela branca onde todas essas cores se juntavam e formavam um novo mundo.

Sem que percebesse, ela já havia entrelaçado sua mão na dele e deitado sua cabeça sobre o ombro dele. Naruto desviou o olhar para os dela que ainda refletiam-se no vidro. Realmente, eram olhos lindos e vibrantes, aqueles que perscrutavam sua alma com tanto amor e carinho, tomando todo o cuidado para não machuca-lo. O loiro virou sua cabeça para inalar o cheiro de Hinata, aquele cheiro que ele adorava sentir quando eles estavam próximos daquela forma.

— Eu estou tão feliz, Naruto-kun. — ela murmurou sorrindo. — Ter nossa família completa assim. Claro que seria muito melhor com o seu otou-san e minha kaa-san aqui, mas foi por causa deles que estamos juntos. Espero que eles estejam tão felizes quanto nós.

Apesar de não ter memórias claras sobre seu pai, Naruto gostava da sensação em seu peito quando ele era citado nas conversas com Hinata. E também gostava de como aquela noite estava sendo tão boa, com aquela sensação de acolhimento, de finalmente estar em seu lar, o lugar de onde não deveria ter saído.

— Também estou feliz, Hina. — murmurou de volta. — E espero que todos os próximos dias sejam assim.

Sorridente, e com as bochechas coradas, a Hyuuga ergueu a cabeça. — E serão, Naruto-kun. Eu prometo.

Talvez por isso gostasse tanto de Hinata. Ela tinha aqueles olhos perolados doces e amorosos. Quando mergulhava neles, sentia-se forte e mais humano do que nunca. Não sabia se era por que tinham um passado juntos, mas gostava quando ela o olhava daquela forma, como se fosse tão precioso quanto o oceano.

— Ah! Tenho algo para te mostrar. Só um momento. — ela disse antes que saísse em disparada do quarto.

Alguns minutos depois, Hinata voltou sorridente com ares de nostalgia e um pedaço de papel em suas mãos. Posteriormente, ele identificou como sendo uma fotografia. Nesta, estavam ele, Hinata e mais duas crianças — uma delas com cabelo incrivelmente rosa. Era Verão, portanto estavam todos com roupas mais folgadas e sorridentes. Logo atrás, via-se uma praia muito bonita.

— Foi nossa primeira vez na praia. — ela esclareceu. — Foi emocionante, e é claro que tivemos problemas, porque o Naruto-kun resolveu desaparecer. Kushina-san ficou desesperada.

Mesmo não se lembrando disto, Naruto sorriu. Enquanto Hinata falava, seu coração se aquecia com carinho e saudade. Ele não imaginava que pudesse se sentir tão bem com tal relato, mas queria realmente se lembrar de tudo, por conta própria.

— Quem são esses? — perguntou apontando para as outras crianças.

— São seus melhores amigos, mas você os verá em breve. Não se preocupe. — disse sorrindo. — Aliás, você tem muitas pessoas para reencontrar.

Ele apenas assentiu e guardou a foto após Hinata dizer que poderia ficar com ela. Aquilo o fez querer poder ver outras fotografias que ele tinha certeza que havia na casa. Fez um esforço para manter isso em mente e não se esquecer de falar com Kushina e Hinata. Sabia que suas memórias não voltariam instantaneamente, porém mantinha a esperança de que pudesse aciona-las em sua mente.

Estavam tão distraídos que só voltaram à realidade quando ouviram buzinas do lado de fora da casa. Sem entender o que acontecia, Naruto virou-se para Hinata que sorria.

— Vamos. O resto da família chegou.

{...}

Diferentemente do que acontecia na Área Sete, naquela casa a conversa fluía animada e descontraída. Todos os integrantes naquela mesa falavam sobre o passado e também sobre o que faziam atualmente. A mais animada, com certeza, era Hanabi — que, em seus 19 anos, era absurdamente parecida com Hinata, ainda que houvessem diferenças que a deixava muito mais desinibida do que a primogênita dos Hyuuga. A moça desandava a falar sobre tudo, não poupando em nada Naruto que ficava perdido no meio de tantas palavras. No entanto, existia algo em Hanabi que deixava o Uzumaki sorridente e mais leve.

Após descerem, Naruto conheceu o resto da família Hyuuga. Hanabi era aquela criatura livre, sem qualquer impedimento para ser quem era. Já não se poderia dizer o mesmo de Neji, um homem sério e educado, de pouquíssimas palavras. E ainda assim, ele se mostrou muito surpreso com a presença de Naruto ali, porque ele também já não tinha muita esperança de que o reencontraria algum dia.

Para o loiro, o jantar foi magnífico. Todos riram, se divertiram, contaram suas piadas e melhores lembranças. Naruto pôde conhecer mais de cada um deles ali, assim como também sentiu todo o carinho e o amor que todos têm para oferecer. Percebeu como Tsunade era como uma mãe, amorosa e calorosa; percebeu que Jiraya, apesar de um pervertido, tinha um coração de ouro, sempre disposto a ajudar; encontrou em Hanabi uma menina doce se encontrando com a mulher forte e determinada dentro de si; em Neji viu um homem de qualidades e amor, alguém com coragem e força para aguentar tudo de cabeça erguida. Ali, descobriu uma parte de sua família que desejava proteger a todo e qualquer custo, torcendo para tê-la por perto sempre.

Após o jantar, todos foram para a sala e se aconchegaram diante da lareira. Continuaram a conversar sem tirar o tom descontraído e saudável do momento que tinham ali. Naruto percebeu quando a cabeça de Hinata tombou em seu ombro.

— Cansada? — perguntou.

— Um pouco. — ela disse bocejando. — Estes últimos dias foram corridos.

— Sim. Vá descansar.

— Quero ficar aqui mais um pouco. — disse ela rindo enquanto entrelaçava suas mãos e deitava em seu ombro.

— Ei, vocês dois. — disse Hanabi em falso tom de advertência. — Procurem um quarto.

Todos riram, mas Hinata corou e escondeu seu rosto no braço de Naruto, como se tivesse sido pega no flagra de uma travessura. O loiro apenas deu de ombros e sorriu divertido com o constrangimento da morena, virando-se um pouco para depositar um beijo casto na testa da Hyuuga.

— Além de tudo, são fofos. — brincou Hanabi. — Sabe o que eu acho? Nossa família é o máximo!

— Eu concordo, Hanabi. — disse Naruto, rindo.

{...}

Em geral, eles não costumavam se deitar tão tarde, mas naquela noite ninguém se deitou antes das três da manhã. As mais resistentes foram Kushina e Hanabi, no entanto, até elas tiveram de se render em algum momento. Naruto encarregou-se de levar Hinata ao quarto, já que ela havia adormecido em algum momento e não o soltava de forma alguma.

Nos dias em que estava ali, havia se tornado normal carrega-la para a cama. Naruto não admitiria nem saberia expressar o prazer que tinha ao fazê-lo. Hinata era muito mais baixa que ele, e também era magra, o que a deixava ainda menor diante dele. Porém, o que o agradava era poder demonstrar sua proteção em todos aqueles gestos singelos e simples. Quando a abraçava ou quando a carregava no colo, e até mesmo quando carregava sacolas para ela; tudo que fazia era para demonstrar que estava ali, sempre na retaguarda, pronto para ajudar.

Daquela vez não estava sendo diferente. Com o frio que fazia, Hinata aninhou-se em Naruto, procurando se aquecer no grande corpo que ele tinha. Durante várias vezes, encontrava-se enroscado com Hinata, protegendo-a do frio, passando todo o calor que podia para o pequeno corpo da Hyuuga. Muitas vezes eles apenas se sentavam na varanda da casa e observavam o dia nublado enquanto, em silêncio, se abraçavam.

Quando a repousou na cama naquela noite, Naruto percebeu então o que era paz. Era aquele momento em específico, o fato de poder tocar e falar com Hinata, carrega-la em seus braços sem medo de que isso a prejudicasse, assim como poder ter um jantar em família com as pessoas mais importantes de sua vida. Vendo-a tão serena e doce, ele soube que estar em casa era o melhor presente de Natal que poderia ter recebido dela — claro que aquele cachecol vermelho seria uma lembrança maravilhosa.

A seus olhos, o mundo havia se tornado muito melhor. Ele sabia, sim, que muitas pessoas ainda eram malvadas e que eram capazes de fazer outras sofrerem, porém acreditava também na bondade, na paz, na compreensão. Desde que saíra da Área Sete, passara a crer no outro lado da história, aquele no qual nunca fora capaz de acreditar, porque ninguém permitia. Bastou que a Hyuuga aparecesse para que ele entendesse.

Após cobri-la e depositar um beijo casto em sua bochecha corada, Naruto apagou as luzes e se retirou do quarto. Olhou-a uma última vez antes de ir para seu quarto. Era engraçada essa capacidade que ela tinha de fazê-lo sorrir com gestos tão simples. Talvez... Isso o fazia pensar nas histórias que sua mãe o contou sobre Minato, seu otou-san. O brilho que havia em seus olhos, a forma como sorria e corava quando dizia que ele era “seu grande, eterno e único amor”, o “amor de sua vida”. Naruto não sabia o que isso significava, mas algo que ela disse veio a sua mente.

— Naruto-chan, a gente nunca sabe o que é amar, mas descobre quando aprende. — ela riu. — Parece tão confuso, no entanto, é algo que apenas sabemos. Olhamos para aquela pessoa e pensamos que a eternidade não é suficiente, e mesmo assim aquele momento de um abraço ou um beijo é o que basta. O Amor vem como uma linda borboleta, aquela que vai pousar em suas mãos e, mesmo depois de partir, deixará seu toque e doçura em sua pele.

— Isso também é amor?

— Isso, com certeza, também é amor, Naruto-chan. — ela disse sorrindo.

E, então, ele entendeu. Uzumaki Naruto, realmente, é humano, afinal de contas, amava Hyuuga Hinata — a pequena e delicada borboleta que pousara em sua pele e não partira, e algo o dava certeza de que nunca o faria.


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Notas finais do capítulo

*gaki: significa "garoto", "moleque".
** Shirakawa-go é uma província do Gifu. Lá as casas são construídas de forma peculiar, sempre com mais de um andar e telhados feitos de palha, pois lá a neve é muito intensa. Tal construção deixa as casas protegidas. São dados retirados da internet especializados em falar sobre a cultura e população japonesa.

Detalhe: o Natal no Japão não é comemorado como no ocidente. Lá, o evento tem fins lucrativos, no entanto, nos últimos anos muitos o consideram como uma boa data para reafirmar os votos de bondade, esperança, companheirismo, amor familiar etc. Mais um detalhe curioso: em geral, os japoneses usam o Natal como um símbolo romântico. Nesta época, é muito comum os casais saírem para passear e existem até mesmo hotéis específicos para esta época (inclusive, as reservas devem ser feitos com antecedência). Se vocês observarem bem os textos, há links nas palavras "Natal" e também em "Shirakawa-go"; eles vão encaminha-los para os sites onde encontrei tais informações.

Antes de qualquer coisa, sobre as quatro mulheres da vida do Naru: não se assustem! A quarta mulher é, obviamente, a Sakura. Eu ainda não a incluí na história, mas espero poder fazer isso ainda em mais um extra (se ele vier a acontecer). Se eu não conseguir, fiquem livres para imaginar.

Eu só queria dizer que foi incrível escrever este capítulo. Ele fluiu naturalmente, sem impedimentos e eu não precisei pensar muito sobre o que eu queria, porque o Naru e a Hina sabem bem o que querem e precisam. Acho que minha parte favorita foi a doçura e o carinho entre todos eles. Eu incluí a Tsu e o Jiraya, porque sim, adoro esses dois (até porque Jiraya é meu amor da vida, meu homem mesmo).

Bom, eu não sei se trarei mais um capítulo extra, mas espero poder fazê-lo. De qualquer forma, só tenho muitos agradecimentos a fazer, e estou aqui para sanar quaisquer dúvidas e aceitar sugestões. Espero que tenham gostado deste capítulo tanto quanto eu.

Até mais! ♥ ♥ ♥



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