Oliver Queen.

Observei a loira se afastar ainda inebriado pelo o que tinha acabado de acontecer ali. Apesar de achar Felicity muito bonita, não passava disso, admiração. Eu nunca pensei em beijá-la, não até ter ela tão perto me olhando com tanta intensidade, ainda podia sentir meus lábios pinicarem.

Chacoalhei a cabeça enquanto um sorriso leve escapava dos meus lábios.

— "Oliver graças a Deus, onde você está seu doido?" - Tommy atendeu a ligação tão exagerado como sempre.

— Estou na pista de racha, calma. - revirei os olhos para seu exagero.

— "Felicity está com você? Você vai correr? Está sabendo que Angeline está no hospital?" - bufei com suas perguntas atropeladas.

— Não, não e sim. - respondi rapidamente. — E é exatamente por esse último que eu estou ligando, quero saber como a coisinha está.

— "Ela está bem agora, ao que tudo indica é apenas um resfriado, mas ela já foi medicada e vai passar a noite em observação. Mas espera, se a Felicity não está aí, como você soube da Angie?"

— Felicity esteve aqui, ela me contou, mas acabamos discutindo e eu nem obtive detalhes do estado da coisinha.

— "Vocês brigaram? Então sem emprego?" 

— Não exatamente. - cocei a cabeça, desconfortável. — Eu te conto com mais calma amanhã, agora eu preciso desligar.

— "Tudo bem, só não se meta em encrenca, por favor."

— Tchau Tommy. - desliguei indo em direção ao meu carro.

Nessas corridas sempre tinham uns caras que ficavam responsáveis pela manutenção dos carros, os competidores entregavam as máquinas para serem avaliadas e disputavam de acordo com a potência do motor. Eu sempre estava na disputa mais alta graças aos bons carros da família, mas já tinha algum tempo que eu estava longe das pistas visto que em L.A não tinha esse tipo de "esporte".

— Rapazes, podem deixar a baby como está. - falei me referindo a Mercedes preta.

— Mas precisamos arrumá-la para a corrida. - um deles falou.

— Não precisa, avisem para o Slade que eu não correrei mais. - pesquei a chave da mão dele já me enfiando no banco do motorista.

O caminho de volta a mansão foi tranquilo, eu voltei a ligar para Tommy querendo saber quando a Angeline sairia do hospital e acabei contando-lhe dá minha conversa com Felicity, ocultando o beijo, claro.

— Maria? - chamei a mulher que estava escorada no balcão dá cozinha e parecia entretida com sua caneca.

— Oi meu lindo, quer chá? - ofereceu de bom grado.

— Não, obrigado. - cocei a nuca me aproximando. 

— Pergunte logo, Ollie. - ergui uma sobrancelha completamente confuso e ela me deu um sorriso em resposta. - Você sempre faz essa cara quando quer pedir ou perguntar algo, então só fale logo.

— Você me conhece mesmo. - ela riu esperando que eu continuasse. —É que a coisinha está no hospital com um resfriado e eu queria comprar um presente para levar quando eu for vê-la, o que você sugere?

— Oliver, é muito legal da sua parte querer presenteá-la, deixar a pequena mais feliz.

— Então o que sugere? Uma boneca? Uma casa dá Barbie? 

— Você se importa querido, e quer mostrar isso, mas não acho que a forma certa seria comprando um brinquedo caro.

— Não? Mas achei que era o presente certo para crianças. - franzi o cenho, confuso. 

— E é, mas no seu caso eu acho que seria muito pouco. Por que você não faz algo diferente? As melhores surpresas são aquelas feitas de coração.

— Tá, me dê opções então. 

— Que tal uma festinha de boas vindas surpresa? - eu pude ver os olhos dela brilhar com a ideia. — Você leva um bolo e faixas coloridas para pendurar, eu aposto que ela vai amar. 

— Maria, você é um gênio. - beijei a testa dá mulher. — Amanhã mesmo eu passo numa padaria e compro um bolo e docinhos.

— Ela está mesmo bem? - perguntou seria agora.

— Sim, Tommy me disse que ela terá auta amanhã à tarde, eu só preciso ligar para Sara e avisar que buscarei as crianças. A coisinha vai ficar tão feliz, ela adora uma farra. 

— Imagino que sim, mas agora você precisa descansar, o dia promete agitação amanhã. - ela tinha um olhar estranho acompanhado de um sorriso largo.

— O que foi? - questionei seu silêncio quando ela continuou me encarando.

— Você está aprendendo, meu menino, está aprendendo. - ela saiu me deixando com uma enorme interrogação bem no meio da cara.

[...]

O domingo amanheceu ensolarado e já passava das 10:00h quando eu acordei com nada menos que a ligação de Felicity.

— "Alô?" - a voz do outro lado parecia incerta. - "Oliver?"

— Oi Felicity, aconteceu alguma coisa? - sentei na cama lembrando de que ela deveria estar no hospital. - Angeline...

— "Ela está bem, não se preocupe" - me cortou arrancando um suspiro aliviado meu. — "Desculpa está te ligando na sua folga, mas é que ela não para de perguntar de você e eu queria saber se você poderia vir vê-la? Ela só sai do hospital lá pelas 16:00h".

— Diga para ela que eu prometo que nos veremos ainda hoje. - sorri lembrando da pequena surpresa.

— "Combinado então."

Me despedi de Felicity e mandei uma mensagem para Sara avisando que eu passaria lá para buscar as pestes maiores, ela insistiu em mandar mensagem querendo saber para que e até ameaçou arrancar meu pinto se eu não parasse de suspense, mas ignorei as mensagens e me concentrei em tomar banho. 

Desci para tomar café e tal foi minha surpresa ao encontrar um bolo em cima do balcão da cozinha, tinha confetes coloridos e parecia delicioso, ao lado tinha um saco de bexigas coloridas.

— Para você não precisar parar em padaria nenhuma. - Maria se aproximou enxugando as mãos num pano de pratos. — Aproveitei que você dormiu até um pouco mais tarde hoje e fiz eu mesma.

— Não precisava. - sorri maravilhado com sua atitude.

— Assim como você não precisa fazer uma festinha para a garotinha, querido, mas ainda assim você está fazendo, porque quer vê-la com um grande sorriso no rosto, assim como eu estou amando ver o seu agora. Lição número um: ações gentis e espontâneas conquistam mais que um presente caro.

— Você não existe, minha gostosa. - abracei a mais velha, girando-a no ar. — Eu te amo.

— Agora vá, você ainda precisa buscar três crianças e uma grávida. 

— Três? - questionei intrigado. 

— Você acredita mesmo que Tommy é um adulto? - ela cruzou os braços me fazendo gargalhar.

— Obrigado viu? - pisquei saindo da cozinha com o embrulho esbarrando com Thea na porta e sua curiosidade para onde eu ia tão animado e com um bolo foi mais alto. Apenas ignorei.

[...]

— Eu juro que se você não me disser o que está aprontando eu te jogo uma panela de água fervendo. - uma Sara irritada falava enquanto eu entrava no apartamento.

— Para uma grávida você anda muito agressiva, passarinho. - ela me mostrou o dedo do meio. —Cadê as pestes?

— Quer parar de chamar meus sobrinhos de pestes? - ela cruzou os braços em cima da barriga parecendo um gnomo de jardim. — Eles estão dormindo, custaram a pegar no sono depois que chegamos do hospital.

— E o seu marido perturbado? - ela bufou se jogando no sofá.

— Na empresa, e se você quer saber ele nem dormiu direito, coitado. Vai me dizer agora o motivo de tanto mistério? 

— Vá acordar as pes... Crianças e quando todos estiverem aqui, contarei. 

Sara não era muito conhecida por sua paciência, ela devia ser a pessoa mais curiosa que eu conheço no mundo todo, então não estranhei quando ela pulou do sofá e correu para fazer o que eu pedi sem nem pestanejar. O que a curiosidade não faz.

— Bom dia crianças. - vesti o meu sorriso mais animado quando os dois entraram na sala. — Nossa que animação em.

— É domingo, ninguém gosta de acordar cedo no domingo. - Ben reclamou se jogando no sofá.

— Já passa das 11:00h Benjamin, não é tão cedo.

— Dê um desconto a eles, a noite de ontem foi puxada. - Sara alisou a melancia que ela chamava de barriga.

— Tudo bem, estão descontados. - revirei os olhos antes de continuar. — Eu preciso de vocês para organizar uma festa de boas vindas para a coisinha.

— Festa? - Emily despertou de sua preguiça como num passe de mágica. — Ela vai adorar, mas onde vamos encontrar um bolo a essa hora em pleno domingo?

— Não se preocupe, o bolo está no carro junto com um pacote de bexigas. - Sara bateu palminhas, animada.

— Eu posso fazer brigadeiros e tem alguns salgadinhos na dispensa.

— Lá em casa tem canetinhas coloridas e papel, podemos fazer cartazes.

— E o que estão esperando? Vão logo se arrumar ou não dará tempo. - as pestes saíram correndo de volta pelo corredor do apartamento.

— Pelo visto você está mesmo se esforçando. - a loira me encarava sorrindo.

— Sara, se você não for cuidar, vai ficar para trás. - ela ergueu as mãos em defesa e tomou o mesmo caminho das crianças. 

O caminho até a casa de Felicity foi animado, todos falavam ao mesmo tempo o que iriam fazer ou escrever, uma algazarra só, e pela primeira vez em algum tempo eu me senti útil. 

— Ollie? - me virei amarrando uma bexiga para encarar Ben que tinha um cartaz em mãos. — Está ficando bom?

— Nossa, você leva jeito para desenhar, Ben, está ficando irado. - sorri e ele pareceu satisfeito com minha resposta. Eu não estava mentindo, aquele garoto realmente tinha futuro no desenho.

— Terminei as bandeirinhas. - Emily apareceu toda suja de glitter rosa, segurando uma tesoura rosa e uma bandeirinha rosa.

— Emily, você não acha que tem muito rosa aí? - Sara tirou as palavras da minha boca e eu vi o sorriso dela murchar.

— Ué, é a cor favorita da Angie. - deu de ombros como se fosse óbvio e foi de volta ao trabalho.

— Ela adora rosa também, só está passando pela fase aborrecente de renegar tudo que for muito menininha, mas ama a Barbie.

— Eu sei, flagrei ela assistindo um dos filmes enquanto fingia que era a coisinha que estava vendo. - sorri divertido.

— Ei vocês dois, se querem moleza sentem no pudim. - Ben gritou me fazendo erguer uma sobrancelha.

— Onde você aprendeu isso?

— O treinador fala sempre que a gente tá cansado de correr atrás da bola. - deu de ombros.

— Tive uma ideia. - Sara voltou dá cozinha com uma colher de brigadeiro erguida no ar. — E se eu ligar para Caitlin e avisar da festinha?

— Angie ficará radiante com essa surpresa. - Emily comentou empolgada.

— E quem é Caitlin? - eu parecia ser o único boiando na conversa.

— A madrinha de Angie, ela é médica e está na cidade. - Sara explicou. — Ela quem cuidou da pequena ontem.

— Pelo visto a coisinha deve gostar muito dela. 

— Não só dela. - Ben revirou os olhos no que me pareceu ciúmes? Não, Benjamin não parecia o tipo de irmão ciumento.

— Então chame ela para vir, aproveite e avise ao Tommy. - Sara assentiu já indo pescar o celular da bolsa.

Felicity Smoak.

Eu já estava impaciente com aquele lugar. Caitlin não aparecia para assinar a alta, a enfermeira ainda não tinha aparecido com o lanche e Angeline começava a ficar agitada para ir embora.

— Titia, onde está o Ollie? - ela perguntou pela milésima vez enquanto brincava com suas mãozinhas. — Ele prometeu que viria hoje.

— Eu sei meu amorzinho, ele já deve estar chegando. - sorri tentando tranquilizar a ansiedade dela.

— Está demorando. - bufou cruzando os bracinhos, irritada.

— É aqui que se encontra a paciente mais bonita do hospital? - Cait entrou com sua prancheta em mãos.

— Dinda. - a pequena ergueu os bracinhos esperando pelo abraço da madrinha. — Quando eu posso ir embora?

— Por isso mesmo estou aqui, princesa, vim te liberar desse hospital chatão. - ela enlanguesceu mais o sorriso, mostrando a recente janelinha.

— Então, vamos trocar de roupa? - segurei sua mão a ajudando a descer da cama.

— Tia e o Farkle, não veio? - perguntou para a morena.

— Ele está com o tio Bar princesa, depois a gente marca para ir te visitar tudo bem?

— A senhora vai morar aqui com a gente? - os olhinhos da pequena logo viraram dois globos brilhantes. — Diz que sim, diz que sim.

— Éeer... 

— Angie vamos nos trocar antes que você comece com suas perguntas intermináveis. - cortei recebendo um obrigada mudo de Caitlin.

— Tudo bem, mas o Ollie vem, não é?

— Eu não sei, querida. - fui sincera.

— Ele prometeu. - baixou a cabeça enquanto íamos até o banheiro do quarto.

Minha pequena estava nitidamente triste e eu culpava totalmente Oliver por isso, maldita hora que eu fui confiar nele, eu pedi para que não as machucasse e o que o idiota faz? Quebra uma promessa. Minha vontade nesse momento é socá-lo até quebrar um dente, mas acredito que eu não vá voltar a vê-lo tão cedo.

Caitlin aceitou meu convite para um café, aproveitando que estava no fim de seu expediente. Durante o caminho eu lhe contei tudo sobre a nova babá e a adaptação das crianças em Star, ela riu e contou que recebeu essa chamada para atender na ala pediátrica do hospital que estava enfrentando uma superlotação devido a uma virose que estava assolando os pequenos. Contou também que Barry não pensou duas vezes antes de arrumar a mala e vir junto, o que me fez admirar mais ainda os dois. Eles sempre estavam juntos para tudo.

— Que estranho. - olhei em direção a casa que estava totalmente escura.

— O que foi? - Caitlin desceu do carro e me ajudou com Angeline e as bolsas.

— Tommy tinha ficado de trazer as crianças, ele e Sara iam ficar para o lanche. - expliquei enquanto caminhávamos até a porta. 

— Vai ver ele se atrasou. - ela deu de ombros pegando Angie pela mão. 

Tal foi minha surpresa ao abrir a porta e ascender a luz e encontrar uma pequena multidão na minha sala gritando "seja bem vinda" para Angie que parecia encantada com tudo. Balões coloridos e bandeirinhas cor de rosa estavam espalhadas pela sala, um cartaz que eu deduzi ser o desenho da família pendurado abaixo da faixa de boas vindas. Tinha um bolo, docinhos e salgados. Tommy e Sara estavam ali, junto com Emily e Ben, Barry e o pequeno Farkle, o que foi uma grata surpresa. 

— Você sabia? - me virei para Caitlin obtendo um sorriso culpado da doutora. — Claro que sabia.

— Farkle. - Angie correu até o amiguinho o abraçando apertado. — Que legal, é tudo pra mim?

— Tudo pra você, querida. - Sara sorriu alisando a barriga. — Agradeça a Oliver, foi tudo ideia dele.

— Mister Oliver. - a pequena correu na direção do homem que só agora eu percebi estar parado num canto da sala. Ele a pegou no colo aceitando o abraço de bom grado. — Você veio me ver.

— Eu prometi que viria, não prometi? - ele sorriu para ela.

— Brigada. - a pequena voltou a abraçá-lo apertado.

— Quer um babador, Smoak? - Caitlin sussurrou no meu ouvido e só então percebi que eu estava com a maior cara de idiota. — Aliás, esse seu babá é bem quente.

— Deixa só o Barry te ouvir falando assim. - fugi de suas brincadeiras antes que meu rosto esquentasse com a lembrança da noite passada.

— As duas vão ficar paradas na porta? - Sara perguntou inquieta. — Movam logo seus traseiros até aqui ou eu comerei tudo sozinha.

Gargalhei com seu exagero de gestante e logo entrei sendo seguida por Caitlin que foi cumprimentar o marido. Me virei na direção de Oliver disposta a agradecê-lo pela surpresa, mas ele parecia numa conversa seria com o pequeno Farkle, resolvi escutar.

— Então seu nome é Farkle Minkus Allen? - o ruivinho balançou a cabeça orgulhoso.

— Igual o meu avô. 

— Você percebe que tem nome de sorvete, hamster e alienígena, certo?

— Não é verdade, meu nome é muito legal, mamãe diz que é diferente.

— Eu gosto. - Angie se meteu na conversa, fazendo Oliver a olhar pelo canto dos olhos.

— E você é amigo da coisinha, Flocos? - o pequeno revirou os olhos.

— Melhor amigo. - respondeu petulante no mesmo momento que Angie beijava sua bochecha e saia em direção a Tommy.

— Eu tô de olho em você, flocos. - Oliver fez sinal com os dedos me fazendo gargalhar alto, chamando atenção de todos.

Pelo visto teríamos uma disputa pela atenção da minha pequena ali.