Como cães e gatos escrita por kelly pimentel


Capítulo 16
Acha que eu ia deixar aquele cara dançar com a minha garota?




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Entro em casa e dou de cara com Luiza e Lucas aos beijos no sofá, meu querido cunhado está sem camisa. Pigarreio chamando a atenção do casal para minha presença.

—Fábio! – Luiza diz assustada. Lucas veste a camisa e senta com uma almofada no colo.

—Luiza! – Digo repetindo o tom de susto de minha irmã. – Onde está a minha mãe?

—A mamãe saiu, disse que ia tirar o dia pra ela.

—Deve estar com o folgado do Caio...

—E a Joana foi trabalhar claro, aquela lá se preocupa mais com a academia que o dono. – Luiza afirma arrumando os cabelos.

—Então, a minha mãe sai e vocês dois decidem fazer uma festa sem código de vestimenta no sofá da sala? Uma maravilha isso aqui.

—Fábio, não aconteceu nada demais... estou sem camisa porque acabamos de chegar da praia e... – Lucas começa a explicar, mas Luiza o interrompe afirmando que eles não precisam se justificar para mim e que eu estou sendo hipócrita.

—Você e a Larissa podiam ficar muito mais à vontade do que isso. – Ela afirma me encarando. Lucas nos olha confuso. – As palavras de Luiza são como metal, são os que te conhecem que sabem exatamente como machucar.

—E veja o que aconteceu. – Pontuo. - Mas você tem toda razão, eu não tenho direito de me meter nisso. Apenas procurem um lugar mais reservado.

Vou para o quarto, depois de um tempo Luiza me chama para almoçar. Pergunto por Lucas e ela me conta que ele precisou ir embora. Coloco a mesa com ela e vamos conversando.

—Sinto muito por ter trago a Larissa à tona. – Minha irmã afirma parecendo realmente arrependida.

—Tudo bem, apenas não faça isso na frente dos outros.

—Na frente da Bruna? – Luiza questiona, percebo que ela avalia minha expressão, como se tentasse me investigar. – Ela está uma fera com você. E não é pra menos, quem desaparece no meio de uma festa?

—O que você disse pra ela? Deu meu recado?

—Sim. Disse que você teve que ir embora porque o seu melhor amigo precisava da sua ajuda.

—E ela?

—Não me diga que você ainda não ligou pra Bruna! – Luiza solta me encarando.  

—Não. Ela me ligou algumas vezes, mas eu estava ocupado. – Sinto o julgamento de Luiza, sei que ela tem razão, mas eu estava com Manuela e nada mais me importava naquele momento.

—O que aconteceu com o Thiago?

—Problemas com o pai. – Afirmo. Tinha que dizer algo que colasse. Luiza conhecia Thiago consideravelmente bem. Faço uma nota mental para me lembrar de ligar para meu amigo e combinar com ele a história.

—Pobre coitado. Ele está bem?

—Sim. Ele está bem melhor.

—Você sabe o que é engraçado? – Luiza pergunta sentando à mesa. – A Manuela também foi embora um pouco depois de você. E quando perguntei à Isabela ela me pareceu super estranha.

Sei muito bem aonde a Luiza está tentando chegar, mas não caio no jogo. Começo a colocar minha comida e decido mudar de assunto.

—Como foi na praia?

—Legal. Mas as amigas do Lucas não vão com a minha cara. Nem a Martinha nem a Juliana, além disso, a Juliana e o Jabá estavam discutindo o tempo todo. Eu não queria ter que sair com elas, até ontem o Lucas era louco pela Juliana, mas acho que não seria uma boa começar o namoro tentando impor regras.

—Depende, acho que se elas claramente não vão com sua a cara, se elas fazem você se sentir desconfortável, vocês deveriam fazer programas sozinhos, principalmente por ser começo de namoro. Ninguém precisa da companhia dos amigos nessa fase.

—Eu tenho medo de fazer algo errado. De parecer ciumenta demais. – Luiza afirma. – Mas acho que você tem razão, depois do show de hoje à noite vou conversar com ele. Ah, porque você não chama a Bruna pra ir? Seria uma boa forma de se desculpar.

—Show?

—É. O Lucas tá tocando numa banda com alguns garotos do segundo ano e eles vão se apresentar lá no hostel.

—Bacana. Mas acho melhor não. Esse rolo com a Bruna não vai funcionar. Eu não posso ficar com uma garota da qual não gosto.

—Porque você ainda gosta da Manuela? A Isabela me disse que ela estava com um carinha de outra escola, acho que está na hora de você seguir em frente. E a Bruna é bacana, engraçada, bonita. O que mais você quer?

—É por ela ser bacana que eu acho melhor parar agora. – Digo. Penso em contar a verdade pra Luiza, mas não quero que ela pense mal de Manuela, não quero também colocá-la na desconfortável situação de precisar tomar partido entre duas amigas.

—Eu acho que é melhor tentar. O Lucas tentou comigo e estamos dando certo.

—Mas eu não sou o Lucas, sou? Nem você é a Bruna.

—Tudo bem. Não precisa ser grosso. Eu só quero que você seja feliz, ou pelo menos um pouco menos ranzinza. – Luiza diz sorrindo. - Agora que tal se você vier comigo para o show? Apenas pra que a nossa mãe não tente me impedir de ir.  

—Eu não posso. Tenho que falar com a Bruna e depois resolver umas coisas.

—Você é insuportável! – Luiza bufa.

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Passei a tarde quase toda sozinha. Meu pai chegou um pouco antes do almoço, perguntou como eu estava, e sobre o paradeiro de minhas irmãs e, em seguida, foi para a Forma, mas não sem antes me deixar dinheiro para pedir almoço num restaurante. Normalmente, eu e tio Caio fazemos algo nas tardes de domingo, vamos ao cinema ou à praia, comemos algo, conversamos um pouco, mas ele me havia me avisado na sexta que ia sair com a tal possível namorada misteriosa. Eu fico sozinha o tempo todo, já estou acostumada, mas precisava que algo me distraísse hoje, que me livrasse de pensar em Fábio e Bruna conversando ou de como as coisas vão ser daqui para a frente. Só no finalzinho da tarde, lembrei de que havia alguém com quem eu podia conversar: Isabela. Embora eu a tivesse conhecido há pouco, Isabela me parecia uma ótima pessoa, gostava particularmente do modo como objetivo e racional como ela encara as coisas, também apreciava sua recém descoberta, pelo menos para mim – lealdade. Mandei uma mensagem e perguntei se ela queria fazer algo, a garota respondeu afirmando que estava em casa mas que queria muito ir para o show do hostel. O problema é que os pais de Isa são controladores e exigentes com os estudos, então combinamos de dizer que tínhamos um trabalho pra fazer, passaríamos no show do hostel e depois ela dormiria aqui em casa.

Em pouco tempo, o pai de Isabela veio deixá-la aqui em casa.

—Você realmente leva as coisas a sério. – Digo observando Isa com livro na mão e mochila nas costas.

—Tive que trazer farda, escova de dentes e minha mãe vai querer ver esse trabalho pronto. – Ela afirma sorrindo. – Mas não se preocupe, tenho um relatório de física pronto pra isso.

Entramos e Isabela se acomoda em meu quarto, assim que deixa suas coisas ela me olha.

—Ok, me conte sobre você e Fábio. – Fala sentando-se na cama. Eu sinto meu rosto se aquecer. – Droga, você gosta dele não gosta? Está ficando rosa.

—Gosto! – Afirmo com uma expressão de desespero.

—Como isso aconteceu Manu?

—Não sei. Quer dizer, um tempo atrás eu estava muito mal com toda essa história da Joana, e do meu pai ter traído minha mãe e, então o Fábio apareceu, me ofereceu apoio, me distraiu.

—Beijar é uma forma ótima de distração.

—Não era assim. Quer dizer, ele queria que fosse, mas eu não pensava nisso. Eu só estava grata por ter alguém que me entendia. Não que vocês não entendessem, mas o Fábio é, bom... ele é... eu não acredito que estou dizendo isso, mas ele é incrível.

—Bom, ele sempre me pareceu arrogante.

—E ele é mesmo, pelo menos um pouco. – Confesso sorrindo. –  Quer dizer, ele parece ser assim porque é decidido, fala o que pensa. Na verdade, você e ele se parecem um pouco.

—Talvez por isso eu não vá com a cara. – Isabela diz. – Mas se você gosta dele, se ele te faz bem, é isso que importa, não é? Agora me explica o que aconteceu ontem.

Começo então a contar. Conto sobre como eu e Fabio nos aproximamos, conto que ele queria ficar comigo que que havíamos nos beijado.

—E você não sabia que gostava dele? – Isabela pergunta quando nossa conversa chega no tópico Bruna.

—Eu acho que uma parte de mim sabia, mas eu nunca gostei de ninguém antes. Eu nunca tinha beijado ninguém antes de beijar o Fábio... e com toda essa confusão de sentimentos com o meu drama familiar, eu simplesmente não sabia. Além disso, o que ele poderia querer comigo? Ele é mais velho e as garotas da sala são loucas por ele.

—Você realmente não conhece nada sobre homens, não é Manuela? -Isabela pergunta com um sorriso.

—Você vai ficar debochando de mim? – Questiono um pouco irritado.

—Não, eu não estou rindo de você. Eu estou achando graciosa essa sua inocência. Em primeiro lugar porque você parece não saber que é bonita, talvez isso aconteça com quem cresce ao lado de irmãs como as suas... depois, porque você acha que temos controle sobre quem gostamos. – Fico pensativa um pouco, talvez Isa tenha razão, eu nunca me considerei páreo para minhas irmãs, não que seja uma competição, mas eu nunca me vi tão bonita como elas, além disso, com exceção da Juliana, todos me tratam como criança. – O que vocês vão fazer agora?

—Eu não sei. – Confesso. – Eu não quero que a Bruna me odeie, mas eu não quero abrir mão do que sinto.

—Quem mais sabe? Além de mim..

—Juliana sabe, Bárbara não tem certeza e só.

Combinei com o Fábio de esperar um tempo, de deixar as coisas se acalmarem. Sinto muito por pedir isso, mas você pode manter tudo isso entre nós?

—Claro que posso sua boba. E é uma boa opção, a intenção é claramente nobre, mas acredite em mim, tempo nenhum vai fazer diferença se ela for daquelas pessoas que veem parceiros como posses.

Seguimos conversando e então Isabela vai tomar um banho para que possamos nos arrumar para sair. Pego meu telefone e tem uma mensagem de Fabio, enviada que suas horas atrás.  “Acabei de falar com a Bruna, acho que tudo correu bem. Gostaria de te ver”, respondo: “Vou nesse show do Hostel com a Isa, que tal? P.s: Queria que as coisas fossem mais fáceis”.

Quando Isabela sai do banheiro ela me olha de forma suspeita.

—Estava falando com ele não estava? – Pergunta.

—Como você sabe?

—Você é muito transparente Manuela, vai precisar se esforçar muito pra não dar bandeira na escola. – Ela argumenta sorrindo. – O que você vai usar pra esse show?

—Nada de transformação hoje! – Deixo claro. 

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“Vou nesse show do Hostel com a Isa, que tal? p.s: Queria que as coisas fossem mais fáceis”. Leio a mensagem de Manuela e pulo do sofá, entro no quarto e Luiza, que está se maquiando, protesta.

—Você tem sempre que fazer barulho? – Ela pergunta enquanto abro o armário procurando uma roupa.

—Vou no show do hostel com você. Não era isso que queria? Agora para de reclamar.

—Você vai? – Ela me encara. – O que aconteceu? Como foi coma Bruna?

—Normal. – Digo pegando o telefone para responder à mensagem e Manuela “Estarei lá! P.s: e eu queria mesmo é te beijar agora”. – O que é que o Lucas toca mesmo? – Pergunto tentando mudar o assunto, não quero falar sobre Bruna.

—Violão, Guitarra. – Luiza responde. – Você não vai demorar, vai?

—Quinze minutos. – Digo partindo para o banheiro.

(...)

Chegamos ao Hostel atrasados, a banda já havia começado a tocar e Luiza reclama por isso. Argumento que a culpa não foi minha, pegamos uma condução lotada e alguém pedia para descer a cada dez segundos.

—Olha ele lá. – Ela fala sorridente. -Toca bem, não toca?

Lucas não é nenhum astro do pop rock, mas está mesmo mandando bem. Mas antes que eu possa responder Luiza diz que a minha opinião não conta.

—Vem, vamos ficar ali perto do pessoal. – Ela afirma. Olho para o grupo que ela aponta, Juliana, Jabá, Junior, Martinha, Isabela e, ela, Manuela. Ela está linda, os cabelos soltos, uma jardineira preta. Cumprimentamos a todos, Juliana me encara um pouco, Jabá mal responde.

—Porque ela tá olhando pra você? – Luiza cochicha.

—Como é que eu vou saber? – Pergunto me fazendo de desentendido. Sabia, claro, que Manuela tinha conversado com a irmã do meio sobre nós dois. Trocamos olhares rapidamente.

Luiza fica ao lado de Manuela deixando-a cercada. Isabela parece ler meus pensamentos quando começa a falar de Lucas e faz com que minha irmã queria se aproximar mais dela, Manuela então fica ao meu lado e me olha sorrindo. Quando uma música mais agitada começa o pessoal se anima, Luiza dá pulos, Martinha e Juliana dançam... e eu aproveito que estão todos entretidos e, discretamente, pego na mão de Manuela.

Quando parte do grupo, incluído minha irmã, decide ir mais para frente para acompanhar melhor o show, principalmente porque o hostel está ficando cheio, ficamos apenas Jabá, que parece incrivelmente mal-humorado e presta atenção no telefone, eu e Manuela.

—Vem aqui. – Digo puxando Manuela pela mão. Seguimos pelo salão para a sala de TV do hostel, abro a porta e constatamos que está vazia, a sala é mal iluminada e tem grandes cadeiras acolchoadas.

—Não podemos demorar. Alguém vai notar. – Manuela diz. Ela parece realmente preocupada. Sei o que ela quer dizer em seguida, mas não deixo. Coloco minhas mãos em seu rosto e a beijo, Manuela rapidamente corresponde. Assim que nossas bocas se separam, Manuela me abraça forte. Sinto que ela está assustada.

—Como foi com a Bruna? – Pergunta.

—Ela me odeia e quer que eu morra. – Respondo. - Mas vai ficar tudo bem, prometo.

—Como você pode prometer? – Manuela questiona me soltando.

—Porque ela ficou brava e não triste. Ela se sentiu mais ofendida que qualquer outra coisa, isso deixa claro que Bruna não gostava de mim, ela gostava da ideia de ficar com alguém, de ter um namorado em potencial.

—Você é um namorado em potencial? – Manuela pergunta séria.

—Não. Eu sou um péssimo namorado. Você vai desistir de mim rápido. – Digo beijando-a novamente. Caminho com Manuela para uma das poltronas e me sento, puxo-a para meu colo.

—O que foi? – Pergunto. Apesar da pouca luz, é fácil notar que ela está constrangida. – Você pode me dizer qualquer coisa. - Afirmo encorajando-a a falar.

—Tudo isso é novo pra mim. Eu não sei muito bem o que fazer. - Estou com uma das mãos na lateral do corpo de Manuela, retiro-a. Deixo-a solta, sentada em minhas pernas. Nunca me envolvi, pelo menos não de forma séria, com uma garota que não tivesse alguma experiência. Larissa, por sinal, era bem mais experiente do que eu quando começamos.

—O que você quer fazer? – Pergunto.

—Te beijar. – Manuela aproxima sua boca da minha, não me movo, tento ao máximo deixá-la confortável. Começamos a nos beijar e ela vai ditando o ritmo. Manuela separa nossas bocas e me beija novamente, mas dessa vez ela beija meu pescoço, devagar, passa suas mãos pelos meus cabelos.

—Viu só? – Pergunto sorrindo. - Você leva jeito. 

A brincadeira faz com que Manuela dê um soco no meu braço esquerdo. Coloco a mãos no obro tentando aliviar a dor e isso faz com que ela se preocupe.

—Sinto muito. – Ela diz. Manuela dobra as pernas e fica de frente para mim. Ela deposita um pequeno beijo no meu ombro, depois sobre pelo meu pescoço, rosto, até que nossos lábios se reencontram. Eu coloco minhas mãos em suas costas, trazendo-a ainda mais para perto de mim, enquanto nossas bocas continuam juntas. Levemente, mordo o lábio de Manuela, em seguida, desço minha boca por seu pescoço, Manuela se entrega um pouco, aperta meus ombros com força. Sinto que precisaremos nos separar em breve.

—Manuela... – Digo afastando um pouco meu rosto do dela. – Você precisa levantar. Tá na hora de voltar. – Ela fica de pé e ajusta a jardineira que havia subido um pouco, suas pernas grossas de frente para mim não ajudam a minha causa.

—Vamos? – Ela pergunta. Começo a sorrir, percebo que Manuela não entendeu do que eu estava falando quando disse que ela precisava se levantar.

 -Posso saber qual a graça? – A lutadora pergunta me encarando.

—Nenhuma. – Fico de pé e beijo-a no rosto. – Você que é maravilhosa e me deixa um pouco idiota.

—Mais do que você é? – Manuela diz sorrindo.

—Sim. Bem mais.

..........................................x...........................

Deixo Fábio na sala e volto para o local onde estávamos antes, apenas Martinha e Jabá estão lá, eles conversam em tom baixo e param assim que eu me aproximo.

—O pessoal continua dançando? – Pergunto.

—Você já viu a Juliana deixar uma pista de dança? – Martinha pergunta. – Nem eu sou de deixar, estou só correndo um pouco do calor e já volto pra lá. Você deveria ir também.

—Vou pegar algo para beber e fazer isso. – Afirmo. Meu celular vibra e confiro uma mensagem do meu pai: Onde você está? Não respondo. Acredito que a melhor pessoa para criar uma boa desculpa é Juliana.

Vou até o bar, peço um refrigerante e, depois disso, caminho para a frente do palco procurando pelas meninas. Encontro Juliana, mas ela está dançando com um garoto que não conheço e pisca para mim quando passo por ela. Mostro a tela do celular com a mensagem e ela grita um “deixa comigo”, na frente de Ju estão Luiza, Isabela e Joana.

—Olha quem resolveu dançar. – Luiza grita sorridente, mas rapidamente volta a olhar para Lucas. É claro que ela está perdidamente apaixonada por ele. Isabela me olha com um sorriso.

Joana se aproxima e fala comigo rapidamente, depois disso, ela diz que vai sentar um pouco. Parece incomodada com algo.

—Fez o que tinha que fazer? – Isabela questiona falando bem perto de mim.

—Fiz! – Digo de volta sorrindo.

Isabela e eu começamos a dançar, a banda passa a tocar “Por que não eu?” e um garoto se aproxima me convidando pra dançar, antes que eu possa dizer alguma coisa Fábio chega e me puxa pra dançar com ele, Isabela aceita o convite do garoto.

—Você ficou louco?

—Você acha que eu ia deixar aquele cara dançar com a minha garota?

—Sua garota? – Pergunto sorrindo.

— Claro. – Ele responde. 

Assim que a música termina me solto de Fábio e ele convida Isabela para dançar a música seguinte. Estou prestes a dançar com Junior quando Ju se aproxima. Percebo então que Luiza olha para minha irmã com um ar de irritação.

—Vem aqui. – Juliana diz me puxando para longe do som, paramos em frente ao bar. – A desculpa com o papai é a seguinte, jantamos no shopping, seu celular ficou bateria. Eu estou respondendo a mensagem do meu dizendo que estamos entrando no cinema agora e que chegamos em duas horas. Isso nos dá tempo pra aproveitar.

—Obrigada! – Digo sorrindo.

—Duas cervejas, por favor. – Ela diz para Krika que está atendendo no bar, a mulher a encara. – Não se preocupe, é uma minha e outra do meu namorado. Eu nunca daria cerveja para minha irmã de quinze anos.

—Você entende que eu preciso perguntar, certo? – A morena diz sorrindo.

—Eu vi você dançando com o seu “não-namorado”, ele é bem bonitinho. – Juliana afirma enquanto esperamos o troco.

—Ele é, não é? – Digo me sentindo um pouco boca. – Vê se não vai dá com a língua nos dentes.

—Vocês estão praticamente contando a todo mundo. Tinha tanta faísca ali que eu temi que uma me atingisse.

—Não me fala de faísca. – Digo. Juliana começa a caminhar e eu a sigo. – Eu não sei o que fazer, eu nunca namorei antes. Não sei se estou fazendo a coisa certa.

—E ele? Já namorou antes?

—Já. Com uma garota que parece com uma mistura perfeita entre você e a Bárbara, loira, alta, olhos verdes... eu não sei o que ele quer comigo depois de namorar alguém como ela.

—Manu, você é linda. E eu não estou dizendo isso por ser sua irmã. Você não achava a mamãe linda?

—Claro.

—Você é igualzinha a ela. E além de linda, vocês duas tem algo que não é pra todo mundo: vocês tem uma áurea, um encanto. E quanto ao que fazer, não se preocupe, você aprende explorando. Só se previna, ok?

—Eu não vou fazer sexo! – Digo me sentindo, ao mesmo tempo, ultrajada e constrangida. – Não deveríamos nem estar tendo essa conversa no meio de uma festa, apenas esqueça que eu disse isso.

—Calma Manu! Eu só estava fazendo uma piada. – Ju diz sorrindo. – Mas pela sua reação acho que deveríamos mesmo falar sério. Talvez você não queria fazer sexo agora, mas estou falando porque você tem quinze anos e, hoje em dia, a maioria das garotas se tornam sexualmente ativas com a sua idade e muitas delas ficam grávidas porque ninguém se dispõe a falar sobre sexo. Eu só quero deixar claro que, se você conhecer o cara certo e se sentir pronta, não tem problema nenhum. Só precisa ser cuidadosa. E também quero que você saiba que pode sempre vir falar comigo sobre isso, ok? De verdade!

—Desculpa pela minha reação. – Peço ao entender as intenções de Ju.

—Sem problemas. Agora, desencana e aproveita que essa é a melhor fase de um namoro.

—Falando em namoros, você e o Jabá estão bem?

—Não. Mas você não precisa se preocupar com isso. – Juliana diz sorrindo. – Agora vai dançar, eu vou sentar um pouco com o Jabá, levar essa cerveja pra ele.

—Quem era aquele cara com quem você estava dançando? – Pergunto.

—Toninho. – Juliana responde. – E você não vai acreditar de quem ele é irmão.

Nesse momento, Lucas convida alguém para tocar com ele, reconheço o cara que estava dançando com Ju.

—Pronto, falando no diabo.

O rapaz sobe no palco e diz que vai dedicar a música para sua irmã postiça, Joana. A informação me deixa boquiaberta. A canção escolhida é um pouco estranha, na letra: “Desapareça, desapareça mais depressa que puder, me deixe em paz e vai viver onde quiser. E o bastante pra que eu viva bem (...)”

—O que ele queria com você?

—Não faço a menor ideia. – Juliana afirma.

Jabá se aproxima da gente.

—Não vai assistir o show do seu admirador? Eu vi vocês dois dançando juntos.

—Jabá, por favor, isso é tudo que eu não preciso né? Você vai virar um louco controlador, é isso mesmo?

—Ju, eu vou deixar vocês conversarem. Mas se precisar de mim...

—Tudo bem querida, eu posso lidar com esse bobão. Ele ladra mas não morde.

Deixo os dois conversando e volto para perto do pessoal. O suposto irmão da Joana canta bem, todos estão animados. Fábio está junto com os outros e sorri quando me vê.

Depois da música do Toninho, Lucas canta apenas mais uma e o show termina. São apenas dez horas. O hostel vai se esvaziando, Juliana e Jabá estão sentados aos beijos, eu, Isa e Fábio pegamos uma mesa. Martinha e Junior sentam próximos a gente.

—Foi um ótimo show – Isabela diz. – Vocês dois aproveitaram? – Ela pergunta com um sorriso irônico.

—Um pouco. Obrigada por facilitar. – Fábio diz.

—A casa caiu pro Lucas. – Junior diz sorrindo. Olhamos na mesma direção que ele e vemos quando Luiza e Lucas discutem, não dá pra ouvir, mas o modo como ele parece tentar acalmá-la e os movimentos da minha quase cunhada deixam tudo claro.

—Não vá. – Digo encarando Fábio. – Deixe que eles tentem se resolver.

—Por que eles brigariam? Pareciam tão bem. – Isabela comenta.

Tenho minhas suspeitas mas não ouso as verbalizar. 

—Porque a minha irmã é boba, insegura e não deveria namorar um cara mais velho. – Fábio responde.

—Você é mais velho. – Argumento encarando-o.

—Mas eu não estou apaixonado por outra pessoa. – Ele me responde, o modo como Fábio me olha me faz querer que o resto do mundo sumisse e fossemos só nós dois.


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