Assim que Pepe escutou como funcionaria a coisa de "viagem no tempo", sua reação foi de "CARA, EU ESTOU ME SENTINDO O BARRY ALLEN", para "O QUE EU ESTOU FAZENDO DA MINHA VIDA?". Ele se calou, e se sentou na escada, e ficou lá. Por muito tempo. Sem dizer nada. Não era nada como ela tinha pensado. Chegava até a ser decepcionante. Mais uma vez, ele subestimou o Livro dos Sonhos, só que agora as coisas foram piores. Enquanto Martina, Ruggero e Jorge se preparavam para a viagem no tempo, Pepe se concentrou em se sentir decepcionado.

⁃ Pepe, está pronto? - Martina perguntou, indo até ele. 
⁃ Ah, claro. Estou preparadíssimo para voltar para o passado. -Garantiu.

Ele não disse mais nada. Apenas ficou olhando a linda paisagem que era o centro do Livro dos Sonhos. Martina ficou confusa de repente e perguntou:

⁃ Então o que está esperando? Vamos! 
⁃ Ah, eu só estou esperando o Harrison Wells aparecer para a verdadeira viagem no tempo acontecer. 
⁃ Você só pode estar de brincadeira comigo, Barroso. -A Martina séria resmungou cruzando os braços.

Pepe se levantou e olhou para ela, com uma expressão irônica.

⁃ Eu fui iludido. Achei que vocês eram, sei lá, gênios malucos com poderes mágicos. Mas depois entendi que vocês só têm poderes, nada de gênios. 
⁃ Pepe...
⁃ VIAJAR NO TEMPO COM LIVROS? Isso é um insulto aos estudiosos!
⁃ Estou quase começando a achar que você está assistindo séries e filmes de mais. 
⁃ Faça sua reclamação para Harrison Wells, e aproveite e peça umas aulas de física avançada para ele, Okay?

Jorge Blanco, o Harry Potter falso, de repente surgiu ao lado de Martina, o que a assustou. Pepe olhou para ele e bufou.

⁃ O que vocês estavam fazendo esse tempo todo? Construindo equipamentos científicos é que não era. 
⁃ Ele ainda está insistindo em reclamar dos livros? -Jorge perguntou à Martina e ela assentiu. - Você consegue ser bem irritante quando quer, Barroso. 
⁃ Obrigado, Elsa Maligna. 
⁃ Novo apelido? Eu gostava de Harry Potter Falso. -Ele se defendeu, e reclamou. 
⁃ Tenho vários apelidos um para cada elemento que você controla. 
⁃ Vou considerar isso como um "cale a boca, ou te dou outros apelidos idiotas". 
⁃ É quase isso.

Jorge levantou as mãos, rindo e pedindo desculpas por irritá-lo. Em seguida, eles foram para perto de Ruggero que estava tendo uma conversa com Diego. O Mago Implacável estava com quatro livros, do tipo "Não me toque, perigo de magia negra", nas mãos. Um arrepio percorreu pelo corpo de Pepe assim que os viu. O herói fixo encerrou sua conversa e foi até os três, sério e determinado a fazer alguém explodir. 

⁃ Muito bem, vamos logo com isso. Acabei de descobrir que coisas piores do que uma fada em perigo está acontecendo.

Ele negou com a cabeça e fuzilou Jorge Blanco com o olhar, o que fez a Elsa Maligna ter medo de que Ruggero tivesse descoberto  que os poderes de Diego, o Guardião Feliz, foram roubados. - Ruggero caminhou até uma sala isolada, que era usada para praticar todos os tipos de poderes possíveis. Todos o seguiram e ele respirou bem fundo. Se acalmou, e olhou para todos. Como se fosse um professor dando aulas de matérias difíceis para alunos que nem sabiam o que estavam fazendo na escola.

⁃ Acho que nenhum de vocês nunca viajou no tempo, certo?

Todos concordaram, um pouco assustados.

⁃ Tudo bem, ahn... Eu tenho em mãos quatro livros, todos de cores diferentes um do outro. Dois para o presente, dois para o passado. 
⁃ E o futuro? -Pepe indagou. 
⁃ É totalmente proibido ir para o futuro, Pepperoni. -Jorge comentou. De repente, o Herói da Geração começou a sentir orgulho por fazer todos darem apelidos idiotas uns para os outros. Qual é, tem jeito melhor para a união de forças do que zoar?

Ruggero pegou o livro azul e continuou a explicação:

⁃ O livro azul serve para viajar de volta para o passado, na ficção do Livro dos Sonhos. O vermelho, também para o passado, na realidade. O preto: presente na realidade, e o cinza, é onde estamos agora. No presente do livro.

Pepe revirou os olhos. De todas as vezes que ele se imaginou viajando no tempo, nunca pensou que isso funcionaria com... Livros mágicos. Isso é uma ideia tão... Totalmente decepcionante. Ninguém em sã consciência diria aos seus netos: "Eu fui para o passado com um livro de magia negra. Crianças, não façam isso em casa!".

⁃ Então, -Pepe começou a perguntar. - Nós vamos voltar para o passado e fazer o que exatamente? 
⁃ Entender seu poder, Heroizinho. 
⁃ Mas eu já entendi o que eu faço, Mago Implacável: controlo super-vilões. Não preciso de ir para o passado para saber disso.

Ruggero gargalhou. O jeito que ele se achava o cara mais inteligente do mundo era extremamente irritante. Pepe tinha certeza de que os dois acabariam em uma guerra civil no fim de tudo. O Mago Implacável poderia até ser o maior herói do Livro dos Sonhos. Mas em compensação à atitude, era quase como um vilão. Parecia que ele não salvava as pessoas por que queria ajudá-las, mas por outros motivos.

⁃ Aí é que você se engana, Barroso. Você é meio que o rebelde dos P.B.S. 
⁃ Rebelde? -Martina repetiu. 
⁃ Você não criou apenas vilões. Você foi contra todas as regras do lado negro da força: não criar heróis, não ajudar heróis, não fazer de um violão um herói. 
⁃ Não estou entendendo mais nada!

Ruggero colocou o livro no chão. Muito concentrado, ele invocou seu poder. Um raio azul atravessou o livro. O Mago Implacável sorriu satisfeito.

⁃ Quem é o primeiro?
⁃ Você é o Ladrão de Raios? -Pepe riu. - Ah, cara! Porque se for assim, eu também preciso conhecer a Annabeth! 
⁃ Eu acho que você tem uma queda por Sabidinhas, Barroso. -Jorge gargalhou. 
⁃ Dã, quem você acha que me ajuda nas lições de casa? As nerds gatas! 
⁃ Já começa que você nem faz lição de casa, Pepe! -Sua auxiliar esclareceu. Pepe olhou para ela com um olhar irônico. - O quê? Eu estudo com você, não se lembra? 
⁃ Isso é ciúmes por eu gostar de nerds gatas, Tini? - Ele provocou. - Não se preocupe, você só não está na lista, porque você é a Gina do Harry Potter Falso aqui.

Martina ficou vermelha de raiva e vergonha. Às vezes, as piadas de Pepe não tinham a menor graça. Antes que ela ou Jorge o matassem, Ruggero interrompeu a conversa.

— Eu adoraria ver Jorge derreter seu cérebro, Barroso. Mas temos coisas mais importantes para fazer, agora. Então vou repetir: quem é o primeiro? 

Jorge semicerrou os olhos. 

— Acho que o Heroizinho aqui pode ir na frente. 

Pepe riu, era até engraçado irritar pessoas com sua zoeira. 

— Tudo bem, o que eu tenho que fazer? - Perguntou, olhando para o livro no chão.
—  A mesma coisa que fez para entrar dentro do Livro dos Sonhos: pular nele. 
— Ah, é só isso? Não vai ter, sei lá, corridas? Eu estava realmente esperando o Flash aparecer! Seria muito mais divertido quebrar a linha do espaço-tempo do que pular em um livro que foi atingido pelo Ladrão de Raios. Vocês são muito sem graça! 
— Vá logo,ou você será empurrado pelos três aqui. - Todos avisaram, mantendo-se sérios. 

E assim ele o fez. Pepe pulou dentro daquele livro. Não foi como da primeira vez, em que ele havia desmaiado. Foi como cair dentro de um belo e longo nada. Tudo estava escuro, e para sua surpresa, Pepe já não sentia medo. De repente, ele começou a escutar vozes e o medo começou a aparecer. Ele não via nada, nem ninguém, mas as vozes estavam ali. Sussurrando coisas em seus ouvidos, coisas sobre ele. Seus poderes... Suas mãos começaram a tremer e uma luz branca-azulada começou a surgir em suas mãos. Com as palmas formigando, Pepe começou a ver centenas de desenhos, escritas, ideias, em sua mão esquerda. Como os vídeos em que Martina era cobaia. Na mão direita, palavras em vermelho-vivo começaram a ser escritas.

Ilustrador da Organização P.B.S.
Removido. 

O medo voltou a tomar conta de Pepe. O que tudo quilo queria dizer? Ele havia sido enganado durante todo aquele tempo em que disseram a ele que fazia parte dos P.B.S? O que eram os P.B.S, afinal? As palavras sumiram, e os desenhos também, mas a névoa continuou. Nas duas mãos, vários vilões do livro apareciam e sumiam, um atrás da outro. 

Ilustrador da Organização P.B.S. 
Removido. 

Ilustrador da Organização P.B.S. 
Removido. 

Ilustrador da Organização P.B.S. 
Removido. 

E então, Pepe caiu no chão. A escuridão sumiu. As vozes pararam de sussurrar. As palavras em sua mão haviam desaparecido completamente, como se nada daquilo tivesse acontecido. A luz clara do dia atingiu seus olhos. Resmungando, Pepe se levantou do chão e olhou para onde estava. O passado.— Parecia ser o centro do livro, na mesma floresta em que ele esteve. Porém, mais fria. Era difícil distinguir o que via, pois uma neblina cobria praticamente tudo. Barroso ouviu um barulho extremamente alto e perturbador. 

— Tem alguém aí? - Gritou. 

Não houve resposta. Caminhando um pouco mais, ele conseguiu ver... Alguém. Um homem, que lhe parecia familiar. O homem  não parecia ser o exemplo de bondade, estava lutando com outro cara, que estava jogado ao chão, quase indefeso. 

— Por favor... - O cara indefeso disse.
— Então me diga logo. - O homem murmurou. - Ou seu poder já era. Onde está a Rosa Negra?
— Eu não sei, juro que não sei! 

O homem se irritou. Olhou nos olhos do outro cara, e ergueu as mãos para ele. Em seguida, o homem sugou todo o poder dele. Obviamente, era um homem do Lado Negro da Força.

Pepe controlou a respiração, a ideia de ser notado por alguém foi mudada completamente. E como se já não tivesse assustado o suficiente, alguém tocou em seu ombro. Segurando um grito, o Herói da Geração virou-se e socou o alguém. 

— Ai, Pepe! Está louco, cara? Eu preciso do meu olho! - Jorge reclamou, esfregando o olho socado. A respiração de Pepe voltou ao normal.
— Foi mal, Elsa Maligna. 
— Estou começando a me acostumar com esse apelido. 

Pepe olhou para o homem do Lado Negro da Força, que agora estava fugindo, pensativo. Ele o conhecia, tinha certeza disso. As engrenagens estavam começando a girar, mas era em vão.

— Relaxa - O Harry Potter Falso comentou. -, ninguém daqui do passado pode nos ver. É como se não estivéssemos aqui. 
— Ele é da Geração P.B.S. 

Martina e Ruggero caíram no chão, entrando então dentro do passado. 

— Vou colocar isso na lista de nunca mais fazer no Livro dos Sonhos. - A Auxiliar reclamou, levantando-se.

O Mago Implacável foi até Pepe, a raiva parecia ter passado. Pela primeira vez, Pepe viu Ruggero preocupado. Sem parecer convencido. Não parecia o mesmo de antes. Na verdade, todos pareciam estar preocupados e assustados com algo, exatamente como Pepe. Provavelmente, todos haviam tido textos em suas mãos também. Assustador. 

— Você chegou aqui primeiro que nós. O que viu?
— Um cara malvado, sugando os poderes de um outro cara. Acho que ele era da Geração P.B.S. 
— Seu pai. 
— Ãh?

Ruggero piscou. 

— Por que você acha que o reconheceu? Dã.
— Em que época do passado estamos? 
— Alguns... Muitos anos atrás. 
— É, deu para ver. 

Ruggero estalou os dedos, se preparando para uma nova explicação. Parecia experiente em viajar no tempo.

— Bom, um dos privilégios de seu poder, Barroso, é que você pode reconhecer qualquer um que seja como você. 
— Como o meu pai. - Comentou.
— Exatamente. A Organização P.B.S. nada mais é do que... Sua família paterna. Você, seu pai, seu avô, todos fazem parte do Livro dos Sonhos. Todos sempre foram vilões. E todos sempre criaram vilões. 

Pepe parecia não estar surpreso com o que ele estava dizendo, por fora. Mas, por dentro, estava muito assustado mesmo. 

— Mas você foi meio rebelde. E criou um vilão que... Está se tornando um herói.
— Quem?

Ruggero ergueu as sobrancelhas, surpreso por Barroso não reconhecê-lo de cara.

— Não sabe?
— Eu deveria?

Jorge olhou para o chão, e se intrometeu. 

— Sou eu, Pepe. Você me criou.

E mais uma vez, a postura séria de Pepe evaporou da face da Terra: ele começou a gargalhar.

— Eu não criei a Elsa Maligna, qual é!
— Não acredita, Pepe? -Ruggero riu.
— Não. Por que eu...

Jorge subiu a manga do blusa, e mostrou uma marca em seu pulso. Pepe arregalou os olhos. Levantou seu braço e olhou para seu pulso. Era a mesma marca. 

— Eu criei o Harry Potter Falso. 

Ruggero assentiu, concordando. 

— Você viu algo estranho acontecer com você no túnel, certo?
— É. -Afirmou ele. -  Uma  luz começou a surgir, e desenhos, e palavras, e... Personagens ruins... 
— Foram todos os personagens que a Organização P.B.S. criou. E a luz... Bem, ela mostra o quão poderoso você é. E tenho certeza de que é muito. Enquanto você fazia seus desenhos, na realidade, você estava manipulando os personagens que você criou. Jorge Blanco, por exemplo. Você desfez o feitiço de Michelle quando desenhou aquela varinha quebrada, quando mudou de escola.
— Como sabe de tudo isso?
— Eu controlo o tempo, sei o que acontecerá no futuro. 
— Que chocante. 

Jorge juntou as sobrancelhas, um pouco bravo.

— Então quer dizer que... Se Pepe nunca tivesse desenhado a varinha quebrada...
— Você teria matado Diego e Michelle já estaria no lugar dele. 

Pepe olhou para suas mãos. Como ele podia ser tão poderoso, e nem ao menos saber disso? 

Martina, estava calada o tempo todo. Não tinha o que comentar sobre o poder de Pepe. Nem sobre Jorge. Ela não deveria estar ali. E fingiu que não estava. Mas, então, sua atenção foi voltada para outra direção, atrás dela. Em seguida, ela o viu. Martina viu quando Jorge se aliou à Michelle. E para a sua raiva ou decepção, foi depois de beijá-la.