Por sorte, Martina estava em frente à biblioteca olhando a linda paisagem da bela floresta em que estavam, quando o garoto a encontrou. Pepe por um tempo, só a observou de longe. Em seguida ele a cutucou e sorriu, mostrando seu crachá de visitante de honra. Martina, que estava com uma expressão séria, sorriu ao ver que ele tinha entendido o recado.

⁃ Crachá de honra? O que você fez? Subornou o funcionário?
⁃ Não! -Pepe garantiu. - Eu ganhei por ser um herói! 
⁃ Um nome não faz de você um herói. Títulos não mostram quem você é de verdade. Atitude. Isso sim mostra o que ou quem você é! -Ela deu um tapa de leve em seu ombro bom. - Você nunca será um herói apenas por esse título, Pepe.
⁃ Nossa! Isso soou tão profundo!
⁃ Eu sou profunda quando quero.

Ele olhou para a paisagem e suspirou.

⁃ Tudo bem, o que fazemos agora? Lutamos com monstros? Matamos gigantes? Procuramos aliados?

Ela riu, tinha um olhar divertido estampado no rosto.

⁃ Bem, eu também estou morrendo de fome! Que tal irmos comer? Conheço uma lanchonete aqui perto.
⁃ Ah, deixe-me adivinhar: Biblioteca das Comidas, Casa 01? 
⁃ É quase isso. -Martina continuou rindo. - Casa 03, na verdade. E é Biblioteca dos Cozinheiros.
⁃ Ah, claro. E o que é a casa 01? 
⁃ É uma Biblioteca normal.
⁃ Muito original. 
⁃ Sei disso.

O sorriso dele sumiu quando ele começou a sentir mais dor no ombro machucado.

⁃ Eu preciso cuidar desse corte primeiro.

Martina o segurou pela cintura e voou até outra biblioteca, uma espécie de hospital para pessoas com superpoderes. Os dois esperaram na fila, e pegaram uma senha.

⁃ Vai demorar um pouco.
⁃ Isso é sério? -Pepe reclamou. - Porque não usa seus "poderes" que você diz ter, e me cura logo? Você não pode controlar qualquer coisa que quiser?
⁃ Não funciona desse jeito.
⁃ Então ter esses poderes não é tão útil quanto pensei.

Ele revirou os olhos e o tirou dali. Martina não tinha asas, mas voava mais alto do que os pássaros. O levou para algum lugar na floresta, onde ninguém os poderia ver. Olhou em volta cuidadosamente e sussurrou.

⁃ Isso é contra as regras, mas...

Ela fechou os olhos e esticou a mão até o machucado. Tocou no corte inflamado e um brilho envolveu sua mão delicada. Em questão de segundos, o machucado estava sendo curado, a dor estava sumindo. O brilho, que antes era transmitido para o corte, envolvia o braço de Pepe, agora. Mais alguns segundos e ele já estava livre do machucado feita pela baba tóxica da informante do mal. O garoto sorriu e agradeceu, movimentando o braço e olhando para o ombro bom, a mágica de Martina não havia deixado nem um rastro do corte.

⁃ Você... Violou as regras para curar meu machucado?
⁃ Se eu não fizesse isso, você iria ficar reclamando até eu fazer isso mesmo. 
⁃ Obrigado de novo.
⁃ Não há de quê. Agora... Vamos ir comer, estou desmaiando de fome!

Ela se levantou e alguém surgiu atrás dela. Fazendo o típico Puff que o Livro dos Sonhos costumava ter. Pepe conseguiu dizer "tem alguém atrás de você!", o que foi bem útil em um momento como esse. Martina virou-se.

⁃ Acho que não é uma boa hora para comer.

Era o cara de capuz, que ainda escondia o rosto. Pepe se levantou e foi até ele, porém ele sumiu novamente. E surgiu atrás de Pepe.

⁃ Tudo bem, você não tem a capa da invisibilidade do Harry Potter para ficar sumindo assim! Quer me dizer quem é você?

O homem misterioso riu, uma voz grave e assustadora. Martina recuou e murmurou.

⁃ O QUE VOCÊ QUER?

Debaixo do capuz, Barroso viu um sorriso.

⁃ Eu já disse o que eu quero. -O dono do sorriso respondeu. 
⁃ Quem é você? -Pepe repetiu a pergunta.
⁃ Pensava que você já soubesse, Barroso. 
⁃ Como... Você sabe o meu nome? 
⁃ A pergunta correta seria: como você NÃO sabe o MEU nome?

O cara levou as mãos até o capuz e o abaixou, lentamente. Mostrando seu rosto. O suposto Harry Potter não tinha absolutamente nada a ver com o Harry Potter. Ele tinha um sorriso no rosto e um olhar penetrante. Virou-se para Martina e sorriu ainda mais.

⁃ Stoessel!, devo dizer que o tempo foi bom com você. 
⁃ Vá embora!

Ele gargalhou, mas logo fez um olhar triste.

⁃ Eu não posso. 
⁃ Por quê? Michelle o mandou aqui? Para espionar Barroso? -Ela falou irônica.
⁃ Não trabalho mais para aquela ingrata. 
⁃ Ei, eu ainda estou aqui! -Pepe murmurou- Não entendendo nada dessa conversa. Alguém poderia me atualizar? E, de novo, quem é esse cara?

A auxiliar olhou para Pepe e estreitou os olhos.

⁃ Esse aqui é um grande traidor. 
⁃ Martina, raivosa, rancorosa, vingativa, porém muito mais bonita. Senti sua falta. 
⁃ Ah, cale a boca!

O cara olhou para Pepe.

⁃ Sou Jorge Blanco. Controlo qualquer coisa que tenha a ver com os quatro elementos.

Ele estendeu o braço para um aperto de mãos.

⁃ Pepe Barroso, herói da geração... Não tenho poderes. -Respondeu sem graça.

Martina revirou os olhos e cruzou os braços.

⁃ Volte para seu grupinho de lobos, Blanco. 
⁃ Isso definitivamente não é possível.
⁃ O que você quer agora, hein?

A expressão confiante dele se foi. Seu olhar se tornou distante ao se lembrar do motivo pelo qual estava ali. O sorriso se regenerou e ele respondeu.

⁃ Eu preciso falar com você.
⁃ Como Conselheira do Guardião, é contra as regras manter contato com alguém fora dos padrões de bondade do livro.
⁃ Padrões de bondade? -Blanco riu. - Eu acabei de ver você usando seus poderes fora da arena de combate. Isso é totalmente uma violação do código 5937, no livro de regras das auxiliares. Você pode perder seu cargo. 
⁃ É uma ameaça?
⁃ Não se você não me escutar.

Pepe riu dos dois, eram até fofos juntos. Martina olhou para Barroso por um segundo e voltou a observar Jorge Blanco.

⁃ Me diga logo e vá embora. 
⁃ Bom... Mercedes apareceu para mim de novo. 
⁃ O QUÊ?
⁃ Exatamente.

Pepe olhou confuso para Martina.

⁃ O que isso quer dizer?

O Harry Potter falso sorriu para ele.

⁃ Olá, companheiro de missão. Eis aqui o novo integrante dos heróis da geração.