I Can Feel escrita por Cihh


Capítulo 27
Capítulo 27 - Pelo Lago


Notas iniciais do capítulo

E aí, pessoal? Queria agradecer à todo mundo que comentou, como sempre ♥
Bem, boa leitura e beijinhos.



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Ache algum jeito para ele mudar de ideia

O que eu posso fazer para ficar com você?

    (Down By The Lake)

 

POV Isa  

Os dias foram passando rapidamente. Os resultados das provas saíram. Minha pior nota foi em química, como sempre, mas no geral eu fui muito bem. Thomas estava se saindo um ótimo namorado e Luke tentava insinuar alguma coisa às vezes, mas parecia ter aceitado (a contragosto) meu namoro com Thomas. E hoje Thomas viria conhecer minha família. Luke disse que iria para uma festa com Max e que me daria espaço. Minha mãe havia arrumado toda a casa e ordenado que as cozinheiras fizessem um banquete, como se quisesse impressionar Thomas. Certamente não do lado positivo da coisa. Coloquei um vestidinho rosa claro com rendas e um colar de pérolas. Estava sentada no sofá com Sarah e Seth, esperando por Thomas. 

—Me deem apoio. –Falo baixinho para os gêmeos, que concordam com a cabeça, sorridentes. 

—Relaxa, mana. Vamos cuidar de tudo. –Diz Seth, piscando para mim. 

A campainha toca e eu corro para atender. Abro a porta e vejo Thomas com um terno preto que lhe cai bem e uma gravata verde que realça seus olhos. Sorrio nervosamente.  

—Oi. –Eu falo. Ele sorri para mim e beija minha testa. –Entre.  

Abro espaço para ele e ele fecha a porta. Minha mãe e meu pai entram na sala, observando Thomas. 

—Olá. –Meu pai diz, acenando para Thomas. 

—Boa noite, senhores. –Ele cumprimenta meus pais. Parece que vou desmaiar. Sinceramente, eu devo estar mais nervosa que Thomas. Ele bate com o punho fechado no de Seth e dá um abraço rápido de Sarah. 

—Vamos jantar? –Pergunta minha mãe, indicando a cozinha. 

—Vamos. –Eu falo, pegando Thomas pelo braço. Vamos juntos até a cozinha e eu indico o lugar que ele deve se sentar. Meu pai senta na ponta. Minha mãe, na cadeira mais próxima à dele. Sarah se senta ao lado de Seth. Normalmente, quem se senta ao meu lado é Léo, e ultimamente, Luke. Mas quem se senta ao meu lado hoje é Thomas. 

—Então, Thomas. –Diz minha mãe lentamente, passando a salada de macarrão para Seth. –O que seus pais fazem?  

—Minha mãe é secretaria de um escritório. Meu pai... Trabalha em uma construtora. 

Bem, ele não está mentindo. Pego a salada das mãos de Seth e coloco um monte no prato de Thomas. Thomas come bastante, e sei que isso agradará minha mãe. 

Meu pai ergue as sobrancelhas. –Que construtora?  

—Construtora Parker, senhor. 

Meu pai sorri. –Faço negócios com eles. São ótimos.  

Thomas sorri de volta, mas sei que o sorriso é forçado. Sei que ele não quer falar do pai, então tento trazer qualquer outro assunto à tona. 

—Thomas adora ravioli. –Eu falo, indicando o prato principal. –Né, Thomas?  

—Ahn, sim. Eu gosto de quase tudo. –Ele dá uma risada e minha mãe sorri para ele. 

—Isso é bom. Não gosto de pessoas que comem pouco, como Isadora. O que? –Ela diz para mim. –Não me olhe assim. É verdade.

Thomas concorda depois de mastigar. –Sim. Eu tento fazer com que ela come mais, mas parece que não me escuta. 

—Ela não escuta ninguém. –Minha mãe diz, passando a jarra de suco de tangerina diretamente para Thomas. Isso quer dizer que está gostando dele. Ótimo.  

—O que você pretende fazer de faculdade, Thomas? –Papai pergunta.  

—Ainda estou em dúvida entre engenharia civil, administração e economia. 

—Eu fiz administração. Gosto do que faço, mas pense bem antes de escolher. –Meu pai diz.

E a noite foi indo. Às vezes eu fazia algum comentário aleatório, Sarah ria e Seth fazia piada com alguma coisa. Meus pais fizeram várias perguntas para Thomas, que deu boas repostas a todas. Depois da sobremesa, sentamos nos sofás da sala, esperando o café.

—Como estou me saindo? –Thomas perguntou rapidamente para e mim e meus irmãos assim que saímos da sala de jantar e meus pais foram para a cozinha.

—Bem. –Sarah diz. –Ela passou a jarra de suco para você e ele deu um conselho sobre a sua faculdade.

—Isso quer dizer... ?

—Que estão no caminho para gostar de você. –Seth diz.

Ele olha confuso para mim e eu sorrio. –Está tudo bem.

Meus pais entram na sala e se sentam nas poltronas exclusivas deles, uma do lado da outra. Uma empregada entra atrás deles segurando uma bandeja com o café. Thomas sorri ao sentir o cheiro do negócio.

—Você aprecia um bom café, Thomas? –Meu pai pergunta, vendo o garoto bebericar da xícara o café puro.

—Com certeza. –Ele diz e eu me contenho para não revirar os olhos. 'Apreciar' não seria bem a palavra certa para o gosto de Thomas por café.

Sarah pega um dos docinhos de chocolate em um pratinho da bandeja, que foi deixada na mesa de centro. Seth preenche metade de sua xícara com leite, coloca algumas gotas de adoçante e por último despeja o café.

—Qual é o seu esporte preferido? –Seth pergunta para Thomas enquanto beberica sua mistura.

—Futebol. –Thomas responde. Eu não o vejo acompanhar os jogos, mas sei que ele joga bola com os amigos nos intervalos na escola sempre que possível. –Eu aprendi a surfar nas férias, mas não tenho andado com muito tempo para treinar.

—Onde você passou as férias? –Minha mãe pergunta e Thomas pigarreia.

—Eu fui a uma praia com meu pai. –Ele diz. Não é bem assim. Thomas passou os trinta dias de férias em uma ilha paradisíaca com o pai e Marissa. Como ele conseguiu isso sem se afogar no mar, ou afogá-los no mar, eu não sei dizer.

—Qual é o seu doce favorito? –Sarah pergunta, pegando mais um chocolatinho.

—Biscoito de chocolate. –Thomas sorri para minha irmã.

—E sua matéria favorita? –Seth pergunta.

—Matemática.

—Isso aqui é um interrogatório? –Eu falo.

—Não, desculpe. –Sarah sorri. –Só queremos conhecer melhor o seu namorado.

—Fala sério. –Eu resmungo, mas os impeço de continuar.

—Quando é o seu aniversário?

—14 de Janeiro.

—Qual é a sua cor favorita?

—Preto.

—E seu animal favorito?

—Corvo.

Quando Thomas foi embora, eu tinha conhecido mais coisas sobre ele hoje do que em todo o nosso namoro. Antes de sair pela porta, ele deu um sorriso tranquilo e me deu um beijo no alto da cabeça.

—Ele é um bom garoto. –Meu pai diz, depois de tomar um banho e colocar um pijama. Minha mãe, vestindo um roupão macio, solta os cabelos loiros.

—Parece que sim... –Ela diz, ainda não muito convencida.

A porta da sala abre novamente e Luke entra sorridente.

—Olá, família. –Ele diz e eu resmungo. Quem ele está chamando de família? –Como foi o jantar?

—Ótimo. –Eu falo sem olhar para ele, remexendo um chocolate no prato cheio de doces. 

—Gostaram dele? –Ele pergunta para meus pais e se senta ao meu lado no sofá. Está com um leve cheiro de cigarro e bebida.

—Ele é educado. –Minha mãe diz. O único comentário. Mas é um avanço. –Claro, ele não vem de uma boa família, mas...

Legal. Retiro o que eu disse.

—Eu gosto dele. –Sarah diz, sorrindo. Ela pega mais um chocolate e o coloca na boca com entusiasmo.

—Mãe. –Eu chamo. –Fernanda não é de uma boa família também. Por que você só implica com o meu namorado?

Ela franze a testa. –Ela não é de uma má família.

—Thomas também não é de uma má família.

Ela umedece os lábios e não diz nada. Eu sei o que ela está pensando. Léo, meu irmão mais velho, não tinha um casamento perfeito marcado desde os quinze anos. Me viro para Luke, que dá de ombros e estreito os olhos.

—Isso é ridículo. –Falo, me levantando. –Eu vou continuar com Thomas, vocês aprovando o namoro ou não. Só queria saber se iriam me apoiar uma vez.

Os lábios de minha mãe formam uma linha reta, mas ela ainda não diz nada. Ela não liga. Papai suspira.

— Eu também gosto de Thomas. –Seth diz, palitando os dentes. –Vocês são os únicos que se importam de que família ele vem. Os pais trabalham e são honestos, não é isso que importa? –Ele dá de ombros.

—Vocês não entendem. –Minha mãe diz e Seth emite um ruído que eu mesma quis fazer.

—Quando eu começar a namorar, por favor, não façam isso. –Ele diz, lançando um olhar para Sarah. –Isa sempre sofreu com as escolhas que vocês dois fizeram por ela.

—Bem, isso é verdade. –Sarah diz e lança um olhar envergonhado para Luke, como se pedisse desculpas. –Se Isa não gosta de Luke, mãe, você não pode fazer nada.

Luke coça o queixo. –De um tempo para cá eu andei convivendo com Thomas. Não gosto dele, mas não acho que ele tenha más intenções. –Ele sorri. O que é isso? Ele finalmente resolveu agir como um amigo agora?

Minha mãe olha para nós, incrédula. –Todos resolveram se virar contra mim agora? Eu não estou te proibindo de namorar esse garoto, Isadora. Namore quem quiser. Mas depois, saiba que eu não sustentarei você e seu namoradinho.

Fecho os olhos por um segundo. Não posso mudá-la. Me viro para meus irmãos, que olham chocados para minha mãe. Luke morde o lábio inferior, nervoso por estar no meio de uma briga de família. Seth se levanta e pega meu braço.

—Vamos sair daqui. –Ele diz baixinho e eu me deixo ser arrastada para fora. Um silêncio mortal continua pairando no ar quando ele fecha a porta atrás de nós. –Vou chamar um táxi. –Ele diz, tirando o celular do bolso de trás da calça jeans.

—Por que? –Consigo perguntar. Ele se senta na calçada do condomínio e eu fico ao seu lado.

—Vá para outro lugar por enquanto. É melhor dormir fora hoje à noite. Eu e Sarah tentaremos falar com mamãe. Sério, ultimamente ela anda completamente insuportável. –Ele disca um número e começa a falar.

—O táxi está vindo.

—Para onde eu vou? Amanhã é segunda. –Eu falo, mas realmente não quero passar a noite em casa hoje.

—Vá para a casa de Evey ou de Thomas. Eu falo para Luke deixar suas coisas na escola amanhã. Só dê um tempo por aqui. –Ele passa a mão pelo cabelo escuro. Ele está tão adulto.

—Obrigada, Seth.

Ele sorri e dá um beijo em minha testa. –Eu vou entrar agora para tentar acalmar os ânimos.

 

—Tudo certo. –Thomas entrega as notas para o motorista do táxi, que faz um sinal de positivo com a mão e sai cantando pneu. Thomas gira nos calcanhares e me olha. –O que aconteceu?

—Eu posso dormir aqui hoje? –Pergunto olhando para baixo.

—Aqui? Han... Tudo bem, acho. Por quê? –Ele se aproxima de mim.

—Eu briguei com minha mãe. Não quero ficar lá.

Ele franze os lábios. –Por minha causa?

—Não. –Minto. –Bem, estou sempre brigando com ela. Mas hoje as coisas foram um pouco piores.

—Claro que você pode ficar aqui. –Ele me abraça e eu suspiro. –Nós damos um jeito com o seu material amanhã.

Ele abre a porta de casa e eu entro em sua frente. A televisão está ligada e a mãe de Thomas está de frente para a pia da cozinha vestindo um avental rendado. Thomas fecha a porta.

—Mãe! –Ele chama.

Ela se vira com um susto, quase derrubando o copo ensaboado em suas mãos. Ela sorri ao me ver.

—Isa! Você por aqui! –Ela lava as mãos rapidamente e tira o avental. Depois, vem até mim e me dá um abraço caloroso. Sorrio e também a abraço. –O que houve?

—Já falei dos pais de Isa para você. –Thomas diz, pulando no sofá da sala. –Sem querer ofender, mas eles são um porre.

—É verdade. Principalmente minha mãe. –Eu digo e ela me olha compreensiva. –Nós brigamos e... Eu não queria ficar lá.

—Você pode ficar aqui, claro. Minha mãe também era muito chata. –Ela faz um bico. –Faz anos que eu não a vejo.

—Por que? –Eu pergunto enquanto ela me guia para o sofá e me faz sentar ao lado de Thomas, que se acomoda.

—Depois que eu fiquei grávida de Thomas ela disse que não queria mais me ver. –Ela dá de ombros e eu arregalo os olhos. –Mas tudo bem. Ela nunca me apoiou em nada mesmo. Thomas, você dorme no sofá hoje.

Thomas desvia o olhar da tela da televisão, onde um grupo de pessoas anda em uma floresta tropical em um daqueles programas de sobrevivência. –Por que?

—Por que Isa vai dormir no seu quarto, obviamente. –Ela diz e Thomas suspira.

—Entendido. –Ele sorri para mim e se deita, colocando a cabeça em meu colo.

—Eu fiz bolo de cenoura, Isa! Você quer um pouco? Acho que precisa de um doce para curar suas dores. –Ela diz, correndo para a cozinha. Thomas sussurra para mim, dizendo ‘não aceite, ficou horrível’. –Eu ouvi isso, Thomas! –Ela grita e ouvimos alguma coisa caindo na cozinha. –Ah, droga.

 

No meio da noite, quando eu estava vestindo as roupas de Thomas e me encontrava enrolada em cobertores macios, pensava sobre o problema que eu tinha com minha mãe. Eu sei que, bem no fundo, tudo o que ela quer é que eu seja feliz. Mas o conceito de felicidade para ela é ter um casamento estável com um homem feito na vida. E isso estava praticamente assegurado quando eu estava com Luke. Porém, agora eu não estou. E eu queria que ela aceitasse Thomas. Cubro a cabeça com um dos cobertores e me afundo no travesseiro. Ouço um barulho abafado perto de mim e levanto a cabeça.

—Ei. –Thomas sussurra e se deita ao meu lado na cama. Olho para ele (a figura dele) e me aconchego. –Você está bem?

—Acho que sim. –Falo depois de hesitar um pouco. –Um pouco triste.

—Fale comigo. –Ele passa os dedos pelos meus cabelos. –Estou aqui para te ouvir.

Suspiro profundamente. –Minha mãe não aceita nosso namoro.

—O que não é bem uma surpresa.

—Ela acha que você não é bom o suficiente para mim.

—Eu não sou. –Ele fala baixinho.

—Cale a boca. Não fale isso. Ela acha que Luke é bom para mim, mas olhe o que ele fez comigo alguns meses atrás. Do que adianta ele ser um cara perfeito se tudo o que queria era me levar para a cama?

Thomas fica quieto por um segundo. –É. Que idiota. –A voz dele soa diferente.

—O que foi?

—Nada. Ele é um idiota por só querer isso. –Ele parece nervoso. –Deixe para pensar nisso depois. Venha cá e vamos dormir


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Notas finais do capítulo

Pessoal, eu queria perguntar se vocês tem alguma estimativa de quantos capítulos a fic deveria ter. Tipo, a quantidade que vocês acharem boa para eu conseguir terminar (parece meio estranho, mas é só para eu ter uma ideia). Comentem para mim. Beijos.



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