O que é ser mulher? escrita por LadyB


Capítulo 2
Minha roupa não expressa consentimento


Notas iniciais do capítulo

Hallo, pessoas!

Então, resolvi mudar a forma que faço esses poemas. Cada poema terá uma mini-historia sobre o tema que foi abordado. Algumas vezes essas mini-historias serão divididas em duas partes, eu vou avisar quando forem, mas acho que vai dar para entender.

Boa Leitura!



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Chorei. Sofri. Gritei

Só por nascer mulher

Com medo de andar de pé

Sofrendo, mas sempre com fé

Trilhando um caminho sofrido

E Esperando ser reconhecida

Como mulher, como humana

Como guerreira, que levanta todo dia

E descendo a ladeira eu sigo

Esperando um dia a maré baixar

Pra ver se eu consigo andar

E quem sabe sentir os pés firmes o chão

Sem o medo de seguir a vida e o coração.

 

Era uma vez uma garota muito importante e amada. Esta garota estava na casa da amiga, afinal, sexta-feira é dia confraternizar com os amigos, não é? 

Já passava das dez da noite e a carona da amiga furou, daí ela resolveu pegar o ônibus. "Uma vez não faz mal", pensou. Chegou no ônibus e como já era tarde tentou ficar na frente, mas só tinha vaga atrás. Ao sentar notou um grupo de homens, jovens adultos, que estavam lhe encarando.

— Que saia mais delícia, gatinha.

— Não quer sentar aqui, gracinha?

Ela virou a cara constrangida e irritada. Começou a olhar a janela e tentar ignorar as provocações. 

— Olha, ela tá irritadinha.

— Não precisa fazer cú doce, eu sei que você está gostando.

Ela continua a ignorar.

Ela percebe que um dos caras está atrás dela, sentado no banco. Ao olhar o reflexo da janela, percebe que ele está com uma mão dentro da calça e olhando-a com luxúria. 

— Que safadinha! Você conseguiu me deixar excitado com esta sua sainha de quem quer dar, sua provocadora — fala, com um sorriso.

Ela sente nojo, raiva, humilhação e se sente incapaz de falar algo. Está sem reação.

Ele continua fazendo gestos indecentes e escrotos, até que ela não aguenta mais e, tremendo, vai para parte da frente do ônibus e pede para descer.

No meio do nada sente vontade de chorar, mas aquele lugar pode ser mais perigoso ainda. Liga para a irmã e pede implora para que a pegue, a irmã questiona, mas ela diz que vai explicar tudo depois. Entra em uma lanchonete e vê uma mulher. Pede um suco de laranja bem doce e tenta segurar o choro, mas não consegue.

— Tudo bem, você pode chorar. Esta é a terceira vez que isto acontece só nesta semana — A dona da lanchonete a olha com piedade.

Então a garota chora, sentindo-se suja e culpada. "Talvez se eu estivesse com uma calça ou com algo mais composto..." pensa, inconformada.

E mal sabe a garota que, a alguns quilômetros dali, outra garota chora pelo mesmo motivo. 

 

 


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Notas finais do capítulo

Então, vocês gostaram deste cap? Comentem, por favor!

Eu sei que pode ter sido um pouco pesado, mas não posso deixar de tentar mostrar para vocês que a culpa NUNCA é/será nossa. Não naturalizem uma coisa dão vil.

Vocês não merecem passar por isso, mesmo estando nua. Não deixem suas vozes se calarem. Gritem, berrem, até que nos escutem.

Enfim, até o próximo capítulo.

Sejam fortes, moças!



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