Cuide Bem do Seu Amor escrita por Little Queen Bee


Capítulo 8
Pedaço dela, pedaço de mim...


Notas iniciais do capítulo

Nossa bee! Como você está demorando? Sua atrasada!
Desculpa, genteeee, mas quase não tive tempo de escrever nessa semana, sabem por que? Por quê? Bee agora é uma menina for-ma-da! Uhuuuul!!! Sem mais ladainhas.
Vamos direto ao capítulo. Agradeço muito à Srta Cherry pelos comentários ♥ Este capítulo é para você.
Boa leitura!



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POV. Miguel 

Quanto mais tempo eu passava com Carolina, mais eu a conhecia. Suas manias, como mexer no seu lóbulo da orelha esquerda sempre que está pensativa. Seus medos, além de se afogar, como medo de borboletas. Suas inseguranças, como qualquer outra mulher, de querer alisar o cabelo. Mal sabe ela que amo aqueles cachos. Além de novos gostos, como filmes de romances e muito mais. Na verdade, eu amava tudo nela...

Cheguei em minha casa no final da tarde, após a faculdade. Estacionei minha moto atrás do carro de meu pai. Peguei meu celular, ao entrar em casa, para ver se Carolina havia respondido alguma mensagem minha, já que desde ontem não conseguia falar com ela. Nada, minha caixa de mensagens estava vazia. Até que meu celular tocou e sem olhar no visor.

— Alô?

— Miguel! Que bom que você atendeu. – disse Beatriz, irmã caçula de Carol do outro lado da linha.

— O que houve?

— Carolina está com você?

— Não. Não consegui falar com ela o dia todo.

— Merda, merda, merda! – disse Bia e estranhei.

— Bia, o que houve? – perguntei, já preocupado.

— Eu não sei. Ontem à noite ela passou mal. Não estava se sentindo bem. Aí, hoje, ela saiu bem cedo de casa. Mandei mensagem e liguei, querendo perguntar se ela já estava melhor, mas só cai na caixa postal. Tentei falar com as colegas dela da faculdade e disseram que ela nem apareceu por lá. – Ela disse, já assustada.

— O.k. – respirei fundo e tentei manter a calma. – Vou tentar procura-la em alguns lugares, o.k? Se tiver alguma notícia me manda um torpedo.

— Está bem. Obrigada, Miguel!

— Nada. – falei e desliguei logo em seguida.

Voltei correndo para moto e saí sem nenhum rumo por aí. Pensa Miguel!Carolina não está bem e não quer falar com ninguém. Para onde ela vai quando tenta fugir das pessoas?Minha mente se iluminou e finalmente achei um rumo. Em vinte minutos eu já estava na Urca, onde fica a Praia Vermelha.

O dia havia sido bem quente, então chegar à praia e sentir a brisa, era bem gratificante. Estacionei minha moto e comecei a procurá-la. Onde ela está? Pensei. Fiquei me torturando com esta pergunta. Vários banhistas saíam naquela hora ao perceber que havia anoitecido. No meio de toda aquela confusão de pessoas indo embora, eu a vi sentada na areia, de frente para o mar.

Aproximei-me lentamente e sentei-me ao lado dela. Carol fechou os olhos e respirou fundo antes de me encarar. Percebi, então, que as lágrimas escorriam pelo seu rosto. Antes que eu falasse algo, ela abriu os olhos, se voltou para o mar e falou:

— Como você me achou?

— Acho que você esqueceu, que me contou uma vez que amava passar um tempo na Praia Vermelha. – falei e a resposta foi o silêncio. Suspirei e passei as mãos em meus cabelos, frustrado. – Olha, eu não quero que você pense que estou invadindo sua privacidade. Eu, apenas fique preocupado. Você sempre diz que as pessoas não se importam com você! Mas, Caramba, Carolina! Sua irmã me ligou desesperada e preocupada. Eu sei como são seus pais, sei que eles não dão a mínima. Mas sua irmã, minha família, minha tia Maria, até aquela senhora que tem um barzinho na rua da sua casa, TODOS se importam com você. – falei me exaltando um pouco e encarando-a. Percebi então que ela segurava suas lágrimas. Peguei, então, a mão dela, que estava sobre a areia, fazendo-a olhar para mim. – Eu me importo com você.

— Dessa vez, eu não estava fugindo deles. – ela disse.

— Estava fugindo de quem então?

— De você.  

— De mim? Mas por quê? – estranhei.

— Por que eu estou grávida. – ela disse, desta vez olhando nos meus olhos.  

— O quê?! – perguntei, surpreso. Grávida? Eu iria ter um filho(a)! Um misto de emoções de afloraram em mim. Felicidade, medo, ansiedade... Eu sempre sonhei em ter uma família, um filho e uma filha, mas nunca pensei que fosse tão cedo. Tão de repente. Fazia apenas um ano que eu e Carolina namorávamos. Eu não tinha dúvida do que sentia por ela. E sim, acho que estamos preparados, apesar das dificuldades que temos que enfrentar.

— Acho que você vai querer retirar tudo o que você disse agora, não é? – ela disse com um tom meio sarcástico.

— Claro que não. Dá onde que você tirou isso? – perguntei um pouco irritado por ela achar aquilo de mim e ela bufou.

— Eu não sei! – gritou e percebi que as lágrimas retornaram com mais frequência. – Eu não sei de mais nada. Eu só queria fugir, antes que você fizesse isso.

Eu a envolvi em meus braços, abraçando-a e beijei sua testa. Levantei seu rosto, delicadamente para que olhasse para mim e vi seus olhos molhados e com mais medo do que eu. Beijei-a suavemente em lábios que tinham um gosto mais salgado por conta das lágrimas.

— Eu não vou mentir para você. Eu estou tão assustado quanto você. Ninguém planeja ter um filho tão cedo. Principalmente com vinte e um anos. Mas não é porque eu tenho medo que deixarei de te amar e te deixarei sozinha. – ela arregalou os olhos e sorriu com o que eu havia acabado e de dizer e ri um pouco sem graça. – Sim, eu te amo. E você é a mulher com quem quero ter onze filhos, cinco cachorros e dois papagaios.

Ela riu e finalmente cessou o choro. Puxei-a para que se deitasse comigo na areia. Ela deitou em meu peito e acariciei seus cabelos.

— Pense bem. Uma criança que me tiver como pai será a mais sortuda do mundo. – falei um pouco brincalhão para fazê-la rir. E consegui.

— Eu tenho medo de fazer meus filhos sofrerem. De ser uma péssima mãe.

— Olha, você atura o chato do meu irmão, então com certeza será uma ótima mãe. – falei e ela me deu um leve sorriso. – O.k. Eu já te entendi. Meu amor, eu sei que você tem medo de cometer o mesmo erro de seus pais, mas eu prometo para você nossos filhos não vão sofrer. Aliás, seus pais não tinham a intenção de lhe machucar. Nenhum pai tem, mas não vamos cometer os mesmos erros que eles. Eles irão crescer em uma casa feliz, com uma mãe que será a melhor que eles poderiam ter. E o pai... não preciso nem falar.

Ela deu um pequeno tapinha em meu braço.

— Eu te amo. – ela disse como um sussurro, mas consegui ouvir. Senti todos os pelos do meu corpo se arrepiarem com aquelas três palavras.

— Se eles tiverem seus cachos e seus olhos, nossos filhos serão os mais lindos do mundo. – falei, imaginando como ele ou ela será.

— Eles podiam ter seus olhos verdes... – ela disse, imaginando junto comigo. – Eles podem nascer já sabendo matemática como você, para não quase repetir no colégio, como a mãe.

Essa foi a minha vez de rir.

— Terá um pedaço de nós dois. – ela disse, por fim.

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Nove meses depois...

Abracei meus pais antes voltar para a sala de parto. Minha mãe já se debulhava em lágrimas. Meu pai tinha aquele olhar de orgulho,

— Vai dar tudo certo, filho. Agora vai começar uma jornada completamente diferente na sua vida. – disse meu pai em meu ouvido. Abracei-o mais forte.

Ele era a inspiração de como eu deveria ser daquele momento em diante. Meu pai é meu exemplo de homem. Nos amou e sempre deu o melhor para nós. Nos aconselhou, mas, apesar de tudo, sempre apoiou nossas decisões e sempre esteve ao nosso lado, para o que desse e viesse. Ele me incentivou quando eu disse que não conseguiria entrar para faculdade. Ele sempre dizia que Matheus e eu éramos capazes de fazer tudo o que quiséssemos. Meu pai é um homem extraordinário. Sabia das respostas, antes mesmo de eu lhe perguntar.

Ultimamente, sua saúde está muito fragilizada. Ele já deu uns sustos na família e tenho um sério medo de perdê-lo. Às vezes tenho vontade de contar para ele tudo o que está acontecendo para que ele possa me ajudar a ver uma luz no fim do túnel. Porém, não posso fazer isso com meu pai, só iria preocupá-lo ainda mais. Pais poderiam ser eternos...

— Eu sei que você está pronto. – ele sussurrou em meu ouvido e sorri.

Corri para a sala de parto e todos já estavam prontos. Carolina gritava de dor, fiquei ao seu lado, segurando sua mão e ela apertou de uma maneira tão forte, que jamais pensei que ela seria capaz. Não falei nada, porque aquela dor não era nada em comparação à que ela sentia.

Aquela era uma prova que a dor nos faz mais forte, porque em casa Carolina nunca consegue abrir um vidro de azeitonas, mas ali, naquela sala de parto, estava quase quebrando minha mão.

Depois de alguns gritos, uma mão quase quebrada e meus nervos quase arrancados pela minha ansiedade. Senti-me em outro mundo ao ver aquele ser pequeno e indefeso em minha frente pela primeira vez. Um mundo seguro, em que minha pequena pudesse viver feliz. Porém, eu tinha que colocar meus pés no chão. Eu tinha uma responsabilidade, eu tinha de protegê-la, ajuda-la, dar broncas quando fosse necessário, e sobre tudo isso, amá-la como meu pai fez.  

Quando peguei-a em meus braços, ela ainda chorava e meus olhos marejaram um pouco, sem acreditar na mais pura verdade. Olhei-a para Carolina, e ela estava exausta, mas tinha seu lindo sorriso em seu rosto. Coloquei nossa pequena e recém-nascida filha em seu colo. Algumas lágrimas – talvez muitas – rolaram pelo rosto de Carol ao pegar nossa filha. 

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Durante o doce silêncio da noite, escutei um zumbido, bem agudo. Revirei na cama, até sentir meus braços sacudidos e acordei assustado.

— É a sua vez. – sussurrou Carolina, meio sonolenta e não entendi nada.

Então escutei o choro vindo do berço. Suspirei e dei um pequeno sorriso. Levantei com pouco de dificuldade. Esfreguei meus olhos e cambaleei um pouco até o berço.

Luísa que chorava, se acalmou ao me ver. Sorri.

— Ei, princesa. – falei baixinho, fazendo carinho em seus cabelos. – Por que você está chorando, hein?

Como resposta ela me mostrou seu doce sorriso. Peguei-a em meu colo e saí do quarto. A casa estava toda silenciosa, todos dormiam. Afinal, já eram três da manhã. Subi com minha pequena para o terraço. Quando abri a porta, a brisa da noite nos cercou.

— Bem mais fresquinho que lá dentro.

A rua estava silenciosa e o vento estava delicioso. Fiquei observando minha filha olhando a lua no céu e tentar esticar as mãozinhas para pegá-la.

Como um ser deste tamanhinho mudou tanto a minha vida em tão pouco tempo? Quando descobrimos que Carolina estava grávida, a mãe dela deixou claro que não tinha como dar nenhum apoio para filha, porque não tinha condições. Minha futura esposa manteve seus estudos até a neném nascer, depois disso teve de trancar a faculdade por 6 meses para tomar conta de nossa filha. Porém, era visível que Carol ficou um pouco desnorteada e sem saber o que fazer.

Eu estava como ela. Havia acabado de me formar e havia conseguido um emprego trabalhando em um local de conserto de computadores. O salário não era dos melhores, portanto não tínhamos dinheiro para alugar um apartamento para nós. Vendi até minha moto, já que agora tínhamos um neném e não dava para andar com ela, mas não foi o suficientes para conseguirmos uma casa só nossa.

Até que meus pais nos ajudaram, nos permitindo morar com eles, o quanto fosse necessário. Não pagávamos nada, apenas as coisas de Luísa, mas mesmo assim eu economizava para ajudar meus pais com as compras do mês para a casa. Para meus pais, nossa ida para lá foi perfeita, já que podiam ficar mais perto da neta e mima-la muito.

— E aí, princesa? – falei com minha pequena, que me olhava atentamente, com seus lindos olhos castanhos que se pareciam muito com os de Carolina. – Nesses três meses, o que você está achando de mim como pai? Eu sei que não sou mestre em trocar fralda, mas estou aprendendo.

Luísa riu, como se entendesse exatamente o que eu falava. Ela começou a mexer em minhas tatuagens. Meus filhos amavam isso.

— Sua mãe disse que eu te carrego como se você fosse um saco de batata, mas você parece gostar. Não é? – falei e dei um beijinho nela. - Você sabe que você é a pessoa que eu e sua mãe mais amamos nesse mundo, não é? É a coisa mais linda da minha vida. Você mudou a minha vida e mudaria tudo de novo só pra te ver feliz.

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Minha filha foi crescendo rápido demais, como num estalar de dedos. Era gratificante ver cada passo dela, cada palavra, a ver aprender tudo, cada conquista e poder compartilhar tudo isso com Carolina.

Luísa estudou na mesma escolinha que eu, quando pequeno, na Ilha do Governador. No início da carreira de Carolina, após se formar, ela trabalhava demais e sobrava para mim buscar nossa filha e ter que ir nas reuniões de pais. Até hoje, ela continua trabalhando demais.

Sempre gostei de pegá-la, todas as tardes, no colégio, depois leva-la para tomar um sorvete ou comer pipoca doce. Conversar um pouco sobre o dia dela, sobre tudo o que ela aprendeu e ver que cada dia ela crescia mais. Isso com certeza nos aproximou. Quando aprontava no colégio, ela me contava antes que a professora me contasse. Talvez seja por isso que ela se abre tanto comigo hoje.

— Papai. –disse ela, quando entrei em sua sala para buscá-la, meio entristecida.

— Oi, Princesa! – falei, dando um beijo em sua testa e abaixando-me. – O que houve?

— Papai. Hoje levei uma bronca da tia porque dei um soco na cara do Lucas Resende. – ela disse um pouco emburrada. Tive vontade de rir, porque ao mesmo tempo em que era trágico, também era cômico, mas respirei fundo e assumi meu papel de pai.

— Porque você bateu nele, filha? Você nunca foi disso.

— Aí, papai! Ele sempre fica puxando meu rabo de cavalo e isso é chato! A mamãe mesmo disse uma vez que estava com tanta raiva de um moço que tinha vontade de dar um soco na cara dele. – disse Luísa. Ótimo. Carolina estava criando uma pugilista dentro de casa.

— Meu amor, não é assim que devemos resolver nossos problemas. Nós temos que conversar primeiro com a pessoa, porque, se não, você vai ser a errada. Se isso não adiantar, você fala com a professora, ou fala pro papai que eu resolvo. – falei, piscando para ela, fazendo-a rir. – Agora você tem que pedir desculpa pro seu colega. 

Ela revirou os olhos, mas quando a professora nos chamou para uma conversa, Luísa se desculpou com o garoto.

A pior parte era a reunião de pais e mestres. Com certeza eu era o mais novo no meio deles. Todos deviam me achar o completo idiota sem responsabilidade alguma. Eu lembro que o único pai que era gentil comigo era Paulo. Paulo tinha trinta e cinco anos e casado com Sara, que tinha uma bela filhinha chamada Sofia. Paulo não era o pai legítimo de Sofia, mas a amava como tal. Os outros pais, também o achavam um idiota. No final das contas, eles que eram uns idiotas.

 A melhor parte de tudo, com certeza, era o dia dos pais. No primeiro dia dos pais na escolinha, Carolina me alertou de que eu iria ficar emocionado, mas eu não levei à sério. Fui achando que seria apenas mais uma apresentação. Porém, quando Luísa entrou com um coração vermelho de papel, que tinha escrito Eu te amo, papai. Os olhos desse ogro aqui ficaram marejados. Quando ela começou à cantar Como é grande o meu amor por você do Roberto Carlos, meu rosto já estava molhado.

Nem mesmo o céu, nem as estrelas, nem mesmo o mar e o infinito, não é maior que o meu amor, nem mais bonito.

Me desespero a procurar, alguma forma de lhe falar: Como é grande o meu amor por você!

Nunca se esqueça, nem um segundo, que eu tenho o amor maior do mundo!

Como é grande o meu amor por você!

No final da apresentação fiquei quase uns dez minutos abraçando e beijando minha filha. Nem mesmo o tempo poderia me roubar às sensações e as boas lembranças que esse dia me traz.

Doido é aquele que diz que os filhos são uns empecilhos, ou um incômodo. Há momentos difíceis? Claro, mas momentos como esses fazem as dificuldades valerem à pena. Eles tanto aprendem com você, como você também aprende muito com eles. Você se torna alguém melhor por causa deles e por eles.

Sempre serei grato à Carolina pelos melhores presentes que ela me deu.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? #Luluagressiva kkk
Amores, criei uma playlist no youtube com a trilha sonora da história.
LINK: https://www.youtube.com/watch?v=ZAI4AfIsLbs&list=PLrPXGdW36m8Y-XuTFctNJe79lLT1X2FbR

Beijos e um feliz natal para todos!



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