Cuide Bem do Seu Amor escrita por Little Queen Bee


Capítulo 4
Outro lugar...


Notas iniciais do capítulo

Voltei, gente bonita! Estou em semana de prova, então vai ser complicado eu postar durante essa semana, mas depois disso estou LIVRE. Uhuuullll.
Essa é a continuação do flashback como eu havia dito.
Boa leitura.



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POV. Miguel

O modo que nos conhecemos não foi nada romântico, pelo contrário, não sei como ela não me evitou na segunda vez que nos vimos. Acho que ela ficou com pena de mim. Pelo menos quando nos vimos novamente, meus pés já estavam em terra firme.

Aquela garota pequena me impressionou com o tamanho de sua coragem e calma. Ela era humana, porque tenho certeza que qualquer garota depois de ter me visto vomitar logo quando nos conhecemos já teria pulado do avião e não teria entrado em uma relação de quinze anos com esse maluco que vos fala.

Algumas semanas após retornar para casa, Fernanda e eu demos um tempo. Nada que tivesse a ver com Carolina, porque, aliás, eu nem cogitava em encontrá-la novamente algum dia. Minha vida estava uma completa bagunça e as exigências de garota mimada de Fernanda não me auxiliavam em nada. Comecei a trabalhar de dia, para ajudar nas despesas de casa, e fazia faculdade à noite. Meu pai havia deixado claro que não queria vagabundo em casa.

E ainda mais, minha tia Maria estava morando conosco. Ela estava com um câncer de pulmão e já estava em um estágio avançado. Ela não tinha filhos, muito menos marido. Então, nós éramos os únicos que lhe restavam.

Eram tempos difíceis, meus pais brigavam, minha tia entrava em depressão e meu irmão tentava se demonstrava cada vez mais uma criança irritante. Em meu tempo livre, eu não suportava ficar em casa vendo tudo aquilo e como estava, em tese, solteiro saí diversas vezes para a balada nos fins de semana.

Fui com uns amigos à uma boate, na zona sul do Rio. Nessa época, as pessoas iam para os locais para dançar, conhecer gente nova e não arranjar brigas, como nos dias de hoje.

 Todos tentavam arranjar alguém para ficar naquela noite. Daniel, era o único comprometido, o que era bem estranho para alguém como meu amigo. Ele dançava Claudinho e Buchecha com a única namorada séria que teve até então, Bruna. Os dois ficaram juntos por bastante tempo e ele realmente gostava dela, mas não me lembro o real motivo da separação.

Os outros tentavam conseguir alguma garota para ficarem. Já eu estava no bar tomando uma cerveja até que uma estranha, não tão estranha assim, chegou ao meu lado, quase deitando em cima do balcão.

— Quero uma tequila, por favor! – enquanto ela aguardava, voltou-se para mim. – Oi...Ei! Eu te conheço!

Reconheci-a de imediato. Não tinha como não lembrar daqueles olhos castanhos, daquele cabelo cacheado que caía pelas suas costas. Na verdade, eu queria esquecer depois do trágico incidente que aconteceu no avião.

— Você é o menino do voo! – ela disse.

— Em carne e osso. – respondi e ela riu um pouco.

— Aqui sua tequila, senhorita. – disse o barman, entregando um copinho para a estranha.

— Obrigada. – ela respondeu e me bombardeou com suas perguntas.  - Que mundo pequeno, não é? Mas e aí? Está melhor? Qual o seu nome?

— Estou bem, fora de aviões eu fico bem melhor.  -  falei um pouco  sem graça -  Eu sou o Miguel e você?

— Miguel... –disse ela como se saboreasse meu nome. – Que caliente! Sou Carolina.

— Belo nome. – respondi sorrindo para ela e puder ver Carolina ficando sem graça pela primeira vez. – Faz faculdade, Carol?

— Poucas pessoas me chamam de Carol, mas hoje eu vou permitir que você assim também. – ela respondeu e eu ri.

— E nos outros dias? – perguntei, arqueando uma das sobrancelhas.

— Quem te garante que nos veremos mais vezes? – ela perguntou, colocando uma mão na cintura.

— Intuição. – falei com um sorriso convencido no rosto e dando de ombros. E não é que eu estava certo?

— Olha, você me parece bem mais convencido do que aquele garoto do vôo. – ela falou rindo e tomando um gole da sua bebida. – E para o seu caso, menino convencido, faço faculdade, sim! Direito na UERJ.

— Jura? Não parece tão séria assim, como algumas pessoas que fazem direito. – digo e tomo um gole da minha bebida.

— Não preciso ser séria pra fazer Direito. Bom, só um pouco. – ela falou pensando melhor. – Mas eu sou muito descontraída. E você faz faculdade de quê?

— Engenharia da Computação, UFRJ.

— Exatas e humanas. – ela falou para si mesma. – Interessante... Só a palavra engenharia me dá calafrios. Como que você suporta fazer cálculos? Eu quase repeti uma vez no colégio por causa de matemática.

— No colégio eu achava bem mais fácil fazer contas e resolver problemas de física do que ficar acordado na aula de história.

— Fala sério! – disse ela rindo e bebendo outro gole da tequila.

Ficamos sobre várias coisas aleatórias, das cores das bebidas até o modo com os barmans preparavam as bebidas, querendo seduzir alguém. Carolina era bastante falante, diferente de hoje em dia na situação a qual nos encontramos. Ela olhava para um ponto fixo bem concentrada, parecendo pensar em algo. Decidi não atrapalhar, porém quando o DJ trocou a música, Carol despertou.

— Detonautas!- Carolina falou dando um pulo e se virou para mim. – Venha vamos dançar.

— Acho melhor não. – falei. Eu não era um excelente bailarino. Continuo não sendo, mas até que melhorei, com a prática, já que Carolina sempre foi assim, animada. Certas coisas nunca mudam. 

— Eu que faço direito e você que é o sério? Qual é? Você tem descontrair e relaxar! – ela falou me puxando para a pista.

Tentei acompanhar o ritmo dela e no final nós dois acabamos rindo do modo como eu dançava. A música era um dos sucessos da nossa época. Não bastava saber a letra, tinha que dançar como louco. Quando coloco essa música no carro, nos dias de hoje, minha filha faz uma cara emburrada dizendo o quão brega é. Carolina e eu nos perguntamos a quem ela puxou.

Ainda vou te levar pra outro lugar, além do sol do mar, onde possa te ter ... te amar e tempo vai ser maior!— a boate inteira cantava.

Carolina pulava com uma pipoca, balançando seus cabelos. O sorriso dela me contagiava. Não me apaixonei por ela de primeira, confesso, mas naquele momento eu me isolei de tudo e de todos com ela e esqueci de todos meus problemas.

— Se anima, Miguel! – ela gritou, por conta do som alto, pegando minhas mãos.

— Olha, eu acho que ficar mais animado que você é impossível. – gritei, tentando acompanhar o ritmo dela. – É com essa animação que você assistia as aulas de história?

— Não! Essa era a animação de quando acabava a aula de matemática! – ela gritou de volta e eu ri.

Do outro lado da pista de dança, Daniel nos observava com um sorriso de orelha a orelha insinuando algo. “VAI COM TUDO!” ele dizia apenas mexendo a boca. Revirei os olhos. “NÃO ENCHE MEU SACO!” falei de volta. Ele não gostava de Fernanda e sempre dizia que deveria encontrar outra garota.

Dançamos várias músicas, porque Carolina queria encontrar qual ritmo eu era melhor dançando. No final ela chegou a conclusão: nenhum. Ela morria de rir com as minhas falhas tentativas de dançar.

— Ah para de rir, vai! – reclamei, mas eu ria também.

— Miguel, você não consegue nem fazer o passinho do Claudinho e Buchecha. – ela disse, se gabando. Até que se aproximou de mim rapidamente. – Será que você sabe dançar agarradinho?

— Quer fazer a prova? – perguntei, puxando-a e acabando com qualquer distância que existia entre nós. Nossas bocas estavam próximas uma da outra. Eu podia sentir a respiração ofegante dela, assim como estava a minha. Aquela foi a primeira vez que deixei Carolina sem palavras.  - Vamos beber um pouco? – perguntei, voltando para a realidade e trazendo-a junto.

Ela assentiu e então soltei-a. Carolina me acompanhou até o bar, ainda um pouco desnorteada, e pediu tequila novamente. Dessa vez ela não falava nada, apenas me observava. Pedi uma cerveja e fiquei olhando os outros na pista, enquanto sentia os olhos de Carolina sobre mim.

— Você veio sozinho? – ela perguntou.

— Vim com meus amigos.

— Nossa, eu juro que ia falar que você veio com a namorada.

— Não. E ela não é mais exatamente a minha namorada. É difícil explicar o que ela é. – respondi um pouco confuso.

— É uma meia-namorada. – concluiu ela, que me explicou ao ver que eu não havia entendido. – Meias-namoradas são aquelas que você não sabe se está apenas ficando ou se está realmente namorando. Também são aquelas que quando você dá um tempo, você não terminou oficialmente, ou seja em tese ela ainda é sua namorada. Apesar de você, talvez, nem falar mais com ela.

— Bela teoria. – falei dando um gole em minha cerveja.

— Faz parte do código das mulheres. – ela falou piscando o olho para mim.

— Então ele existe mesmo, é?

— Claro, mas você não pode deixar a situação assim. Tem que tomar uma decisão.  Ficar na corda bamba é a pior coisa. E isso não está no código das mulheres.

— E você? Tem algum namorado ou meio-namorado? – perguntei para ela

— Hã...Não. Apenas ex-namorados. – Carolina falou, dando de ombros como se aquilo não lhe importasse mais. Porém estava estampado em seu rosto, que aquele assunto lhe incomodava. – Pode me dar mais duas doses, por favor.

Ela disse para o barman e arregalei os olhos enquanto bebia minha cerveja. De repente Carol colocou para dentro os dois copos seguidos de tequila.  

— Opa! Vai com calma na bebida! –falei, mas os dois copinhos já estavam vazios.

— Brrr... – fez Carolina, ao sentir o líquido descer.

Ela passou a mão no rosto e ficou por um tempo assim. Comecei a me preocupar. Aquele foi o primeiro porre que presenciei da minha esposa.

— Está tudo bem?

Quando perguntei a cabeça de Carolina de repente começou a vacilar, caindo um pouco para o lado. Seu corpo quase caiu do banco, mas fui mais rápido e segurei-a pela cintura.

— Carol, fica acordada! Ai, merda! – falei com uma Carolina meio aérea, que não parecia estar no mesmo mundo que eu. - Me dê um saco de gelo e um guaraná, ou qualquer coisa doce que vocês tenham aí. – pedi para o barman.

Ele assentiu e me entregou um pouco de suco de guaraná concentrado e um saco com gelo. Coloquei o saco na nuca de Carolina e a despertei para beber o guaraná. Na hora, eu fiquei desesperado, mas não podia ficar parado, só observando ela passar mal, como todos que estavam à minha volta faziam.

— Já, está bom. – disse ela com uma voz fraca, afastando o copo de guaraná. Sua fala estava um pouco enrolada. – Você pode me levar em casa? – Carol, então, encostou sua cabeça em meu peito.

— Você quer que eu te leve em casa? – perguntei surpreso. – Você me conheceu hoje, não tem medo de eu ser um estranho?

— Na verdade eu te conheci no voo. E você já vomitou em mim. Acho que depois disso já ultrapassamos barreiras de intimidades o suficiente para você não ser um estranho.

— E se eu fosse um estuprador? – perguntei colocando-a de pé, ainda surpreso com sua confiança em mim. Analisando agora, quinze anos depois, eu vejo que já falei muita merda.

— E você é por acaso? – ela me encarou.

— Não.

— Então por que ainda estamos discutindo? – ela perguntou parecendo cansada.

— Okay, você venceu! Eu te levo para casa.

Ajudei-a a andar até a saída já que ela mal conseguia fazer isto. Saímos da boate e peguei os capacetes no bagageiro da moto. Sim, eu tenho uma moto. E sim, a Carolina dizia que eu parecia o bad boy perfeito. Até que eu tinha um estilo.

— Opa, opa, opa! Isso não é um carro. – ela disse. Pena que ela tinha pequeno medo de moto.

— É, com certeza não é um. É uma motocicleta. Nunca andou? – falei entregando o capacete para ela e colocando o meu.

— Assim... Não... Eu costumo só admirar as pessoas andando mesmo. – Carol falou e montei na moto. Ela subiu ainda um pouco receosa atrás de mim.

— Fica tranquila. Não vou correr, mas por via das dúvidas, se segure forte em mim. – falei piscando para Carolina que fico um pouco assustada.

Ela me abraçou forte por trás durante toda viagem até sua casa, que afinal não era muito longe dali. Santa Teresa, onde passa o bondinho, cheio de bares boêmios.

Quando finalmente chegamos, seus braços se afrouxaram. Ela desmontou da moto ainda um pouco zonza. Levei-a até a porta de sua casa e Carol se apoiou nela.

— O que achou do passeio? – perguntei e ela deu um leve sorriso.

— Apavorante...porém não foi tão ruim quanto eu imaginava. – ela disse dando de ombros, já com a voz um pouco menos enrolada.

Ficamos em um silêncio um pouco desconfortável, já que ninguém falava nada. Ela não entrava nem eu ia embora. Quando decidi ir ela falou:

— Me empresta seu celular? O meu descarregou e preciso pedir pra minha irmã abrir a porta. – ela disse e entreguei meu aparelho para ela.

Carol digitou por alguns segundos enquanto eu observava o barzinho que havia na rua dela, com música ao vivo sob as várias estrelas que haviam no céu. Despertei do meu devaneio quando ouvi a porta se abrindo.

— Aqui. – ela me entregou o aparelho. E se voltou para irmã, bem nova, que estava na porta esperando. – Eu já vou entrar.

A irmã ainda um pouco sem graça, assentiu e nos deixou a sós.

— Minha cabeça ainda dói. – ela disse ainda um pouco tonta.

— Tenta colocar uma bolsa de gelo na nuca de novo quando entrar. – falei e ela sorriu. Era um lindo sorriso...

— Obrigada por ter me trazido em casa.- Carolina disse olhando para seus pés, já descalços, com os sapatos na mão.

— Disponha, moça. – falei e voltamos ao silêncio.

Ali sob luz do poste da rua, ficamos nos encarando. Tentei absorver cada detalhe dela por puro medo de não vê-la novamente. Seus cabelos cacheados e castanhos da cor de seus olhos. Não estávamos tão distantes assim, e eu podia jurar que rolaria um beijo para encerrar a noite com chave de ouro. Mas aí Carolina vomitou em meus sapatos. Vingança?


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Notas finais do capítulo

Vingança? Kkk Casal fora do normal. O que estão achando?
Escutem a trilha sonora da fic: https://www.youtube.com/watch?v=ZAI4AfIsLbs&list=PLrPXGdW36m8Y-XuTFctNJe79lLT1X2FbR

Sigam-me no twitter para saber de mais informações da fanfic: @beefanfic

Beijos e até a próxima.

OBS: FOTOS DO DREAM CAST:

Carolina
https://pbs.twimg.com/media/CxwDOffXcAEXU6r.jpg

Miguel:
https://pbs.twimg.com/media/CxwDO89WgAEMlw4.jpg

Daniel:
https://pbs.twimg.com/media/CxwDYHcWQAAlQtE.jpg

Fernanda:
https://pbs.twimg.com/media/CxwDZJNWgAAheGv.jpg



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