Cuide Bem do Seu Amor escrita por Little Queen Bee


Capítulo 11
Você tem uma chance?


Notas iniciais do capítulo

E aí, povo? Segundo capítulo nessa semana heinnn. Boa leitura.



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POV. Carolina

Saí da audiência correndo, com as mãos suando frio e liguei para a única pessoa que podia me aconselhar nesse momento de pleno desespero. Disquei o número enquanto tentava pegar um táxi. Chamou, chamou até que ela finalmente atendeu.

— Preciso da sua ajuda. – falei um pouco engasgada, entrando no táxi que eu acabara de conseguir.

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— Respira fundo e toma um gole do seu café. – disse Beatriz, minha irmã mais nova e tentei obedece - lá. Ela podia ser a caçula, jovem com a cabeça avoada, mas só ela me entendia.

Nossa infância foi muito conturbada, sabe? Nem éramos tão apegadas assim quando pequenas. Eu tinha um pouco de ciúmes, pois sempre quis ser a filha única e a chegada daquele pequeno ser havia atrapalhado as coisas. Só sabia chorar, fazer besteiras e eu levava a culpa. Porém eu lembro bem do dia em que eu encarei minha função de irmã mais velha.

Ela tinha apenas quatro anos e eu dez. Nossos pais brigavam constantemente e eu já estava mais do que acostumada, mas numa noite, enquanto dormíamos em nosso quarto ouvimos um barulho estranho. Um vaso se quebrando, e através da pequena brecha da porta do quarto podíamos ver a luz da sala acesa. A gritaria começou, bem no meio da noite. Palavras chulas e de baixo calão, pronunciadas por dois seres que fizeram votos de respeito, e principalmente amor.

Fiquei um bom tempo olhando para a porta e repetindo as palavras em minha cabeça, desejando demais ser surda, até que eu olhei para ela. Minha irmãzinha tão pequena e indefesa, chorava em desespero. Ela não era uma inimiga, mas sim um ser inocente que precisava de proteção. Fui até sua cama e abracei-a. Não falamos nada. Ela apenas deitou em meu colo e fiquei fazendo carinho em seus cabelos, para que retornasse à dormir, mas parecia impossível.

A briga só teve um fim com a chegada de meus vizinhos que levaram meu pai para espairecer a cabeça. Minha mãe veio até nosso quarto para ver se estávamos bem, mas logo saiu. Pude ouvir seu choro através da porta. Mesmo depois do fim da briga, não saí do lado de minha irmã até eu ela dormisse.

E foi assim, daquele dia em diante nossa relação melhorou cada vez mais, até chegar no que é hoje. Irmãs, melhores amigas, confidentes. Passei a contar meus problemas à ela, e Bia à mim.

— Agora conte o que aconteceu. – diz ela, depois que eu me acalmo.

— Migueleeutivemosumaaudiênciapradecidirascoisasdodivórcio ! - falo tão rápido que fico ofegante e duvido que minha irmã tenha entendido.

— Quê? Fala com calma Carolina. – diz Bia.

— Miguel... e eu... tivemos uma audiência... pra decidir as coisas... do divórcio. – digo e fico com falta de ar. Estou pior do que quem tem asma.

— Respira e inspira. Respira e inspira... – sigo os conselhos de Bia e me acalmo. – O que aconteceu demais na reunião?

— Nada! Apenas o fato dela acontecer me deixa desesperada, porque eu não acredito que isso está acontecendo comigo!

— Mas foi você que deu a sugestão, Carol. – diz Bia, com toda calma.

— Eu sei, mas queria que houvesse outro caminho.

— Carolina, você tem que ser mais flexível. Miguel te ama e sei que ele mudaria tudo por você. E pelo o que me contou, você não disse para ele que ainda o ama.

Foram muitas as chances dei para Miguel. Foram muitas discussões, muitas promessas, mas não adiantou. De que adianta promessas se não são cumpridas? E eu fiquei com ele durante todo esse tempo, como ele não sabe que ainda o amo? Estou cansada!

— Mais flexível do que já fui? Não. Nem pensar. – digo, balançando a cabeça, rejeitando a ideia.

— Você não tem jeito mesmo. - diz ela, com um sorriso sarcástico no rosto. - Para de ser orgulhosa e negar o que você sente. 

— Não estou negando nada. Nem afirmando - digo irritada e Beatriz balança a cabeça. Não posso viver do jeito que eu vivia só porque eu o amo. Não quero admitir que se me olhasse nos olhos e pedisse para eu cancelar tudo, eu faria na hora.  

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POV. Miguel

Tirei o capacete da cabeça e fiquei um tempo olhando a rua. Eu vou me divorciar... Pensei. A rua estava tranquila e calma diferente de minha cabeça que parecia haver guerra para digerir esta ideia.

Entrei no apartamento de Daniel me sentindo um derrotado. A sala estava sem ninguém, a televisão desligada. O apartamento de Daniel é simples, sem nenhuma decoração extravagante, apenas o que ele necessita. Ouvi um barulho de panelas vindo da cozinha.

— O que tem pro almoço? – perguntei adentrando a cozinha.

— Miojo. – ele diz e faço uma careta.

— Não faça careta para o meu miojo. – diz ele, dando um tapa na minha nuca.

Pego um prato e coloco um pouco do miojo dentro. Sento-me na mesa da cozinha com Daniel.

— Tu não devia estar no trabalho à essa hora? – ele pergunta, quando enfiei o garfo no macarrão instantâneo e vi que aquilo poderia ser qualquer coisa menos um miojo. Como eu sinto falta da comida de Carol...

— Não. Pedi licença pra poder comparecer à audiência. – digo, dando de ombros e Daniel arregala os olhos.

— E aí? Como que foi? – ele perguntou, esperançoso.

— Uma merda! Carolina é teimosa, quando ela tem uma ideia na cabeça, é muito difícil de tirar da cabeça dela. - respondo

— Miguel, você por acaso você já tentou fazer alguma coisa? – estou prestes à dizer que conversei com ela, mas Daniel me interrompe. – Além de conversar é claro. Ela não quer mais ouvir promessas de que você irá mudar.

— E o que eu posso fazer? – digo, sentando-me ao lado. Dela

— Em vez de prometer, mude logo. Você tem que tomar atitudes agora para conquistar sua esposa. Palavras não bastam. – ele diz. – Você tem que ajudar Carolina com a casa. Cara, eu posso até não cozinhar bem...

— Nada bem, você quer dizer. – digo, deixando o prato de lado.

— Cala boca! Deixe-me continuar. – disse ele. – Posso não cozinhar bem, mas dou um jeito em minha casa. Mas o teu quarto está uma zona, cara. Agora sei que era a Carolina que deixava tudo arrumadinho quando eu ia lá.

Eu deveria dizer, algo. Tenho vontade de dizer algo, mas não há nada para falar, porque essa é a mais pura verdade. Daniel cuida muito bem de sua casa. Não é a casa mais linda do mundo, mas ele não deixa virar um lixão. Eu quase nunca lavava a louça, ou varria a casa, muito menos lavava o banheiro ou passava panos nos móveis. Estender roupa? Dobrar roupa de cama? É... Acho melhor eu parar por aí. Minha esposa, também, sempre fez a comida, porque ela sabe que não tenho mão para cozinhar. Aliás, o que eu fiz? Começo a me sentir mal.

Agora vejo quantas coisas deixei nas costas de Carolina durante todos esses anos.

—Tá... – murmuro baixinho. – Você está certo.

— É o que? Eu ouvi isso mesmo? O que você disse, Miguel? – diz Daniel com toda sua ironia, me fazendo revirar os olhos.

— Você está certo, merda! – falei irritado. – Não ajudei Carolina em todos esses anos. Não me surpreende ela não ter me largado antes.

— Também não é pra tanto. – diz meu melhor amigo. – Vocês ainda não assinaram o divórcio. Ainda tem uma chance... – ele me encara com uma sobrancelha arqueada.

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Não basta meu divórcio, ainda tenho uma audiência de um processo daqui à três dias. Não paro de analisar os processos e estudar cada detalhe deles, tirar minhas notas sobre cada um. Depois da tarde inteira lendo, relendo e quase pirando, comecei a juntar minhas coisas para ir embora. Eu tinha que pegar as crianças ainda na escola, fazer janta para elas e rever tudo de hoje em casa.

— E aí, Carolina? - chegou Rodrigo, meu colega de trabalho, em minha sala. – Quer sair um pouco hoje depois do trabalho pra curtir um happy hour?

— Ah, não vai dar, Rodrigo. Tenho muita coisa pra fazer.

— Carolina, relaxa um pouco. – diz ele. – Você é a advogada que mais trabalha nesse escritório. Os outros não estão nem aí.

— Claro que não estão. Eles não têm duas crianças para sustentar. – digo, mal-humorada.

— Você uma ótima advogada, mesmo se você não trabalhar, vai continuar ganhando muito. – ele diz, piscando o olho para mim e sorrio.– Você precisa relaxar. Eu sei como é ficar tensa assim. Eu também sou divorciado, lembra?

É verdade. Quando entrei no escritório, Rodrigo já estava aqui e lembro-me bem que ele era casado. Já vi várias vezes a mulher dele aqui no escritório, mas isso já faz muitos anos. Quem me compreenderia melhor do que alguém que já passou por essa situação?

Recebo uma mensagem de Miguel.

DEIXE QUE EU PEGO AS CRIANÇAS NA ESCOLA.

Franzo a testa. O que ele está querendo? Será que está aprontando alguma? Dou de ombros. Não seria má ideia ele pegar as crianças, e eu ir beber um pouco para espairecer.

— Vou aceitar seu convite. – digo para Rodrigo, que abre um sorriso. – Vamos tomar um chope!


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Notas finais do capítulo

Opa! Parece que as tretas vão começar! E aí? O que acharam?
Para vocês que tem curiosidade em saber quem seria Rodrigo, escolhi Ben Affleck.
Beijos até a próxima.



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