Dias se passaram sem que Bellatrix fosse capaz de entender o porquê de estar sendo tão evitada por Voldemort. Desde que a repreendera na reunião, o Lorde das Trevas mal tinha se dirigido a ela, e isso a atingia de tal forma que a sua alegria e loucura habitual se transformaram num silêncio profundo – agora ela só falava quando era perguntada. Rodolfo tornou-se ainda mais preocupado com a esposa, dessa vez ela não parecia bem e o pior era que ele nem sabia o porquê.
Ela nunca mais foi chamada para revisar algum plano de Voldemort, ele nunca mais a chamara em particular para confidenciar alguma coisa e tampouco tinha voltado a dizer o quanto ele admirava a lealdade e devoção que ela tinha por ele.
Bellatrix parecia morrer aos poucos, tudo já não tinha mais a graça de antes e se ela pudesse escolher entre continuar a viver ou dormir e nunca mais acordar, ela escolheria a segunda opção.
Enquanto estava deitada na poltrona de seu quarto com todos estes pensamentos mórbidos, todos os comensais da morte estavam ocupados em alguma missão secreta que ela não sabia, menos sua irmã que por não ser uma comensal da morte, não tinha tarefas a cumprir, por isso Bella teve a certeza de que fora Narcisa quem batera na porta.

— Bella, deixe-me entrar, preciso falar com você! – gritou Narcisa do lado de fora da porta.

— Pode abrir, a porta só está encostada... – respondeu a irmã.

Narcisa imediatamente entrou:

— Ando preocupada com você! Você nunca me disse o que aconteceu depois daquela noite que você me salvou do Lorde das Trevas. Você não me disse para onde ele a levou e o que fez durante à noite. Rodolfo também está preocupadíssimo e também não sabe o que fazer.

— Ele deveria me deixar em paz, aliás os dois! – retrucou já com impaciência – já disse, Ciça, não vou revelar o que fiz naquela noite, não posso, ele me mataria!

— Eu só quero ajudar irmãzinha, dessa vez ele não vai escutar, ele não está em casa! Saiu, ao que parece. Sei que ele a tirou do castigo, podíamos sair pra algum lugar e conversamos. Somos irmãs, que mal tem? Eu só quero poder ajudá-la...

— Mas você não pode, Ciça! A minha vida inteira valia à pena porque eu sabia que poderia servi-lo e porque eu sabia que ele estava satisfeito comigo, eu sentia isso. – ela disse quase às lágrimas – mas agora parece que ele não gosta mais de mim, ele simplesmente me ignora! Não briga comigo, não me castiga, não me manda fazer nada! Dói viver com essa indiferença! Eu é que devia estar lá fora me arriscando, matando por ele!

— Bella, por acaso você algo que não devia? Algo que gostaria muito de fazer, mas não devia? – perguntou Narcisa, tentando parecer despreocupada.

— Não sei do que está falando, irmãzinha, e é como eu disse: eu não fiz nada e não entendo essa indiferença.

— Bom, acho então que você deveria mudar de atitude. Fingir que isso não a abala. Talvez o Lorde das Trevas por saber que você é tão leal a ele, decidiu tentar castiga-la por algo que você tenha feito e não quer me contar justamente nesse ponto, porque ele sabe que é onde mais a incomoda. – sugeriu Narcisa.

— Já pensei nisso, mas para isso eu deveria ter desapontado ele em alguma coisa, o que certamente não aconteceu. – rebateu já de mau humor – aliás, irmãzinha, melhor pararmos por aqui porque não quero que aquela noite se repita, pelo menos não a parte que eu tenho que praticamente me jogar a sua frente para lhe proteger. – ela se apressou a se corrigir – agora se me der licença, vou tomar um banho.

Narcisa, já ase sentindo vencida, se levantou e se dirigiu a porta, mas antes de sair disse a irmã: - mas qualquer coisa que queira conversar, estarei à sua disposição!
Bella concordou com a cabeça e ao ver a porta ser fechada, ela se levantou e foi até o closet para escolher vestes para vestir após o banho. Ela decidiu caprichar! Tomaria o melhor banho da vida dela e tentaria seguir o conselho da irmã. Talvez o que estivesse faltando para o Lorde das Trevas voltar a tratá-la como sempre era a força que ela sempre demonstrava já que era incapaz de sustentar o olhar dele após aquela noite. Agora as coisas voltariam a ser como antes e ela garantiria isso, nem que tivesse que questioná-lo sobre a frieza que a tratava e recebesse como resposta uma dose da maldição cruciatus. Ela decidirá tudo isso enquanto tomava banho e se vestia com as vestes mais elegantes que possuía. Naquela noite haveria outra reunião dos comensais da morte, e desta vez ela faria o possível para que a atenção de Voldemort estivesse voltada para duas coisas: uma seria a reunião, e a outra seria ela.