Preço de uma Paixão escrita por Sereia de Água Doce


Capítulo 10
Chapter X




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Tanto Anna quanto Liam haviam recebido a letra do dueto na tarde daquela quarta feira, combinando de se encontrarem na sexta a tarde para ensaiarem. No dia seguinte ele teria uma sessão de fotos com os garotos, impossibilitando o encontro. Ela estava bastante empolgada com isso, gravar para o Disney Channel era uma oportunidade de ouro, já que metade dos adolescentes eram seu público.

Podia até ser um pouco esquisito fazer essa parceria com Liam, já que seu passatempo favorito era se imaginar cantando isto para Harry (e consequentemente dando um bolo nele, só de raiva). Mas de qualquer forma ele veria, então estaria valendo (contanto que ela cantasse diretamente para a câmera, olhando bem nos seus olhos). Admitia que era divertido brincar com ele.

Oh, porque sim. Nas últimas semanas seu instinto de fã havia lhe apontado alguns indícios que uma garota em outras condições não perceberia. Observando de perto algumas matérias que haviam saído sobre a banda e possível turnê entre eles, seus comentários não eram mais odiosos. Talvez um pouco mais do que calorosos.

É sempre um prazer ter ela por perto”

Além disso, as fotos e vídeos que eram costumeiros vazar tanto pela imprensa quanto pelos meninos, sua expressão corporal mostrava muito mais do que ele falava. Sempre inclinado para seu lado, sorrisos em sua direção, talvez uma encarada em seus seios, mas principalmente a mão em suas costas, como se a guiasse para algum lugar.

Realmente, só uma fã perceberia esses sinais.

E ela deveria tomar cuidado. Bastante cuidado.

A sexta feira havia finalmente chegado e com ela uma tarde de ensaios junto de Liam. No meio do trabalho, Harry e Louis apareceram para ver, alegando que alguém parecia uma gaivota engasgada.

—É sério, dá pra ouvir do outro lado do corredor.

—Se vocês não têm nenhum outro comentário motivador, podem por favor calar a boca e deixar terminamos aqui? – Liam parecia um pouco irritado com a situação.

“Não sou eu quem vai brincar com ele” Anna pensou

—Duvido que consigam cantar imitando um peixe. – Louis implicou.

—É melhor nem complementar a frase dele, Styles.

—Mas eu não ia dizer nada, Anna.

—Apenas prevenindo.

Nem havia passado pela cabeça do moreno comparar a garota a uma piranha.

Cerca de duas horas se passaram e já estava tudo acertado: desde o dia da gravação até os detalhes do videoclipe. Os meninos permaneceram no ambiente por todo o tempo, tomando a liberdade de vez ou outra dar alguma opinião. Anna estava realmente empolgada com a gravação. Sua eu interior dava pulos de alegria. Sua intenção era passar a noite de sexta revendo os filmes e estudando uma maneira de levar para os palcos essa essência de pequena sereia. Como não era ruiva, teria que trabalhar em sua performance. Estava tão empolgada que praticamente se tele transportou para casa, não se tocando que havia esquecido seu casaco na gravadora.

Apenas focou em tomar um banho rápido, afim de aproveitar sua noite de garota. Seu tio iria para uma festa do trabalho, Sterling havia viajado em prol da sua série e Zayn havia ignorado suas mensagens o convidando para assistir ao filme com ela.

Ela não era dependente de ninguém, então faria dessa noite a melhor. Havia trago comida do fast food mais próximo de casa, então estaria abastecida pelo menos. Não era nada vergonhoso admitir que ainda sabia de cor e salteado todas as falas. Conseguia até imitar os instrumentos das músicas com sua boca de quisesse.

Anna agradecia por seu tio não estar em casa, ou já teria gritado para diminuir o volume da televisão. O som alto a ajudava a pensar e entrar no clima. Quando menos percebeu, estava em pé no sofá, quase pulando, cantando junto de Sebastião.

Muitas vezes ela havia protagonizado esta cena em seu quarto, a única diferença era de que não havia peitos. O que não importava se eles não paravam de pular para lá e para cá. Não havia ninguém presente. Com certeza se houvesse, Anna não estaria com um short de dormir minúsculo, uma camiseta folgada e um par de pantufas de monstro. Tudo que um dia ela já havia imaginado como uma apresentação perfeita ela colocava em prática. Até contava com o fator acenar para o público com caras e bocas. Afinal, ela era uma estrela, podia fazer isso. E por mais que tivesse usado sua voz a tarde inteira, ela ainda conseguia alcançar notas bem altas enquanto ria.

Harry havia notado aquela jaqueta de couro preta jogada no sofá da gravadora e sabia de quem era. Nem ao menos precisava ter cheirado para descobrir a dona (o que não o impediu de tê-lo feito). Ele poderia ter deixado no sofá? Claro. Poderia ter deixado na recepção? Também. Mas optou por devolver a dona.

Amigos fazem isso, não é? Zayn com certeza faria o mesmo por ela. Ainda poderia passar na casa de Niall na saída, já que ele morava quase em frente a ela. Ele demorou para chegar ao seu destino, havia sido pego despreparado por alguns fãs a caminho de seu carro. Nada muito grave, mas que o atrasou em pelo menos 40 minutos.

Já era noite quando finalmente chegou ao condomínio. O porteiro nem ligou para pedir autorização. Sabia quem ele era e sabia que Niall e Simon moravam lá. Apenas deduziu que iria para algum desses lugares e liberou sua passagem.

Quem visse de fora acharia uma verdadeira cena de filme: Harry saindo lentamente de seu carro, balançando seus cabelos para tirá-los do rosto. Segurava a jaqueta bem próxima ao seu rosto, caminhando em câmera lenta em direção a campainha. Só que ele fez um pequeno desvio ao olhar pela janela da sala e ver toda aquela movimentação estranha. Riu um pouco ao perceber as caras e bocas de Anna, junto de um rebolado nada condizente a música. Estava dando tudo de si naquela sala, mais até do que no ensaio. Ele odiava ter que interromper, mas não queria ser taxado de maníaco sexual a observando por aquela janela.

Anna usava o controle remoto como microfone, berrando o final da letra do dueto quando a campainha tocou. Ela nem se lembrava do seu estado, abrindo a porta. Apenas tomou consciência de seu pijama, suor, voz rouca e música de fundo dizendo claramente para beijar a garota quando se deparou com Harry recostado na porta segurando o riso.

—Não sabia que dava shows privados agora, Anna. – disse a encarando de cima abaixo. Ela apenas conseguia manter a boca aberta, em choque.

—Era apenas um ensaio. Sabe muito bem que não faço nenhum show privado.

—Na verdade, eu não sei não. Mas desconfio que Zayn deve saber isso muito bem.

—Desculpe?! – era impressão sua ou ele havia acabado de insinuar que mantinha um caso com Zayn?

—Não faça como se nunca tivesse escutado isso antes, Anna.

—É Margaret.

—Que importa. Você esqueceu sua jaqueta na gravadora.

—E você veio devolver ela? Não estou acreditando. – ela estava indignada.

—Qual o problema nisso?

—O problema é que você NUNCA faria uma coisa dessas por mim, Styles!

Ela estava meio surtada, havia sido pega no meio de sua performance, que havia sido criada especialmente para ele. Quando ele chegou, ela pisava em sua cara por ter brincado com os sentimentos dela. Quer dizer, ela sempre imaginou que no final ele apareceria na plateia, mas não contava que ele de fato viesse até sua porta.

—Tanto faria que fiz, Anna. Tem certeza que você está bem? Não precisa de companhia? Você parecia bastante agitada.

Mais indignada ela ficou quando ele entrou em sua casa, indo em direção até a sala.

—Mas... Mas...

***

Já que não havia conseguido colocar ele para fora, porque não aproveitar sua companhia? Tinha que verificar de perto se seu lado fã estava certo, para aplicar seu golpe o mais rápido possível.

Se tudo desse certo, ele sofreria o mesmo que ela.

Chegou num ponto onde os dois já compartilhavam o mesmo sofá, junto do lanche que ela havia comprado mais cedo. Estavam tão entretidos no filme que não perceberam quando levaram suas mãos ao mesmo tempo para pegar mais um pouco de batata frita. O resultado? Acabaram por segurar suas mãos em meio àquela gordura. Se fosse por ele, teria aproveitado mais o momento e esfregado um pouco, porém ela percebeu e logo retirou.

Ele levou isto como um sinal de timidez.

Ela mal percebeu, mas logo após ela pegava com sua boca algumas batatas que ele dava a ela. Era um gesto carinhoso, íntimo. Um homem alimentando uma mulher, sua mulher, se fosse visto pelos olhos de autoras de livros adultos. Nem ele sabia o que estava fazendo, apenas que estava gostando. Brincava de puxar a batata quando ela tentava alcançar com a boca. Ela não se importou, se permitiu levar até onde ele fosse.

Ele chegou ao ponto de puxar a batata até perto de sua boca, com ela indo atrás. Conseguiu perceber a tempo, ficando alguns segundos aquele clima de tensão, com ambos quase comendo os olhos um do outro, as respirações se misturando. Quando ela sentiu o coração acelerar mais do que devia, e aquelas malditas borboletas começarem a bater as asas ela fugiu.

—Quer água? - pulou do sofá, impondo o máximo de distância entre eles.

—Eu agradeceria. – ele também estava desconcertado.

Ele não ficou muito mais tempo após isso. Não tinha condições, não fazia a menor ideia do que havia feito, só que já era a segunda vez que quase havia a beijado.


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